Os Quatro Símbolos escrita por Avery Chevalier


Capítulo 15
Capítulo Catorze


Notas iniciais do capítulo

Nos vemos lá embaixo :D



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CAPÍTULO CATORZE

    Me revirava na cama sem conseguir dormir de jeito nenhum, aquele colchão era duro e a Adélia não parava de se mexer e toda hora tacava o braço na minha cara, fora que as vezes fincava roncando. Eu não sei como ela conseguia dormir naquele lugar tão pesadamente, o cansaço deveria ser muito, mas o meu não me tinha feito dormir. 

    Desisti de tentar brigar com o sono e me levantei, o quarto estava escuro, mas a lua iluminava um parte dele. Olhei em direção ao sofá e vi que o Daniel estava sentado nele olhando em direção a janela. Pelo visto eu não era a única sem sono ali. 

    Pensei em me deitar de novo, mas quando ia fazer isso o Daniel se virou e me viu. Ele bateu no sofá ao seu lado para eu ir me sentar ali com ele, mas em vez de me sentar ali fui só até a janela e fiquei em pé observando a noite por ela.

    - Não consegue dormir? - o Daniel perguntou e eu balancei a cabeça negativamente - Bom, somos dois então. E eu não entendo com a Lia consegue dormir nesse lugar todo acabado. 

    Eu me virei para o Daniel, ele estava com o cabelo meio bagunçado e caído na frente dos olhos, isso fazia ele ficar tão...fofo? É, acho que eu precisava dormir mesmo, ficar acordada não estava me fazendo bem, ele só era um chato idiota. 

    - Ela já deve estar acostumada a dormir nesses hoteizinhos baratos beira de estrada - disse. 

    - Nossa, você não gosta mesmo dela, né? 

    - Não, e ela também não gosta de mim. 

    - Garotas...eu realmente não as entendo - o Daniel disse rindo e depois puxou meu braço para me sentar ao seu lado no sofá que também não era confortável. 

    Eu tentei me levantar, mas ele me puxou de volta. 

    - Ei, não tente fugir, já que não conseguimos dormir, vamos conversar. 

    - Não quero conversar - falei cruzando os braços e me encostando no sofá. 

    - Então...você e aquele garoto lá da sua escola, são namorados? - ele perguntou bem direto. 

    Por que estava perguntando isso? Que eu saiba minha vida particular não é da conta de ninguém, além da Giselle que infelizmente está presa numa cama de hospital. 

    - O Jonh? Não é da sua conta. Para que quer saber? 

    - Quero saber como está a minha concorrência. 

    - Hã? 

    - O quê? 

    - O que você disse?

    - Eu? Nada não. 

    Eu não sei se entendi bem o que ele tinha dito, mas não estou nem aí, a única coisa que quero é sair desse lugar e voltar para minha casa mesmo tendo que enfrentar duas cobras e aliás, ainda tenho que chegar a tempo para o o torneio do colégio, vale ponto e eu não estou podendo perde-los, minhas notas não estão lá muito boas.   

    - Quantos anos você tem? - eu tinha esquecido de perguntar isso. 

    - 18 e antes que perguntei, não, eu não estou mais estudando. 

    - Quem disse que eu ia perguntar isso? Ah...você é muito chato com esses seus dons, já que sabe tudo de mim, quero saber mais de você. 

    Ele se recostou no sofá e esticou as pernas colocando os pés em um banco de madeira que nem sabia que estava ali e nem sei o motivo de ter um também. 

    - Pergunte o que quer saber, já que minha vida é importante para você - ele virou para mim e deu um sorriso soberbo. 

    Odeio o jeito dele de sempre se achar, isso acaba com as chances de eu achar ele fofo. 

    - Eu não acho que seja importante...Ah quer saber, não dá mesmo para conversar com você. Vou voltar para cama. 

    - Para de palhaçada, pergunte algo. 

    - Quero saber o motivo que você deixou de ser punk - nem sei se era isso mesmo que eu queria saber, mas foi a primeira coisa que me veio na cabeça, na verdade eu queria saber mais sobre a vida dele, o que faz, onde mora, como começou a aparecer aqueles símbolos estranhos, se trabalha e coisas assim, mas tipo, eu não vou chegar nele e perguntar "Quero saber tudo sobre a sua vida, pode me contando tudinho" isso ia ser invadir um pouco a privacidade dos outros, sei que ele faz isso com as pessoas, mas eu nem o conheço tanto assim para fazer essas perguntas. 

    - Porque eu cansei, sempre usei aquele estilo desde os doze anos e fora que eu fico bem melhor como estou agora, não é mesmo? - ele passou a mão nos cabelos e deu uma piscada na minha direção. 

    - Você não fica bem de jeito nenhum - menti, porque ele realmente estava melhor - Cansei de você, vou tentar dormir. 

    - Se você diz... - ele falou rindo. 

    É, o Daniel se acha mesmo. 

#####

    Antes das oito já estávamos parados no ponto, quando chegamos não tinha ninguém na fila, mas depois de uns quinze minutos, já surgiram algumas pessoas atrás da gente, mas só umas quatro, acho que não tinha muita gente morando naquele lugar.  

