The Orphan - Season 1 escrita por Stéfane Franco


Capítulo 4
Capítulo 2 – Going Home


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!! Aqui estou com o segundo capítulo.... ^^Quero agradecer a todos os comentários que recebi, fiquei muito feliz!!!Agora, vamos à história...boa leitura!!



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"Indo para casa"

– Violet Prince – 1 de setembro de 1993 -

Tudo aqui é maravilhoso! Quando Dumbledore me disse que eu ficaria encantada com a plataforma 9 ¾, não estava brincando. Vi muitos alunos se despedindo de seus pais e amigos, todos com um sorriso o rosto e prometendo enviar cartas. Isso me deixou triste. Nunca tive familiares e amigos... Sempre a estranha do colégio interno. É claro que eu tinha minha tia, mas não é a mesma coisa.

Quando era pequena estive em um orfanato, não me lembro de muita coisa, apenas de uma mulher de cabelos e olhos castanhos, palavras doces... Ela sempre me visitava, mas nunca soube seu nome. Se a encontrasse hoje, certamente não a reconheceria. Sei poucas coisas do meu passado... Minha tia não gosta de falar nisso, diz que passado é para os fracos, pois os fortes devem se concentrar no futuro. De certa forma eu concordava, pois se nos focamos muito no passado, esquecemos de planejar o futuro.

No meu aniversário de 5 anos ela me tirou do orfanato para me colocar num colégio interno. Uma vez por semana tia Bella vinha me visitar e ficávamos no jardim conversando. Ela é muito fechada, como se fosse obrigada a me ver, mas nos poucos minutos que ficamos juntas sinto-me bem, afinal, ela é a única família que tenho e o mais próximo de mãe que conheci.

Há alguns anos nos vemos com mais frequência, afinal, depois de me contar que era uma bruxa ela começou a me ensinar várias coisas, me deu infinitos livros sobre o mundo dos bruxos e me treinou para ser a melhor deles. Desde então ela me visitava todos os dias, pela manhã. Nossas aulas eram, inicialmente, teóricas, mas, com o tempo, tia Bella percebeu meu potencial e começamos com as práticas. Tenho certeza que sou uma excelente bruxa, sinto isso!

– Todos os alunos com destino a Hogwarts, por favor, embarquem. O trem sairá em poucos minutos. – disse alguém no alto-falante.

Apressei-me para entrar, mas, aparentemente, demorei muito, pois todas as cabines estavam ocupadas. Procurei por alguns instantes até que finalmente encontrei uma cabine “menos cheia”. Nela estavam dois meninos e uma menina, e alguém dormia debaixo de um paletó, mas não dei muita importância.

– Com licença, será que eu poderia me sentar aqui? Todas as cabines estão ocupadas... – tentei me justificar. Os garotos se olharam, mas foi a menina que respondeu.

– É claro, pode entrar. – disse-me amigavelmente.

– Obrigada, as pessoas não são muito amigáveis no fim do trem...

– Acho que sei de quem está falando. Malfoy e os amigos. Eles nunca são amigáveis, é bom se acostumar. – disse ela, rindo – Sou Hermione Granger.

Hermione era uma garota bonita. Seus olhos castanhos e a pele branca contrastavam com os cabelos castanhos claros, encaracolados e rebeldes. Apenas em olhá-la poderia jurar que era mais uma daquelas ‘sabe-tudo’, seu olhar tinha uma sagacidade que eu estava ansiosa para ver.

– Ronald Weasley – disse-me um deles simpaticamente, cabelos ruivos e olhos azuis. – Mas pode me chamar de Rony se quiser.

Assim que olhei para o terceiro garoto, porém, me surpreendi. Seus olhos eram verdes e, assim como eu, tinha cabelos escuros que contrastavam com a pele branca e os olhos claros, mas o olhar era o de abandono. Percebi uma cicatriz em sua testa, deveria ser de algum machucado.

– E eu sou Harry Potter. – disse-me ele, me encarando como se esperasse algo... Não entendi, mas meus olhos eram atraídos pelos dele, e antes que eu parecesse louca, resolvi me apresentar também.

– Violet Prince. – disse eu, olhando para os demais, que logo me encararam – O que foi?

– Prince? – repetiu Hermione – Eu já ouvi esse nome em algum lugar...

– Já? – perguntei, numa vaga esperança que ela conhecesse meus pais.

– Ah, desculpa. É que... você é... diferente. – explicou-se a menina.

