L'amore Ci Può Cambiare? escrita por Kori Hime


Capítulo 9
Capítulo 9 - Vigilanza




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Nos últimos dois meses Maria não fez nada mais do que longas caminhadas pela praia paradisíaca na companhia de Cookie, uma doberman que fazia a segurança da atriz enquanto o deus da morte estava ausente.

    E quando chovia, Maria espreguiçava-se na varanda da mansão, admirando a chuva, enquanto lia um livro ou escrevia alguns de seus roteiros. Donatella insistiu diversas vezes para ler o que ela tanto datilografava na máquina de escrever, mas Maria não permitia. Acreditava que poderia melhorar com o tempo, quando essa hora chegasse, ela permitiria que todos lessem.

    No final do jantar, Donatella, Maria e Cookie se reuniram na sala de música. Após tocar uma melodia no piano, Donatella ligou o rádio. As notícias não eram nada agradáveis, principalmente porque o locutor dava informações sobre um ataque na costa leste da Itália. No entanto, não houve mortos, somente feridos. Sorte que o local bombardeado era um galpão vazio do porto da província de Ancona.

    – É perto da cidade em que eu nasci. – Maria arqueou o corpo para frente.

    – Pelos deuses. – Donatella aumentou o volume do rádio, mas o locutor não deu nenhuma outra notícia importante. Ela desligou o aparelho, caminhando pela sala.

    – Dio Mio. Você vai fazer um buraco no chão se continuar andando como um tatu. – Maria reclamou, aguardando explicações sobre o quão séria era aquela notícia. – O que isso quer dizer? Tem algo a ver com os deuses?

    – Provavelmente. A névoa pode ter sido distorcida para evitar mostrar o que realmente aconteceu.

    Maria soltou um suspiro. Coisas como névoa, cachorros demoníacos guarda costa e néctar de ambrósia começavam a fazer parte de seu vocabulário.

    – Então o que poderia ter acontecido? – Perguntou, fazendo carinho na cabeça de Cookie, que apesar de ser feroz com estranhos, era um doce com Maria.

    – Ainda não sei, não recebi nenhuma mensagem de Íris desde a semana passada. Mas não se preocupe, o Senhor Hades é muito experiente e não faria nenhuma bobagem. Assim espero.

    – Nesse caso eu vou dormir. Ou gostaria que eu fizesse companhia?

    – Não tem necessidade, estou bem. Pode descansar. – Donatella ergueu a mão e em um alemão perfeito, ordenou que Cookie seguisse Maria.

    Assim que chegou ao quarto e fechou a porta, Maria encontrou Hades sentado em sua cama. A atriz correu para auxiliar o deus, que parecia atordoado, também estava sujo de cinzas e fedia a mariscos. O que a fez recordar-se de sua terra natal.

    Antes de mais nada, ela correu para o banheiro e abriu as torneiras de bronze, enchendo a banheira. Depois retornou ao quarto solicitando que ele se levantasse. Cookie rosnava na direção do deus, Maria concluiu que ela deveria ter sentido o cheiro de algum inimigo.

    Com dificuldade, ela retirou a camisa rasgada de Hades, mergulhando-o na banheira ainda vestindo calças e meias. A água límpida e transparente ficou da cor de carvão imediatamente. Maria abriu o registro e a água caiu direto em sua cabeça. Ela deu alguns passos para trás, murmurando em italiano algumas palavras que não seria de bom tom Cookie ouvir.

    Olhou para Hades, largado na banheira como uma enguia estragada. Maria pensou em chamar Donatella, que provavelmente saberia o que fazer. Mas desistiu da ideia. Naquela manhã havia reclamado que não tomava suas próprias decisões desde que chegara ali, seria um bom momento de tomar a frente dos acontecimentos.

    Ela pegou a esponja de banho e passou no rosto de Hades. A pele pálida e fria como um bloco de gelo. Sua mão esfregava o pescoço do homem, quando notou uma mancha esverdeada na cintura. A mancha se espalhava pela água negra, coagulando num tom verde escuro.

    O que fazer naquele momento estava longe dos conhecimentos da italiana, por isso ela decidiu ordenar que Cookie fosse buscar Donatella. Ansiosa, ela não recordava-se com exatidão o comando em alemão para essa ordem. Suas mãos tremiam e seus olhos encheram-se de lágrimas.

    Maria gritou exasperada.

    Foram necessários apenas alguns segundos para a porta voar pelos ares e Donatella entrar no quarto com violência. Maria segurava a esponja manchada de verde nas mãos, ela apontou para a porta do banheiro, enquanto Cookie latia sem parar ao lado da banheira.

