Give Me Love – Novatos escrita por Giulia Bap


Capítulo 24
Capítulo 23 – Pesadelo


Notas iniciais do capítulo

Yaaaaaaaaaaaaaay girls :3.
Espero que gostem do capítulo!



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Sinto-me como um recém-nascido. Reaprendendo a respirar, falar ou esboçar qualquer reação que não inclua chorar. Igor guia o taxista e não olha para trás, eu agradeço-o mentalmente por isso. Não preciso de atenção agora. Até o barulho do pneu rodando no asfalto me enjoa e agrava minha dor de cabeça. Largo o desenho dentro da caixa de papelão, mal conseguindo segurá-lo com as mãos já trêmulas. Não estou realmente triste. Ou brava. Ou qualquer um desses sentimentos já conhecidos. Estou perplexa, em dúvida. Presa numa estática sem fim, que me faz ofegar como se não houvesse ar suficiente no mundo para encher meus pulmões.

Não há lógica em nada. Definitivamente nada. Por que o desenho que eu dei para Laura estaria dentre as coisas de Abigail? A pergunta é ridícula, porque eu sei a resposta. Uma resposta tão ridícula quanto a pergunta, tão sem lógica quanto minha vida, mas… Bem, Abigail e eu compartilhamos dos mesmos traços. Mesmo sorriso. Mesmos olhos. Mesmos cabelos loiros e frisados…

É loucura começar a desejar loucamente que sua irmã esteja mesmo morta?

Eu vi o corpo de Laura e, bem, isso foi antes. Bem antes de eu conhecer Henry e ouvir os gritos de sua namorada estressadinha. Droga de nó na garganta. Se isso for mesmo verdade, eu devo dizer que tudo toma outra forma agora. Estou dividida entre esperança e ódio. A esperança é uma voz fina e fraca que acena em minha consciência, enquanto o ódio se espalha por minhas artérias tão rápido como o oxigênio. Tateio meus bolsos atrás da foto amassada. Estou encarando Henry, os braços por sobre os ombros de “Abigail”, abraçando-a e prendendo seu corpo para impedir uma iminente fuga.

Desestabilizada, fragilizada de um jeito que nem eu mesma consigo entender, não pude olhar bem para ela. Laura. Os olhos cinzentos transmitem uma sinceridade que agora percebo ser irracionalmente falsa. Doce. Amável. Contente. Viva, como não deveria estar. A aparente simpatia de Henry por mim era o amor que sentia por ela impedindo-o de me tratar mal. Porque eu sou a cópia. Laura quebrou seu coração e o estrago é irreversível. Eu acho. Laura é a dona dos pensamentos em preto-e-branco de Henry, dona dos sentimentos neutralizados. Mas por que ele não me disse nada? Nada como “você é uma duplicata de Abigail”. Porque essa seria uma reação normal.

O táxi para bruscamente quando Igor aponta para fora, para um prédio de míseros quatro andares, e diz “É aqui.” Procuro retomar o controle de meus membros e barrar a vontade de chorar para sair do carro, o loiro se apressa e me ajuda, empurrando a caixa para debaixo do banco. “Pode nos esperar?” Pergunto baixinho. “É bom que me paguem depois.” O homem resmunga e ambos assentimos antes de caminharmos para o edifício. “Isso aqui é residencial?” Não deveria ser, penso. Afinal, não se trata de um escritório?

Subimos até o segundo andar num elevador, que nos leva a um corredor de paredes em vários tons quentes e chão de madeira. 400, a porta bem em frente a nós, batemos nela diversas vezes, já que a campainha não funciona. Por detrás dela posso ouvir o barulho de passos, sussurros, gavetas abrindo e fechando. Algo me diz que não teremos uma resposta, agiremos sozinhos. “Preciso de alguma coisa nojenta.” Murmuro. “Añh?” Igor e sua expressão interrogativa me encaram com o cenho franzido. “Vomitar. Eu… Eu engoli uma chave, preciso vomitar.” Respondo, colocando dois dedos na garganta e forçando meu estômago a se contrair. Nada. “Henry.” “Oi?” “Eu vi sua reação ao nome quando Isabel o pronunciou. Desculpa Harriet, mas você é fraca.”

Tá, eu não estava esperando por isso. Fraca. Não posso negar, na verdade. Tenho agido como um bebê chorão desde que conheci Igor. “Ok, fala.” Respiro fundo, ajoelho-me enquanto ele segura meus cabelos logo ao meu lado. “Pense nele. É ruivo, não é? Pense no sangue tingindo a pele, os cabelos ruivos, cavando sulcos por todo o rosto. Ele tenta evitar, mas está chorando. Não para de sangrar. Está com raiva de você, tudo começou com a sua chegada. Não aguenta mais, engoliu muito de seu próprio sangue, e vomita tudo aquilo. Há alguém por trás dele, surrando-o, dizendo coisas horríveis.” O loiro pausa às vezes, talvez para inventar, criar uma cena. Uma cena que eu imagino com vivacidade o suficiente para sentir-me dentro dela. Meu pesadelo. Isso somado à força que estou fazendo para conseguir a chave de volta, resulta em uma poça de bile. E, graças a Deus, um pedaço de metal melado e fétido. Ainda assim, o pedaço de metal de que preciso.

Rasgo um pedaço da malha de minha blusa e uso para limpar ômega, antes de usá-la para abrira porta número 400. “Fim da dúvida.” Sussurro para mim mesma antes de dar uma olhadela no quartinho. Há um divã no centro, uma luminária, um criado mudo e uma poltrona amarrotada. Alguém estava sentado ali agora mesmo.

“Sai daqui.”


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Notas finais do capítulo

EVERYTHING HAS CHANGED - TAYLOR SWIFT FT. ED SHEERAN
http://www.youtube.com/watch?v=w1oM3kQpXRo



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