Bad Karma escrita por IsaaVianna LB, Cristina V


Capítulo 17
14. Não Importam Os Meios


Notas iniciais do capítulo

Oláaa!
Mais uma vez, triste com a quantidade de reviews :/ Masok.

Espero que gostem!
Nico Di Ângelo no Gif ;)
Boa leitura!



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POV Nico Di ângelo 

Nem pensar.

Qual era o problema em ser gay? Por que não poderiam simplesmente me aceitar? E o pior: Para que diabos eu precisava de um terapeuta para me ajudar a “refletir melhor sobre a minha opção sexual influenciada pela puberdade e o meio a qual estou inserido”? Aquilo era absurdo! Só não era mais absurdo do que ter que obedecer estritamente as vontades paternais de Hades di Ângelo apenas porque ele quis assim.

É pedir demais ter um pouco de liberdade de escolha naquela casa? Agora eu estava ali, naquele consultório mofado e na presença de uma mulher que recebia para sorrir, acenar e fingir que se importa com os meus supostos problemas. E ainda cobrava por hora! Mas não vou criticar, porque ela deve mesmo precisar do dinheiro para manter aquela cara de modelo aposentada e siliconada e pagar o personal trainer. Tudo bem, eu admito que ela era mesmo bonitinha e tal, e tenho certeza que meus amigos héteros pagariam para que ela os “analisasse”, mas tudo isso me chamou a atenção para um fato. Eu apostaria a minha herança que isso não era uma simples coincidência, ainda mais quando ela começou a elogiar minha aparência.

Tsc... Coitada!

O pior de tudo: Eu não tinha como fugir. Meu pai fez questão de vir me trazer pessoalmente e me deixar dentro do consultório com essa mulher. Não podia ser um analista homem, pelo menos? Era pedir demais isso? Porcaria! Então aqui estou eu, “Nicolícia” di Ângelo, preso nessa sala e, pra piorar, sem carro. Seria fácil escapar se alegasse precisar usar o banheiro. Mas até nisso aquela víbora-macho mafiosa que eu tenho como pai pensara.

Hades di Ângelo, você tem sorte de parricídio ser contra os meus princípios.

Alguém, por favor, pode me tirar desse lugar? Eu vou pra qualquer outro com quem quer que seja! Juro de mindinho! Minha vida virou um inferno depois que saí do armário. Ok, já era de se esperar, com a família conservadora que tenho, mas...

Ah, foda-se, não vou tentar justificá-los. Normalmente eu seria mais bem humorado e as pessoas gostariam mais da minha narração, mas a última pergunta me deixou puto. Muito puto mesmo. Eu fiquei tão perplexo que deveria estar encarando a analista siliconada por mais de dez minutos, enquanto pensava em todos os planos de fuga possíveis e torturas que iam desde furar os olhos até arrancar todas as unhas dela com um alicate cego e enferrujado. Quem sabe assim ela aprenderia a cuidar daquelas cutículas enormes?

— Senhor di Ângelo? – Ela disse. – Já está preparado para responder?

— Não sei, ok? – Eu disse tentando controlar para não voar nos cabelos daquelazinha. – Eu não sei quando “isso aconteceu”.

— Tudo bem. – Ela anotou algo na sua prancheta, voltando os olhos irritantemente azuis para mim em seguida. – O senhor acredita que é gay por causa da falta de uma figura masculina imponente em casa?

Respira. Conte até dez.

Eu poderia muito bem dizer que sim e jogar grande parte da “culpa” para o meu querido papai. Mas é o que eles estavam esperando... Era muito fácil de prever. Aquilo passara, e muito, dos limites.

— Desculpe? – Perguntei arqueando as sobrancelhas.

— Deixe-me reformular. Você é gay por falta de uma figura máscula imponente em casa?

Respirei fundo.

— Não. – Comecei, revirando os olhos. - Eu sou gay porque quero uma figura máscula e imponente na minha cama. Sabe? Em posiç-

— Ok, tenho o suficiente. – Ela interrompeu. É bom mesmo, ter interrompido. Sorri cinicamente acenando com veemência em um ato, admito, arrogante de minha parte. Agradecendo internamente aos céus por ter me livrado daquele interrogatório infernal, atravessei a única porta do local saindo da sala.

