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POV Silena Beauregard

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Como assim o meu plano lindíssimo ousou falhar? Como o Jason não conseguiu nada com a Piper?! Como? E, caramba, a inútil da Rachel se contentou em se despedir sem nem um mísero número de telefone! Nem preciso comentar sobre o fato de Clarisse ter ficado presa em um túmulo aberto com o Chris e não ter tirado nenhuma casquinha!

Amadoras... Todas elas!

Como é difícil ser Silena hoje em dia! Será possível que terei que ensinar tudo a essas garotas? O pior de tudo foi aguentar Leo se gabar de que ele chegara aonde queria, mas eu não. Francamente! Como se isso dependesse de mim! Ah, mas se dependesse...

Peguei meu celular discretamente, digitando uma sms para Leo. Ele ouvira que não haveria treino para o time de natação naquela tarde e desde então estávamos pensando em uma maneira de usar aquilo ao meu favor... Impaciente pela falta de resposta, concluí que ele não conseguira nada e pedi para que ele desse um jeito de me tirar da sala dentro de quinze minutos.

Finalmente eu tinha um plano.

Enviada a sms, voltei aos pensamentos anteriores. Dessa vez precisaria funcionar. Okay, não vou entrar em pânico... Mamãe sempre diz que isso causa rugas precoces. Por falar nela, estará de volta nesse fim de semana. Legal né?!

Ela não vai ficar em casa muito tempo quando descobrir que eu tomei banho em sua banheira e ainda queimei seu secador favorito naquele episódio bizarramente inusitado que eu preciso apagar da minha mente. Droga, acabei de lembrar! Pois é, depois de cometer assassinato à prole ela iria pra cadeia mesmo. E eu? Bom, esperava que tivesse muitos homens gatos parcialmente despidos no paraíso.

É.

Bom, o importante é que o Charles -ainda- não cancelou nosso encontro super romântico ft. voraz, ft. revelador. Ainda faltam algumas semanas, mas se eu conseguisse acalmar a vadia, poderá correr tudo bem.

— Senhorita Beauregard? - Fui arrancada de meus pensamentos importantíssimos pela professora de economia doméstica. Abri o sorriso mais encantador que conseguia, torcendo para que não fosse alguma pergunta.

— Senhora Baker..? - Devolvi, engolindo seco.

— E então?

— E então...? -Arqueei as sobrancelhas.

— O que acha? - Ferrou. Agora era oficial.

Silena, diga "Eu acho que você é um velha babona que cria sete gatos na casa que divide com a mãe e duas tias encalhadas." Ahh, e não esqueça de mencionar que ela cospe enquanto fala.

E era isso mesmo que eu faria. Ora, além de atrapalhar minhas tentativas de diálogo com meus colegas, vinha atrapalhar meus pensamentos também? Estava prestes a abrir a boca, quando:

Não faça isso Silena. Simplesmente peça para ela repetir, e tente se sair bem na sua resposta.

Ah, ok Sheila. Mais uma vez eu vou te ouvir, e que fica claro que isso vai contra todos os meus princípios! Culpa daquela vadia...

— Senhora Baker, poderia repetir a pergunta? - Pedi, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha. - Eu me distraí.

— Sempre... - Resmungou. - Quero saber, com sinceridade, porquê acha importante ter aulas de economia doméstica.

Um... Dois... Três...

Se controle Silena, não tenha uma crise de riso... Não agora. Essa era muito fácil, quem disse que eu achava importante ter aulas de economia doméstica?

Silena...

— Então, er, Sra. Baker... Acho que é importante para, você sabe, a economia doméstica.

Ah vá!

Ok, bem estúpido, mas eu não ajo bem sob pressão.

— Francamente, senhorita Beauregard... Não tenho tempo para esse tipo de asneiras! Sequer tem um plano de vida?

Se acalme...

— Quer sinceridade? - Perguntei, cerrando os punhos. Aquele dia estava uma provação. - Eu não acho que seja importante para coisa nenhuma. Afinal, pra que se ter aulas de economia doméstica sendo que se casar com um milionário "economia" será a última coisa no que se pensará? Isso sem mencionar que eu já sou rica.

Pela primeira vez houve sinal de vida por parte dos meus colegas. Alguns prenderam a risada, outros - como Annabeth- me encararam incrédulos.

— Então esse é seu plano? - Parei um pouco, franzindo o cenho. É, era quase aquilo. Assenti empinando o nariz. - E se caso não encontrar o seu príncipe encantado? O que fará?

Virar prostituta de luxo, claro! Reaja Silena.

— Tá repreendido! - Fiz o sinal da cruz, mas só porque não tinha nenhum sal ou ervas pra me benzer naquele momento. Teria que esperar até o almoço... Bom, isso se as "tiazinhas" me deixassem pegar uma porção extra de alface. - Eu vou encontrá-lo, sim.

— E se não encontrar? - Voltou a questionar.

— Então eu penso em viver com alguns gatos e tias encalhadas... Como a senhora! - Sorri genuinamente. Havia uma maneira de sair daquela com dignidade, no fim das contas. Ok, tive uma recaída, admito.

