Bad Karma escrita por IsaaVianna LB, Cristina V


Capítulo 14
12. I Will Dare - Team Two


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaa gente! Sentiram minha falta? *----* Nossa, quanta falta vcs fazem!
Bom, depois de todo esse tempo afastada, venho com esse cap fresquinho pra vocês... Infelizmente, minha conta estava bloqueada por causa de um cap de imagem em outra fic (foi liberada hoje, juro!) :/// MAAAAAAS EU VOLTEEEEI! *------------* E agora é pra ficar! Não vou vacilar assim novamente!
Espero que gostem!
PIPER MCLEAN NO GIF!



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***

Percy agora entendia e até admitia a falta que uma mente feminina fazia em um time. Não que a dele fosse a melhor e mais rápida mente do mundo, mas aqueles garotos pareciam ainda pior do que ele quando o assunto era “organizar ideias”. Saíram do café havia alguns minutos, mas ainda assim não tinham nada programado. Ao contrário do outro time, já que Jason e Piper acabavam de sair no carro. Uma sms de Leo os dera a dica da separação, e o time recebeu a ideia de bom grado.

— Okay pessoal, vamos manter a ordem! –Disse Nico. – Não podemos perder mais tempo. Todos estão com seus envelopes?

Os rapazes, que antes discutiam alto e gesticulavam bastante apenas assentiram.

— Travis, você vai com Connor... Grover e Percy... –Semicerrou os olhos. –E eu vou com o Luke –tentar tirar proveito da situação, completou em mente. – Não pensem que será moleza. Se acharem fácil demais, lembrem-se de olhar a outra parte do desafio! – Ele esperou, mas ninguém se manifestou. Ótimo. Seu pai ficaria orgulhoso em vê-lo liderando aqueles babacas. Mesmo que eles fossem só babacas. –Certo rapazes. O jogo é dividir e conquistar... – O moreno disse com um olhar sério. –Encontro vocês por aí e, se não, meia noite no Café. Boa sorte!

***

Caramba. Aquela roupa dava coceira. Sinceramente, qual era a necessidade da calcinha fio-dental? E aqueles sapatos que deixavam seus pés praticamente dobrados? Pensaria bem antes de roubar biscoitos das escoteiras ao invés de compra-los.

Mais um passo e seria obrigado a amputar os pés por necrose, tinha certeza disso.

Ai

Era normal a calcinha se enfiar aonde o sol não bate? Ele estava certo que não. Um resgate como o que precisava fazer, era caso de corpo de bombeiros. Aliás, não. Delete isso. Seria constrangedor demais explicar o motivo de, além de usar roupas de escoteiras, usar também uma calcinha. Muito pequena, por sinal.

Por outro lado, Travis andava ao seu lado sem parecer se importar muito com isso. Connor se perguntava pelo quê passariam a seguir. Silena não era flor que se cheirasse e, sem dúvida, o dedo e influência de Leo e Luke não ajudariam a aliviar as coisas. Sim, ele sabia do envolvimento do loiro na história, -Não que ele tenha espiado, nem nada, apenas estava passando pela porta do vestiário e ouviu uns comentários. Nada mais que um, dois... Ou toda a conversa.- só não entendia o motivo de Luke ter que se infiltrar naquela brincadeira de risco, como se fosse um jogador comum. Sem dúvidas, era algo muito importante. Algo importante que era o último de seus problemas, imaginava.

— Você anda como uma tartaruga idosa e paralítica, Connor! –Disse o irmão, o tirando de seus devaneios. Ultimamente Travis andava muito rabugento. – Não temos muito tempo. Qual é a segunda parte do desafio?

— Não tem segunda parte. Não nos disseram. –Respondeu o outro, dando de ombros.

Travis o olhou como se crescesse um chifre colorido na testa do irmão. Obviamente, tinha uma segunda parte. Andar por aí vestidos daquela forma nem era assim tão desafiador. Eles eram os Stolls!

— Me dê o cartão, cara. -Pela milésima vez desde que colocara a fantasia, puxou a calcinha pra cima. Poderia ser mais apertada um pouco, ele pensou. Por três vezes ela chegara aos seus joelhos e, sinceramente, ele estava a ponto de colar com fita adesiva o elástico contra a própria pele. Se as calcinhas deviam cair tanto, por que não shorts ao invés daquela saia? E aqueles sapatos? Que tipo de escoteira calçava 44?

Ele apanhou o cartão e leu mais atentamente.

Vistam as roupas que estão em uma caixa amarela

Dentro do armário comum do vestiário...

Ok, essa parte havia sido feita. Eles estavam quase do lado de fora da escola. Ele então, virou o cartão.

