The Orphan - Season 1 escrita por Stéfane Franco


Capítulo 10
Capítulo 8 - Half-Truths


Notas iniciais do capítulo

Capítulo fresquinho!!
Pessoal, em um pedaço do texto eu coloquei um link do youtube (Soundtrack), por favor, abram e escutem enquanto leem. É para criar um "clima"... Boa leitura ^^



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"Meias Verdades"

– Violet – 9 de dezembro de 1993 – Segunda -

Querida Violet,

Desculpe-me não fazer contato antes. Como sabe, trabalho muito e vivo viajando, portanto, suas cartas nunca iriam me encontrar. Hoje é o primeiro dia de férias não é? Volte para o colégio, precisamos conversar. Acho que está na hora de te contar sobre sua mãe.

Te vejo amanhã,

Tia Bella.

Meu coração parou e meus olhos não acreditavam no que viam. Finalmente saberei sobre meu passado!

– Violet? – perguntou Mary

– Finalmente! – exclamei feliz.

– O que houve? – dessa vez era Alessa quem perguntava.

– Minha tia, ela quer conversar comigo urgentemente, tenho voltar para o colégio.

– Mas você não ia ficar na escola durante o natal? – disse Sophie.

– Sim, mas meus planos mudaram. Preciso ver a Tia Bella... Ela... Ela disse que vai contar sobre a minha mãe... – falei animada.

– Que bom Violet! Quem sabe você não acaba encontrando algum parente vivo? – alegrou-se Alessa.

– Sim!! Estou tão feliz!! – alterei-me, chamando a atenção das poucas pessoas que ainda estavam no salão. – Preciso arrumar minhas coisas, vocês vêm comigo?

– Claro! – concordou Sophie puxando as outras consigo.

Fomos até o dormitório praticamente correndo, arrumei todas as minhas coisas e conversei com Hagrid sobre o próximo trem. Despedi-me das meninas e da Minerva, que me fez prometer escrever durante as férias. Logo que embarquei, adormeci.

O dia que tanto esperei chegou!

Horas depois desembarquei na estação King Cross, peguei um táxi e dei o endereço do colégio. A cada segundo meu nervosismo aumentava. E quanto cheguei...

– Violet Prince, que prazer vê-la novamente. – exclamou uma mulher parada no portão.

– Sra. Thomas... – retribui.

– Entre logo, não tenho dia todo pra ficar aqui fora te esperando. – falou carrancuda.

Ela nunca muda.

Dirigi-me através dos velhos portões em direção à antiga mansão que servia de colégio interno. Lembrei-me das árvores que foram meu refúgio, dos dias em que eu fugia da casa para ficar no jardim, da governanta correndo atrás de mim...

– Você ficará no sótão. – informou-me ela, subindo as escadas.

– O que? Mas eu pensei que...

– Muita coisa mudou desde que você sumiu queridinha, várias meninas ingressaram no colégio, inclusive não há vagas disponíveis.

– Se não há vagas disponíveis, por que aceitou que eu voltasse?

– Sua tia sabe ser bem persuasiva. Mas não se preocupe, ela já está procurando outro colégio. - garantiu-me a diretora, com um sorriso cínico no rosto. – Agora entre, amanhã irá frequentar as aulas. – falou, abrindo-me uma porta no final da velha escada. - Não reclame, é o preço por ser o que é.

– E o que eu sou? – alterei a voz, porém, antes que ela pudesse me responder, fechou a porta e trancou-a por fora.

– Boa noite querida! Bem vinda de volta! – gritou, trancando a porta e descendo as escadas.

Droga! Só não explodo essa porta porque não é permitido fazer magia fora da escola...

Não restando alternativa, retirei apenas o necessário da mala e acomodei-me.

– 10 de dezembro de 1993 – Terça -

Minha noite foi péssima. O colchão era horrível e o lugar cheirava a mofo. Assim que acordei, percebi que a porta estava aberta, e um bilhete fora grudado nela.

“Os horários não mudaram. Troque de roupa e desça com seu material. A primeira aula será na sala oito às 7 horas. Não se atrase”.

– Que fofo da parte dela... – ironizei.

Eram seis e meia, portanto, fui até a cozinha para comer algo antes de ir para a aula.

– Está atrasada Srta. Prince. – informou-me uma mulher assim que entrei na sala.