É claro que sou. Fui uma idiota em pensar que em Hogwarts seria de outra forma. Eles pareceram perceber minha súbita decepção, pois Harry e Rony me olharam como se pedissem desculpas.

– Nem sempre ser diferente é ruim. – corrigiu Hermione. – Me diz uma coisa: você não cresceu no mundo bruxo, certo?

– Não... – disse eu, intrigada.

– Nem lê os jornais bruxos? – perguntou Rony.

– Por quê?

– Não é nada, eles são apenas curiosos – brincou Harry, tirando o clima tenso da cabine.

– Hmm... Então vamos nos dar bem, pois eu também sou curiosa, extremamente curiosa. – disse eu, ganhando risos de todos. – Quem é ele? – apontei para o homem debaixo do paletó.

– O Prof. R. I. Lupin - cochichou Hermione na mesma hora.

– Como é que você sabe? – perguntou o ruivo.

– Está na maleta - respondeu ela, apontando para o bagageiro acima da cabeça do homem, onde havia uma maleta gasta, o nome Prof R. I. Lupin estava estampado.

– O que será que ele ensina? - perguntou Rony

– É óbvio. - sussurrou Hermione. - Só existe uma vaga, não é? Defesa contra as Artes das Trevas. – disse ela, mas, lembrando-se de que eu não fazia ideia do que estavam falando, corrigiu - Nós já tivemos dois professores nessa matéria, e ambos só duraram um ano letivo. Há boatos que o cargo está enfeitiçado.

– Você é uma daquelas “sabe-tudo” não é? – não consegui controlar, deixando-a corada.

– Sim, ela é. – respondeu Rony – Como sabe?

– Bom, digamos que sei interpretar as pessoas. – tentei explicar - Ela tem a aparência de alguém muito inteligente, sempre que fala demonstra segurança, e quando disse quem é ele, mostrou-se bem observadora, seu olhar me parece bem sagaz...

Todos me olharam surpresos, minha ‘análise’ sempre chocava as pessoas, principalmente por eu quase sempre estar certa. Era algo que aprendi com a tia Bella, afinal, “os olhos nunca mentem, portanto atente-se á eles”, dizia.

– Uau! – falou Rony, boquiaberto – Você é boa mesmo... E nós, o que acha de nós?

Olhei mais atentamente para ele, observando os detalhes. Repassei mentalmente a conversa e falei, confiante. Não era tão difícil quanto as pessoas achavam, bastava ser observadora.

– Bom... Você parece não gostar muito da escola, e a julgar pelo que disse é bem curioso, mas um tanto desatento. Desculpe falar, mas parece ser um pouco lerdo... Mas eu diria que, mesmo tendo medo, com certeza não hesitaria em ajudar seus amigos.

Quando terminei, todos me encaravam com... curiosidade?

– Uau, você é boa... Eu sempre digo pra ele que é um pouco lerdo e desatento... E é terrível na escola. – disse Hermione, rindo no final.

– Hmm... E quanto a ele? Já falou de mim e da Mione, falta o Harry.

– Mione?

– É um apelido chato que eles me deram... Só falam pra me irritar. Mas continue. O que acha do Harry?

Olhei mais atentamente pra ele. Seus olhos verdes me encararam... Como se tivesse medo do que eu fosse encontrar. Por que ele se preocupa?

– Você quase não falou... Ficou um tanto...receoso, quando entrei. Portanto, chego a conclusão de que é tímido... – Rony ia protestar, mas antes continuei – Mas acho que não é tão fechado assim, apenas tem... não sei... parece que pensa muito antes de falar com alguém. Eu diria que é extremamente cuidadoso, talvez com medo do que as pessoas pensem a seu respeito... E seus olhos não parecem muito felizes, então acredito que não teve uma família feliz ou uma infância normal... – nesse momento, em seus olhos, vi que estava certa – Com certeza deve pensar muito no seu passado, em seus pais... – isso pareceu pegá-lo de surpresa, então resolvi pular a parte ruim – Mas pelo seu sorriso é propenso a quebrar regras. – terminei, rindo.

– C-como você sabe sobre meu passado e meus pais? – perguntou ele, surpreso e assustado ao mesmo tempo.

– Bom, como eu disse, sou boa em interpretar as pessoas, mas... Não foi apenas isso. Seu olhar é o de alguém solitário... De alguém que busca respostas do passado, e tem medo do que possa encontrar. Lembra-me muito outra pessoa... – disse eu, sentindo a tristeza me atingir.

