The Orphan - Season 1 escrita por Stéfane Franco


Capítulo 12
Capítulo 10 – You Can Trust Me


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde!! Desculpem pela demora, tive alguns problemas com a internet.
Muuito obrigada pelos comentários, fiquei super feliz em ler cada um deles!!
Esse capítulo será bem...esclarecedor...para a Violet, é o começo de suas dúvidas ^^ Espero que gostem. Boa leitura!!



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"Você pode confiar em mim"

– Violet – 11 de dezembro de 1993 – Quarta -

Passei a tarde toda no quarto e, por mais que quisesse, não conseguia esquecer as palavras que minha tia proferiu a mim... De acordo com ela eu fui um problema, um grande erro que fez com que a Lillian se escondesse por meses e que depois, por repulsa, deu-me para o orfanato.

Minhas forças para chorar acabaram, minhas lágrimas secaram e prometi não chorar novamente por disso. Você é forte não é? Pois então prove!

Obviamente, o vazio dentro de mim nunca iria embora, mas parar de me lamentar já era um começo, e estava disposta a esquecer dessa “mãe” que me abandonou.

E quanto ao meu pai? Bella não disse nada sobre ele, nem seu nome ou sua aparência.

Sei que sofri bastante em saber da minha mãe, mas preciso saber dele! Preciso saber quem foi, o que fez, se está vivo! Mesmo que me rejeite também... Ao menos terei o “quebra-cabeça” do meu passado completo.

Então olhei no relógio logo acima da lareira e lembrei-me que McGonagall pediu-me para fazer as refeições no salão principal. “O salão comunal da Sonserina não tem ninguém, você ficará sozinha por muito tempo! Vindo ao salão principal pode ser que encontre com algum amigo de outra casa...”, disse ela.

Quem sabe não faço novas amizades?

Por volta das sete me dirigi para o salão com um livro nas mãos, assim poderia fazer minhas anotações. Senti olhos sobre mim, mas os ignorei e sentei-me no lugar de sempre: na ponta da mesa, perto dos professores. Para o jantar foi servida uma deliciosa sopa de legumes com suco de abóbora, perfeita para recuperar-se totalmente da gripe.

Enquanto jantava, comecei a anotar num pedaço de papel tudo que sabia sobre meu pai.

– Inimigo de Thiago Potter, Sonserino.

– Estudou em Hogwarts na mesma época que Lillian e Bella.

Minha mãe era ruiva, portanto, a cor do meu cabelo só pode ter vindo dele.

– Cabelos negros

Por mais que Bella tenha afirmado que ela era egoísta e mesquinha, em certo momento citou “aquela sonsa”, portanto deveria ser calma e paciente. Logo, herdei minha personalidade do meu pai.

– É explosivo, um tanto cínico e irônico, talvez.

Bella disse que, logo após “aquela noite”, Lillian o ignorou por completo... Nenhum homem aceita ser descartado desse jeito a não que seja...

Pelo que Harry disse e Bella concordou, apesar de ser inteligente Lillian não escondia seu temperamento, era bem “transparente”.

– Tem controle sobre si mesmo.

Estou procurando por um homem branco de cabelos negros, com personalidade forte e explosiva, um tanto irônico e cínico às vezes, extremamente reservado e com controle de si mesmo. Provavelmente tem jeito para feitiços complicados, deve ser bem severo e...

Severo.

Não, não pode ser... Ou pode? Ele se encaixa perfeitamente no perfil!

Não, isso é loucura! Ele nunca se envolveria com a Lillian... Ou estou enganada? Por favor, que eu esteja enganada!

– Olá – disse alguém, assustando-me – Posso me sentar?

Assim que percebi quem era, sorri e parei com minhas anotações. É melhor dar um tempo.

– Luna! Olá! Claro que sim. Pensei que fosse ficar com o seu pai...

– Ele teve que resolver alguns problemas no trabalho, mas voltarei para o natal. E você? Os Weasley me disseram que ficaria com sua tia...

Tia... Ela nunca foi minha tia.

– Tivemos alguns... problemas.

– Posso te fazer uma pergunta?

O que eu mais gostava na Luna era que, apesar de ser curiosa, ela respeitava minha privacidade, nunca me questionava ou insistia em algo que eu não queria compartilhar.