— Finalmente... – Uma voz conhecida soou atrás de mim enquanto eu torcia a maçaneta para fechar a porta. – Achei que não fosse sair nunca.

Me virei para a garota e tive a confirmação do que pensara.

— Thalia. – Eu disse em tom de comprimento.

— Alguém precisa de uma carona? – Ela disse balançando as chaves do que concluí que fosse seu carro.

É. Eu precisava, sim.

***

—Você trapaceou! – Ele disse carrancudo, apoiando os braços na borda para sair da piscina. – Nunca teria me vencido se não tivesse forjado aquele afogamento de araque!

Eu ria tanto que começava a sentir lágrimas se formarem nos cantos dos meus olhos. O Rodriguez era tão ingênuo!

— Ah, qual é Chris! – Eu comecei a falar controlando as gargalhadas. – Que tipo de nadadora seria eu se me afogasse?

Ele me olhou parecendo ainda mais indignado do que antes. Por algum motivo desconhecido, aquilo me incomodou um pouco, talvez fosse porque esse era o tipo de brincadeira que eu faria com um dos meus amigos. E o Rodriguez não era meu amigo. Não mesmo.

— Você simulou câimbra! Não dava pra concluir que era fingimento. – Fez um bico.

— A desculpa mais clichê de todos os tempos! – Revirei os olhos.

— Até o Michael Phelps sente câimbra! – Ele continuou. – Você poderia ter morrido se eu não voltasse pra te salvar!

Eu o encarei. E mais um pouco. E mais.

Daí eu explodi em gargalhadas.

— Para com isso, Clarisse! – Ele se rendeu rindo um pouco. – Se você tivesse mesmo se afogado eu não poderia tentar te reanimar com compressões torácicas. Você morreria!

— Não me reanimaria? – Tinha um certo tom de mágoa na minha voz. Que tipo de pessoa faria isso com um colega de time?

— E correr o risco de você acordar e me acusar de tarado por estar com as mãos em lugares, hm, indevidos?

É. Fazia sentido.

— Quanto a respiração boca a boca... – Ele deu de ombros. – Eu poderia considerar...

— Eu preferia morrer. –Interrompi.

— Mas, considerando que prometi – retomou. – Que só colocaria esses lábios aqui nos seus de novo quando você pedisse... Também não seria possível. Sou um homem de palavra, no fim das contas.

Ah, mas é claro. Fazia mesmo mito tempo que ele não me amolava com aquela história de beijo. Levou muitas escovações extra de dentes, mas era verdade: O estúpido tinha me beijado. Aquilo só serviu para aumentar ainda mais o ódio que eu sentia por ele, já que o meu primeiro beijo deveria ser com alguém especial e, de preferência que não sofresse algum tipo de demência mental.

— É a promessa mais difícil que eu já fiz na minha vida. – Ele disse muito baixo. – E é uma das duas que eu realmente cumpro.

Todas as os traços dos risos anteriores deixaram minhas feições. Aquele tom de seriedade era, sem dúvida, algo muito estranho vindo dele, considerando que estava sempre fazendo gracinhas e nunca levava nada a sério.

— R-Rodriguez eu... – Comecei. Ele se aproximou de mim, voltando para a borda da piscina. E que droga de sensação de ansiedade era aquela?

— Shh. – Me cortou. – Eu ainda não terminei. Claire, eu não me importo quanto tempo demore, não to nem aí se você anda saindo com outros caras... Ok, admito que sinto um pouco de ciúmes... – Ele respirou fundo. – Eu nunca perco o controle, porque, eu sei que no final você vai ficar comigo. Não importam quantos Romeus cruzem o seu caminho, ou quantas vezes você tente me fazer desistir recusando toda e qualquer investida que venha de mim. Porque você também me ama e nada pode mudar isso... Suas tentativas de me afastar só me aproximam e não importa o que você faça, querida: Eu vou sempre amar você.

Eu sempre soube que o garoto era convencido, mas aquilo era demais até pra ele. O pior de tudo é que algo em suas palavras realmente tiveram efeito sobre mim. Todo aquele discurso gay mexeu comigo de uma forma que eu jamais poderia sequer cogitar. E muito, mas muito mais do que eu poderia admitir. Quem esse infame pensa que é, afinal? Ele nunca escondeu seus sentimentos por mim, mas vê-lo ali, parado na minha frente, refletindo pelo olhar todos os sentimentos que acabara de verbalizar.