– Pelo jeito você vai se dar bem em Adivinhação. – disse Hermione, que aparentemente percebeu a mudança no humor - Mas já aviso que a professora é um tanto...

– ...louca – intrometeu-se Rony

– ...exótica. – completou ela, com firmeza, repreendendo-o.

– E quanto aos outros professores? – perguntei, certa de que o assunto família já estava esquecido. – Estou tão ansiosa!

– Ah, você vai adorar alguns deles... E odiar outros. Especialmente o de poções.

– Eu não me assusto fácil. Além do mais, poções é uma das minhas matérias favoritas.

– Sério?! E qual a outra? – perguntou Rony, incrédulo.

– Pelo jeito você odeia esse professor... E a matéria. – todos riram – Também gosto de Defesa Contra as Artes das Trevas e Transfiguração, mas Poções é definitivamente a melhor.

– Espere até conhecer o professor... Você nunca mais vai querer preparar uma poção. – debochou.

– Ele não vai me assustar, não desisto facilmente. E se ele me provocar, ficarei feliz em retribuir... – disse eu, com um sorriso no final.

– Ahhh, então não sou o único propenso a quebrar regras. – disse Harry pela primeira vez depois de minha análise.

– Depende do ponto de vista... – sorri travessa.

A chuva engrossava à medida que o trem avançava, as janelas agora iam se tornando um cinza sólido. Estávamos todos conversando, quando, repentinamente, o trem foi rodando cada vez mais lentamente. Quando o ronco dos pistões parou, o barulho do vento e da chuva de encontro às janelas pareceu mais forte que nunca. Harry, que estava mais próximo da porta, levantou-se para espiar o corredor, e, como eu estava na sua frente, pude ver que por todo o carro cabeças curiosas surgiram à porta das cabines.

O trem parou completamente com um tranco, e baques e pancadas distantes sinalizaram que as malas tinham despencado dos bagageiros. Em seguida, sem aviso, todas as luzes se apagaram e fomos mergulhados em total escuridão.

Ok, isso é estranho.

– Tem uma coisa se mexendo lá fora. - disse Rony, que tentava enxergar alguma coisa pela janela - Acho que está embarcando gente no trem...

Ninguém disse nada. Não era exatamente uma situação normal, pelo que eu sabia... Então um estalinho e uma luz trêmula inundou a cabine. Parado à porta, iluminado pelas chamas trêmulas na mão de Hermione, havia um vulto de capa preta que alcançava o teto e eu não conseguia tirar os olhos da criatura. Já tinha visto antes em livros e minha tia me falou muito deles, mas estar na frente de um era assustador.

Havia uma mão saindo da capa e ela brilhava, um brilho cinzento, de aparência viscosa e coberta de feridas, como uma coisa morta... Mas foi visível apenas por uma fração de segundo. O dementador percebeu alguma coisa em Harry e sua mão foi repentinamente ocultada nas dobras da capa preta, e então inspirou longa e lentamente, uma inspiração ruidosa, como se estivesse tentando inspirar mais do que o ar à sua volta.

Está acontecendo!

Sua alma estava sendo sugada e, pelo que li e senti nos treinamentos da tia Bella, o frio está penetrando mais fundo em sua pele, até chegar ao coração. Vi que seus olhos pareceram sair de órbita, estavam vazios. Eu não poderia ficar parada!

Pelo canto dos olhos, percebi o tal professor se mexer, mas, antes mesmo que fizesse algo, retirei minha varinha e apontei para a criatura.

Expecto Patronum! – sussurrei, uma luz branca saiu de minha varinha em direção à criatura, que se encontrava ao meu lado. Levantei-me e, percebendo que ele recuou, avancei. De frente para a porta, o perdi de vista quando desapareceu pelo corredor. Então me virei e pude ver Harry caído no chão, com Hermione e Rony tentado acordá-lo... enquanto o professor me encarava com surpresa.

Poucos segundos depois, as luzes voltaram a acender pelo trem e fechei a porta da cabine, afinal, ninguém precisava saber o que aconteceu.

Aproximei-me o suficiente para ver que Harry estava acordando.

– Harry! Harry! Você está bem? - Perguntou Hermione, preocupada.

–Q...quê? – disse ele, confuso.

Rony e Hermione o ajudaram a levantar, sentando-o no banco.

– Estou... Acho. – disse ele, olhando para a porta. – O que aconteceu? O que era aquela... coisa? E quem foi que gritou?

