Capítulo 19 – Invitation

"Convite"

- Violet –

- Como está se sentindo querida? – perguntou-me Ponfrey na manhã seguinte.

- Ótima, pronta para outro tombo – brinquei.

- Por Merlin, você nunca descansa? Não sei como não quebrou nada ainda...

- Acredite, nem eu sei... – ri.

- Espere aqui que vou pegar um remédio para você, e depois quero que suma dessa enfermaria e não volte tão cedo...

- Não se preocupe, as aulas acabam essa semana e então ficarei longe por um bom tempo!

- Tudo bem... Aqui está. Prometa que tomará mais cuidado. – pediu.

- Sim senhora. – sorri

- Ótimo, agora vá, suas amigas tentaram te ver mas não conseguiram, estão preocupadas. Sem contar o Sr. Potter, ele é muito insistente! Tive que mandá-lo para fora umas três vezes! – brincou.

- Depois que descobriu nosso parentesco ele anda mais protetor... Como se eu precisasse! – debochei – Mas pode deixar que a primeira coisa que farei é conversar com as meninas. – garanti – Hmmm... Tenho aula em... 20 minutos! Tenho que me apressar. Tchau Madame Ponfrey! – gritei saindo correndo da enfermaria.

Assim que passei pela porta pude sentir o cheiro de chuva fresca, era maravilhoso! Se não estivesse atrasada para a aula iria até o jardim e ficaria por lá.

Corri como doida pelos corredores de Hogwards até a masmorra da ala sul, onde ficava a entrada para o salão comunal da Sonserina. O quadro, como sempre, debochou da minha cara por eu estar com o cabelo bagunçado, mas, logo que disse a senha deixou-me passar.

- Bom dia meninas! – disse eu para as três garotas que me encaravam.

- Bom dia Srta. Prince. Está atrasada! – respondeu Mary num tom debochado – Será que podemos saber onde a senhorita estava esse tempo todo?

- Ficamos preocupadas! – disse Sophie, fofa como sempre.

- Você desapareceu ontem à tarde, passou a noite na enfermaria e chega com essa naturalidade? – acusou Alessa.

- Hey, uma de cada vez! – disse eu com as mãos levantadas. – Primeiro: desculpem pelo sumiço, juro que conto tudo a vocês, mas antes preciso mesmo de um banho e roupas limpas... – sorri

- Seja rápida, estamos atrasadas para a aula. – avisou Alessa.

- E a primeira é a do Snape. – completou Sophie.

Ótimo! Não podia ser pior...

Em 10 minutos tomei um banho relaxante e troquei minhas roupas, logo estávamos prontas e nos dirigíamos à primeira aula.

- Pode começar. – disse Mary.

- Estamos no corredor... Não seria melhor...

- Não. Desembucha logo. – cortou-me Alessa.

- Tudo bem – suspirei.

Até bater o sinal contei tudo que tinha acontecido na casa do Hagrid e na Casa dos Gritos. Obviamente deixei a parte do meu passado para mais tarde, não queria correr o risco de alguém ouvir.

Snape entrou na sala como sempre, frio e sombrio; porém, algo estava diferente, parecia mais... calado.

- O que aconteceu com ele? – sussurrou Sophie nos 10 primeiros minutos de aula.

- Não sei. – menti.

O mesmo aconteceu na aula de Transfiguração. Minerva estava extremamente abatida, era óbvio que passou a noite em claro. Todos estranharam, afinal, ela era uma das melhores professoras. Sempre me dirigia sorrisos e frases carinhosas, mas naquele dia mal olhou na minha direção.

Deve estar magoada com nossa última conversa... Será que eu deveria...

Não Violet, mantenha-se firme!

- O que deu em vocês hoje? – perguntou-me Mary durante o almoço – O Snape estava mais sério e fechado que nunca! Normalmente as aulas dele são as mais legais porque vocês dois vivem se alfinetando! Mas hoje... Nada!