...E venham até o café para novas instruções!

Sejam rápidos! Nossa beleza cansa.

SB&LV

— Cara, eu não sei o que esses dois estão tramando... Mas quero ressaltar que eu já fui preso esse mês e papai vai me matar se acontecer de novo. –Disse Connor suspirando.

— Nem adianta fazer esse draminha. Da última vez eu que me ferrei enquanto você fugia.

— Mas eu era o piloto de fuga! –Protestou o outro.

— Sim. Mas deveria fugir apenas quando eu chegasse ao carro! Não antes. –Revirou os olhos. – Nem ao menos consegui libertar todos os bichos do laboratório...

— Eu entrei em pânico! – Justificou- Você disse que ia pegá-los! E eu não gosto de nada com dentes, presas ou garras, cara! E também não gosto de rabos... Bem, nem todos os tipo de rabos...

— Me poupe, Connor. Onde foi parar sua brothagem*?

— Não me julgue! Você não sabe pelo o que eu passei. –Agora ele fingia um choro. Muito mal, por sinal.

— Okay, sem ataque de estrelinha da Disney. –Revirou os olhos.

***

Depois de mais algum tempo de discussão, alguns bons metros de caminhada e todo o drama do irmão, Travis teve a certeza de que seria o cara mais maromba da cidade se “levantamento de calcinha” servisse como produtor de massa corporal. Connor, por outro lado, não via a hora de tirar a dele. Travis parecia confortável demais... Ele começava a desconfiar de que já era acostumado. Seria uma teoria aceitável, se não passassem o tempo todo juntos.

Entraram no café andando desengonçadamente. Leo tomava café enquanto assistia a um jogo qualquer e Silena estava sentada ao seu lado na mesma poltrona encarando as unhas e com cara de poucos amigos. Ela estaria na vantagem se tivesse só a cara disso, pensou Connor, maldosamente.

— Ora, ora, ora... –Disse a morena abrindo um sorriso. – Eu sabia que essas saias ficariam perfeitas em vocês. O que acha, Leo?

Leo os encarou de cima a baixo. Fez todo o esforço que achou que fosse possível para não soltar uma gargalhada. Ele não queria se indispor com os Stolls. Ninguém em sã consciência o faria.

— Acho que eles tem belas pernas! Você deveria chama-los para os testes das líderes de torcida, na próxima temporada, Si... –Leo agora sorria abertamente. Puxou o celular do bolso e acionou a câmera. –Sorriam!

Clic

— Só nos chamaram aqui pra ver o quanto somos sexy nessa fantasia? – Perguntou um ceticamente. – Olha Leo, cuidado pra não se apaixonar pelo nosso sex appeal avassalador e irresistível. Não sei o Connor, mas eu particularmente, não gosto da fruta.

O sorriso de Leo sumiu na hora, fazendo o de Silena brotar no mesmo momento.

— Vai negar nosso relacionamento agora, Travis? –Leo se fingiu ofendido. –Okay, paremos. Estão perdendo tempo. Chamamos vocês aqui para que desse tempo das garotas entregarem-nos os biscoitos que encomendamos...

— Ótimo! Eu estava mesmo com fome e-

— Os biscoitos que vocês terão que vender. —Interrompeu Silena. – Vestidos assim e lendo o cartão bônus, que está...

Ela apalpou os bolsos do vestido, mas não pareceu encontrar o que queria.

— Bem aqui. –Disse Leo, estendendo o bilhete, que Silena pegou antes que chegasse nas mãos de um dos rapazes. – Fiz algumas Leo-alterações pra tornar as coisas mais interessantes.

Depois de prender o riso, Silena estendeu o bilhete novamente, como se aprovasse as alterações.

— Os biscoitos estão naquela caixa – Apontou a garota. –Divirtam-se e lembrem-se: Os pontos desse desafio vão depender de quantas caixas venderem.

Os irmãos saíram, deixando Leo e Silena gargalhando.

— Sabe irmãozinho, eu te subestimei. – Disse a garota retocando o brilho labial. – Foi genial esse negócio de trocar as etiquetas.

Leo passou o braço sobre os ombros da morena.

— Eles não são tão espertos, no fim.

***

Toc Toc

Era a quinta porta a qual batiam. Claro que era difícil escolher uma casa aonde tivessem certeza que não haveria ninguém da escola, mas esse era o menor de seus problemas. A porta se abriu e eles encaram um homem aparentemente simpático, com um sorriso brincalhão estampado. Lembraria seu próprio pai, não fosse o resto totalmente diferente. Uma mulher se materializou ao lado do marido antes que pudessem dizer qualquer coisa.

