L'amore Ci Può Cambiare? escrita por Kori Hime


Capítulo 5
Capítulo 5 - Sconcertante


Notas iniciais do capítulo

Ando sem tempo, por isso a demora é uma constante em minha vida, mas fico agradecida aos que acompanham a história.
Eu adicionei esse capítulo mais cedo porque estou testando o site. Por isso ele está sem parágrafos, assim que possível o erro será corrigido.
Beijos



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Maria aceitou a mão de Hades, segurando a respiração e tentando acalmar as batidas aceleradas dentro do peito. Ela sentiu as pernas bambearem quando passou pela porta e o homem a segurou pela cintura, tocando os dedos nas pedrinhas presas ao vestido.

Desceram as escadarias majestosas do teatro em que a festa fora cedida. O carro estacionado no final do tapete vermelho foi aberto por um homem de uniforme, que desejou-lhes Bonne Nuit.

O luxoso carro conversível preto possuía apenas dois acentos de couro vermelho. Maria sentou-se no banco confortável, puxando para dentro do carro a ponta de seu vestido que arrastava no chão. Ela observou Hades dar a volta no carro e então acomodou-se no banco do motorista. Somente depois, a atriz notou aquela calmaria, nenhum flash em sua direção. Era como se os fotógrafos ali presentes não os vissem.

Maria ainda abriu a boca para perguntar o que acontecia, mas nada disse. Aproveitou o momento de distração da imprensa para poder escapar e nenhuma foto indesejada ou comentário maldoso seria publicado no dia seguinte.

Passear por Paris a noite era algo que todas as pessoas deveriam fazer. Principalmente em um carro como aquele. Maria amava a sensação do vento batendo em seus cabelos. Ela fechou os olhos e sorriu. Era como estar de volta a sua infância. Só que sem o luxuoso automóvel, costumavam andar de carroça. E era muito divertido na sua opinião.

Hades estacionou o carro próximo a uma ponte. Maria desceu do carro antes que ele viesse abrir a porta. Ela correu na direção da ponte, para observar a paisagem. As luzes da cidade enfeitavam o corredor de água que era o famoso Rio Sena.

– Magnífico. – ela abriu os braços, o vento sacudiu seus cabelos e o vestido bailou em seu corpo. – Venha, sinta essa brisa.

Hade, parado atrás dela, preferiu não fazer o mesmo. Ele sentiu a brisa noturna acariciar seu rosto, o cheiro podre da morte misturar-se a delicadeza da brisa.

Sorriu com a familiaridade.

Maria viu o sorriso. Sua boca abriu, surpresa. Ela farejou no ar alguma coisa e correu.

– Maria?! – Hades girou os olhos, cada vez menos compreendia as mulheres. Elas estavam ainda mais confusas e cheias de segredos com o passar do tempo.

Ele não fez outra coisa senão ir atrás dela.

Hades deu alguns passos mais rápidos em seguida corria atrás de Maria. O barulho do salto ecoava pela ponte estranhamente vazia pelo horário. Um pequeno brinde do deus, já que preferia não estar na companhia de muitos outros mortais. Infelizmente a maioria não aguentava sua vibração e caía desmaiado no chão conforme ele passava. Pior que Hipnos ou Tânato. Embora um dormisse por algumas horas e o outro fazia dormir para sempre.

A ponte acabou e Maria dobrou uma esquina entrando num beco. Hades pensou que louco seria se ao menos um dia ele se interessasse por uma mulher normal, que gostasse de cozinhar e ficar em casa ouvindo rádio novela. Mas assim que aproximou-se de Maria no beco, ele entendeu porque se interessava pelas mulheres diferentes.
No chão, estava o corpo de uma jovem mulher, porém, sem cabeça.

– É. Um pouco de agitação nessa noite tranquila. – ele virou-se para Maria, que estava com os olhos arregalados. – Cara mia! Como soube que encontraria a pobre mulher?

– Eu, eu... – Maria sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ela apertou os braços em volta de seu corpo, tentando não olhar para a mulher sem cabeça. O sangue escorria pelo chão, alcançando seus sapatos. Ela deu um passo para trás, segurando a saia do vestido. – Oh! Dio mio!

Então veio o choque. Ela chorou, sendo acolhida pelos braços de Hades.

– Tudo bem, tudo bem. A jovem não sofreu, eu prometo. Isso deve ter sido feito em segundos. Não se preocupe. Farei com que ela tenha uma eternidade satisfatória.