– Ninguém gritou – respondeu Rony, nervoso.

– Mas... Eu ouvi gritos.

Um enorme estalo nos assustou. O professor Lupin partia em pedaços uma enorme barra de chocolate, e entendi imediatamente o porquê.

– Tome – disse oferecendo a Harry um pedaço – Coma, você vai se sentir melhor.

– Que era aquela coisa? – perguntou Harry, ainda sem comer o chocolate.

– Um dementador – respondi, antes que Lupin o fizesse. – De Azkaban.

Todos me olharam espantados, principalmente o professor. Não era algo que uma garota que nunca viveu no mundo bruxo saberia... Certo?

– Coma, vai realmente te fazer melhor. – insisti ignorando os olhares que me dirigiam.

– Com licença, eu preciso conversar com o maquinista. – disse, olhando diretamente para mim, passou por nós e desapareceu no corredor.

– Você tem certeza que está bem? – perguntou Hermione, observando-o com ansiedade.

– Eu não entendo... Que foi que aconteceu? – perguntou Harry, enxugando o suor que escorria por seu rosto.

– Bem, aquela coisa, o dementador... ficou parado ali, olhando, quero dizer, acho que foi, não consegui ver o rosto dele... e você... – parou Rony, confuso – Pensei que você estava tendo um acesso ou coisa parecida. Ficou todo duro, escorregou do assento e começou a se contorcer... – terminou ele com uma expressão de pavor.

– E então Violet puxou a varinha e disse...? – perguntou Hermione

– Espectro Patronum.– respondi. - Conjura um patrono, que protege contra dementadores.

Alguns minutos se passaram, mas todos ainda estavam estáticos e com medo. Harry permanecia pálido, assim como Rony e Hermione. Eu estava assustada e surpresa, afinal, nunca enfrentei um dementador de verdade. De certa forma me sentia orgulhosa... Interrompendo meus pensamentos, o Prof. Lupin abriu a porta e entrou. Olhou para todos nós, parando um momento em mim e em seguida Harry, sorrindo ao dizer:

– Eu não envenenei o chocolate, sabem...

Eu já tinha comido o meu pedaço, e os outros seguiram Harry, que deu uma dentada.

–Vamos chegar a Hogwarts em dez minutos – disse Lupin – Você está bem Harry?

– Muito bem, obrigado. – respondeu ele, constrangido.

Ninguém falou durante o resto da viagem. Pude perceber o olhar curioso do professor sobre mim, e, para provocá-lo, retribui. Por fim ficou sem graça e desviou o olhar. Alguns minutos depois o trem parou na estação de Hogsmeade e houve uma grande correria entre os alunos para sair. Peguei minhas coisas e acompanhei Harry e os amigos, que pararam ao ver um vulto gigantesco no outro lado da plataforma, que gritava.

– Alunos do primeiro ano por aqui! – dizia ele, fazendo sinal para os alunos.

Eu já sabia que teria que ficar com ele, já que eu era novata na escola, então me despedi de meus amigos e acompanhei o grande homem, que logo descobri ser o guarda-caça Hagrid. Ele nos conduziu para pequenos barcos, atravessamos o lago e entramos num enorme castelo.

Hogwarts!

Esperávamos em um salão pequeno quando uma mulher de média estatura entrou. Seu rosto não me era desconhecido, mas não conseguia me lembrar de onde... Um vestido verde musgo longo de camurça, um chapéu típico de bruxos e um pergaminho. Nada de extraordinário, mas muito familiar. Parecia preocupada com algo, mas logo falou, tirando-me de minhas análises.

– Sejam bem vindos a Hogwarts, sou Minerva McGonagall, a vice-diretora. A seleção já vai começar e serão direcionados para suas respectivas casas, que serão como suas famílias, Grifinória, Corvinal, Lufa-Lufa e Sonserina. Seus méritos renderão pontos e seus deslizes renderão perdas, lembrem-se disso. Agora, me acompanhem. – disse ela, como se já tivesse decorado o que falar, provavelmente por receber estudantes todos os anos.

Os alunos a seguiram através de um corredor e paramos em frente uma grande porta que foi aberta para nos dar passagem para o salão principal. Era tudo tão lindo e grande! Tinha quatro mesas, que cortavam o salão, e percebi que cada uma delas tinha suas respectivas cores. Pude ver Harry e seus amigos numa delas. Pelas cores, diria que é Grifinória.