— Boa noite, senhor e senhora residentes da cidade... –Travis sorriu polidamente. Cara de pau estava no sangue. - Nós estamos vendendo esses deliciosos biscoitos para conseguir dinheiro para as Damas Demoníacas...

— ... Uma organização que faz de nós as garotas fortes, bonitas e inteligentes mulheres do amanhã! –Continuou Connor.

Nenhuma resposta veio por alguns segundos. Até que, sabiamente, o homem disse:

— Olha só querida! Travestis!

— Ohh! Eles, desculpe, elas parecem tão jovens- Ela disse sorrindo.

— Acho que está havendo um mal entendido aqui... –Começou Connor, tropeçando nas palavras. –Nós não... Aqui... É...

Clic

— Não são daqui? –O homem agora parecia chocado. – Foram traficados? Meu Deus! Entrem, não vamos força-los a nada. Está tudo bem agora... Eu chamaria a polícia, mas aposto que ainda estão vivendo aqui ilegalmente e...

Algum tempo depois...

— ... Então George disse “Não faça isso! Trabalharemos de graça!” e então ele respondeu “Bom. Mas vocês vão ter que dar no duro!”. Literalmente... –A mulher terminou a história entre risos.

— Obrigada pessoal! As outras, no inferninho, vão ficar gratas!

— Com o dinheiro dos biscoitos poderemos investir em lingerie e ganhar dinheiro o suficiente pra voltarmos para a China!

— Vão garotas, não percam tempo! – Disse Susan –Mandem notícias do seu futuro negócio na China! E lembrem-se de usar sempre proteção. Por falar nisso querido, como vai o HPV?

Ele riu como se ouvisse uma boa piada.

— Ah querida, é o seu HPV, eu só o carrego...

— Como eles engoliram isso? – Connor perguntou, o outro deu de ombros sorrindo. – China? Fala sério! –Ele riu, mas isso não durou muito. – Eu ainda não acredito que estou usando uma saia... Em público.

— Foi divertido... Mas Leo foi longe demais! Temos que pensar em algo a altura.

— Ah, onde está seu senso de humor, Travis? O cara é legal.

Travis ignorou.

— Uma semana é o Jason, na outra é o Leo... – Connor suspirou. Estava realmente de saco cheio. –Só me diga quem vamos odiar na próxima semana, irmão, porque eu estou tendo problemas pra acompanhar.

— É, você não teria esse problema se tivesse sua própria vida e parasse de viver a minha.

OUCH. O outro ficou estático.

— Connor, espera... – Travis falou visivelmente arrependido. Não sabia o motivo que o fizera falar aquilo, apenas não pôde controlar. – Me desculpa, não foi o que eu quis dizer.

— Sério? Por que pareceu que foi exatamente o que você quis dizer, irmão. Por que não vai pra casa? Já tivemos muito por hoje.

Ele assentiu, voltando-se para outra direção.

— E HOJE VOCÊ DORME NO SOFÁ!

***

Desceram do carro esperando pelo pior. As mãos de Percy suavam e Grover podia jurar que o amigo estava ficando verde a cada metro mais próximo do centro de estética onde ocorreria o desafio. Pararam na porta do estabelecimento ainda retesos com a ideia. Parecia fácil demais, porém não havia outra forma de interpretar o desafio que lhes foi feito.

— Grover, você tem certeza que é só isso? –Perguntou Percy pelo o que pareceu ser a milésima vez desde que se separaram do time. O outro preferiu não discutir, apenas pegou o cartão que estava no bolso do casaco e estendeu para Percy, que pegou imediatamente e começou a ler.

“Olá sortudos!

Vão até o centro de estética...

Ele virou o cartão.

E peçam pelo especial.

Boa sorte aos futuros lisinhos!

SB&LV”

— Você tinha razão... Essa última linha soa muito estranha. – Disse o moreno voltando seus olhos extremamente verdes ao melhor amigo. – O que querem dizer com “lisinhos”?

Grover deu de ombros.

— Não vamos descobrir se ficarmos a noite inteira no carro.

— Mas eu tenho medo do Leo... Ele parece ler mentes! –Grover revirou os olhos... Percy parecia um babaca medroso. – Aquele cara é psicótico!

— Psíquico. –Corrigiu.

— É... Isso também! Um guru-vadio que se infiltra no subconsciente alheio no intuito de descobrir suas fraquezas e tirar proveito da situação!

Grover piscou tentando absorver. Não sabia se sentia pena ou orgulho do amigo, que acabara de conseguir formar uma frase elaborada sem engasgar ou falar algo totalmente sem nexo que provocaria risadas gerais. Isso não acontece muito.