– São seis e cinquenta e sete, portanto, diria que estou adiantada. – sorri cinicamente e sentei-me na última cadeira. Nem o Snape fala assim comigo.

A professora era terrível, não sabia passar a matéria e insistia no erro. Apenas por corrigi-la sete vezes ganhei minha primeira detenção. Mas, obviamente, argumentei ao meu favor e me livrei do castigo. Foi apenas por volta do meio-dia, durante o almoço, que minha tia finalmente apareceu.

– Tia Bella! – exclamei, com um sorriso no rosto.

– Que bom te ver novamente. – sua frase lembrou-me McGonagall, mas sem a entonação certa e a emoção necessária. – Violet, como eu disse na carta, está na hora de você conhecer mais sobre sua mãe. Não será nada agradável

Finalmente.

– Sabe, sua mãe também era uma bruxa e estudou em Hogwarts na mesma época que eu. Se você perguntar a qualquer um hoje, dirão que ela era “a princesinha de Hogwarts”, mas não passa de uma mentira. Era autoritária, oportunista, mesquinha e preconceituosa. Sua mãe era uma mulher muito ligada às aparências, um tanto metida e extremamente ciumenta, não passava de um rostinho bonito.

– Então ela era da Sonserina?

– Grifinória.

– Mas na Grifinória prezam...

– Violet, nem todos os sonserinos tornaram-se maus, e nem todos os grifinórios permaneceram bons. Não é a casa que faz o bruxo, mas o contrário.

– Eu sei, desculpe.

– Quando ela entrou na escola imediatamente fez amizade com um bruxo da mesma casa, outro garoto encrenqueiro e esnobe, porém, sangue puro. Logo a amizade tornou-se mais séria, evoluiu para namoro e na formatura um pedido de casamento.

– Meu pai?

– Não. – recusou encarando o céu - Como eu disse, sua mãe não era tão pura e inocente como dizem. Alguns meses depois da formatura eles discutiram e romperam. Na mesma noite, para dar o troco, sua mãe dormiu com um dos inimigos do rapaz.

– Ela o traiu por vingança?

– Exatamente. Assim que amanheceu ela percebeu a idiotice que tinha feito e arrependeu-se profundamente, passando a ignorar completamente o rapaz. Um mês depois os noivos reataram, mas um problema apareceu. Ela estava grávida.

Problema?

– Certo dia eu a ouvi conversando com uma “amiga”. Disseram coisas terríveis, como “engravidar foi o pior erro que cometi”...

Então eu fui um “erro”?

– Ela pensou até em interromper a gravidez, de tão revoltada que estava!

Nesse momento lágrimas corriam pelo meu rosto e a dor invadia meu peito. Tia Bella olhava para todos os lugares, menos para mim.

– Graças a Merlin não conseguiu. Mas, ao invés de assumir a traição, fugiu como uma covarde e escondeu-se no mundo trouxa durante a gestação. Assim que você nasceu sentiu tanta repulsa que te mandou para um orfanato. Depois voltou para os braços do namorado e continuou a vida como se nada tivesse acontecido.

Repulsa?

– Pouco tempo depois se casaram e formaram uma linda família feliz. E um tempo depois, surpresa! Grávida novamente. Mas dessa vez era um garoto, um lindo menino de olhos verdes. Seu nascimento foi o acontecimento do ano! Todos o mimavam com presentes e festas, principalmente os professores de Hogwarts. Ela, como sempre, usava sua máscara de falsidade e enganava a todos. Quando a criança completou 1 ano, a vida perfeita da família foi ameaçada.

– Por quê? – perguntei tentando ignorar a dor que se alastrava no meu peito.

– Um assassino estava à solta e queria matar o menino. Eles conseguiram fugir por um tempo, mas logo foram achados. Esse assassino conseguiu encontrá-los e, durante a noite, invadiu a casa em que moravam. Num ato de “heroísmo”, ela morreu para salvar o filho, seu único herdeiro.

Minhas lágrimas desciam livremente, senti minha garganta se apertar enquanto minha visão não passava de um borrão.

– Então ela morreu. – concluí - Por que só está me contando isso agora?

– Porque seu irmão está em Hogwarts, e não seria nada legal se vocês se envolvessem... Seria incesto! – brincou cinicamente.

Ignorei o comentário e concentrei-me em perguntar algo que sempre me perseguiu.

– Quem foi ela?

