Estrela da Tarde escrita por Ametista


Capítulo 4
Interligados




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/387155/chapter/4

O cheiro da fumaça doce e enjoativa ainda impregnava meu vestido quando paramos de correr, a neve e o vento uivando no meu rosto. A noite já caíra, cobrindo-nos com seu manto de escuridão. Conseguimos despistá-los fazia centenas de quilômetros, entretanto tanto eu quanto David concordamos em não descansar até termos certeza de que era seguro. Eu certamente estaria chorando, se pudesse. Como meu corpo era incapaz de produzir lágrimas, contentei-me em me encolher debaixo de um pinheiro no meio da floresta e soluçar conseguintemente. Patético, mas eu não me incomodava em prestar este papel lamentável na frente de Dave. Já havíamos visto coisas demais juntos para se importar com esse tipo de coisa.

A dor era insuportável, atordoante em seus espasmos. Queimava no gelo de meu corpo. Não devia doer tanto. Vampiros são criaturas semimortas; o coração não passa de uma pedra silenciosa escondida em algum lugar do peito. E, no entanto, lá estava eu, sentindo como se tivessem arrancado o meu com um só golpe. Abracei-me com mais força, buscando desesperadamente tapar o buraco que restou.

Joseph...se fora. Meu pai se fora. Aquele que me salvou quando eu mesma não queria ser salva. E eu, em minha estúpida inutilidade, não consegui devolver o favor quando ele mais precisou... Aqueles desgraçados o mutilaram brutalmente diante de nós, e por mais que tivéssemos lutado para ajuda-lo, seus restos agora não passavam cinzas em uma fogueira perto de casa. Retraí-me ao sentir o cheiro da fuligem no tecido.

Se eu estava mortificada, David estava além da fúria. Estava possesso, bestial. Andava de um lado para o outro, feito um furacão derrubando árvores a socos; o estrondo dos golpes fazia eco floresta adentro. Fechei os olhos, me esforçando para despertar daquele pesadelo hediondo. Mas, subitamente, o barulho se cessou – até os pássaros pareciam ter se calado. Arrepiei-me inteira. Por alguma razão, senti-me encurralada.

— Anna, olhe para mim – exigiu Dave.

Levantei os olhos, confusa, e vi que ele me encarava. Mas não como de costume. O olhar habitual de David era calmo e derretido, acalentador como o fogo da lareira em uma tempestade de inverno ou como o perfume dos carvalhos perto do lago. O olhar que ele me lançava agora gélido e duro, o dourado suave de seus olhos convertidos em ouro maciço. Engoli em seco e recuei por reflexo, as costas roçando no musgo úmido da árvore.

E então as mãos dele estavam em torno do meu pescoço, erguendo-me acima de sua cabeça. Meus pés se agitaram no ar, procurando solo firme.

— Sua culpa, Anna! Sua culpa!

Houve um estalo audível e quando tentei gritar, só entreouvi um ganido seco. Meus dedos agarraram-se aos dele, sentindo o pó escapando de seus punhos, sendo levado pelo vento. Minha pele de mármore, lisa e polida, estava trincando ante aquele aperto de gorila.

— Sua culpa, Anna... – E a voz não era mais a de David.

Virei uma boneca de trapos, de braços molengas e inúteis, ao perceber que era Joseph, e não David, me estrangulando. Ele não voltou a me acusar, mas os olhos disseram tudo. Então me despedacei em mil fragmentos e despenquei para o vazio.

 

Sentei-me no ato, trêmula e ofegante, o estrondo sequente de objetos caindo se destacando ao fundo. Minhas unhas afundavam-se no vermelho de um cobertor xadrez e somente então entendi que não era eu quem tremia, era a cama. Gemi, tocando a cabeça que doía e pesava feito uma bigorna. Devia estar usando a telecinese enquanto dormia outra vez.

Olhei entorno, naquele lugar de pouca luminosidade, procurando lembrar de onde me encontrava. Não reconhecia aquele quarto, mas estava claro que não me pertencia. Era prático demais. Comportava apenas uma estreita mesa de cabeceira com o abajur branco, uma robusta cômoda com porta-retratos coloridos e livros – os títulos eram variados, de Tolstoi à J.K.Rowling —, a cama e uma escrivaninha com computador – aparentemente, mais velho do que eu –, tudo muito simples e de madeira escura, inclusive o piso e as paredes. Fiquei de pé e caminhei até a janela, afastando a cortina – também em xadrez vermelho – para vistoriar lá fora. Aparentava ser de manhã, embora o céu se escondesse entre nuvens abrumadas e espessas. Não chovia, porém; havia até mesmo um varal com roupas no quintal. Logo atrás, a floresta se desdobrava — árvores finas e alongadas espremiam-se umas nas outras.