— Ainda estamos falando do Leo? – Perguntou Grover franzindo o cenho.

— Claro! –Ralhou o outro. –Ele andou tanto com o Jason que acabou corrompido. Fizeram um pacto com as forças do mal e sabem bruxaria. Os dois!

— Mas ele é nosso brother! – Grover arregalou os olhos.

— Ei... Eu não reclamei de nada. – devolveu Percy. – Essas habilidades são mais úteis do que prejudiciais.

Grover suspirou, saindo do carro em seguida. Percy não demorou a ir atrás do castanho desengonçado que já passava pela porta do lugar.

Para Percy, o lugar cheirava como a ruiva. Ele achou aquilo impressionante e se lamentou por não conhecer Annabeth o suficiente para associá-la a um cheiro assim que o sentisse. Ele olhou ao redor e imediatamente percebeu a razão de ter associado tudo aquilo a sua ex. A única iluminação da sala de espera consistia em velas distribuídas em lugares estratégicos e incensos queimavam intensamente e, por mais que ele sempre achasse que fosse morrer por asfixia quando a ruiva os acendia, devia admitir que era bom.

— Então é isso... – Grover estreitou os olhos para ler o cartaz. Provavelmente precisava de óculos... Ou talvez fosse só o lugar escuro. Preferia acreditar na segunda alternativa. Já era estranho demais sem óculos, não precisava de mais um motivo para ser zoado. – “Massagem e Spa”.

Percy sorriu abertamente.

— É um final feliz! – Caminhou até o balcão e apertou a campainha freneticamente. Não por estar com pressa, mas sempre sonhou em usar uma daquelas.

***

Eles foram levados a uma sala com uma única mulher e a atendente explicou que o expediente das outras já havia esgotado. Teriam que revezar. Eles resolveram pedir uma massagem simples antes da tal “especial”. O trato era de que se sobrevivessem ao tratamento corporal simples, não tinham motivo para se preocupar com o especial.

E se nada desse certo, pelo menos se ferrariam bem relaxados.

Em menos de dez minutos estavam deitados em uma espécie de maca com apenas uma toalha cobrindo o traseiro. A massagem começou em Grover.

Algum tempo depois e ambos haviam se rendido.

— Certo, trrratamento completo parra o corrrpo quase pronto! –A massagista era claramente gringa. E claramente feia. Grover quis pedir para que ela apagasse todas as velas e continuasse o trabalho em suas costas no escuro mesmo. Ele quis mais vezes do que pôde contar. Por outro lado, tinha que dar o braço a torcer, a mulher podia ter um bigode estranho, cara nas verrugas (sim, porque parecia uma colônia das verrugas, e não um rosto), olhos da cor de catarro e um corpo que dispensa comentários. Era o que Silena chamaria de capivara grotesca, mas tinhas as mãos de fada. Bom, eles esperavam que o contato dela sobre eles não transmitisse nenhuma doença perigosa.

Percy estava adorando. Suspirava e, às vezes, até mesmo gemia! Como se estivesse sendo massageado pela própria Pamela Anderson. O moreno de olhos verdes finalmente se lembrou do motivo de estar ali, naquela espécie de maca, ao lado de Grover. Ele a chamou e ela passou em frente de Percy, praticamente roçando a bunda no rosto dele.

Mãos de fada, mas está mais para uma bruxa. E o traseiro de um panda!

— Sim, querrido? – Ela disse despejando mais óleo nas mãos e as levando às costas de Percy.

— A especial... –Ele disse num fio de voz. – Nós... Queremos... ahh... A especial!

Grover ainda estava deitado de bruços na maca, refletindo. Ainda não tinha engolido bem aquela história, então resolveu perguntar:

— O que é realmente essa “especial”?

— Oh, o especial é muito bom... Quem vai primeiro? –Ela perguntou animadamente.

Percy ergueu a mão, sem hesitar.

— Eu! Eu quero primeiro. – Grover suspirou aliviado. A mulher se afastou deles e o castanho começou:

— Então isso é autêntico...? Tipo, uma massagem mesmo? – Perguntou intrigado. – O único desafio aqui foi encarar essa mulher sem correr... Sério cara, funcionários bonitos são questão de marketing!

Percy permaneceu calado.

— Vou começarrr pela parrte coberrta. – Ela tirou a toalha do traseiro de Percy e ele sentiu algo quente sendo espalhado. Então era isso? Massagem no bumbum? Ótimo desafio.

— Eu simplesmente não consigo engolir que-

— Calado Grover! – Percy interrompeu. – Eu... estou tentando... me concentrar!

