O velocímetro endoidava e as arvores que margeavam a pista eram apenas borrões à velocidade que eu estava, mas simplesmente parecia que eu nunca estava rápido o suficiente.

Eu precisava chegar logo a Seattle, antes que um surto de consciência me invadisse e eu girasse o volante em busca de uma capotagem.

As primeiras casas começaram a aparecer e logo a cidade tomou forma à minha frente. Eu fui obrigado a reduzir, mas ainda procurava em desespero a casa dela.

Eu a vira uma vez só, a noite,  mas ainda lembro dos pontos de referencia. Afinal eu não bebera aquela noite. Então foi relativamente fácil encontrar. Restava saber se ela estaria ali. Se iria querer me ver. Se iria querer me ajudar... mas eu preferia não pensar nisso agora. Era melhor começar apenas tocando a campanhia.

Para minha surpresa e felicidade (palavra irônica para mim nesse momento...), um rosto conhecido foi que atendeu.

-Cullen?!! O que você esta fazendo aqui?!!

Eu ri para a cara de espanto dela. Não foi uma risada feliz. Soou-me... Amargurada...

-Ola, Irinia. Eu vim porque preciso ver a sua irmã. Ela está ai?

Passado o susto, Irinia me conduziu ate a sala de estar. Eu esperei ela ir chamá-la. Tânia desceu pouco depois.

-Edward? - Ela parecia que já fora informada que era eu. Estava mais curiosa que chocada.

-Ola, Tânia.

-O que houve? - Indagou, me cumprimentando.

-Eu preciso conversar. E nenhuma das pessoas de Forks podem me ajudar agora. Eu pensei em você. Mas se você não puder, eu vou entender. É só que eu to meio nervoso e...

A risada dela me interrompeu. Percebi que eu começava a tagarelar.

-É claro que eu posso conversar com você, Ed. Que bom que você sabe que pode contar comigo.

Eu sorri um pouco. Mas ainda estava muito infeliz pra conseguir sorrir de verdade.

-Tem algum lugar onde possamos conversar traquilos e sozinhos. É uma historia bem complicada.

-E pela sua cara deve ser muito triste também. - Eu apenas assenti. - Então espera so um segundo.

Tânia subiu as escadas e desceu com outra roupa. O vestidinho vermelho fora trocado por uma calça jeans cinza e uma blusa de gola alta e sem mangas rosa. No lugar das rasteiras, botas cinza de camurça, sem salto. E também um casaco preto. Eu não sou cego. Ela estava linda.

Ela me guiou ate um pequeno parque ali próximo, a apenas quinze minutos da casa dela. Fomos a pé mesmo.

Sentamos embaixo de um carvalho que parecia estar ali a mais tempo que a própria cidade.

-Agora, fale.

Respirei fundo.

-Você se lembra da Isabella, a que eu te falei naquele dia. Na boate em que a gente se conheceu, lembra?

Ela apenas assentiu.

-Pois, é. Ela ta grávida.

-Sério?!! - Ela deu um pulo. Parecia que tinha visto o papai Noel em pessoa. Se animou instantaneamente. - Awn, Edward! Que maravilha!! Meus par...

-E não é meu.

Ela pareceu um balão de gás, quando você o fura com uma agulha. Murchou na hora e me olhou de olhos arregalados.

-Mas... Como? Vocês nãos estavam juntos? De quanto tempo é? Como você descobriu?

Ela despejava perguntas em cima de mim. Eu pus um dedo em seus lábios e ela calou a boca.

-Estávamos sim. E, pelas contas dela, ela engravidou no dia em que aceitou namorar comigo. Ou seja, ela me traiu assim que começamos a namorar. Ela me contou. Acho que queria me contar algo, mas eu fiquei com tanto ódio, que nem ouvi.

-E você sabe quem é o pai?

A lembrança daquele fatídico momento foi como uma faca no meu peito. A dor e a decepção me rasgaram novamente. Eu respirei fundo e falei baixo.

-Emmet, irmão do Jasper.

Se ela não estivesse sentada, teria caído. Eu ia explicar quem era Jasper, mas, pela cara dela, ela lembrava.

-Mas... Ele não era seu amigo?!!

-Oh, sim! Ele era. Era o meu melhor amigo. - Eu fitei a grama embaixo de mim. Minhas palavras destilavam sarcasmo, numa tentativa frustrada do meu corpo de expulsar pelo ar de meus pulmões a dor que sufocava meu coração.

Senti quando os braços de Tânia envolveram meus ombros. Eu recostei no seu pescoço e deixei as lagrimas escorrerem.

Não chorei por muito tempo. Eu já não tinha mais o que chorar.

Eu levantei o rosto e a fitei.

-Obrigado. - Sussurrei.

Ela apenas sorriu de leve, e levantou a mão, passando os dedos por meus cabelos, parando com a palma em meu rosto.

Eu a olhei nos olhos.

A partir daí, eu não sabia mais o que estava fazendo. Meu rosto, de modo automático, se aproximou mais do dela. Eu a vi fechar os olhos e fiz o mesmo. em seguida, nossos lábios se encontraram em um toque suave e cálido.

Minha língua pediu passagem e Tânia abriu a boca. O beijo foi ficando cada vez mais profundo. Eu me projetei sobre ela, que acabou deitando na grama, comigo por cima.