Que lugar é esse?, pensei, ao que baixava os olhos para minhas roupas e me dava conta de que elas também não eram minhas. Camiseta verde-escura comprida demais e um short preto curtíssimo, tudo muito desproporcional. E para ser sincera, fediam um pouco. Era como se tivessem usado os tecidos para lavar animais em algum zoológico.

Santo Deus, o quanto eu bebi noite passada? Eu não conseguia lembrar de nada, algo realmente inédito, pois eu já havia digerido o estoque inteiro de um bar e ainda fiz malabarismos com as garrafas vazias. Meus olhos lampejaram para os porta-retratos e tentei enxergar neles pistas de minha localização. Desperdício total de esforço, porque as pessoas nas fotos não me remetiam a nada. Eram apenas a coletânea de registros de um garoto até muito bonito, na verdade; pele acobreada, olhos da cor do carvão e cabelos lisos, acetinados e espetados em volta do rosto de linhas delineadas. Era difícil supor a idade; dado o tamanho podia ter vinte e dois ou vinte e três anos, mas o sorriso largo e o olhar limpo sugeriam muita inocência para tal.

Eu nunca o vi na vida... ou será que vi? Por que se aquele quarto pertencia àquele garoto...

Recuei, horrorizada com a hipótese que se formou na minha cabeça. Agarrei a camiseta, de repente enojada. Ah, não. Não, não. Por favor, Deus, por favor. Diga-me que não dormi com ele...

Antes que eu pudesse alimentar mais essa ideia medonha, ouvi um mínimo silvo no ar, que indicava que alguém muito silencioso estava se aproximando. Fiquei imediatamente na defensiva; humanos são barulhentos, batem os pés, fazem tábuas rangerem, coisas do tipo. Mas não era um vampiro. Tinha um coração pulsante. Resolvi esperar, paciente, enquanto o alguém abria a porta devagar e adentrava no quarto.

Diferentemente do que eu esperava, não era o garoto dono do quarto, mas sim uma moça. Ela era alta e magra, possuía músculos fortes e uma beleza exuberante; pele castanho-avermelhada sedosa, cabelos negros perfeitamente lisos e curtos junto ao rosto, olhos amendoados de longos cílios. A beleza, contudo, contrastava com o cheiro, que era o mesmo odor animalesco das roupas que eu vestia. Usava camisa xadrez e um jeans rasgado, o que me fez pensar qual era a da moda de lenhador. Relaxei um pouco quando vi que era a moça de uma das fotos, a abraçada ao garoto. Ela parou junto à porta, um tanto cautelosa ao me encontrar desperta.

— Oi – murmurou ela, rígida. – Está tudo bem?

Ergui a sobrancelha. Inglês? Não era todo mundo na Noruega que falava inglês.

Ou talvez eu não estivesse mais na Noruega.

Esforcei-me para não entrar em pânico:

— Oi – respondi, estando ciente do sotaque. – Espero não ofender, mas... Quem é você?

Ela hesitou, mudando o peso de um pé para o outro, parecendo incomodada. Seus olhos lampejaram para fora do quarto. Fiquei tensa quase que no mesmo instante. Mais cinco corações batiam nas proximidades.

— Sou Leah. Leah Clearwater.

Assenti. É, eu realmente não a conhecia.

— Muito prazer, Leah. Meu nome é Anna. – Achei melhor não fornecer sobrenomes. Não sabia dizer se eu tinha saído de casa com meus documentos falsos. O mais provável era que não; estava até sem minhas próprias roupas. Mas se as roupas estivessem com os documentos, era mais viável não me contradizer. – Por gentileza, pode me dizer onde estou, Leah? Não me lembro de ter chegado aqui.

O queixo dela trincou; pude ouvir seus dentes rangendo. Mostrava estar preparando uma resposta espirituosa quando senti uma pontada na cabeça, uma vertigem me tomando o corpo. O mundo ao meu redor oscilou em câmera lenta. Do nada, vi-me caída, fitando as vigas do teto.

