Born To Die escrita por Suzanna Stark


Capítulo 11
ESPECIAL - Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Especial de Lílian e James durante a festa.



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Pare de me olhar desse jeito que eu paro de te olhar assim
O que me surpreende, é que eu não quero realmente que você pare
E os seus ombros estão gelados (frios como a noite)
Você é uma explosão (você é dinamite)

Lilian Evans estava bêbada. Isso era óbvio até para ela, que ainda teimava em dizer a si mesma que não estava. A sala rodava a cada gole que dava e sua risada ficava mais alta toda vez que enchia o seu copo. Mas havia motivos para se deixar tão facilmente pelas palavras alheias e para estar tão confortável tão longe da sua zona de conforto. Afinal, aquela não era a menina que a ruiva normalmente era. Definitivamente não era daquela forma que ela agia.

Era uma menina centrada, que gostava de livros, e apesar de não ser antissocial nem nada do tipo, ficava confortável em lugares silencioso e com poucas pessoas. Adorava suas amigas e amigos como qualquer outra garota, mas diria sem pensar duas vezes que preferiria estar em uma biblioteca estudando à em uma festa bebendo até perder o controle.

Controle era a palavra chave.

Lilian se sentia sem controle, e não só naquele momento. Tinha perdido o controle desde que tinha posto os olhos nele. Claro que não havia percebido isso desde alguns anos, quando seu corpo começou a tomar outra forma e quando seus pensamentos começaram a acompanhar o corpo. Quando eram crianças e sem malicia e quando o mundo da magia tinha acabado de se abrir para ela, não pensava nem um pouco em James Potter como pensava agora. Por sua origem trouxa, ela tentava ao máximo superar esse fato, mesmo que não achasse que ser nascida trouxa era um defeito, longe disso, é claro, mas com todo o preconceito que aprendeu estar por aquele novo e maravilhoso mundo mágico, ela decidiu que não daria um deslize, saberia de tudo o possível e conseguiria ser tão boa quanto os sangues puros, e com seu amor para os livros, acabou se tornando até melhor. Mas agora... Ah, agora... Ela queria dar um deslize bem grande, grande o suficiente para parar nos braços de James.

Não conseguia evitar, e seus pensamentos a deixavam com mais raiva ainda. Era de se concluir que, depois de notar que se sentia muito atraída por ele, tipo, a uns cinco anos, ela faria de tudo para ser sua namorada bem rápido. E não teria problemas, já que Potter parecia ter uma asa enormemente arrastada para a ruiva.

Mas não.

Por causa do maldito controle.

Como não conseguia evitar a atração, fugia dela como o diabo foge da cruz. Era o que dizia para si mesma, uma expressão trouxa que seus pais utilizavam. Potter era a cruz da sua vida. Pobre Lily, tinha um menino lindo, charmoso, cheiroso, inteligente, engraçado, um dos melhores jogadores da sua casa, que ficava boa parte do dia junto com ela, e ainda dizia todos os dias que ela era linda, que ela era o seu lírio e... E não podia aproveitar disso.

Boa parte, embora não admitisse, era puro medo. Medo do desconhecido, do que poderia ser. Aquele medo bobo que a protagonista de uns romances trouxas ruins sempre tinha de que o seu grande amor na verdade não gostasse dela tanto assim, o medo de arriscar no desconhecido que lhe parecia perfeito demais e acabar quebrando a cara e o coração e o medo de perder o controle. O controle que gostava de ter sobre a sua vida, afinal, havia estudado todos esses anos para se dar bem nesse mundo, tiveram um ou outro namorado, mas nunca se entregava de verdade, o que acabava com o termino deles, mas ao mesmo tempo não a fazia sofrer, o que assegurava seu controle total.