– Seu nome era Lillian. Lillian Evans. – sorriu.

Não... Não pode ser...

– Mais conhecida como Lillian Potter.

Potter.

– Pelo jeito já sabe quem é seu irmão.

– Harry...

– “O garoto que sobreviveu”. Ele é bem famoso não é? Uma celebridade! Imagine se alguém souber que a mãe dele teve um filho com outro homem?! Seria um escândalo! – seu sorriso era evidentemente cínico.

– E meu pai?

– Não sei.

– Como não sabe?! Se ele era o “inimigo” do Thiago, certamente todos o conheciam! – explodi.

– Não ouse levantar a voz pra mim garota! – gritou também, levantando-se – Eu disse que era o inimigo do Tiago por conta das casas!

– Mas... Isso não faz sentido! A Lillian não era assim! Todos a descrevem como uma menina inteligente, sagaz, bonita, justa, dócil...

– Mentira! Não passam de mentiras criadas para encobrir o passado podre do garoto! O que acha que aconteceria caso tudo isso venha à tona?! Faria um estrago na imagem no Harry! Pobrezinho, seria conhecido como “o filho da traidora”!

– Não, é mentira!

Eu me recuso a aceitar que minha mãe, Lillian Potter, tinha um caráter tão podre, tão...sujo!

– Não fuja da verdade! – gritou ela

– E quanto a você?

– Obviamente não sou da sua família. Eu jamais teria laços com aquela sonsa... Já é um sacrifício ficar perto da filha, quem dirá da mãe! – riu friamente.

– Então por que se sacrificou?

– Quando eu soube o que ela tinha feito senti pena de você... Tão pequena e com um passado tão sombrio! Então, num impulso, fui até o orfanato e ganhei sua guarda... Foi tão fácil...

Pena?! Então é isso que ela sente por mim?

– Mas a “pena” não foi o suficiente não é? Assim que percebeu a idiotice que tinha feito me jogou num colégio interno, você me abandonou!

– Menina ingrata! Sabe muito bem que tenho minhas responsabilidades!

– E uma “sobrinha” não é responsabilidade?!

– Garota insolente! Devia é agradecer por eu ter te tirado daquele buraco! – gritou.

– Agradecer pelo que?! Talvez pelo lugar maravilhoso que morei ou pelas visitas constantes da minha tia?! – ironizei.

– NÃO GRITE COMIGO! – exclamou Bella, dando-me um tapa no rosto. – Você não faz ideia do quanto tive que sacrificar para te dar essa vida boa!

Se antes eu estava magoada, agora meu sangue fervia de raiva e indignação. Levantei-me e posicionei-me em frente a ela. Minha cabeça já começava a doer, minhas veias faiscavam, meus ossos ardiam e minhas lágrimas continuavam a rolar.

– Sacrifícios?! O que você sabe sobre isso?! Desde que me trouxe para esse lugar vivo como uma prisioneira! – aproximei-me ainda mais – Nunca tive alguém para conversar antes de dormir ou que se preocupasse quando eu estava com febre! – toda minha vida passava diante de mim, e tudo que sofri saía da minha boca com rancor – Passei minha vida toda observando as mães tirarem suas filhas desse lugar para ir ao parque ou visitar a família! – os olhos dela pareciam tremer, tomada pela adrenalina aumentei meu tom de voz – Por quase dez anos escutei que eu era sozinha, diferente, estranha! E sabe quantas vezes alguém se dirigiu a mim com carinho? Nunca!

– Quem você pensa que é para falar assim comigo? Não passa de uma órfã abandonada por uma mãe covarde que tinha vergonha e repulsa por ter engravidado! – rebateu ela, visivelmente nervosa e alterada.

Minha raiva era tanta que não me controlei, aproximei-me ainda mais e dei-lhe um tapa no rosto. Nesse momento, um raio cortou o céu e gotículas de água começaram a cair. Bella olhou-me com incredulidade, minha raiva crescendo a cada minuto.

– Se não fosse eu, ainda estaria naquela espelunca! Ou talvez fosse adotada. Aí meu bem, nunca aprenderia magia, provavelmente nem receberia a carta de Hogwarts. Se não fosse por mim, nunca teria a metade do conhecimento e o poder que possui.

– EU me esforcei, EU me preocupei em aprender. Se sou o que sou agora não é por você e sim por mérito próprio! – gritei

– Mérito que eu te ensinei! – rebateu. - Arrependo-me amargamente de ter te tirado daquele buraco de trouxas!