— Anna? – Leah correu para o meu lado, alarmada. – Anna! Responde, o que está sentindo? – Sua mão pousou sobre a minha cabeça, no ponto exato onde latejava.

Franzi o cenho, surpresa com seu toque. A pele dela me parecia perfeitamente confortável, o que significava que Leah Clearwater era tão quente quanto eu... Meus dedos foram de encontro a ela e as imagens vieram. Ofeguei, os olhos saltando, arregalados de perplexidade.

La Push. A tribo Quileute. A magia dos espíritos guerreiros. Os lobos.

Lobisomens.

Como acontecia todas as vezes que eu utilizava meus poderes, meus sentidos ficaram mais aguçados. A visão se ampliou sobre os detalhes microscópicos a minha volta, o paladar reconheceu os vestígios de um sabor metálico ainda presente em meus lábios – sangue de cervo, talvez? —, o olfato distinguiu o odor de mais quatro lobisomens do lado de fora do quarto, a audição identificou o sussurro fraco e um tanto disfarçado deles.

— Alguma coisa está errada – constatou alguém mais jovem. Seth, as lembranças de Leah me deram o nome.

— Acalme-se, filho – falou uma mulher. Sue. – Você passou os últimos três dias do lado dela. Deixe Leah cuidar disso. As chances de ela reagir melhor a uma presença menos agressiva são maiores.

Três dias? Não era de se admirar que eu tivesse furos na memória.

— Então por que é a Leah lá dentro? – questionou Quil, sarcástico. – Agressividade é o nome do meio dela.

— Leah interveio em meio à batalha por ela – explicou Jacob. – Talvez a garota ainda se lembre disso.

Sufoquei nos braços de Leah, rente as imagens que vinham, mas não a larguei. Mal passado um minuto, eu tinha todas as recordações dela entre os dedos, e tinha tanta instrução das lendas quanto uma nativa da tribo. Já conhecia cada minúsculo detalhe da vida de Leah. E já sabia tudo acerca de cada lobisomem que ela tivera contato. Inclusive sobre seu irmão, Seth Clearwater. O garoto da foto. O garoto que teve um imprinting por mim.

Escutei passos apressados vindo até nós, o que significava que os outros tomaram uma decisão. Resolvi agir por impulso. Agarrei o braço de Leah e a joguei sobre o ombro na parede oposta, onde ela se chocou e em seguida caiu sobre a escrivaninha. Fiquei de pé e a janela se escancarou no momento em que pulei, dando um giro e caindo de pé no lado de fora, acima da grama. Comecei a correr rumo às árvores, meus longos cabelos ruivos se agitando no vento cortante, mas os malditos também eram velozes, até mesmo na forma humana; já estavam na varanda da choupana de madeira antes mesmo de eu ter a chance de me esconder entre os galhos.

Girei os calcanhares para eles, sabendo que tinha que contê-los antes que se transformassem. Praguejando alto, estendi as mãos para frente e apanhei dois no ar – Quil e Jacob, percebi –, bati-lhes um contra o outro ao juntar os punhos e os lancei para os lados como marionetes. Arrebentei a corda do varal com um movimento inconsciente da mão e girei o indicador na direção de Embry e Sue; a corda os envolveu e se apertou quando contraí os dedos, prendendo-os e os pendurando nas traves do telhado. Eu sabia que Embry não se atreveria a mudar para a forma de lobo com Sue tão perto. Em vez de ficarem inconscientes com o impacto, como eu planejava, Jacob e Quil se ergueram, resmungando de dor, mas visivelmente incólumes. Leah apareceu na porta da frente, logo atrás de Seth, os cortes pelo corpo se fechando aos poucos.

Seth. Seth. Minha visão se tingiu de vermelho ao lembrar do ataque na campina, o momento em que ele olhou nos meus olhos, e só piorou quando vi tudo pelos olhos dele, assim como Leah podia ver. Foi nesse instante em que entendi a possibilidade de um plano mais eficaz, meu pesadelo servindo de inspiração e o tal do imprinting como base. Brandi a mão como uma espada e o segurei pelo pescoço, suspendendo-o no ar e trazendo para mais próximo. Sue gritou, impotente, e Leah deu um passo adiante à medida em que Seth se debatia.