O outro então olhou para o lado e viu que a mulher mexia suas mãos por baixo da toalha que cobria o traseiro do amigo, como se espalhasse algo. Percy não podia parecer estar gostando mais do que o fazia.

— Tudo bem... Mas eu não acho que preciso ficar aqui pra ver isso. –E começou a se levantar.

— Ah, não prreocupe! Não vai demorrar... – A mulher interveio.

— Aposto que não. – Respondeu ironicamente procurando por suas roupas.

— Trratamento... – Ela disse – Especial... Com... Cera!

ZAP

— AHHHHHHHHHH. – Percy gritou antes de que pudesse processar qualquer coisa. Sentiu seus olhos lacrimejarem. Nem ao menos sabia o que o havia atingido e chegou a pensar que um laser alien derrubou o telhado e que os escombros caíram em cima dele. Ou então arrancaram sua alma a força.

Grover estava aturdido demais para rir do outro, que agora estava xingando como um marinheiro bêbado.

— Estou fora! – Ele disse pegando o resto de suas roupas e correndo para porta enquanto o amigo ainda estava chorando e massageando o local. Ele tentou abrir a porta, mas estava trancada.

— Oh, nada disso querrido! – A mulher riu. – O irrmão da senhorrita Silena disse que só podem sair daqui quando terminarrem o especial. Vocês dois.

O queixo de Grover caiu. Ele sentiu sua pressão baixar... Era peludo demais para o procedimento! Mais um grito agoniante de Percy. Aquilo deveria ser pior do que prender os dedos na porta do carro e ser arrastado por ele em seguida. Então ele esmurrou a porta com força.

— QUE DROGA, LEO!

***

Bocejou. Nunca pensou que poderia caber tanto tédio dentro de si, mas ficar ouvindo as recomendações e estratégias de Luke a respeito dos desafios que teriam que cumprir era pior do que ouvir os sermões de seu pai quando esquecia de tirar o delineador. Francamente, achava que poderia aproveitar a situação pra tentar tirar algum proveito do loiro ao seu lado, mas a menos que o calasse com um beijo jamais conseguiria uma oportunidade.

Flertar com uma matraca não era o que se podia chamar de fácil. Decidiu focar no mais interessante: A paisagem. E nem se importava em pensar como uma garota boba, ele queria mesmo ser uma!

Eu vou pro inferno por causa disso, mas porque a Annie tinha que ficar com o Percy? Cara, eu estava na fila! O jeito é me contentar em tentar seduzir o Luke.

E que prêmio de consolação! Se bem que eu não gosto muito de loiros... Ah foda-se! Eu não estou nem aí!

Deuses, olhe essa pele, pensava. Mal posso esperar pelo próximo treino! Esses bíceps, tríceps, peitoral... Ah Luke, esse olhos azuis... Se bem que esses pelos sobrando nas sobrancelhas estão me desencorajando.

Bobagem! Nada que uma pinça não resolva. E pra que essa camisa, meus deuses? Além de não ser a cor dele não exibir aquele peitoral devia ser crime! Acho que minha gayzisse está ficando fora de controle. E esse cheiro? Parece uma paçoca! Só de cheirar, dá vontade de comer...

É, mas quando um não quer os dois são héteros, então deixa eu parar de fantasiar essas-

SOCORRO SANTO DEUS! ELE ESTÁ SORRINDO.

— Nico? – Estalou os dedos no campo de visão do moreno, que carregava uma expressão que variava de duvidosa à mal intencionada. – Você ouviu ao menos alguma palavra do que eu acabei de falar?

Nico piscou. Com os dois olhos, contrariando sua vontade de dar mole para Luke naquela hora mesmo. Seu sorriso mais sem graça apareceu. Não fazia ideia de sobre o quê o garoto passara esse tempo todo falando a respeito.

Vou sorrir e acenar, voltou a conversar com sua consciência.

Anda babaca! Pode parar de acenar.

— Eu só estava pensando que... er... – Começou se enrolando. – Seria melhor se eu fizesse um desafio e você o outro.

Terminou sorrindo. A verdade é que Nico era sim um gay bem discreto, mas a essência de bicha louca estava lá, e desde que se assumira, pensava em não mais reprimir esse lado. Mas por enquanto, seus pensamentos eram seguros... Bom, pelo menos até que se prove o contrário.

— ...E isso é exatamente o que eu estava sugerindo desde que chegamos a essa igreja. – Luke franziu o cenho. Nico estava bem estranho ultimamente, ele suspeitava que o amigo estivesse se envolvendo com coisas perigosas ou passasse por problemas familiares. – Cara, você está bem?