– Fora essa? – brinquei.

– Você tem senso de humor... – riu.

– Faço o que posso – pisquei. – Pode perguntar.

– Por que você não usa seu segundo nome?

– Segundo nome? Do que está falando? – perguntei confusa, pegando minha taça de suco.

Espero que não seja o que estou pensando...

– Seu segundo nome não é Eileen? – perguntou inocentemente. Imediatamente engasguei com o suco de abóbora e comecei a tossir.

– C-como... – perguntei após me recuperar.

– Eles... – começou.

Eles.

– Weasley. Agora eu mato aqueles dois – falei, irritada. – Quem mais sabe?

– Eu, Harry, Rony, Hermione e Neville. Estávamos todos conversando quando Fred acabou soltando que você tinha um segundo nome secreto. Jorge não teve escolha senão contar. – explicou-se Luna – Mas todos prometeram guardar segredo.

– Com a sorte que eu tenho, assim que voltarem as aulas todos os Weasley saberão disso, e como o Rony é pior que os irmãos com segredos... – falei com as mãos no rosto, tentando esconder a vermelhidão de minhas bochechas.

– Mas por que você não usa? É um nome lindo...

– Quando eu era pequena, adorava esse nome... – realmente amava – Mas, por alguns problemas eu acabei ficando com trauma dele.

– Hmmm... Desculpe-me, eu não sabia...

– Não, tudo bem. Não se preocupe.

Passado a confusão com as anotações e minha raiva por terem descoberto meu segredo, conversamos alegremente por alguns minutos e rimos bastante ao lembrar das encrencas em que Rony se metia. Quase no fim do jantar uma coruja negra entrou no salão e parou em frente a mim.

Estranho... Hoje não deveria ter correio.

– O que é isso? – perguntei, examinado um pequeno envelope vermelho.

– É um berrador... – avisou Luna.

– Berrador?

– Se eu fosse você abriria apenas no seu quarto... – tentou alertar, porém, o envelope já estava aberto e começava a gritar.

VIOLET EILEEN EVANS PRINCE, SUA GAROTA ESTÚPIDA! COMO SE ATREVE?! QUANDO A PEGUEI DAQUELE BURACO TROUXA PENSEI QUE SERIA DIFERENTE DAQUELA MULHER, MAS NÃO, VOCÊ É IGUAL A ELA: INSOLENTE, ATREVIDA E MESQUINHA! DEI-TE TUDO QUE PRECISAVA E É ASSIM QUE ME RETRIBUI? FUGINDO DURANTE A NOITE COMO UMA COVARDE?! GAROTA MAL AGRADECIDA! DEVIA É TER TE DEIXADO NAQUELE BURACO TROUXA!!

VOLTE IMEDIATAMENTE, NÃO TERMINAMOS NOSSA CONVERSA.

Assim que proferiu essas últimas palavras, a carta queimou-se em pedaços e o salão mergulhou em profundo silêncio.

Ela não podia fazer isso... Não tinha o direito!

Eu continuava parada e em choque por ter passado por uma humilhação dessas. Meus olhos não piscavam, focados no monte de cinzas à minha frente. Um fogo começou a consumir-me e certamente estava vermelha de raiva.

– Violet? – perguntou Luna, tirando-me do transe.

Foi então que percebi que tinha esmagado alguns morangos com as mãos. Senti meus olhos úmidos e, assim que olhei para Luna, vi que observava-me num misto de preocupação e pena.

Ninguém mais sentirá pena de mim... Já chega!

– Com licença – disse eu, levantando-me bruscamente. Numa tentativa de conter as lágrimas, fui em direção à saída. Eu prometi a mim mesma que não voltaria a chorar! Preciso sair daqui.

Assim que cheguei à metade do salão percebi alguns alunos a observarem-me, confusos entre rir e sentir pena. Minha vontade era enforcar cada um, mas se assim fizesse meu controle iria desmoronar, então os ignorei completamente. A porta estava mais pesada que de costume, mas, reunindo toda a minha raiva e indignação, praticamente a arrombei.