James Potter também, apesar de todas as qualidades ótimas que tinha, era tudo o que Lilian Evans considerava errado. Era bonito demais, charmoso demais, e com isso, se achava demais. Ah, como isso a irritava. Sempre andando por ai como se fosse o dono do mundo, com o rei na barriga. Julgava-se sempre certo, superior e melhor. E para a ruiva isso era um defeito que não suportava. Afinal, boa parte da sua vida podia ouvir piadinhas sobre seu sangue, sua família, de pessoas que se achavam superiores. Odiava isso. Colocava em sua cabeça que não ligava, sua vida não era ditada pelo o que os outros achavam dela, mas é claro que isso magoava, criava uma ferida, e a ultima coisa que Lílian queria era ser ferida por um arrogante como Jay, por mais legal e bonito que ele pudesse aparecer.

Com essa controvérsia toda, ainda havia o fato de que eram amigos. Bom, eram amigos naquela parte do tempo em que Jay parava de bancar o super astro e parava de tentar corteja-la, e se deixava livre de isso tudo, geralmente quando estava apenas eles no Salão da Grifinória a tarde da noite, em que os Marotos e as meninas se recusavam a dormir e ficavam até depois da hora conversando em sussurros e compartilhando segredos que os uniam como amigos. Também havia o fato de que James era monitor junto com Lílian, pelo seu cargo no quadribol e suas boas notas (não ótimas como as dela, mas boas), e nesses momentos que monitoravam locais próximos, eles conversavam e até riam um com o outro. Isso só fazia com que a cabeça de Lily doesse mais ao pensar no assunto.

Concluindo, se sentia atraída por James, e havia partes dele que ela não conseguia odiar, e na realidade chegava até a amar, mas o medo e o sentimento de que não estava em sua zona de conforto a assustavam demais e a fazia pensar em várias maneiras de se machucar se desse uma chance para ele.

Agora, James olhava para ela. Ele também estava um pouco bêbado, realmente deveria ter bebido mais do que ela, mas tinha uma resistência maior à bebida. Então enquanto ela não poderia levantar sem tropeçar, ele tinha apenas uma ligeira lerdeza nos movimentos. Infelizmente para a ruiva, ela não conseguiu desviar o olhar, estava caindo dentro deles, tão brilhantes e clamavam por ela como se tivesse que lhe contar um segredo.

Para sua sorte, ou não, Emily apareceu ao seu lado lhe chamando para algo, não entendeu direito pois quando levantou com ela a sala deu uma girada e sua cabeça doeu, mas seguiu sem fazer muitas perguntas, aceitando quando a morena lhe disse que tinham que pegar algo importante para Rem pegar um esfregão. Não havia sentido nisso, sabia, pois muito ainda iriam passar mal e poderiam muito bem limpar tudo com mágica depois, e mesmo que não usassem mágica, ainda poderiam limpar após a festa ter acabado. Seguiu a sua amiga até o andar de cima, sem reparar muito no trajeto, sua cabeça ainda estava nas nuvens, ou melhor, em Potter e como seria se ela baixasse a guarda e lhe desse uma chance, o que será que poderia acontecer, afinal, às vezes tudo não passaria de um beijo... Um pequeno namoro de experiência para testar uma atração que ambos sentiam, poderia não passar disso e então os dois seguiriam sua vida... Ou poderia ser um grande amor, algo no qual tiraria seu fôlego pelo resto da vida... Ou então, poderia terminar em uma tragédia, resultando em um coração partido... Tantas e tantas possibilidades...

Rindo de alguma bobagem e derrubando vários esfregões que ela ouviu aquela voz, animada e ainda sim sedutora, que fez com que seu sorriso tremesse.

– Hey, Lírio! Você esta aqui também!

E com isso veio o baque da porta, fazendo os dois pularem assustados para perto um do outro, uma luz saiu da maçaneta e antes que seu cérebro processasse o que se passou, James lhe deu a informação com um suspirar confuso.

– Bom, acho que estamos trancados.

– Não, não, não, não, não...

James começou a rir da frase desesperada de Lily, não é que gostasse da situação de ficar trancado sem motivo aparente, mas é que a frase que deveria ser uma repetição de “não” rápido ficou com a voz molenga e arrastada de uma Lílian bêbada, soando como “nããããum, nããããum, nããããum, nããããum, nããããuuuuum”, o que ele achou hilariante. A ruiva parou os seus nãos ao ouvir a risada do garoto, virando com ódio e fazendo umas três vassouras tombasse pois sua mão saiu arrastando ela. Tropeçou, então, por tentar segurar as vassouras que caiam e acertar um balde com o pé direito, e isso ocasionou de o seu pé esquerdo escorregar no chão onde os esfregões haviam caído, e no final, Lily estava no chão com seu cabelo na sua cara e uma dor nas costas que viraria um roxo mais tarde.

