L'amore Ci Può Cambiare? escrita por Kori Hime


Capítulo 3
Capítulo 3 - Bravo!


Notas iniciais do capítulo

Maria meu novo xodó ♥
Boa leitura, nos falamos nos comentários.



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Hades encarou a mulher, aguardando alguma reação típica feminina, quando se apresentava. Grito, risada ou uma chuvarada de acusações, como por exemplo: o atiraria na cela fétida de um manicômio público. Talvez desmaio?

Mas diferente do que já presenciara em sua existência, Maria dignou-se em apenas contemplá-lo com seus grandes olhos curiosos. Havia algo nela que o Senhor do mundo inferior não sabia dizer o que, mas causava-lhe uma atração. Uma atração perigosa e desastrosa. Era um sentimento perfeito para não dizer lúgubre.

Desastrosa porque não estava em busca de uma aventura romântica, quando decidiu apoiar sua assistente Donatella no mundo dos negócios com mortais. Mas por outro lado, achava fascinante a arte da dramaturgia, desde muitos anos antes, na Grécia. Também patrocinava cinema, fotografia entre outras tantas formas de expressões da arte. Para um deus dos mortos, ele era quase um ativista moderno. O que não combinava muito com sua posição. É o que diria algum deus do Olimpo. Se bem que, pensando melhor, ele se encaixava perfeitamente em alguns grupos artísticos da época.

Quando entrou naquele camarim e pela primeira vezes seus olhos captaram a imagem de Maria, o deus leu em seus olhos um passado fantasmagórico. Ainda agora podia ver que a jovem era cercada de dor, sombra e medo. Uma química que caia como uma luva. Quase como a cereja do topo do bolo.

Ele estendeu a mão respeitosamente para capturar a dela e depositar um beijo sobre sua mão enluvada. Maria corou imediatamente, segurando o ar em seus pulmões.

Hades podia ouvir as engrenagens do corpo dela trabalhar. O coração acelerado, a respiração convalescer, o peito movendo-se danosamente naquele corpete apertado. Sabia que suas mãos estavam frias e suadas por dentro das luvas e seu corpo estremecia conforme ele lhe segurava as mãos com firmeza.

Deixou de lado sua brincadeira e recuou quando Donatella entrou no camarim.

– Senhor Hades. – ela falou surpresa. – Vamos comemorar, todos estão bebendo, cantando. Esta divertidíssimo.

Hades moveu seus lábios num sorriso apertado, fitando os olhos de chocolate da assistente. Ela usava agora um elegante vestido de festa, com um chapéu discreto no topo da cabeça.

– Esta tarde e eu preciso ir. – ele arqueou a sobrancelha, dando uma entonação desnecessária a última palavra. Maria não compreendeu do que se tratava, pois claramente era uma mensagem codificada. Aprendera muito sobre expressões em um curso que participou na França. – Vim apenas elogiar o trabalho dessa grandiosa, porém jovem, atriz.

– Oh! Que gafe a minha. – Donatella virou-se para Maria, seus cabelos vermelhos passearam no ar. Eram finos fios de cobre que parecia impossíveis de serem presos com qualquer elástico ou presilha. Mas o chapéu, intacto, sequer movia-se. – O senhor Hades é responsável pelo nosso teatro ser o que é, e também chegar onde chegou. Devemos tudo a ele.

Maria se empertigou e estendeu a mão novamente para Hades, mas dessa vez de forma profissional, agradecendo a oportunidade de fazer parte de uma comitiva tão grande e promissora. Hades apenas moveu a cabeça, com seu sorriso congelante nos lábios. Ela desfez o contato e afastou-se.

Donatella ainda tentou persuadi-lo ficar mais um pouco e comemorar. Mas Hades partiu, sem dizer muito. Assim que a porta se fechou, Maria sentiu um calafrio, uma névoa que se ergueu dentro do camarim. Seus olhos giraram e a mente parecia ter sido cortada ao meio e depois retalhada. E tudo se modificou em sua mente.

– A senhora dele pode estar se sentindo mal? – Passou a mão no pescoço e divagou com os olhos, como se não fosse de muita importância a resposta. Uma sensação ruim lhe fez estremecer o corpo.

– Não, não. Eles não se veem há muito tempo.

– Oh! – Maria caminhou pelo camarim e parou diante do espelho, retirando a peruca. Pensou que, se eles não se viam há muito tempo, quer dizer que o casamento não deveria estar indo bem. E para evitar escândalos, mantinham-se afastados. Muitos casais faziam isso, não era novidade. O homem sempre viajando a negócios, ou a mulher fazendo uma breve viagem para visitar sua família. Maria não saberia como viver assim. Viver ao lado de quem não se ama, seria o mesmo que não viver a própria vida. Apesar dela não ter tido ainda a chance de provar o amor verdadeiro.

Donatella retocou o batom vermelho, que combinava perfeitamente com sua pele de porcelana e as sardas disfarçadas embaixo do pó de arroz chinês.

Maria retirou os últimos grampos em seus cabelos, deixando-os cair como cascata em suas costas. Donatella pegou uma escova e passou nos fios negros, prendendo-o levemente com uma fivela.

– Vocês se conhecem há muito tempo?

– Alguns anos. – Donatella depositou a escova de cabelo em cima da penteadeira. – Meu pai trabalhou para o Senhor Hades e por intermédio disso, eu o conheci.

– Então, esse nome exótico, de onde vem? – Maria perguntou, não recordando-se de quando o homem havia se apresentado para ela alguns minutos atrás. O arrepio na espinha ao segurar sua mão não pode ter sido somente uma coincidência. E também, seus olhos negros eram como um poço sem fundo, onde e a qualquer momento, poderia sair um morcego ou uma luz.

Donatella estava próximo a porta do camarim, ela virou-se para a atriz.

– Agora você vem ou não para a comemoração?

Maria deu-se por vencida e acompanhou Donatella. Pegou uma taça de vinho branco, brindando com Bianca, sua companheira de cena. Elas eram inimigas no palco, mas nos bastidores tratavam-se como verdadeiras irmãs. Pousaram para algumas fotos. Câmeras fotográficas super modernas, como as russas Exakta Vest. Maria era fascinada por tais traquinagens. Desejava um dia poder comprar todas as câmeras e máquinas de vídeo.

Um homem fardado de branco aproximou de Maria e Bianca, que conversavam animadas sobre a apresentação. Ele era alto e possuía cabelos negros bem aparados e penteados para trás. A marca da barba feita na pele e os olhos azuis atentos, parecia procurar por alguém.

Bianca ajeitou uma mecha de seu cabelo loiro, dando um sorriso acolhedor para o recém-chegado. Ele retribuiu a gentileza, com um outro sorriso. Mas ele não ficou só por muito tempo, logo depois uma mulher veio encontrá-lo. Bianca anuiu, olhando para Maria que a consolou com um tapinha no ombro.

– Você os conhece? – Perguntou Maria. Ela entregou a taça vazia para o garçom, agradecendo-o.

– Não. Eu os vi na plateia, até o quinto ato, mas logo depois eles não estavam mais nos camarotes. – Bianca seguiu com o olhar aquele que não parecia ser um casal convencional. Deduzindo que poderiam ser parentes ou amigos.

O moreno agia fraternalmente, ela sabia muito bem como era isso, possuía um pai super protetor, que infelizmente faleceu antes de vê-la brilhar. Embora duvidasse que o pai fosse permitir sua princesinha ser uma atriz. O que as pessoas iriam falar se a visse em um palco cercada de pessoas indecentes? Era exatamente o que ela imaginava que o seu velho pai diria.


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