– Acredite, eu também me arrependo de você ter aparecido na minha vida.

– Você nunca deveria ter nascido...

De todas as palavras de rejeição que já ouvi, essa foi a pior.

– Concordo, talvez assim você não fosse obrigada a me adotar por pena... E eu nunca veria essa sua cara amarga! – despejei.

Novamente, um tapa acertou meu rosto, mas, ao contrário de revidar, levantei a face e a encarei.

– Essa é a última vez que você encosta em mim. – ameacei, afastando-me do lugar.

– Violet! VOLTE AQUI IMEDIATAMENTE! – gritou Bella, tentando me parar. – VIOLET, EU NÃO TERMINEI!!

Minhas roupas estavam encharcadas e assim como meu cabelo, colavam no meu corpo. Minhas lágrimas misturaram-se com as gotas da chuva, tornando-se apenas um. Corri o mais que pude, rompendo as portas da casa e subindo as escadas até o quarto. Minha cabeça estava tão confusa!

Se a Lillian era tão... suja, por que todos falam bem dela? McGonagall não mentiria pra mim, ou mentiria?

“Ela não passava de um rostinho bonito (...) chata, mandona, mesquinha e até preconceituosa às vezes.”

“Sua mãe era uma mulher muito ligada às aparências, um tanto metida e extremamente ciumenta. Logo depois de passar a noite com “o inimigo”, arrependeu-se profundamente.”

“O problema é que ela descobriu que estava grávida. Disse que “engravidar foi o pior erro que cometeu”... Ela pensou até em interromper a gravidez, de tão revoltada que estava!”

“Ao invés de assumir a traição, fugiu como uma covarde e escondeu-se no mundo trouxa durante a gestação. Assim que você nasceu sentiu tanta repulsa que te mandou para um orfanato.”

“Ela se chamava Lillian. Lillian Evans.”

“Seu irmão está em Hogwarts”

– Sua tia mandou avisar que voltará amanhã para terminarem a conversa. – gritou a diretora, do outro lado da porta. E pelo tom da voz, podia jurar que ela estava se divertindo.

– Me deixa em paz! – exclamei e um vaso explodiu.

Eu tenho que sair daqui... Esse lugar nunca foi minha casa... Nunca! Estava decidido, eu sairia daquele lugar e nunca mais voltaria.

Querida Minerva,

Não sabe o quanto sinto sua falta, principalmente hoje que discuti com a minha “tia”. Ela me ofendeu e machucou de tal forma que nunca irei perdoa-la. Portanto, deixarei o lugar horrível que me encontro ainda esta noite. Minha intenção é procurar abrigo no Caldeirão Furado, algo que será bem difícil, afinal, não faço ideia de como chegar até lá.

Minha cabeça está confusa e mil hipóteses passam por ela, uma mais improvável que a outra. Todas as mentiras que me foram contadas e todas as injustiças cometidas me atingem com força. Pela primeira vez, não sei o que fazer ou pensar...

Desculpe-me te incomodar com más notícias, mas foi a primeira pessoa que lembrei... Eu adoraria receber uma carta sua em resposta, talvez algum consolo... Qualquer coisa...

Com carinho,

Violet Prince.

Assim que terminei de escrever, enrolei minha carta no pezinho da minha coruja e pedi que levasse até Hogwarts urgentemente. Logo que ela partiu, arrumei minhas coisas e esperei todos adormecerem. Por volta de 21 horas resolvi descer, o silêncio reinava na grande mansão. Com uma cópia da chave que fiz anos atrás, abri a porta e sai.

Assim que cruzei os grandes portões, senti-me livre novamente e, sem uma direção definida, sentei-me na calçada e comecei a chorar. Minha cabeça ainda estava dolorida, meus olhos inchados, minha voz praticamente não saia. A chuva caia impiedosamente, assim como o vento frio chicoteava meu rosto, que ainda doía pelos tapas.

– Meu mundo desabou completamente...

De repente, um ônibus cruzou a esquina e parou na minha frente. Um rapaz de aparentemente 25 anos saiu e começou a ler um papel.