— Totalmente. – Respondeu Nico, rápido demais para não levantar suspeitas. – O que diz mesmo no cartão?

Luke não precisou ler o cartão. Ele ajudara até mesmo a escolher as palavras.

— “Vá até a igreja... Confesse zoofilia e em seguida roubem dez dólares da fonte que fica em frente ao local. Boa sorte aos pecadores! Nos vemos no inferno. SB&LV”

Os dois se entreolharam.

— EU FICO COM A FONTE! –Disseram mais alto do que o necessário. Em uníssono.

— Ah Nico... – Começou Luke tentando argumentar. – Você sabe que eu venho à essa igreja! Eu sou um cara muito religioso... Estou tentando evitar uma condenação eterna... E o que minha vai pensar quando o padre contar pra ela?! É sério! – Parecia prestes a ficar desesperado de verdade, mas era mais papo furado mesmo. De religioso não tinha mais nada. – Aquele padre é mais fofoqueiro do que o pessoal da coluna de fofocas do jornal da escola!

Droga. Nico não conseguiria negar.

— Tudo bem, mas você me espera aqui do lado de fora! Certo? – Perguntou. Luke já havia caído no seu conceito. As vezes ele se achava meio bipolar e indeciso, mas achava que não. Ou que as vezes que sim. Bom, talvez. Sabe-se lá.

— Eu não vou a lugar nenhum. – Luke sorriu abertamente. – E não pense que será fácil tirar dez dólares dessa fonte. Só tem moedas! Teria que tirar no mínimo muitas...

Nico assentiu. Ok, confessar zoofilia. Não deveria ser assim tão difícil... Ou seria? Mas não seria a coisa mais constrangedora que fez ou que faria na vida. Não mesmo. Entrou na igreja com um tanto de receio, a última vez que fizera isso foi quando foi no batizado das irmãs. Sentia-se incomodado com todas aquelas imagens o encarando, como se ele fosse culpado de algo. Bom, de certa forma era mesmo... Estava prestes a zombar de uma autoridade e ridicularizar a si mesmo.

Droga, devia ter levado a câmera.

Passou a mão no bolso para certificar de que o celular estava consigo. Precisava gravar a confissão. Selecionando a opção de filmadora no celular, Nico bateu na porta de madeira perto do altar, que julgou ser o confessionário.

— Posso ajudar, filho? – Soou a voz firme, que assustou o garoto. Ele acionou o gravador e se sentou no lugar designado.

— Perdoe-me padre, porque eu pequei... – Começou. Vira isso em alguns filmes ao longo da vida. – Ultimamente eu... – Suspirou. Quão ridículo aquilo soaria? – Tenho tido esses... Pensamentos impróprios sobre... A cadela do vizinho e eu sei que é errado, mas não consigo parar de pensar nela.

— Uma cadela, filho? – Perguntou o padre. Nico franziu o cenho. Achava que os padres deveriam ficar impassíveis. Nico precisaria parecer mais verdadeiro, tinha certeza disso. Usaria um qualificador específico. Sempre funcionava.

— Sim padre. Ela se chama... Bessie. — Abaixou a cabeça. – E tem olhos lindos.

— Mas uma cadela? — O padre perguntou novamente, quase irritando o moreno. Surdo ou o quê? – Com tantas cabras por aí...

Nico demorou alguns segundos para absorver.

— Desculpe? – Ele finalmente disse.

— É isso mesmo, filho... – O senhor começou a se explicar. – Cadelas são baixas e traiçoeiras, mas as cabras? Ah, essas sim valem a pena.

E naquele momento, Nico não soube como reagir. Mas tinha que dar um jeito de sair dali.

— Mas padre, isso não é errado? – Ele perguntou ignorando a vontade de correr dali. A curiosidade era maior.

— Para você pode parecer, filho. – Começou. – Afinal, você é um rapaz muito bonito e jovem... Tem a vida pela frente!

— E...? – Ele voltou a perguntar.

— Francamente, eu estou preso nessa batina por anos! – Ele desabafou. – Castidade é algo bem complicado de se jurar.

O garoto encarou a porta incredulamente. Sabia que o padre podia vê-lo, mas ele não podia olhar de volta. Ele se levantou, ainda estava abismado. Céus, que tipo de maníaco é esse? Segurou o riso.

— Obrigada, padre. – Nico caminhou sem sequer esperar a sentença com a quantidade de rezas que teria que oferecer em troca de perdão. Não que ele fosse realmente fazer algo a respeito, mas aquilo parecia hipocrisia demais.