A Prof.ª McGonagall nos conduziu até o fim do salão, parando em frente à bancada dos professores. Pude reconhecer Dumbledore ao centro e o Prof. Lupin em um dos cantos, ao lado de um homem de aparência rude e sombria. O diretor deu um pequeno sorriso quando me viu, e retribui.

– Agora vamos à seleção, quando eu chamar seus nomes, deem um passo a frente, sentem-se no banco e o chapéu seletor fará o resto – disse ela, com um longo pergaminho na mão.

Os alunos foram chamados, e um a um se dirigiam à suas respectivas casas até que alista mudou para aqueles que foram transferidos diretamente para o terceiro ano. Mais dez foram chamados e, quando a mulher olhou para o pergaminho novamente, seus olhos se arregalaram. Todos olhavam para ela, esperando.

– Violet Prince?

Ela ficou tão assustada por ler meu nome? Estava bom demais para ser verdade...

Todos estavam esperando e pude perceber que alguns professores encaravam o homem de preto, surpresos. Não entendi o motivo, então, após uma breve olhada para Dumbledore, que sorria ternamente, me aproximei. Assim que me acomodei no banco, pude sentir olhares nas minhas costas, todos do salão me encaravam, e a Prof.ª McGonagall olhava-me interrogativamente enquanto depositava o Chapéu Seletor em minha cabeça.

Qual o problema dessa gente?

Hm... Uma nascida-trouxa... – começou ele, como se falasse na minha mente - Mas pelo que vejo, é muito inteligente e tem uma sede de aprendizado enorme, um grande potencial! Uma vontade de se provar acima do normal, grande coragem... – é, ele sabe o que diz – Ahh sim, gênio forte, difícil de controlar e propensa a desrespeitar regras. Mas você não é má, não... Eu sei muito bem o que fazer com você. Grif... – começou a dizer em voz alta, mas, repentinamente, parou. – Não...

O silêncio reinou, todos me olhavam como seu tivesse algum problema, e pelo canto dos olhos, observei McGonagall olhando para trás assustada, talvez se lembrando de alguma coisa. Fiquei tensa com a demora... Ele já tinha se decidido por Grifinória, por que parou?

– Por Merlin! – continuou o Chapéu, assustando-me - Sinto muito minha cara, mas a casa de Godric Gryffindor não é o seu destino. Melhor que seja... Sonserina!

O quê? Ia me colocar na Grifinória e decidiu mudar tão radicalmente?

Fiquei extremamente orgulhosa, é claro, afinal, ser colocada na Sonserina era uma grande honra. Minha tia falava frequentemente que os sonserinos eram esnobes, mas também dizia que todos da casa eram extremamente unidos, desde que se encaixasse no perfil, claro. Falava-me que era uma grande honra ser de Sonserina ou Grifinória, as casas mais famosas e reconhecidas.

Li que Sonserina foi fundada por Salazar Slytherin, um bruxo astuto, qualidade que apreciava em seus educandos. Infelizmente, a parte majoritária dos bruxos das trevas pertenceu à Sonserina, incluindo Lord Voldemort. Salazar Slytherin também só aceitava alunos de ancestralidade bruxa, ou seja, puros-sangue, enquanto suas cores eram verde e prata, o animal símbolo era a serpente, já que Slytherin era capaz de se comunicar com as cobras – ofidioglossia. Não era ruim ser da casa das cobras, o que me incomodava era mudança brusca, algo estava errado... Todos continuavam me olhando, apenas a mesa de minha futura casa aplaudia, confusa, enquanto eu dirigia-me à mesa.

Mas eu não me importava em saber que todos me olhavam com receio e superioridade, iria provar que era digna de estar ali e de pertencer à casa. Nunca fui aceita no colégio, ninguém jamais se importou comigo e por isso sempre fui muito solitária. No trem, quando conheci Harry, Rony e Hermione, pensei finalmente ter encontrado amigos, mas estar na casa adversária à deles complicava um pouco.

– Sejam bem-vindos! – começou Dumbledore, tirando-me de meus pensamentos – Sejam bem-vindos para mais um ano em Hogwarts! Tenho algumas coisas a dizer a todos e uma delas é muito séria. Acho que é melhor tirá-la do caminho antes que vocês fiquem tontos com esse excelente banquete... - o diretor pigarreou e prosseguiu - Como vocês todos perceberam, depois da busca que houve no Expresso de Hogwarts, a nossa escola passou a hospedar alguns dementadores de Azkaban, que vieram cumprir ordens do Ministério da Magia.