    Donatella blasfemou em grego, caindo ao lado da banheira, segurou o rosto de Hades.

    – Ele foi envenenado. – Ela choramingou, tentando se controlar. Apesar de estar ao lado do deus da morte há muito tempo, nunca haviam passado por problemas antes. Não um que Hades não pudesse lidar. – O ferimento... precisamos limpar. Maria venha! Maria. – Ela gritou várias vezes até Maria obedecer e entrar no banheiro. – Abra o tampo do ralo e deixe a água escoar. Tire as roupas dele e limpe a ferida com bastante água quente. Eu vou buscar algumas ervas.

    Maria não teve tempo de protestar. Donatella saiu do banheiro como um raio de luz, deixando o deus nas mãos da morena. Nervosa, ela enfiou a mão na banheira, procurando pelo tampo, acabou que molhou completamente o vestido que usava. Seus cabelos estavam ensopados e escorridos como se houvesse tomado banho de chuva.

    Assim que a água foi embora pelo ralo, Maria entrou na banheira, com uma perna em cada lado do corpo de Hades. Ela abaixou-se para conseguir puxar a calça e quando o fez, pode ver detalhadamente a assustadora marca. Dois buracos grandes, um na cintura e outro na coxa. O bicho que fez aquilo, definitivamente deveria ser um monstro.

    Enquanto tentava limpar o pus que saía daquilo, Maria sentiu que havia algo dentro dos machucados. Ela imaginou que fosse algum osso quebrado de Hades. Tomou coragem para analisar mais de perto o ferimento. Assim que o pus parou de sair, deu para notar um tipo de osso amarelo. Não era exatamente o que ela imaginava que fosse feito o esqueleto de um deus, talvez de ouro?

    Não. Não era isso.

    Maria enfiou os dois dedos no machucado e nesse momento Hades se contorceu. Erguendo as pernas, o que fez a atriz cair para frente, em cima dele.

    Donatella retornou com tudo o que precisava para fazer um curativo. Maria rapidamente se levantou, tentando explicar o que viu. A assistente do deus pegou uma pinça que mais parecia uma ferramenta assustadora de mecânica, devido o tamanho exagerado.

    Ela entregou para Maria fazer o serviço, enquanto ela segurava o deus.

    Maria respirou fundo e enfiou a enorme pinça no ferimento, quando sentiu que segurava o objeto, ela puxou com toda a força. Hades urrou, quase quebrando o braço de Donatella.

    – Veja. – Maria estendeu a pinça. – Um dente enorme. Que coisa é essa que o picou deixando um dente assim?

    – Píton. Foi ela. – Donatella soltou Hades e pegou o dente das mãos de Maria. – Posso tentar fazer algum antídoto com o dente. Se sobrou algum veneno. Até lá, precisamos cuidar para que o veneno não se espalhe pelo corpo do Senhor Hades.

    – Ele pode morrer?

    Donatella não respondeu, ela tratou de limpar o corpo do deus e depois fez um curativo nos ferimentos. As duas o carregaram até a cama, cobrindo-o com um cobertor. Assim que aparentemente tudo parecia tranquilo, Donatella foi para seu quarto preparar o antídoto. Ela também disse que iria enviar uma mensagem de Íris para Calyce, já que a nereida possuía mais talento quando o assunto era serpentes venenosas.

    Maria sentou-se ao lado da cama, molhada dos pés a cabeça. Observou o deus dormindo um sono profundo. Era estranho. Ela jamais imaginou que uma divindade poderia ser ferida aquela forma. Aquilo só reforçava a ideia de que todos possuíam uma fraqueza.

    Ela lutou bravamente contra o sono, mas foi vencida quando o sol nascia. Não soube quanto tempo dormiu, mas quando acordou, estava na companhia das duas assistentes dos deuses. Calyce, do outro lado da cama e Donatella próximo a janela. Cookie estava deitada em cima da cama, dormindo sobre os pés de Hades. Parecia confortável, por isso Maria não mexeu na cadela.

    A loira explicou que conseguiram neutralizar o veneno e graças aquele dente ela também pode curar seu irmão Átila, que junto com Hades, perderam a luta contra Píton.

    – Eles foram atrás dela? – Perguntou a atriz.

    – Sim. Acharam que poderiam matá-la antes que ela provocasse mais alguma desgraça. Só que a serpente se mostrou mais forte do que esperado. – Calyse foi até a janela, despedindo-se de Donatella, depois de Maria. Ela precisava cuidar do irmão.

    Maria estava seca, mas sentia-se desconfortável. Depois daquela noite, precisava de um banho e então, aguardar mais explicações quando Hades despertar.


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Notas finais do capítulo

Cookie ♥