— Lembre-se filho: As cabras são melhores! –Ouviu antes de sair da igreja vazia, exceto pelo padre.

Luke continuava do lado de fora e esperava por Nico. Tirando a bronca de algumas senhoras e o olhar de reprovação de todos os que percebiam que ele estava roubando da fonte, o desafio tinha sido bem fácil. Parou duas mulheres e sorriu para convencê-las a filmar o roubo das moedas, e foi bem mais fácil do que esperava. Esse era o charme Castellan. Sentou na borda da mesma fonte esperando que o amigo saísse da igreja, enquanto contava o dinheiro, quando algo lhe chamou a atenção.

— Ora, ora, ora... – Ele disse chamando a atenção da garota que andava olhando para os lados, como se procurasse alguém. – Não devia andar sozinha a essa hora, Thalia.

— Ora, ora, ora – imitou. – Você não devia se intrometer na minha vida, mas olha só!

— Não seja mal educada. – Advertiu. – Eu só estava te cumprimentando.

Ele agora estava de pé a frente da garota, com um sorriso tão cafajeste e obsceno que Thalia teve vontade de quebrar todos aqueles dentes brancos e alinhados.

— E eu só estou me despedindo. – Ela devolveu encarando-o mais intensamente. – Tchau.

— Espera Thalia, vamos pro Café! – Convidou, mas ela voltou a andar, olhando em volta.

— Não.

— Nem se eu disser que é um prazer te ver..?

— Não. – Ela revirou os olhos. – A propósito, que desprazer, Castellan! Viu o Nico?

— Thalia? – Uma voz soou perto do casal.

— Nico! – Ela se lançou até ele, o abraçando fortemente. Luke revirou os olhos. Claro que o problema era com ele. – Seus amigos disseram que te encontraria aqui então passei pra dar um oi...

Nico estava desconsertado. Era estranho ver Thalia depois de tudo o que passaram, parecia tão distante agora.

— Muito gentil da sua parte... – Ele sorriu o máximo que pôde. – Mas estamos meio que no meio de uma coisa então se... Você não se importa...

O sorriso de Thalia morreu. Ainda mais quando viu Castellan atrás de Nico, segurando o riso. Seria mais difícil do que pensou. Mas claro, tudo pela família. Até mesmo o plano maluco de tio Hades em que se enfiara.

— Ah claro, a noite dos desafios. – Ela sorriu novamente. – Eu estava indo para o Café com o Caste- hesitou- Com o Luke.

Nico olhou para Luke, juntando as sobrancelhas. Pelo que se lembrava, Thalia odiava Luke e Luke infernizava ela sempre que tinha oportunidade. O loiro estava tão surpreso que se limitou a um aceno rápido e frenético de cabeça. Mesmo com as circunstâncias, ela não recusara seu convite e isso parecia suficiente.

— Bom, se é assim... – Nico deu de ombros se voltando para Luke. – Você pegou o dinheiro?

Luke assentiu.

— Missão dada é missão cumprida. Vamos?

***

Com a chegada de Percy e Grover, não faltava mais ninguém. Travis não voltara ao café pelos problemas que tivera com o irmão, Connor, e Chris foi pra casa assim que soube da discussão. Assim sendo, restaram apenas Jason, Piper, Clarisse, Rachel, Connor, Percy, Luke, Nico, Thalia (que todos ainda se perguntavam como havia ido parar ali) Leo e Silena. A contagem de pontos não foi difícil, todos haviam concluído os desafios a tempo e tinham todas as provas necessárias. E aí que estava o problema.

Os desafios foram cumpridos, os bônus foram cumpridos, nenhuma irregularidade e ninguém chorou! Isso seria totalmente decepcionante para Silena, se ela e Leo não tivessem uma carta na manga.

— Você tem certeza que está contando isso direito, Si? – Perguntou Jason pela milésima vez e Silena teve vontade de quebrar aqueles lindos dentes com o bloco de notas que estava em sua mão.

— Olha Jason, do seu time, temos 200 pontos para Chris e Clarisse... – Mostrava as anotações no bloco. – 200 para Rachel, que quase perdeu os pontos bônus porque esqueceu a foto mais importante com o carinha loiro e estranhamente sexy, que veio aqui trazer gentilmente... E, por fim, o seu desafio com Piper, 100 pontos. Totalizando os 500 pontos da noite! Ah, e antes que você questione porquê vossa majestade ficou com o desafio de menos pontos, eu respondo: Pra você é fácil conseguir uma mesa sem reserva no restaurante do seu pai.

Jason bufou e Silena sorriu triunfante.