– Bem-vindo ao ônibus Nôltibus Andante, o transporte de emergência para bruxos e bruxas perdidos. Basta esticar a mão da varinha, subir a bordo e podemos levá-lo aonde quiser. Meu nome é Stanislau Shunpike, Lalau, serei seu condutor por esta noite e... – começou o rapaz, parando assim que pousou os olhos em mim - O que aconteceu com você?

– Como? – ainda estava um pouco atordoada, minha visão permanecia embaçada pelas lágrimas.

– Você não tem guarda-chuva não? – debochou – Você está péssima...

– Ah isso... Bom, é complicado... – confessei, um tanto corada pela condição que me encontrava.

– Qual é o seu nome? – perguntou.

– Violet Prince. – respondi – Então... Este ônibus pode me levar a qualquer lugar?

– Isso aí, qualquer lugar que você queira desde que seja em terra. É imprestável debaixo da água... Você fez sinal para a gente parar não fez?

Não.

– Sim. – falei rapidamente - Quanto é pra me levar até o Caldeirão Furado?

– Onze sicles, mas por quatorze você ganha chocolate quente, e por quinze um saco de água quente e uma escova de dente da cor que você quiser. – acrescentou, com um sorriso no rosto - Este é o nosso motorista, Ernesto Prang.

É impressão a minha ou ele está sorrindo demais?

Por sorte tinha um saquinho com sicles na bolsa, então, peguei os onze e entreguei ao rapaz, que desceu do ônibus para me ajudar com a mala.

– Obrigada.

– De nada. Não é sempre que uma bruxinha tão nova se perde e fica nesse estado.

– Eu nunca fui igual às outras.

– É... Dá pra perceber. – riu.

Assim que me sentei o ônibus começou a se movimentar rapidamente. Como os trouxas não veem isso?

– Desculpe o comentário, mas... Você lembra muito um garoto que ajudamos em outubro...

– É? – perguntei, sem ânimo para conversar.

– Harry Potter. – falou, orgulhoso. – Conhece?

– Mais do que imagina...

– Só que ele não estava chorando ou todo molhado – tentou brincar. - Vocês são amigos?

– Mais que isso.

– Namorados? – perguntou Lalau, ainda confuso.

– Irmãos.

– Irmãos?! De verdade? Mas você não falou Violet Potter...

– Não falei porque não sou uma Potter. – vendo a confusão em seus olhos, continuei – É uma história bem complicada...

– Então tá, irmã do Potter. – brincou.

– Segurem! – gritou o motorista, Ernesto.

Poucos segundos depois paramos em frente ao Caldeirão Furado. Lalau me ajudou com minha mala e deu-me a mão para descer.

– Obrigada – falei, com a voz ainda falha.

– Estou às ordens senhorita. – brincou – Boa sorte.

– Digo o mesmo...

– Boa sorte por quê?

– Ernesto – sussurrei.

– Ah!! É, eu preciso... – gargalhou. – Tchau Violet. – despediu-se

– Tchau Lalau.

Logo que entrei no Caldeirão Furado encontrei com um bruxo atrás do balcão.

– Com licença, você poderia arranjar um quarto pra mim, por favor? – perguntei delicadamente.

– Claro! – respondeu, assustando-se com a minha aparência deplorável.

Por que ele fica me olhando desse jeito? Estou tão ruim assim?

– Qual seu nome mocinha?

– Violet Prince.

– E quanto tempo pretende ficar Srta. Prince?

– Eu... – não tinha pensado nisso – Eu ainda não sei...

– Tudo bem, não precisa se preocupar com isso agora. – piscou, entregando-me uma chave – Precisa de ajuda com sua mala?

– Se não for incômodo...

– Claro que não. – garantiu – Vamos, eu mostro onde fica seu quarto.

Com minha mala em mãos, o homem conduziu-me até o andar de cima e mostrou meu quarto, deixando-me sozinha com meus pensamentos. Novamente, chorei. Toda a frustração e a raiva que sentia foram substituídas por dor e tristeza.

“Num impulso fui até o orfanato e ganhei sua guarda... Foi tão fácil...”

“Não passa de uma garota abandonada pela mãe covarde que sentia vergonha e repulsa por ter engravidado!”

“Arrependo-me amargamente de ter te tirado daquele buraco de trouxas!”

“Você nunca deveria ter nascido!


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Notas finais do capítulo

Surpresos??
Qual a intenção da Bella em contar essas "meias-verdades" para a Violet? O que a Minerva fará quando receber a carta??
Não percam o próximo capítulo ^^