Give Me Love – Novatos escrita por Giulia Bap


Capítulo 20
Capítulo 19 – Drama


Notas iniciais do capítulo

Eu sou tão chata, fazendo notas enormes e forçando vocês a lerem elas -q. A nota hoje é só pra dar as boas vindas à Alice. E, bem, espero que gostem do capítulo *-*.



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“Deve ser difícil.” Igor diz depois de um longo tempo. Estamos caminhando pelo arenito, mudos, quase invisíveis. Equilibro-me no meio-fio enquanto seguro sua mão esquerda para não cair. “É. Eu me pergunto todos os dias se vale a pena.” Respondo com sinceridade. Se preciso ajudá-lo, o único modo de fazer isso é não mentindo. “E vale?” Ele para, eu largo sua mão e continuo andando nos blocos de concreto que separam a pista da calçada. Por fim, cede e vai atrás de mim. “Depende. Não valeu a pena ser sincera com Henry.” Cito o nome do ruivo em voz alta pela primeira vez. “Mas ele ia descobrir sozinho.” Responde. Considero a hipótese, mas logo a descarto. “Não. Aquele idiota passa tempo demais chapado e hiperativo por conta de uísque e cafeína para distinguir sonho de realidade sozinho.” Só me dou conta da rispidez de minhas palavras depois de dizê-las. Arrependo-me quase imediatamente, mas existe ódio crescendo em mim. “Então como você se apaixonou por um cara desses? Como você sabe que ele pode ser melhor que um imbecil?”

A pergunta faz sentido. Eu fiquei perto de Henry por quanto tempo mesmo? Quatro dias? Clichê. Eu sou um enorme clichê que anda. Aqui estou eu, morrendo por alguém que odeio. A cada dia mais sinto raiva de Lois Lane e sua tendência suicida. E a cada dia estou mais longe de deixar de amá-lo. Quero socar sua cara e beijá-lo, logo em seguida. “Porque ficar perto dele me fazia sentir melhor que uma imbecil.” Consigo dizer, sorrindo como boba, olhando para cima, lutando para não voltar a chorar. Como boba. “Isso está ficando meloso.” Igor revira os olhos quando o encaro. Eu estava precisando desabafar. Esquecer da loucura e pensar como uma adolescente qualquer, com todos aqueles dramas. Porque com asas ou não, sentindo calor ou não, com flechas estúpidas ou não, eu sou uma adolescente.

“E você? Não tem nenhuma loucura que queira compartilhar?” Pulo do meio fio de volta para a calçada e vou chutando algumas pedrinhas no meu caminho. “Não!” Lacônico, dispensa minha oferta. “Você que sabe.” Dou de ombros e continuo andando, sem perceber que ele já não está mais ao meu lado. “Não Harriet, não!” Ele grita, logo atrás de mim. O quê? Penso. Não tenho nem tempo antes de berrar o pensamento antes de ser abraçada por enormes penas pretas. Asas. Corvo. Arcanjo. As palavras ricocheteiam em meu crânio muito antes de fazerem sentido. “Harriet! Não! Droga! Harriet! Me solta, grandão!” A voz de Igor parece cada vez mais distante. Estou levitando, mas do jeito errado. Mãos fortes seguram meu pescoço quase até me estrangular. Não consigo nem sequer sussurrar, quanto mais responder ao cupido loiro. Ele reluta, tenta voar, quase me alcança. Outros arcanjos, porém, o seguram pelo pé. Sempre fazem isso.

Tento abrir minhas asas e empurrar o anjo, mas e daí? Ele é muito mais forte que eu, ainda mais agora, sem ar, fraca, quase inconsciente. Olho para baixo, Oneonta vira uma maquete conforme subimos. Mas, de repente, paramos de subir e começamos a voar na horizontal. Não estou sendo levada para o Céu, não cruzamos a Linha de Caça. Estão levando Igor também? Minha visão borra, desfoca, some. Daí volta, trazendo consigo uma forte dor de cabeça. Ofegante, busco todo o ar que posso inspirar para preencher meus pulmões, mas ainda é pouco. Muito pouco. Igor… E Henry? Os rostos se misturam e criam um só. O rosto do ruivo, do loiro, de Gaia, e, finalmente, Conselheiro.

E então, pela primeira vez desde que cruzei a Linha, penso nela. Ômega. O desespero vem junto com a palavra e tateio a chave no meu bolso. Lá está ela. Ah, droga! Eu devia tê-la deixado dentro da mala de roupas. Mas, bem, pensando melhor, se estiverem atrás da chave, vasculharão minhas coisas de qualquer jeito. Pouco tempo. Não posso deixar que a achem. Dou graças a Deus por ela ser razoavelmente pequena e finjo que estou tossindo. O arcanjo sequer me olha. Empurro a pequena chave por minha garganta com esforço, estou sendo arranhada de dentro para fora. Sinto gosto de metal e, logo em seguida, ferrugem. Tenho vontade de vomitar quando o sangue chega à minha língua, mas não posso. É uma das encrencas em que me meti sozinha, sem o empurrãozinho de Henry.

Há um enjôo, estou tonta. E finalmente, estou inconsciente.


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Notas finais do capítulo

WONDERWALL - OASIS (cover)
http://www.youtube.com/watch?v=18kBg14WpiY