Bad Karma escrita por IsaaVianna LB, Cristina V


Capítulo 16
13. Portas que se fecham sozinhas


Notas iniciais do capítulo

Voltei :3
Espero que gostem... Por favor pessoal, comentem!
Clarisse La Rue no gif!



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Eu coloquei meu maiô de treino sem nenhuma ajuda. Onde diabos estavam aquelas lesmas aquáticas? Tudo bem que ainda faltavam quase vinte minutos para o treino, mas eu sempre aconselho que cheguem, pelo menos, meia hora antes para conversarmos no vestiário.

Aparentemente, teria que bolar algumas punições.

Francamente, eu não estava sendo intimidadora o suficiente ao dar as ordens? Inferno. Não seria de se duvidar se, de repente as garotas se tornassem tão irresponsáveis quanto a parte masculina, que tinha como capitão o maior idiota do Olympus.

E sim, estou falando do Rodriguez.

Pensar no energúmeno me fez bater porta do armário com muito mais força do que o necessário. Eu tive pouquíssimo sono pensando naquele maldito cemitério e de como eu parecera vulnerável e medrosa. Aff, como se precisasse de mais essa. E ele ainda teve a ousadia de parecer extremamente radiante hoje, em especial, justamente quando eu estou completamente destruída. Tive que fugir de suas brincadeiras sugestivas a manhã inteira!

Em outras palavras, toda aquela proximidade não causou nenhum efeito sobre ele. Nem sinal de preocupação, noite mal dormida ou cansaço. Era só o maldito Rodriguez sendo o maldito Rodriguez com um humor de quatro de julho.

Vesti e amarrei o roupão, me lembrando que da última vez eu o esqueci dentro do armário tive que pedir a tarântula, vulgo Anfitrite, para que...

Onde está a tarântu-, digo, a treinadora? Okay, definitivamente tem algo de errado acontecendo aqui. Caminhei para fora do vestiário, olhando para os lados em busca de algum ser vivo passando por ali. Ainda nada. Cheguei até a piscina e vejo que um dos garotos já está se aquecendo em nado de peito. E como é rápido! Caramba, ele deve ter nadadeiras, é isso. Olhando atônita de onde estava percebi que ele poderia ser, inclusive mais rápido do que os irmãos Jackson, que tem Percy como campeão estadual e Tyson como vice.

Foi aí que meu sorriso se desfez, porque só um cara nessa escola é mais rápida do que os irmãos “peixe e peixinho”.

O mesmo que ganhara a competição estadual duas vezes – e uma nacional da categoria- e não era o atual campeão porque sofreu um acidente de escalada e quebrou o pulso três semanas antes das finais. Isso tudo antes dos dezoitos anos! Eu diria que isso podia ter arruinado sua futura bolsa na faculdade, mas pelo o que eu vi, ele se recuperou muito bem. Devia ter quebrado o pescoço, isso sim.

Quando dei por mim, já estava na beira da piscina esperando que ele emergisse. Não demorou muito, ele se encostou na borda com olhos fechados e respiração ofegante. Bagunçou o cabelo – irresponsavelmente- sem touca e quando ele abriu os olhos aquele sorriso prepotente que eu tanto detestava apareceu.

— Olha só... Uma sereia beirando minha piscina! – Ele disse. – Devo me sentir honrado?

— Corte as gracinhas, Rodriguez. – Eu disse irritada, como sempre ficava na sua presença. Não me julguem, esse inútil nem devia ter nascido. – Onde estão os outros?

Ele sorriu novamente colocando os cotovelos nas bordas da piscina para se apoiar.

— Você não soube? – Ele franziu o cenho. Eu arqueei uma sobrancelha. O maldito sorriso zombeteiro apareceu novamente. – Os treinos foram cancelados por hoje... Anfitrite teve que sair da cidade, ao que parece. Eu tentei te avisar, mas você não parece aturar muito bem minha presença ofuscante.

Do que esse inútil estava falando?

— Quando eu estava me aproximando no corredor e você me mostrou o dedo do meio e entrou no banheiro hoje de manhã? – Ele respondeu minha pergunta mental.

Ah, isso.

— Tanto faz. – Revirei os olhos. – Se não haverá treino, o que você está fazendo aqui, de qualquer forma? – Ele usou os cotovelos para impulsionar o corpo para cima e sentar-se na borda. Eu dei um passo para trás. – Não se aproxime.

— Calma, docinho. – Docinho? Credo! – Eu resolvi vir para avisar qualquer desavisado que pudesse aparecer... – Ele piscou um olho. – Não ia, na verdade, mas Leo me abriu os olhos... Eu preciso recuperar meu status de melhor nadador do Olympus. E um treino a menos não vai me ajudar... – Ele segurou o pulso esquerdo com a mão direita, mas logo soltou e o alongou em movimentos circulares.