– Pare de rir, seu idiota.

E então, James que já estava apoiado na parede de tanto rir, foi escorregando rindo tão alto e deitou no chão com a mão na barriga, com a gargalhada mais forte ainda, o que fez Lílian pensar como o som era contagiante, isso, é claro, se ela não estivesse com uma puta dor nas costas e morrendo de raiva por ele estar rindo dela. E na verdade, a frase que ela pensou ter dito tão bem saiu mais como “Pa-ree... di riiiir, seu ediiiióóta”. E por isso James não conseguia parar de rir, para ele a certinha da Lílian Evans bêbada e falando errado e com a voz arrastada era a melhor piada já inventada.

Mas isso resultou em uma Lílian Evans bêbada e com raiva, fazendo com o que a garota ficasse muito vermelha (e James risse mais por isso) e atacar o garoto. Com tapas e gritinhos de raiva ela foi pra cima dele, que estava deitado no chão rindo. Por não esperar o ataque, ela acertou um bom tapa no rosto do garoto, um que saiu estalado de sua palma e deixou o formato de seus dedos na bochecha e um “Ai, que merda, Lílian” sair dos lábios dele. E então, ates que pudesse ser rápido o suficiente para segurar as mãos dela, recebeu outro tapa, agora no pescoço.

– Para com isso, sua maluca!

– Maluca? Maluca!

Outro tapa.

– Sim, maluca! Bêbada maluca.

– Olha só, Potter, eu vou te matar e dar sua carne para um hipogrifo se continuar me chamando de maluca.

O que soou como: Olhiiia só, Póterr, eu vo ti mataaar e dar sua caaarnee pa-ra um hiiipugrifuu si continuaar me chamandu de maluuca. E apesar de uma péssima linguagem, Lília batia muito bem para uma bêbada.

Mas Potter era um jogador de futebol, obviamente mais forte do que ela, e logo conseguiu segurar seus punhos que se sacudiam para bater nele de novo, que agora já estava vermelho que nem a ruiva, só que vermelho de tapas.

Ele deu uma risada pela nova frase embolada, recebendo outro olhar furioso dela e um balançar exasperado de braços, que ele continuou segurando firme.

– Calma, calma. Olha, desculpa, mas é que você realmente esta falando engraçado.

– Mas não lhe dá o direito de rir

Mas uma vez ela falou embolado, mas dessa vez ele apenas sorriu.

– Não estou rindo de você, boba. Estou rindo da situação, ou esqueceu que estamos trancados em um armário enquanto uma festa esta rolando, ou agora acabando, e que ninguém vai vir nos buscar até amanhã de manhã?

Ela realmente tinha esquecido, e com a surpresa do fato ela parou de se debater, e virou para o lado, ficando deitada junto dele.

– Fudeu.

– Olha só, Lílian com a boca suja.

– Vai à merda, Potter.

– Que hostilidade.

Ela ficou calada, pois sabia que se continuasse a discussão renderia a noite toda. E agora o corpo dela estava tão cansado, parecia que cada músculo dela estivesse relaxando no chão frio e que não teria forças se quisesse mudar de posição. Suspirou, ouvindo um suspiro semelhante do garoto ao seu lado. Ao lembrar dele, percebeu como a estão toda de seu braço estava encostada com no braço dele, fazendo com aquela parte ficasse quente. Isso a fez morder os lábios nervosa. Droga, como se já não fosse difícil o suficiente segurar a atração que sentia por ele quando estavam em um espaço maior e com mais pessoas, como negar agora que estavam do lado do outro, trancados, em um local escuro e silencioso...

– Você dormiu?

– Não.

– O que faz então?

– Estou pensando, Potter.

– Me chame de James, ao menos.

– Por que deveria?