- E a Minerva? Parecia muito abatida... Deu até pena! A voz dela falhou várias vezes... – observou Sophie.

- Serio, o que aconteceu com vocês? Você sempre brincava com ela, fazia piadas e retribuía os inúmeros sorrisos que ela te lançava... Hoje vocês mal se olharam! – exclamou Alessa. – Tem algo que está nos escondendo não tem?

- Como assim? – fingi-me de desentendida.

- Nem vem com esse papinho que nós te conhecemos muito bem Violet! – respondeu Alessa. – Hoje o dia foi bem estranho: você não está enérgica como sempre, o Snape anda mais taciturno que nunca e a Minerva estava claramente triste... Sem contar que os três nem se falam!

- Pelo jeito não consigo esconder nada de vocês não é? – rendi-me.

- Não. – afirmou Sophie.

- Tudo bem... Mas aqui não, tem muita gente. Quando formos para o quarto eu conto tudo. – sorri fracamente.

- E aí Prince Jr, Madame Ponfrey não te expulsou definitivamente da enfermaria ainda? – brincou Fred se aproximando.

- Prince Júnior? – perguntou Mary

- Como eu disse: depois – falei. – Espera, vocês dois já sabem?

- É claro! Por isso falamos para pegar aquele livro...

- ... E antes que diga “por que não me contaram”, nós respondemos.

- Você tinha que descobrir sozinha – falaram juntos.

- Eu não acredito, seus... Seus...

- Lindos? Sabemos. – gargalhou Jorge.

- Maravilhosos? Também sabemos. – sorriu Fred.

- É melhor você ter uma boa explicação para tudo isso... – disse Alessa ameaçadoramente.

Fora o fato de todos os professores me observarem curiosos e aparentemente com pena, o restante do dia foi normal. Logo que acabaram as aulas e fomos mandados para o dormitório, Alessa, Mary e Sophie começaram o interrogatório.

Novamente, contei tudo que aconteceu, mas dessa vez com detalhes. Contei sobre o encontro com Pettigrew e finalmente confessei meu passado. Falei tudo que estava entalado na garganta sobre Lillian, Minerva e Snape.

- Eu... Eu sinto muito Violet... – disse Sophie, praticamente chorando comigo.

Deitei minha cabeça no colo da Mary, que fazia carinho no meu cabelo. Contei tudo que sentia, a raiva e indignação que me invadiam. Nenhuma delas falou nada, apenas deitaram-se ao meu lado e ouviram atentamente, sem julgamentos.

Pela primeira vez senti que o laço entre nós quatro era ainda maior, realmente me entendiam e gostavam de mim.

Elas me amavam.

---- 3 dias depois ----

- Violet, estamos atrasadas! – gritou Alessa.

- De novo! – completou Mary.

- Já estou indo, acalmem-se! – respondi enquanto corria pelo quarto para arrumar minhas coisas. – Como estou?

- Ótima! Agora vamos – disse Sophie, arrastando-me escada abaixo.

Novamente corremos pelo corredor para chegarmos a tempo.

- Estão atrasadas meninas. Menos 10 pontos para Sonserina – avisou – Aliás, Srta. Prince, isso já está se tornando um hábito não é? – disse exclusivamente a mim.

- Desculpe professora Sprout, não se repetirá... – disse eu envergonhada.

Desde que discuti com Snape e McGonagall as coisas começaram a ficar estranhas. Todos perceberam o distanciamento entre nós, inclusive a tristeza repentina da professora de Transfiguração. Harry indagou-me o que tinha acontecido, mas não queria entrar em detalhes, logo as meninas me ajudaram.

Descobri que Fred e Jorge já desconfiavam do meu nome e resolveram procurar na biblioteca. Disseram que quando viram que eu era uma cópia da mãe do Snape e que nossos nomes eram idênticos, não tiveram dúvida: eu era filha do “morcegão das masmorras”.

