Give Me Love – Novatos escrita por Giulia Bap


Capítulo 27
Capítulo 26 – New York III


Notas iniciais do capítulo

Apenas eles se estabelecendo de volta em NY, já que eu enrolei tanto ahsuhaushaush. Espero que gostem. *-*



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Não quis de verdade me soltar do abraço, como se meu coração estivesse completamente exposto longe do de Igor. Mas eu precisei. Não sei se o sentimento, além de perigoso, é recíproco. Não sei se o loiro está apegado a mim tanto quanto sinto que estou aproximando-me dele. Pior para nós, sei que estou destinada a dar adeus do prólogo ao epílogo. Talvez um de nós dois morra. Não quero imaginar qual, mas um mundo onde Igor e Henry não respirem não é um mundo onde quero viver.

Sei que o ruivo está vivo. Sinto que, se não estivesse, Caroline teria dito e poupado-me de qualquer resquício de alegria. Impressionou-me, porém, a fúria que guardara para mim. Uma mulher que, quando vi pela primeira e última vez antes do encontro, estava morta.

E ela conhece Gaia. Depositar minha confiança naquela baixinha não fora um bom negócio. Sabendo que Caroline está viva e muito bem, deveria saber que Laura também está. E não contou nada. Deixar-me descobrir de maneira nada sutil, logo depois de ter apaixonado-me pelo possível namorado de “Abigail”. Impeço o ódio de reaparecer e cravar suas garrras em meus ombros, podando todas as possibilidades de cegar-me de novo.

Pagamos para alguns moradores de rua moverem um colchão para o beco e arranjarem algumas ferramentas. Nós mesmos nos encarregamos de descer tudo para o “esconderijo” e colocar um cadeado na porta de metal verde-musgo. Há uma outra pequena porta dentro do salão que começa no chão e termina pouco acima de minha cintura. É um elevador de comida, mas onde facilmente caberiam duas pessoas – até mesmo por estar quebrado dos lados, dando espaço para esticarmos as pernas. Leva-nos para uma varanda apertada e pouco iluminada, com um parapeito pouco seguro. A mira de lá é perfeita, tanto quanto a que eu tinha pela janela do apartamento.

Eu e Igor criamos uma tabela com os horários. Enquanto eu durmo, ele reveza entre atirar flechas de dentro daquele terraço nada confortável e, às vezes, descer para se certificar de que estou bem e livre de pesadelos. Faço o mesmo com ele, e frequentemente o encontro tremendo, gritando ou socando o colchão durante o sono. Então sento-me ao seu lado e tento fazê-lo acordar com tapas tênues nos ombros, mexendo nos cabelos loiros ou falando alto. Hoje é um desses dias.

Estou com o joelho direito no parapeito, o outro apoiado no chão de cimento. Estico a corda e tensiono meu corpo para atirar. É uma jovem garota, de vinte e poucos anos. Tem olhos negros, pele morena e cabelos castanhos, seus sentimentos, os pensamentos mais confusos que cruzam sua mente, tornam-se meus por um momento. Insegura, teme tropeçar a cada passo. Não para de mexer nos cabelos que estão um pouco oleosos e rebeldes. Mora com os pais por não poder pagar um aluguel sozinha. É estudante em tempo integral, pouco tempo tem para arranjar um emprego. Trancou sua matrícula na faculdade por dois anos para fazer intercâmbios. É solitária de um jeito que nem eu conseguiria ser. Tem amigas, mas não há nada que substitua um amor de verdade; esse pelo qual ela só pervagou uma vez, mas como passageira, e não motorista.

Meus músculos relaxam-se ao notar um franzino e pálido garoto, de cabelos igualmente castanhos e olhos azuis. Usa óculos, roupas com estampas engraçadinhas – oh Céus, isso me traz lembranças horríveis – e tem a postura perfeita para alguém de corpo tão magro. Por um instante, a morena está olhando para ele. É um relance, o suficiente para que eu consiga atingí-la. Para quem discorda da mudança na personalidade causada pela paixão, a insegura garota toma coragem gagueja algumas palavras confusas, fazendo o garoto parar no meio da calçada e sorrir para ela. Acho que elogiou a camiseta. Eles começam a andar na mesma direção, agora. Conversando, rindo, seus corpos em atrito cada vez que um dos dois é empurrado pela multidão.

Encolho-me no elevador e pressiono um único botão prata que leva-me para o salão. Igor está lá, em seus usuais pesadelos. É diferente dos outros, porém; seu rosto está molhado, quando seu corpo vira-se para cima, as lágrimas começam a escorrer para a lateral da cabeça e caem no travesseiro. “Hey.” Sussurro perto de seu rosto, apertando seus braços nus entre meus dedos. O garoto veste uma regata e calças jeans, agora que foi obrigado a largar seus suéteres impecáveis. Depois de se debater um pouco, mantendo-me afastada, ele abre os olhos embargados. “Eles devem estar preocupados comigo. Perderam dois filhos.” Diz, levantando-se e segurando meu antebraço. “Seus pais? Sim, mas… Mas eu prometo que te levarei de volta para eles sem um arranhão sequer.” Sorrio, prometendo algo que não tenho certeza de poder cumprir. Igor ri, encarando-me com intensidade. Mal posso sustentar seu olhar. “Não se preocupe comigo. Que horas são?” “Uma da manhã, talvez?” Tento lembrar-me de como o tempo passara tão rápido.

“Então é minha vez, durma.” Levanta-se num pulo. Pega um dos arcos rústicos que fez com a madeira e as ferramentas que conseguimos e entra no elevador.


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Notas finais do capítulo

COME BACK... BE HERE - TAYLOR SWIFT
http://www.youtube.com/watch?v=LKZYssbD9zM