Maria piscou os olhos, tentando se controlar, já fazia algum tempo que aquilo não acontecia. Corpos mutilados. Ela possuía um dom macabro de encontrá-los. Mas somente quando retornou ao carro, o que Hades lhe dissera fez sentido. Num rompante, suas lembranças ocultas pela névoa se dissiparam em sua mente.

– Hades, o deus da morte. – Ela falou, num fio de voz.

– Culpado! – Hades ergueu uma das mãos. – Bem, agora apresentações devidamente feitas, preciso saber como você encontrou aquele corpo. Nem mesmo eu o acharia tão rápido.

– Você não é o senhor do mundo inferior? Não saberia dizer onde a pessoa morreu?

– Não é assim que as coisas funcionam, minha querida. – Ele deu a partida no carro, e deixaram aquele lugar, não antes de mandar um mortal avisar a polícia sobre o corpo no beco. Hades deu uma breve olhada para Maria, que apenas aguardava uma resposta melhor. – Não é como se um sinalizador disparasse cada vez que alguém morresse. Essas coisas sugam nossa energia. Mas e quanto a você?

– Desde pequena sempre fui agraciada pelo dom de encontrar pessoas mortas. – disse, num tom de deboche. – A princípio parecia uma coincidência. Mas depois... os adultos acharam que era muita coincidência. – Maria apertou os dedos das mãos em seu vestido, recordando-se do passado. Ela havia prometido não mais chorar, embora fosse uma tarefa difícil. – Uma noite acordei sozinha em casa. Mamãe não estava na cozinha preparando o jantar, nem papai na sala. Meu irmão menor não dormia no berço. Eu senti que havia alguma coisa errada, e claro... claro que era errado uma menina de treze anos encontrar corpos mutilados pelos becos da cidade, como se ela não fosse culpada disso.

Então... aconteceu.

Hades dirigia o automóvel, ouvindo atentamente a história que Maria contava. Ele sabia o final da história, mas era muito melhor ouvir de sua boca, com sua doce voz.

– A casa começou a pegar fogo. As portas e janelas estavam fechadas. Eu tentei escapar, mas apenas queimei minhas mãos. Me escondi embaixo da cama. – ela riu, um sorriso trágico que fez os ouvidos de Hades se derreterem na narração. – Eu fechei meus olhos e só me lembro de tudo ser consumido pelo fogo... tudo menos eu.

Hades estacionou o carro na frente do hotel onde a atriz estava hospedada. Ela apenas se deu conta de onde estavam quando Hades abriu a porta do carro, ajudando-a descer, segurando sua mão.

– Venha, vamos beber alguma coisa. – ele a levou para o quarto certo, estava com a chave em seu bolso. Maria decidiu não fazer perguntas. – Então vejamos...

Hades tirou o paletó e pendurou no cabideiro, dobrando as mangas da camisa. Ele procurou encher um copo de uísque, desaprovando a idade do mesmo. Maria apenas moveu-se até a cama e sentou, tirando os sapatos. A falta de elegância foi ignorada. Não era hora para formalidades, embora Hades não conseguisse deixar de achar atraente a forma como ela estava perdida em suas lembranças fantasmagóricas do passado. A beleza era ressaltada em seu rosto pálido e assustado.

– Você acordou em algum lugar. Seu corpo não foi queimado.

– Uma parte, eu queimei uma parte do corpo. Possuo uma cicatriz de queimadura.

– Deixe-me ver. – ele avançou curioso, mas Maria encolheu o corpo, lançando um olhar feroz. – Certo, está um pouco cedo para eu ver partes de seu corpo. Concordo. Sinto muito, já fui mais cavalheiro que isso. Mas me diga, onde acordou?

– No quintal de casa. Estava tudo queimado, inclusive a cidade. – Maria alisou o lençol da cama, em seguida engatinhou sobre ela como um bichano faria, encolhendo-se no meio. Ficou ali, como se estivesse protegida do passado. – Não havia mais ninguém.

– Vingança. – Hades sorriu, enquanto bebia. – Somente uma pessoa poderia ter salvo sua vida. E eu lhe devo um pedido formal de agradecimento. Pois jamais nos encontraríamos, caso algo ruim tivesse acontecido a você.

Hades estava ao lado da cama, ele sentou-se lentamente e esticou o braço para alcançar os cabelos de Maria com sua mão. Acariciou-a e depois recuou, quando a morena, de olhos fechados, dormia.

– Durma, minha pequena. Pois eu preciso trabalhar. – algumas sombras saíram da parede, cobrindo o corpo do deus, fazendo-o desaparecer.


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