Felizmente não tive tempo para pensar em nada, afinal, era a última semana de aula e os alunos corriam contra o tempo para conseguirem fazer as inúmeras tarefas que lhes eram dadas. Hagrid ainda estava triste com a perda do Bicuço, mas o passar dos dias e a distração dos afazeres como professor o ajudava, sem contar os alunos que o apoiavam.

No terceiro dia após toda aquela confusão, uma corija negra adentrou no salão e entregou-me uma pequena caixa com um bilhete.

“Obrigado pela ajuda e por acreditar em mim quando ninguém o fez.

Você é uma garota muito especial, nunca duvide disso!”

Assim que abri a caixa um verdadeiro sorriso espalhou-se em minha face. Dentro havia um delicado pingente dourado de um cão negro abraçado a uma pequena menina de cabelos escuros e olhos azuis.

- Finalmente um sorriso! De quem é a carta? Admirador secreto? – insinuou Alessa.

- É de um amigo. – disse eu mostrando-lhe o pingente.

Todas entenderam imediatamente e sorriram.

Mais tarde descobri que Harry também ganhara um presente. Era uma foto de Lillian e Thiago juntos. Ainda estava magoada, portanto, recusei-me a vê-la.

Logo chegou o último dia de aula. Os alunos corriam em polvorosa e enlouqueciam Flinch. Era realmente cômico.

Estava sozinha no jardim quando Fred, Jorge, Rony, Gina, Harry e Hermione se aproximaram.

- Violet, temos um convite irrecusável para te fazer – disse-me Fred brincalhão.

- Nossa, vieram em comitiva? – brinquei.

- É claro, quanto mais gente, mais influência. – debochou Jorge.

- Muito bem senhores influentes, digam. – sorri.

- Papai comprou ingressos para a Copa de Quadribol na semana que vem e todos nós vamos. – começou Rony. - E como você é irmã do Harry e praticamente gêmea desses dois... – brincou

- Além, claro, de ser da família – acrescentou Gina - Você já tem um ingresso com o seu nome te esperando.

- Esperem... Vocês estão dizendo que compraram um ingresso para a Copa de Quadribol no meu nome e querem que eu vá junto?

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- Não, fizemos isso só para fazer inveja em você... – debochou Fred

- É claro que sim! – completou Jorge.

- E você pode passar as férias lá em casa... Mamãe e papai estão doidos para te conhecer – disse Rony.

Não pude evitar e um grande sorriso invadiu meu rosto. Eu tinha uma família! Não era muito convencional, mas era minha!

- E então? Topa? – perguntou Harry.

- É claro que sim! – sorri abertamente. – Obrigada... – disse eu, abraçando um a um.

Logo chegou a tarde e os alunos arrumavam suas malas para partir. Despedi-me de Luna e prometi enviar cartas sempre, assim como ela. Harry, Rony e Hermione convidaram-me para sentar-me com eles no trem, mas obviamente recusei, queria passar mais tempo com as meninas, que acharam maravilhosa a ideia de eu passar as férias com os Weasley.

- Isso é ótimo! Além de ir à Copa, que é muito legal, você vai ficar longe de tudo isso e terá um tempo para por a cabeça no lugar e relaxar... – abraçou-me Mary – Se meus pais não fossem tão chatos te convidaria para passar um tempinho comigo...

- E se eu já não tivesse sido intimada pelos meus a viajar nessas férias, com certeza você viria comigo. – disse Sophie – Mas, prometo enviar fotos e cartas, e espero receber muitas de todas vocês!

- Da minha parte não terão problemas, pretendo escrever todas as tardes para contar como foi minha estadia em Paris... – riu Alessa.

Assim que deixamos o castelo e subimos nas carruagens, olhei para trás e percebi Minerva parada no portão. Seu semblante era extremamente triste. Subi meus olhos para as torres e vi Snape em uma das varandas a me observar.