E ele nunca me pareceu tão sincero.

Talvez tenha sido pela ausência do olhar de trapaça ou mesmo pela beleza das suas palavras, não sei bem ao certo o que me fez enxergar uma pessoa normal ao invés do abominável Chris Rodriguez, que me humilhou na frente do meu pai ou ainda, que me infernizava desde que me entendo por gente. Eu estava completamente sem palavras... Provavelmente entrara em um estado de choque. Não era boa com sentimentos, ainda mais quando os expunham dessa maneira. Aquele era o tipo de declaração que grande parte das garotas sonhavam em ouvir de um garoto. Mesmo que fosse o Rodriguez.

Ficamos nos encarando pelo o que me pareceu um milênio, e todas as vezes que eu tentava falar algo, falhava miseravelmente. Ele se aproximava cada vez mais, eu sentia que ele estava prestes a quebrar a bendita promessa. Meus olhos caíram dos seus olhos para a sua boca e- Ah não Clarisse, reaja! Não faça nada estúpido, mantenha o foco! [N/a: Carol? Kkkkkkkkkkkk]

Ele se aproximou mais do que o conforto permitia, tocou minha bochecha com uma doçura impressionante, e o olhar travesso foi a última coisa que eu vi antes de fechar os olhos e esperar pelo pior.

Mas o pior não veio.

Ao invés de sentir seus lábios, senti suas mãos me empurrando para dentro da maldita piscina! Isso mesmo! GRR! Uma mortalha para o filho de Hermes! De certa forma, o que ele fez foi algo aliviante, considerando a situação anterior, mas se ele pensa que as coisas vão ficar assim, ele está muito, mas muito enganado. Emergi.

— AAI – Disse em um tom choroso, com a cabeça baixa enquanto o ouvia rir de mim, ainda parado próximo a borda.

— HAHAHAHA você devia hahahahaha ter visto a sua cara! – Ele ria quase tanto quanto eu minutos antes, quando ele perdeu a aposta.

— Seu idiota! Você quase me matou! – Fingi um soluço tentando alcançar a borda- eu bati com as costas nas escadas!

O riso cessou rapidamente.

— Ai meu Deus, Claire... Me desculpa! Eu vou te ajudar a sair – O trouxa estendeu a mão, ainda com a feição desesperada.

— Eu dispenso. – Disse eu, sendo malcriada como sempre. Beijos. Me apoiei na borda mais uma vez e gemi de “dor”.

— Nem que eu tenha que entrar aí, Clarisse! – Ele ralhou . Ele ofereceu a mão novamente e eu a aceitei. Quando ele fez força suficiente para me puxar, eu soltei sua mão sem dó nem piedade. Resultado: Ele caiu, ou melhor, se estatelou de costas no chão. E eu? Vingança nunca pareceu melhor.

Claro, eu já estava sufocando de tanto rir. Mas não havia protestos da parte dele. Só estava lá, imóvel, permanecendo da mesma forma que caíra sem dizer uma palavra. Eu não tinha lá muita visão de onde estava então, optei por chamá-lo.

— Rodriguez! – Chamei quando consegui me controlar. Nada. – Christopher!

Sem nenhuma resposta, eu tenho que admitir que fiquei assustada. E se eu tivesse matado ele? Não é como se houvesse muitos suspeitos além de mim, sem contar que eu não saberia esconder um corpo naquelas redondezas. Rapidamente, eu subi na borda e cautelosamente cheguei perto dele.

Por um instante, eu achei que ele estivesse desmaiado, mas ao vê-lo percebi seus olhos abertos e quando ele piscou, fiquei aliviada por ele realmente não estar morto.

— Chris? – Chamei. Ele olhou pra mim e um sorriso mínimo começou a brotar. – Você está bem?

— Ok, acho que eu mereci essa. – Disse, se levantando com um gemido de desconforto. – Mas não se preocupe, a minha bunda amorteceu a queda.

Eu ri baixo.

— Eu não estava preocupada com você. – Sentei ao lado dele, que ainda estava estirado ao chão. – Só com a minha ficha policial.