Ele fez uma pausa, mas logo continuou.

– Eles estão prostrados em cada entrada da propriedade e, enquanto estiverem conosco, é preciso deixar muito claro que ninguém deve sair da escola sem permissão. Os dementadores não se deixam enganar por truques nem disfarces, nem mesmo por capas de invisibilidade - acrescentou brandamente - Não faz parte da natureza deles entender súplicas nem desculpas. Portanto, aviso a todos, e a cada um em particular, para não darem a esses guardas razão para lhes fazerem mal. Apelo aos monitores para que se certifiquem de que nenhum aluno entre em conflito com os dementadores.

Dumbledore fez nova pausa, percorreu o salão com um olhar muito sério, mas ninguém se mexeu nem emitiu som algum.

– Agora, falando de coisas mais agradáveis - continuou - Gostaria de dar as boas-vindas a dois novos professores este ano. Primeiro, o Prof. Lupin, que teve a bondade de aceitar ocupar a vaga em Defesa Contra as Artes das Trevas.

Ouviram-se algumas palmas dispersas e pouco entusiásticas. Somente os que tinham estado na cabine de trem com o novo professor bateram palmas animados, ou seja, 3 pessoas. Lupin parecia particularmente mal vestido ao lado dos outros professores, que certamente usavam suas melhores roupas.

– Olha a cara do Snape! – ouvi alguém comentar. – Ele sempre quis esse cargo. – sussurrou novamente, com um risinho no final.

Qual deles seria o Snape? Olhei mais atentamente para cada um dos professores e, quando cheguei ao homem de cabelos e roupas negras, seus olhos encontraram os meus, como se já estivesse me encarando antes. Estranho...

– Quanto ao nosso segundo contratado - continuou Dumbledore quando cessavam as palmas mornas para o Prof. Lupin. -, bem, lamento informar que o Prof. Ketrleburn, que ensinava Trato das Criaturas Mágicas, aposentou-se no fim do ano passado para poder aproveitar melhor os membros que ainda lhe restam. Contudo, tenho o prazer de informar que o seu cargo será preenchido por ninguém menos que Rúbeo Hagrid, que concordou em acrescentar essa responsabilidade docente às suas tarefas de guarda-caça.

Os aplausos que se seguiram foram tumultuosos, principalmente à mesa da Grifinória. Com certeza ele tinha maior afinidade com eles. Olhei atentamente para Hagrid, que tinha o rosto vermelho-rubi, os olhos postos nas mãos enormes e o sorriso largo escondido no emaranhado de sua barba escura, percebi também que ele enxugava os olhos na toalha da mesa.

– Bem, acho que, de importante, é só o que tenho a dizer. Vamos à festa! – finalizou o diretor.

As travessas e taças de ouro diante das pessoas se encheram inesperadamente de comida e bebida. Foi um banquete delicioso; o salão ecoava as conversas, os risos e o tilintar de talheres. Eu estava encantada...

– Hm... Olá... – disse uma voz tímida ao meu lado. – Meu nome é Mary Addams. – disse ela, me cumprimentando. Ela era a primeira nessa mesa a ser gentil comigo, então retribuí.

– Violet Prince. – respondi.

Algumas pessoas nos olharam, mas não dei atenção e me concentrei na garota ao meu lado. Seus olhos eram castanhos e o cabelo caia em cascata pelos ombros, lisos e brilhantes.

Conversamos bastante durante o jantar e percebi que ela era uma menina muito espontânea. Disse-me que era do terceiro ano também, e que talvez até ficássemos nas mesmas aulas ou no mesmo quarto, já que o seu aposento tinha uma cama vaga. Ela era muito divertida, descobri nela uma grande lealdade... Embora parecesse estar na retaguarda. Um tempo depois fomos levados até o quarto e, para minha alegria, era o mesmo que Mary, e nossas camas eram uma ao lado da outra. Logo me apresentou as outras meninas. Alessa Chambers era a ruiva de olhos castanhos, espontânea, rebelde e obviamente não gostava que mandassem nela. Sophie Seyfried, por outro lado, parecia uma princesinha de madeixas douradas e orbes verdes, traços delicados e voz doce.

As três me aceitaram muito bem e eu sabia que aquele era o início de uma grande amizade... Eu finalmente me encaixei. Estou em casa.

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Notas finais do capítulo

E então, gostaram??? Não deixem de comentar!!!