Ela estava prestes a esbravejar, e me dar uma bela detenção quando a porta se abriu abruptamente.

— Senhorita Silena Beauregard. - Ele olhou para mim divertido.

Meu herói.

— Senhor Valdez, sinto muito, mas estamos em aula e-

— Ah, vamos lá Hanna... - Oi? Ele chamava a professora pelo primeiro nome? - Sabe que eu jamais interromperia sua magnífica aula se não fosse algo de extrema importância. - Ergueu um papel. - Temos assuntos de família... Extremamente importantes... E ela tem permissão para se ausentar.

Eu semicerrei os olhos. Ele era um baita de um ator, eu mesma me preocupei com o que poderia ser, mas isso só durou até eu arrumar minhas coisas e encontrá-lo do lado de fora da sala. Olhei para ele com muita, mas muita desconfiança.

Acredite, ele é digno de todas as desconfianças do mundo sendo quem é. Acredite, ele não merece a reputação de moço bonzinho que tem... Até mesmo quando ele assume a culpa, as pessoas pensam que ele o faz pra proteger alguém.

Patético.

Esse cabelo ruim esconde os chifres que isso aí tem, só estou avisando para que não se surpreendam quando ele mostrar suas asinhas. Ou chifrinhos, tridentes, garras e presas.

— Ta legal, o que estamos aprontando? - perguntei.

— É assim que me agradece? - Colocou uma mão sobre o peito, fingindo-se ofendido, mas logo riu. - Seguinte, eu vim te ajudar, mas não tenho um plano totalmente formado... Quer me contar o seu ou ouvir o meu antes?

"Ajudar". Como que amava aquela palavra! Desde que fosse receber ajuda e não oferecer, claro! O fato é que Leo estava se mostrando extremamente útil desde que descobri minha maldição. Eu sabia que era arriscado e que aceitar ajuda do próprio demônio devia ser contra meus santos princípios, mas...

Eu estava desesperada! Ignorei meu plano, pelo menos por enquanto.

— Diga, Valdez. - Seu sorriso maléfico se alargou, quase chegando a me dar arrepios.

— Por enquanto só... Mantenha Clarisse longe da equipe de natação.

***

Pelos minutos que antecederam o almoço, fiquei de plantão na porta da aula de luta de Clarisse, por uma ajudinha do destino, ninguém daquela aula fazia parte do time, e tirando todos os avisos do cancelamento do treino de todos os murais que eu tive que arrancar pessoalmente, não houveram complicações.

— Claire! - Chamei, me aproximando. Ela acabara de sair do banho, pois seu cabelo estava molhado e cheirava àquele shampoo de quinta do vestiário. - Achei que não fosse sair de lá! Vamos, Rachel e Piper estão nos esperando para o almoço.

— Piper...? - Ela franziu o cenho.

— Sim. Ela pode sentar conosco. - Abri um sorriso, mas não podia me distrair. Qualquer movimento em falso e ela saberia que eu estava tramando alguma coisa. - E então, vamos às compras depois das aulas? - Perguntei esperançosa, como sempre fazia. Ela revirou os olhos.

— Tenho treino, Silena... Sabe disso! - Obrigada meu pai! Obrigada! Então ela realmente não sabia ainda! Vou doar alguns sapatos em agradecimento.

Mentira, eu não vou.

— Ah, mas você detesta esses treinos! - Disse como teria feito qualquer outra vez. - Sempre acaba em uma briga com o capitão Rodriguez.

Ela me olhou desejando ter uma pistola de água para manchar toda a minha maquiagem. Eu tinha medo de, se continuasse a falar, ela acabasse mesmo desistindo, mas ela suspeitaria muito mais se eu não dissesse nada para tentar fazer ela mudar de ideia.

Okay, mentira.

O destino não poderia me odiar tanto assim! Depois de tantos anos insistindo, justo hoje ela não querer ir ao treino.

— Desista Silena. – Ela me fuzilou. – Faltar treinos é dar a ele uma oportunidade de ser o melhor, e isso eu não permitirei.

OBRIGADA FORÇAS SUPERIORES!

— Okay. – Eu disse com um suspiro. – Se mudar de ideia, me liga.

Ai como eu me amo. Mais uma chance que não pode ser desperdiçada... Seria bom ter Chris apoiando o plano, mas não podia arriscar que ele estragasse tudo. E com a situação que conseguimos bolar, só seria mais claro para ele se amarrássemos uma placa com os dizeres “Me pega!” nos trajes de banho da Claire.

Olha, até que essa não seria uma má ideia.

Meu nome é Silena Beauregard, tenho 17 anos e com a ajuda do meu meio irmão maleficamente útil acabo de conseguir outra chance de melhorar a minha vadia, que vem me impedindo de ter uma vida amorosa desde que eu me entendo por gente. Para o meu próprio bem, é bom que o acéfalo do Rodriguez tenha um iniciativa e, bem, um protetor de genitálias.

Alguém aí gosta de nadar?