Cassandra estava em um lugar estranho. Desconhecido. Ela nunca havia estado lá antes, em nenhuma ocasião. Parecia um deserto, sem sinal de vida. Ela estava em uma estrada que levava a outro lugar desconhecido. Cassandra estava tonta. Olhou ao redor e viu uma pessoa. Mas não era uma pessoa qualquer. Era alguém especial e que deixava Cassandra com saudades.

– MÃE! – ela gritou, correndo para abraçar Laura Caixão, de pé sobre um baú dourado, ao longe na estrada.

Mas quanto mais Cassandra se aproximava da mãe, a mesma ficava cada vez mais longe e Cassandra estava ficando cansada. Ela parou de correr e caiu sobre a estrada. A última coisa que viu foi sua mãe acenando para ela, sem emoção.

– Mãe?

Cassandra abriu os olhos. Estava em seu quarto e a luz entrava pelas janelas. Ela reparou que estava vestindo um longo vestido branco de seda. Cassandra estava pronta para se casar com Don Lotário e ela provavelmente havia adormecido enquanto se arrumava. Ela se sentou na cama e botou seus sapatos altos, que estavam ao lado da cama. Se levantou e foi se olhar no espelho.

Estava diferente do normal. Tinha botado lentes de contatos e soltado o cabelo preto, que normalmente ficava em duas maria-chiquinhas. Estava com batom rosa bem claro, que estava borrado por ter dormido. Ela passou um dedo no borrão, o limpando. De repente, a porta se escancarou com violência e Vladmir Caixão apareceu, preocupado.

– Cassandra! Você já devia... Uau! Você está linda!- ele exclamou.

– Obrigada papai- Cassandra respondeu, sorrindo envergonhada.

– Mas você tem que ir pro quintal, o casamento irá começar daqui a dez minutos! Você já está pronta?

Cassandra concordou com a cabeça.

–Ok, então vamos.

Vladmir e Cassandra saíram do quarto, desceram as escadas e foram para o quintal. Lá, haviam duas cadeiras brancas enfileiradas que apontava para um alto e florido arco. Embaixo do arco, estava o noivo. Don Lotário. Estava vestindo um terno verde extremamente cafona e sorria nervosamente em direção a Cassandra. Alexandre Caixão estava sentado numa das cadeiras e ficou boquiaberto ao ver a irmã.

– Uau!

Cassandra enrubesceu.

– Ainda não confio nesse cara- sussurrou Vladmir no ouvido de Cassandra, se referindo a Don- Tem certeza que quer se casar com ele?

– Sim, papai, tenho certeza- respondeu Cassandra, com confiança.

A mulher andou até o arco e se posicionou na frente de Don Lotário. Ela percebeu o quanto ele estava nervoso.

– Você está bem, Don?

– S-sim... Estou ó-ótimo.

– Está tudo pronto?!- perguntou Vladmir- Então vamos começar!

Ele deu as alianças para Don e Cassandra e se sentou na cadeira ao lado de Alexandre.

– Eu, Cassandra Caixão- começou a falar Cassandra- aceitou você, Donário Lotário como meu esposo.

Ela sorriu para Don e colocou a aliança no dedo do próprio.

– Eu, Don Lotário- começou a falar Don- aceito...

Don Lotário não conseguiu continuar. Não podia se casar, ele era jovem demais. Começou a suar frio e acabou deixando a aliança cair no chão. Suas mãos tremiam.

– Don!- exclamou Cassandra.

Donário se afastou um pouco de Cassandra e começou a correr. Correu em direção ao seu carro, deu partida e deu no pé. Deixou Cassandra plantada no arco. Ela não podia acreditar no que havia acontecido. Vladmir se levantou e começou a correr em direção ao carro de Don Lotário, gritando palavrões.

Alexandre foi consolar sua irmã mais velha, que desatou a chorar.

– Vai ficar tudo bem, Cassie. Foi até bom aquele babaca ter fugido, é melhor para todos, principalmente para você.

– Eu... eu não consigo acreditar! Hic! Eu realmente Hic! pensei que ele gostava de mim!- ela lamentava, no meio de soluços.

– Eu sei... talvez ele só tivesse ficado nervoso com o fato de estar num relacionamento tão sério...- disse Alexandre, mesmo sabendo que não era esse o motivo de Don ter deixado Cassandra plantada. Ele até podia ter medo de compromisso, mas sabia que Don ficava com todas as mulheres da cidade. E o garoto tinha certeza que esse era o verdadeiro motivo.

Vladmir voltava ao quintal, ofegante.

– Aquele filho da mãe conseguiu escapar... Sinto muito, filhinha.

Cassandra estava completamente inconsolável.