– Porque vamos ficar aqui a noite toda, até alguém se lembrar de nós amanhã.

– E eu posso muito bem lhe chamar de Potter a noite toda.

– Teimosa.

– Não sou.

– É sim.

– Idiota.

– Teimosa.

– Agr.

Ela fechou os olhos, querendo ignora-lo pelo resto do período que fosse obrigada a ficar ali. Se pudesse fazer isso, talvez durasse até o final do ano sem se render, sem perder.

– O que você pensou do futuro?

– O que?

A pergunta veio do nada, assustando-a.

– O futuro, Lírio. O que você espera dele.

– Bom... Eu espero me formar.

– Vá mais longe.

– Quão longe?

– Daqui a 10 anos, como você se imagina?

Ela suspirou, procurando em palavras, mas não sabia realmente. Lílian era nascida-trouxa, então ela poderia muito bem conseguir um emprego trouxa, mas... Não era isso que queria, queria continuar com a mágica. Talvez se tornasse medi-bruxa. Ou tentasse algo como professora. Poderia se ver sendo professora de Hogwarts.

– Ainda não sei, de profissão eu tenho duas principais...

– Não, não, não. Não estou falando de profissão. – James a cortou, revirando os olhos como se tivesse deixado claro o que queria.

– Ah, Potter, seja claro.

– Vou começar já que você não sabe brincar direito. – Mandou língua para o lado dela, como se tivesse 5 anos, fazendo Lilian rir. – Eu me imagino, daqui a 10 anos, muito bem casado...

– O que?!

– Shiu. Casado, sim, com uma linda mulher, que eu amarei por toda a vida, e talvez já com um filho ou filha, quem sabe os dois. Já que falou de profissão, me vejo um Auror, mantendo o mundo bruxo a salvo para aqueles que eu amo. Minha família iria visitar Sirius nos feriados, com a família dele e a de Remos e de Peter, iríamos fazer um grande jantar e comentar sobre a nossa Era de Gloria em Hogwarts, como éramos os melhores alunos e ao mesmo tempo os piores. Riríamos e nossos filhos seriam compelidos a seguir o nosso legado, deixando essa escola para sempre marcada com os Potter, Lupin, Black e Pettigrew. Não acha que essa seria uma boa situação para se estar daqui a 10 anos, ruiva?

Ela estava de boa aberta, literamente falando. Não esperava nunca aquela resposta de Potter, esperava que ele falasse que iria ser rico e famoso, que deixaria sua marca do mundo, mas não aguardava uma resposta tão completa, tão... Sincera e até fofa dele. Pensando nesse futuro, uma parte da garota invejou a esposa dele, pois ela muito bem queria estar em seu lugar.

Lílian precisava sair dali.

Ele começou a rir, pois tinha virado o rosto para encara-la, já que tinha ficado muda.

– O que foi dessa vez?

– Nada, mas você me surpreendeu.

– Pensa tão mal assim de mim?

Novamente ficou surpresa, pois ela não esperava que a pergunta dele saísse com a voz tão triste, e olhando para os olhos azuis (esqueceu fundamentalmente de que não poderia encarar aqueles olhos) ela percebeu que ele realmente se importava com o que ela pensava dele. Droga, ela pensou. E então, Lílian o beijou.

Não sabia bem o que estava pensando, na verdade, ela não pensou. Apenas retirou a distancia que existia entre eles, acabando com a agonia que sentia todas as vezes que o olhava durante os últimos anos, a boca dele era doce, e ainda tinha o gosto da bebida, deixando ainda mais saboroso quando a ruiva chupou seus lábios, o beijo durou durante o momento, um momento em que o coração de ambos acelerou, em que conheceram uma parte do outro que estava desconhecida, a mão de Jay ficou na cintura de Lílian para vira-la mais para ele. Quando se afastaram, os dois sorriram.

– Não penso mal de você, James.

– Nada de Potter?

– Não por enquanto. Mas se me irritar eu não respondo por mim.

– Estava esperando você responder algo do tipo.

E então ele a beijou.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Qualquer coisa: @isbanshee
Beijos.



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