    Entramos no ônibus e sentamos no banco lá detrás, esperava que aquela viagem não demorasse muito, mas eu não dei sorte, pois demorou. Passamos por vários lugares que eu provavelmente nunca mais veria  na minha vida, mato atrás de mato muitas vezes e lugares que pareciam não ter vida. Mas depois que começamos a chegar em Jiwinfield, a paisagem voltou ao normal e eu já conhecia aquelas áreas, passamos até por Groview, o lugar onde eu nasci e onde me acharam e olhar para aquele lugar sem nada e só com ruínas de casa fez eu me sentir estranha...sei lá, aquele lugar me deu certos calafrios. 

    Eu não sabia para onde aquele ônibus seguia e onde era o seu ponto final, só sei que quando cheguei próximo de casa, soltei e me senti bem aliviada de estar de volta. O Daniel e a Adélia permaneceram no ônibus, não sei onde eles soltaram, mas tinha certeza de que ela ia aproveitar a chance de estarem sozinhos e se jogar em cima dele...Mas quer saber? Eu não ligo, os dois são chatos, que juntem as chatices e vivam juntos. 

    Cheguei em casa e a primeira pessoa que vi foi a Sarah. Ela estava no telefone falando com alguém e quando cheguei ela foi direto me abraçar e estava quase me esmagando. 

    - Menina, onde é que tu foi? - ela pergunto - Já estava preocupada, não passou a noite em casa e nem atendia o celular. 

    - Só fui... - eu não sabia o que dizer, nem dava para mentir e dizer que estava na casa da Giselle - Numa festa na casa de uma colega minha. 

    - Que colega? - a Sarah perguntou duvidosa. 

    - Do colégio e... 

    Ouvi a Sophie gritando meu nome e entrando na sala. Isso é difícil de acontecer, mas foi bom ela ter aparecido, assim me tira da conversa com a Sarah da qual eu não sabia me virar. 

    Ela me puxou pelo braço e me levou para o andar de cima. Fiquei até com medo dela, poderia fazer qualquer coisa, mas quando ela entrou no seu quarto e deixou eu entrar também, soube que as coisas estavam bem estranhas. 

    - Eu preciso de um favor seu - ela disse com os olhos azuis arregalados. 

    - Hum? - a Sophie pedindo algo para mim? O que está havendo? 

    - É isso mesmo que ouviu, quero um favor seu - ela se virou e pegou algo em cima da sua cama cheia de almofadas cor de rosa - Preciso que vista isso. 

    A Sophie me entregou um uniforme de líder de torcida, ele era azul com vermelho e branco e eu não estava entendendo nada do que estava havendo. 

    - Por que eu vestiria isso? Não sou líder de torcida, esqueceu? 

    - Eu sei que não. Mas é esse o favor que quero que faça, preciso que entre no lugar da Sheron, ela ficou doente e não vai poder ir e sem uma pessoa a coreografia não funciona. Você é a única que conhece toda a coreografia, sei que já fez ginástica e poderia entrar no lugar dela. Então? 

    Muita coisa para processa na minha mente. Eu de líder de torcida? Nunca imaginei isso. 

    - E por qual motivo te ajudaria? Você nunca faz nada de bom para mim - disse cruzando os braços. 

    - Eu nunca faço isso, mas...Por favor, poderia me ajudar? - ela juntou as mãos como se estivesse implorando e fez seus olhos de cachorro perdido. 

    Perai...A Sophie pedindo "por favor"? Isso é mais estranho do que aquele ser de capa, acho que nunca na minha vida que vivo aqui vi ela dizendo essas palavras, pelo visto o negócio está sério mesmo e esse negócio de ganhar para ela é mais importante do que eu imaginava. 

    - Não sei se sei fazer aquela coreografia - falei. 

    - Claro que sabe e fora que a posição da Sheron e os passos que ela fazia eram os mais fáceis. Se você não fizer esse favor vai se arrepender - ela disse e a última frase ela só estava sendo...a Shopie de sempre. 

    Pensando bem, até que não é tão ruim assim, tenho que fazer isso pelo minha amiga, ela sempre quis que entrássemos para a equipe de líderes de torcida, e vai ser bom contar para ela que essa experiência foi horrível, pois tenho certeza de que vai ser bem ruim e assim torcer para a Giselle nunca mais perturbar com isso. Sei que estou bem exausta e cansada, mas teria que ir de qualquer forma mesmo para a escola, então...

    - Tudo bem, eu aceito 

    A Sophie começou a dar gritinhos e a pular e quase, digo quase, me abraçou, mas isso seria demais para um dia só.  

    Tomei um banho e coloquei aquele uniforme. Me senti ridiculosa, aquela sainha super curta e aquele top que ia até um pouco acima do umbigo não fazia mesmo o meu tipo, acho que nunca me imaginei vestindo aquilo. Tinha ainda duas fitas para fazer maria-chiquinhas, mas em vez disso eu fiz um rabo de cavalo no alto, já estou ridícula, não queria me sentir mais ainda. 

    Quando desci, a Sophie estava na porta junto com mais duas garotas com o uniforme de líderes de torcida também. As duas meninas me olharam e não deram nem um risinho satisfeito, só me deram um "oi" e mais nada. 

    Ainda bem que o caminho até a escola não é longo, pois estava num carro com três garotas chatas que só sabiam falar mal dos outros e sobre marcas famosas. Só quero ver quando chegar no colégio, pois se está ruim aqui só com três metidas chatas, quero ver quando estiver o grupo todo.  


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo ficou bem normal, eu ia colocar algumas coisas que queria, mas resolvi deixar para o próximo capítulo senão esse ia ficar enorme, mas esperem que no próximo as coisas não vão ficar tão normais assim kkkk