Sério Rodriguez? Estava mesmo bancando o coitadinho pra cima de mim?

— Okay. – Eu disse, sem mostrar qualquer mudança na minha determinação em tratá-lo com total indiferença. – Sem treino, sem motivos pra te aturar.

— Claire, espera. – Ele pediu antes mesmo que eu virasse completamente as costas, mas continuou parado, sentado na mesma posição. – Você pode ficar e treinar. Quero dizer, não tem sua treinadora ou colegas de time, mas eu sei que está treinando sua série de revezamento pro estadual... Eu posso substituir sua parceira e te ajudar, se quiser... O que acha?

O encarei desconfiadamente, semicerrando os olhos. Seria realmente bom ficar e treinar considerando que isso sempre me ajudava a espairecer.

O que eu estou pensando? Ele é justamente o motivo de eu sequer precisar espairecer! Suspirei fundo, tentando soar o mais educada o possível ao mandá-lo pro inferno com sua ajuda, mas resolvi só continuar andando em direção às portas metálicas que davam para a área das piscinas, onde estávamos.

— Eu? Aceitar sua ajuda? – Perguntei zombando da proposta, indo em direção às portas azuis. Elas davam direto para um espaço de concentração de onde se podia ver as portas dos vestiários. Eu teria que passar por lá e me trocar antes de ir para casa. – Fica para a próxima vida, Rodriguez.

E então aconteceu.

— Ei! ESPERA!

As grandes portas estilo “emergencial” se fecharam ao mesmo tempo sem que eu visse uma pessoa na fresta deixada antes que se fechassem totalmente. Era impossível para uma pessoa fechar as duas partes ao mesmo tempo sem que eu a visse! Eu corri, mas só cheguei a tempo de ouvir a tranca que unia as partes.

Mas que merda!

— Mas que merda! – Verbalizei. – Qual é a porcaria de problema desse zelador? Ele não sabe que tem que conferir se tem pessoas aqui antes de trancar as portas?

— Calma, docinho. – Claro, mais essa agora. Não bastasse estar trancada na área das piscinas, estava trancada com um imbecil! Legal vida, valeu mesmo. Devem ter fechado porque não haveria treino naquela tarde. Como eu poderia culpar? Se ao menos Chris estivesse nadando, seria mais fácil passar percebido por quem quer que se aproximasse.

— Você não avisou que ia treinar, inútil? – Exigi. Droga! Ele franziu o cenho por um instante, e sua expressão se iluminou.

— Na verdade, eu avisei, sim.

— Diabos! – Eu agora andava de um lado para o outro. – Se eu pelo menos não tivesse deixado meu celular no vestiário... – Praguejei. – Se ao menos eu tivesse aceitado ir às compras com Silena e-

Uma onda de entendimento passou por mim ao me lembrar daquele nome. E depois, raiva.

— É claro! – Eu passei a mão sobre os cabelos, completamente nervosa. – Como eu não percebi antes? - Eu olhei para Chris, que mantinha a calma enquanto sua expressão zombava da minha preocupação.

— O que? – Ele perguntou.

— Quem te convenceu a vir treinar, mesmo? – Perguntei para ter certeza.

— Leo. – Ele disse desconfiado, mas logo sua expressão se iluminou. – Claro.

— EU VOU MATAR AQUELA BARBIE SILICONADA! – Eu disse usando todo o meu controle interior para não começar a esmurrar ainda mais a porta. Sendo a única coisa ao meu alcance, comecei a andar de um lado para o outro, pensando em uma maneira de sair dali.

E o inútil? Tava lá, nadando sem qualquer preocupação.

— Quer parar com isso?! – Perguntei irritada quando ele chegou novamente até a borda, conferindo o cronômetro. – Está me incomodando!

— Calma aí, esquentadinha. E não estou fazendo nada! – Protestou.

Fiz a pior careta que consegui.

Exatamente! — Eu disse como se fosse óbvio. – Você não está fazendo nada! Estamos em uma situação desesperadora e você continua aí “nadando”.

Ele arqueou uma sobrancelha em um gesto que não era lá muito comum vindo dele. E também não estava com aquele sorriso irritante e alinhado. Algo errado, muito errado mesmo. Não era usual de Chris parecer uma pessoa normal e nada sugestiva. Não mesmo.

— E você está fazendo algo? – Ele disse desacreditado.

— Claro!

— Como? – Ele perguntou, sentando-se na borda novamente com aquela barriga obscena. – Eu só estou vendo você andar de um lado para o outro, e não ir a lugar nenhum. Como isso é estar fazendo alguma coisa?

Eu abri a boca para protestar. E de novo. E mais uma vez. Já disse como odiava quando ele estava certo? Pois é. Não tinha lá muitos argumentos contra o que ele acabara de dizer.