Sorrindo, ele impulsionou o tronco para frente sem usar as mãos para se apoiar, e acabou sentado ao meu lado.

— Entendo. – Ele começou, ainda sorrindo. – Claire, eu posso te fazer uma pergunta?

Gulp.

Odiava ouvir aquilo. Odiava mesmo, tipo, muito. Eu estava pensando em algo muito horrível e malcriado pra dizer, mas por alguma razão resolvi dizer apenas:

— Claro. – Ele arqueou uma sobrancelha, provavelmente estranhando mais do que eu a minha resposta. Desde quando eu era gentil com esse traste? Ou com qualquer outra pessoa?

— Sempre que você é obrigada, passamos um tempo muito agradável juntos. – Ele disse sem me encarar. – Mas por que você precisa sempre “ser obrigada”? – Uma pausa e ele virou aqueles olhos obcenos para mim. – Por que não aceita meus convites e sai comigo de verdade?

Eu desviei o olhar. Como eu queria desaparecer dali... Como eu queria arrancar os membros da Silena! Droga.

— Eu... – Suspirei. – Eu não sei. Parece errado.

— Por causa de um mal entendido que aconteceu há anos luz atrás? – Ele zombou. – Você sai com os caras mais idiotas que eu posso pensar, mas nunca aceitou nem almoçar comigo. Céus, até trabalhos escolares você se recusa a fazer comigo!

Eu ri pra valer. Não podia negar, eu fizera isso mesmo, uma ou duas vezes. Ok, talvez três. Mas ele não demonstrava lá muita reação.

— O mundo não gira em torno de você, Rodriguez. Além do mais, eu te odeio, por que eu sairia com você, de todas as pessoas?

Ouch. Se eu pudesse “desfalar” aquilo, eu “desfalaria”.

— Claire, não destrua o futuro por problemas do passado. – Ele disse voltando a me encarar, só que dessa vez havia algo a mais em seu olhar e sua voz soava como uma súplica. – Eu já te pedi desculpas milhares de vezes. Eu me importo com você.

Eu não sabia o que falar. Dessa vez ele estava falando sério, não por causa de uma aposta. Eu já sabia, de certa forma, que ele realmente se importava comigo, mas ouvi-lo falando aquilo –de novo- era um nível completamente diferente.

— Eu posso ser irritante na maior parte do tempo, mas de que outro jeito eu chamaria sua atenção? – Ele sorriu. – Deus sabe quantos corações eu parti porque, para mim, nenhuma outra garota serve. Eu até tentei garotos!

Eu tirei os olhos da piscina, arregalando-os enquanto voltava a encará-lo. Sustentei o olhar por alguns instantes... Pela primeira vez na vida ele me pareceu realmente tão bonito quando Silena e as outras garotas descreviam, e tinha um tanto de doçura também. Não que eu gostasse disso, mas que mal tinha?

Suspirando fundo e reunindo toda a coragem que eu tinha, eu disse antes mesmo de notar:

— Tudo bem. Eu aceito sair com você, Rodriguez.

Aquele sorriso eu nunca vira antes... Era o mais genuíno que eu já vira na vida.

— Você não vai mudar de idéia? – Perguntou.

— Não. – Eu disse sinceramente. O que diabos tinha no cloro daquela piscina?

— Promete? –Arqueou uma sobrancelha.

— Sim. E pare com isso antes que eu mude de idéia.

— Okay. – Sorriu mais uma vez, com as mãos para cima em rendimento. Ele se levantou e caminhou até o lado oposto da piscina onde sua toalha e sandálias repousavam. - Então já podemos sair daqui.

Eu franzi o cenho quando ele se abaixou e, colocando a toalha no ombro calçou os chinelos e começou a digitar algo no celular. Espera. Demorou um pouco para conseguir absorver aquilo. CELULAR?

— Prontinho, já estão vindo nos liberar. – Ele disse alargando o sorriso zombeteiro ao perceber a minha incredulidade ao olhar a cena. Então ele gargalhou.

— RODRIGUEZ!


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram? Deixe o seu comentário *0* Não leva muito tempo pessoal...
DIGA QUAL O PRÓXIMO CASAL QUE QUEREM VER?
A maioria está pedindo #Thaluke! É isso mesmo???

Beeijos ;** Até a próxima! (:



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