A cada passo dos cavalos eu me distanciava mais de ambos. Uma tristeza me invadiu e meu peito se apertou. Por mais que eu estivesse magoada, sentiria saudades do temido professor de poções e da querida diretora da Grifinória. Ambos representaram muito para mim e doía vê-los ficar cada vez mais longe.

Uma solitária lágrima desceu por meu rosto, dando-me a última visão de um homem de preto me encarando do alto das masmorras. Alessa, que estava mais próxima, abraçou-me carinhosamente. Logo passamos no grande portão de ferro e fomos conduzidos aos pequenos barcos. Não olhei para trás um momento sequer, tive medo que as lembranças de ambos me invadisse novamente e me fizessem voltar.

Adormeci com a certeza de que, assim que entramos no trem, não tinha mais Snape, Minerva ou Hogwards me observando, e sim um novo caminho que me conduziria ao início de uma nova família...

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- Violet, acorda, já chegamos à estação – avisou-me Sophie.

- Já?

- Já sim dorminhoca, e os gêmeos estão te esperando lá fora.

Assim que descemos do vagão pude per várias cabeças ruivas esperando por alguém. Logo Harry apareceu e juntos seguimos até a família ruiva.

- Eu vou me despedir das meninas – disse eu para Harry, que acentiu e seguiu sozinho.

- Sentirei a falta de vocês... – lamentou Sophie – Principalmente das loucuras!

- Duvido que você apronte um décimo em casa do que apronta com a gente! – brincou Alessa.

- Já você deve ser um furacão! Tenho até pena dos seus pais... – debochou Mary.

- Hey! Palhaça! – retrucou Alessa.

- Falando sério agora, não se esqueçam de escrever! – mandou Mary

- Pode deixar – respondemos juntas.

Alessa tomou a iniciativa e puxou todas nós para um abraço grupal recheado de carinho e saudades. Rimos e logo nos despedimos novamente. Por alguns segundos observei cada uma ir para um canto.

Sophie correu até uma mulher loira estonteantemente vestida acompanhada por um homem realmente bonito.

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Mary foi recebida por um casal nada discreto em carícias.

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Alessa, por sua vez, atirou-se nos braços de uma mulher ruiva de aparentemente 25 anos, provavelmente a irmã mais velha.

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Assim que virei-me deparei com um casal e seus 5 filhos ruivos me observando juntamente à Harry e Hermione. Aproximei-me e logo fui alvo de palhaçada dos gêmeos.

- Nossa finalmente! – disse Fred.

- Pensei que eu teria que te puxar delas!  - falou Jorge.

- Ou jogar um balde d’água em vocês... – completou Fred.

- Vocês não se atreveriam...

- Olha, conhecendo esses dois como eu conheço, eu diria que se atreveriam sim. – afirmou Rony.

- Bom... Para isso servem as vinganças não é meninos? Lembrem-se que ainda não esqueci o dia da lagartixa amarela... – ameacei.

- Já vi que não estavam brincando quando disseram que você era uma gêmea perdida desses dois – riu a mulher – Bem vinda Violet, fico feliz que tenha aceitado nosso convite – sorriu carinhosamente.

- Eu que agradeço Sra. Weasley.

- Só Molly querida, e este é Arthur, meu marido. – apresentou-nos – Agora vamos, tenho um banquete esperando por vocês.

- Tem bolinho? – perguntou Fred.

- É claro que sim Fred.

- Não sou o Fred, ele que é – disse Fred apontando para Jorge.

- Desculpe Jorge...

- Francamente mulher! Ainda diz que é nossa mãe... – riu.

- Vocês estão de palhaçada não é? – perguntei aos gêmeos

- Por quê? – perguntaram juntos.

- Porque você é o Fred e você é o Jorge – expliquei corretamente, confundindo ainda mais Molly.

- Viu? Até ela sabe... – acusou Fred, fazendo todos rirem.