— E-eu estou pensando. – Na hora saiu. Melhor do que nada. – Eu sei que você não faz isso com muita frequência, mas...

— Conseguiu pensar em uma saída? – Ele me interrompeu.

— Não, seu inútil! – Respondi. – Por isso queria sua ajuda.

— Achei que você tivesse dito que eu não penso com frequência... – Ele agora sorriu divertidamente. – E, além do mais, para quê quer a ajuda de um inútil?

Meus olhos se arregalaram. Ele estava mesmo usando minhas palavras contra mim? Como assim? Ah, mas se esse energúmeno pensa que pode tirar onda com a minha cara, ele está muito enganado.

— Porque é com esse inútil que eu estou, lamentavelmente, presa aqui. – Eu cuspi as palavras voltado a encará-lo. Ele gargalhou como uma hiena. E a minha paciência estava cada vez menor. – O que foi, Christopher Rodriguez? Ainda não encontrei a graça.

— Só tem aquela porta de saída. – Ele disse como se tivesse feito a descoberta do século. – Ou seja, se aquela está trancada, não existe saída. As janelas da base estão trancadas e as outras são muito altas e, mesmo que não fossem, eu não poderia passar por elas e, sem ofensa, nem você.

— Brilhante observação, gênio. – Eu disse ainda mordida.

— Então a única coisa que nos resta é esperar. – Ele sorriu. – E eu continuo treinando porque, quando se está no inferno, se deve abraçar o capeta. – Finalizou com uma piscadela.

— Eu não vou abraçar você! – Protestei. – E sinceramente, não consigo ver como pode estar tão tranquilo! Se ligou que podemos passar a noite inteira aqui? INTEIRINHA! Tendo que nos aturar? É um pesadelo!

Verbalizar aquilo só fez o desespero se estabelecer ainda mais. Mas não pareceu surtir nenhum efeito sobre ele.

— Pesadelo? Pra quem? – Ele zombou, me deixando muda por um tempo. – Não se preocupe. Silena e Leo não nos deixariam aqui por muito tempo, eles não são assim tão...

— Ah, eles são, sim. – Eu interrompi. – Aliás, são bem piores.

— Okay. Mas presumindo que eles sejam as pessoas que nos trancaram, o zelador ainda não veio, o que quer dizer que ele se lembra que eu disse que treinaria de qualquer forma hoje... O que quer dizer que: o zelador vai vir quando a hora do treino acabar, verá que a porta está fechada e notará que tem algo de errado. E, se ouvir barulho na piscina, melhor ainda.

Eu pisquei para absorver. É. Até que era uma lógica aceitável. Raciocinei alguns segundos para encontrar uma falha.

— Ou ele pode simplesmente ver que a porta está fechada e se alegrar por encontrar seu trabalho feito. Daí ele vira as costas e vai embora!

— Você sabe que isso não vai acontecer! – Ele disse, rindo um pouco. – Pare de ser pessimista.

— E o que eu vou ficar fazendo até esse martírio acabar? – Perguntei.

— Você pode treinar! – Ele respondeu, dando de ombros. – Sua série está boa, mas, se quiser ser campeã, ainda não é o suficiente.

— HEY! – Protestei. Aquilo era muito ofensivo. Eu era a melhor nadadora daquela escola e isso não podia ser questionado. – Você é louco? Todos os recordes femininos daquele mural- apontei para o mural de recordes- são meus. Eu sou a melhor nadadora que o Olympus vê em anos!

— Exatamente. – Ele pulou de volta na piscina. – Isso te faz a melhor nadadora do Olympus.

— Mas eu sou campeã estadual! – Protestei como uma criança mimada.

— E isso te faz a melhor do estado. – Ele disse ainda com aquele sorriso de quem sabe mais do que aparenta. – Mas ser duas vezes vice-campeã nacional da categoria não me parece muito bom.

Ah, não. Mas que grande idiota! Eu quero pular na piscina e afundar ele até que se afogue. Pena que não teria como me livrar do corpo.

— Venha nadar e talvez eu deixe você me vencer em uma “corrida aquática” com aposta e tudo. – Disse ele. – Quem perder, declara amor eterno ao outro.

Eu estreitei os olhos com certa diversão. Ele estava fazendo aquilo somente para que eu entrasse na bendita piscina. Mas ia acabar perdendo. Eu tirei o roupão caminhando em direção a piscina. Ia mostrar quem ali era a “não suficiente”.

— Ah Rodriguez, você está tãaao derrotado.

Aquilo seria divertido.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Digam qual o casal que querem ver depois desse ^.^Resolvi encurtar a fic.. Não tá mais dando muito certo...
Beeijos ;** Obrigada por lerem e não se esqueça, de deixar sua opinião! Fantasminhas, apareçam! Eu vou amar conhecer vocês!
Isaa



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