Saí correndo o mais rápido que pude, totalmente sem rumo. Virei todos os corredores que apareciam, subi todas as escadas que vinham na minha frente e só parei quando meus pés tropeçaram em algo no caminho. Para não cair apoiei-me na parede e, sem forças para continuar, fiquei ali, em pé.

Eu prometi a mim mesma que nunca mais choraria pela Lillian ou pela Bella... Eu enterrei a dor da rejeição no fundo do meu peito, jurei esquecer essa história e seguir em frente! Ela não podia fazer isso!

Minha visão estava embaçada e lágrimas corriam livremente pelo meu rosto. Tentei evitar, mas não consegui. A dor me atingia cada vez mais forte, o vazio ficava cada vez maior e mais profundo.

Inesperadamente senti mãos segurarem meus ombros com firmeza. Eu tinha consciência de que poderia ser o Filch ou qualquer outra pessoa, mas não me importei. Naquele momento tudo que eu precisava era de conforto. Sem pensar ou olhar para a pessoa que me segurava, virei-me rapidamente e abracei-a pela cintura... E instantaneamente braços me envolveram e me confortaram, passando-me uma segurança que nunca havia sentido antes.

Percebi que era uma pessoa alta, pois minha cabeça não chegava aos ombros. Uma de suas mãos me apertava enquanto a outra afagava meus cabelos. Não sei quanto tempo ficamos assim, mas a sensação era muito boa. Cada vez mais sentia o abraço se apertando, como se a pessoa estivesse aflita, assim como eu. Finalmente decidi sair do abraço, afinal, nem sabia quem era. Assim que me afastei, fiquei em choque.

– P-professor Snape? – perguntei, com a voz falha.

Ele estava visivelmente nervoso, sua máscara de indiferença já não existia.

– Venha comigo – disse ele, pegando minha mão e conduzindo-me pelo corredor.

Tentei me recompor, mas não consegui. Se antes estava com raiva, agora estava confusa, perdida.

O que aconteceu com ele? Por que não brigou por eu “atacá-lo”? Por que retribuiu ao abraço? Por que me senti segura com esse abraço? Por que está tão nervoso e insiste em segurar minha mão conduzindo-me por esse corredor? E aonde vai me levar?

Minha cabeça foi preenchida de dúvidas e hipóteses absurdas, meus soluços eram os únicos a quebrar o silêncio. Finalmente percebi que estávamos em frente ao salão comunal da Sonserina. Snape falou a senha e guiou-me novamente. Ainda segurando minha mão, levou-me até o sofá.

– Sente-se – pediu ele, fazendo o mesmo.

Severo Snape pedindo?!

O professor encarou-me por um momento, fazendo-me corar de vergonha pelo que aconteceu. Estávamos sentados num dos sofás em frente à lareira recém-acesa.

– Violet, o que aconteceu? – perguntou ele, usando apenas meu primeiro nome.

– O que quer dizer? – perguntei ainda confusa.

– Me desculpe. – vendo minha surpresa, continuou – Peço desculpas pelo meu comportamento com você, principalmente naquele dia... Eu me exaltei e acabei descontando minha raiva em você. Não tinha o direito de machucá-la daquele modo.

Quando eu comecei a ignorá-lo minha intenção era forçá-lo a se desculpar, mas eu sabia que as chances eram mínimas, praticamente impossíveis. Nunca imaginei que ele realmente iria se desculpar...

– Eu não costumo me desculpar com ninguém, mas machucá-la daquele modo foi imperdoável. Acredite, eu mesmo ainda não me perdoei.

Ele parece culpado... Muito culpado.

– Eu sei que sou extremamente difícil e genioso...

– Eu sei. – brinquei – Também sou assim... – sorri, pela primeira vez.

– Concordo. – sorriu. Snape sorrindo? – Eu... Eu gostaria que confiasse em mim. – falou verdadeiramente. – Sei que você costuma guardar tudo pra si mesma e dificilmente se expõe... Mas, às vezes, é bom soltar a raiva, falar com alguém... Só às vezes.

Ele realmente está me dando conselhos? Onde está o professor Snape?

– Digo... Você pode confiar em mim... O que for falado aqui dentro, agora, não sairá daqui. Acho que sabe que sou bom em guardar segredos.

– Oh sim... Com certeza. – ri.