— E no outro time, temos 75 pontos de Nico e Luke... – Começou Leo. – 325 pontos por Connor e Travis! Venderam todas as caixas de biscoito, por isso conseguiram nota máxima. E podem ficar com o dinheiro... Merecem só por causa da saia! – Connor sorriu, cheio de si. – E, por último, os 100 pontos de Percy e Grover, pela depilação. Assumo rapazes, eu me aproveitei desse pra dar um jeito no “gorilão” – Disse referindo-se a Grover, que mostrou o dedo do meio em meios às risadas dos outros. – E com isso, temos os 500 pontos totais.

— Então acaba em empate? – Protestou Piper. – Diga que eu não fiquei no mesmo ambiente que esse imbecil por nada!

— Calma, rainha da beleza... – Disse Leo, se colocando ao lado da morena. – Qual seria a graça nisso? –Finalizou a fala, piscando um olho só.

— Eu tenho o desempate aqui... –Silena sorriu malvadamente, fazendo com que os outros praticamente recusassem. Se ela considerava algo bom, com toda certeza era algo bem assustador.

— Deus nos ajude... – Começou Connor, os outros concordaram com murmúrios e acenos de cabeça.

Silena colocou uma mão sobre o peito, ofendida.

— Não é nada demais! – Ela se defendeu. – Eu tenho o desempate bem aqui. Algo que é bem mais agradável do que todos os outros desafios. A boa notícia, é que não precisa ser feita por todos do time...

— E a má notícia..? – Hesitou Rachel.

— É que eu escolho quem vai cumprir. – Leo completou com o sorriso sacana de sempre. – E eu escolho você, Rainha da Beleza para o seu time. – Olhou para o outro lado, onde os jogadores da outra equipe estavam. – E Luke, do outro.

Silena teve vontade de rir, sabia que não estava sendo justa, mas quem se importa? Então ela pigarreou para chamar a atenção dos demais e sorriu, pegando o cartão de desempate.

— Beije um parceiro de time... Na boca. – Leu em voz alta. Todos a encaravam esperando que fosse brincadeira, e começaram a rir como se fosse uma piada boa. – É sério gente... Andem logo.

— Não pode ser sério. – Luke começou. – Só tem homem no meu time, se você não reparou...

— Ah, qual é Luke!? Caras beijam caras o tempo todo! – Leo disse, sendo fuzilado em seguida. Nico adoraria se candidatar, mas achou melhor não se manifestar.

— Isso não é justo! – Silena quase riu diante do cinismo de Luke, sério, ele merecia uma estátua por aquilo.

— Okay Luke, vou respeitar sua opção sexual. – Silena revirou os olhos, Luke assentiu. – Pode beijar uma garota que está aqui agora, mas que não esteja no outro time e que não seja eu.

Os olhares se desviaram para Thalia.

— Oh não. Não mesmo! – Ela deu um passo para trás. – Acho que o outro time venceu essa.

Foi a vez dos olhares caírem em Piper, que estava desesperada. Travis fora embora, Chris também... Restara Jason! Justo o idiota mais imbecil da cidade.

— Podemos negociar esse desempate? – Seu olhar pedia socorro, mas o pedido sorriu assim que viu o sorriso presunçoso do Grace. Ah, se ele pensava que seria fácil assim. – Quer saber? É um ótimo desafio.

— Então vai fazer? – Perguntou Clarisse com receio.

— Não é como se fosse a pior coisa do mundo, certo? – Piper piscou e trocou um olhar significativo com Leo. Todos esperavam pelo próximo passo, apreensivamente.

Ela caminhou calmamente sendo seguida pelos olhares dos demais até onde o resto do time estava, olhando para Jason, que franzia o cenho um pouco a frente de Rachel. Agora seus passos estavam mais seguros. Parando em frente a Jason, ela sorriu, colocando a mão sobre o seu ombro.

Então ela o afastou e deu um selinho estalado na boca de Rachel, sem nenhum aviso prévio, murmurando um “desculpe” em seguida. Sabia que a ruiva não se importaria afinal, seus valores sobre sexualidade eram bem liberais. Quando as pessoas pararam de ovacionar, ela disse:

— E então?

— É... Isso definitivamente conta. – Leo piscou, voltando a sorrir.


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Notas finais do capítulo

E então? O capítulo ficou digno? *-----* Por favor meninas, eu sei que demorou pra caramba, mas não tinha como postar! Não tinha MESMO! A fic tava bloqueada! CARMA NEGATIVO TAMBÉM SE MANIFESTA EM QUEM LÊ E NÃO COMENTA!
Espero que me apoiem e deixem muitos reviews *-* O esquema é o mesmo!
Beeijos ;**
Isaa