Apesar de tudo ele tem senso de humor...

– Então, se quiser conversar, ou apenas falar, estou aqui. – ele parecia nervoso.

Nos encaramos por alguns segundos e por seus olhos tive a impressão de ver sua alma... Ele realmente queria me ajudar, simplesmente ouvir... Eu não deveria, mas algo me dizia que eu podia confiar nele plenamente. Foi então que percebi que já confiava.

– Era a minha tia, se é que posso chamá-la assim... – comecei, olhando para o fogo crepitando na lareira. – Ela que me mandou o berrador...

– O que aconteceu no final de semana? – perguntou ele, mas algo em seus olhos me dizia que ele já sabia a resposta.

– Ela me enviou uma carta na sexta pedindo que eu voltasse para o “colégio interno” urgentemente, pois ela precisava conversar comigo sobre meu passado, mais especificamente minha mãe.

As lembranças daquele dia começaram a rondar meus pensamentos e, pouco a pouco, revelei tudo a ele. Disse sobre o sótão, a detenção infundada, a visita da minha “tia”, a discussão. Repeti palavra por palavra com lágrimas nos olhos, doía tanto relembrar... Não sobre Lillian, em si, mas o modo como a tia Bella falou. Quando contei sobre o tapa, minhas mãos instintivamente cobriram meu rosto, e meus braços apoiaram-se nos joelhos, lágrimas caindo com mais ferocidade.

Não sei como nem porque, mas nesse momento seus braços me cercaram, levando-me até seu ombro, onde descansei minha cabeça. Contei os detalhes da discussão, de como fugi e de como doeu ouvir “você nunca deveria ter nascido”. Falei também da minha “fuga” e do encontro com o Nôltibus Andante, do Caldeirão Furado e até do “resgate” feito pela Minerva.

– Hoje passei o dia todo no quarto passando e repassando a conversa que tivemos, mas eu tinha me decidido a esquecer de tudo, enterrar essa dor dentro do peito e seguir em frente. Eu prometi a mim mesma que seria forte e me recuperaria... – continuei - Mas quando ela começou a gritar aquelas palavras, as lembranças me invadiram e fui tomada por raiva, indignação e vergonha. A dor voltou e cada passo que dava correndo por esses corredores aumentava ainda mais o vazio dentro de mim...

Snape me abraçava firmemente, mas assim que terminei senti como se ele estivesse com medo de eu escapar, pois apertou ainda mais. Ele realmente parecia entender minha dor. Ficamos abraçados por horas em silêncio. O momento não precisava de palavras e sim atitudes. Novamente, me senti segura nos braços do professor, como se ali ninguém fosse me machucar.

– Você precisa dormir. – falou ele algumas horas depois.

– Eu não posso.

– Por que não?

– Porque sempre que coloco a cabeça no travesseiro tenho pesadelos horríveis... – arrepiei-me apenas com a lembrança.

– Sempre?

– Começou nas férias...

– Mas você precisa dormir.

– Não consigo... – sussurrei, cansada de revidar.

– Então vamos fazer o seguinte: eu fico aqui até você adormecer, não terá pesadelos hoje.

– Como pode ter tanta certeza?

– Tenho meus métodos. – falou enigmático, fazendo-me rir.

Snape pegou uma almofada e colocou em seu colo, surpreendendo-me com seu pedido.

– Deite-se.

Estava tão cansada de ser forte que cedi. Adormeci com a cabeça em seu colo, deitada de lado no sofá e coberta por um manto negro. Uma de suas mãos pousou no meu braço enquanto a outra permaneceu no meu cabelo. Inexplicavelmente, dormi a noite toda confortavelmente bem.

Sem pesadelos.


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Notas finais do capítulo

Como será a relação dos dois agora que Severo deu o 'primeiro passo'? Será que ele se arrependerá de suas atitudes?? O que Violet pensará depois de tudo isso? Ela já tinha dúvidas sobre o pai, mas o que acontecerá depois que o Snape demonstrou tanta....compreensão??
São muitas perguntas, eu sei, mas só mais uma: Por que a Violet não quer estar certa quanto a hipótese de o professor de poções ser seu pai?
Não deixem de comentar, e façam suas apostas!!!