— Para trás, cães fétidos – rosnei, e Leah travou no lugar. – Mais um passo e ele morre. E vocês sabem bem que ele não vai tentar me impedir. – Busquei os olhos de Seth, irada. – Não é mesmo, garoto imprinted?

 Alguns deles arfaram, abismados, mas não vi quem foi. Tomei isso como indicativo de que eles compreenderam que eu não estava para brincadeiras. Atirei Seth contra Quil – que estava em uma menor distância – e finquei o pé na grama; uma pepita de ouro bruto do tamanho de um punho se remexeu nas profundezas e saltou da terra. Peguei-o em um único movimento e joguei para Leah, que apanhou por reflexo antes que caísse.

— Isso deve cobrir os gastos de todos os danos que causei com uma boa folga – expliquei, cortês e educada, mas indiferente. Eu detestava dever qualquer coisa a alguém. – Se me derem licença, vou ao encontro do meu irmão.

— Seu irmão esteve aqui – interveio Jacob, provavelmente tentando me acalmar, parando de modo protetor ao lado de Quil e Seth.

Foi uma boa tentativa, mas não acalmou.

— Sei muito bem que Edward esteve aqui, Jacob Black, mesmo que vocês tenham limpado o cheiro do quarto – rebati, o que os fez se entreolharem, questionando o meu grau de conhecimento. – E que somente não me levou junto com ele por medo de eu ocasionar mais estragos se me tocassem. Agora a minha intenção, é claro, é anunciar que acordei. E se vocês forem espertos, não vão me seguir.

Seth tomou a liberdade de se achegar com um passo, de súbito mostrando-se muito sério. Perguntei-me se, mesmo ele sendo obrigado a me oferecer o que eu supostamente precisava, ele tinha noção do que era uma periculosidade à própria vida, porque me afrontar naquele estado de nervos com certeza era.

— Você está sob nossa custódia. É nosso dever escoltá-la até os Cullen.

Não me impressionei:

— É, conte essa para outro. Além do mais, eu conheço muito bem o caminho.

Quil não parecia tão paciente quanto Seth. Prostrou-se junto ao ombro de Jacob, feito uma gárgula, e semicerrou os olhos.

— Pois é, percebemos muito bem que você sabia para onde estava indo quando a interceptamos.

— Acredite no que digo, Quil Ateara – pronunciei o nome debochadamente, da mesma forma majestosa com que ele costumava se apresentar –, conheço o caminho tão bem como a alcateia conhece os seus pensamentos. Afinal, Leah me mostrou tudo o que eu precisava saber, mesmo que ainda não tenha se dado conta disso. Bem, vocês estão avisados. Até mais ver, vira-latas. – E dei-lhes as costas, correndo para dentro da floresta sem olhar para trás.

— Espere! – pude distinguir Embry gritando, já muito longe. – Não vai nos desamarrar?

Mal deu para escutar os palavrões que serviram de resposta, os sons vivazes da floresta os abafaram. Coelhos se escondiam sob os arbustos, esquilos colhiam sementes, pássaros cantavam ao alto. Passei zunindo ao lado de um cervo, o que me fez pensar no gosto em minha boca. Franzi a testa, estranhando o sabor. Fazia anos que eu não chegava perto de qualquer coisa crua, que dirá sangue – uma das grandes vantagens da meia-humanidade, ter variedade quanto as opções de alimentação. Mas ao que parecia os lobinhos não sabiam disso; vi pela mente de Leah que andaram me alimentando com sangue de caças no tempo em que fiquei desacordada.

A casa dos Cullen não ficava muito distante da reserva indígena, apenas a alguns quilômetros da fronteira que delimitava o famigerado tratado. A fronteira em si era um grande hiato na terra; uma depressão pedregosa e coberta de musgo por onde águas borbulhantes se esgueiravam – devia ser o mesmo rio que escutei antes de me encontrar com os lobisomens. Saltei por ele facilmente, pousando como um gato do outro lado e continuei correndo, sabendo que faltava muito pouco para chegar ao meu destino. A silhueta imponente da casa surgiu detrás de uma colina e de um pequeno rio; as linhas contemporâneas de vidro e madeira contrastavam com a rusticidade de todo o verde do entorno.

Virei uma estátua viva no lugar ao ver que todos estavam do lado de fora da casa, esperando. Deduzi que Alice previu minha chegada – ou viu o futuro sumir, já que híbridos eram indiferentes à ela – e os advertiu. Puxei o ar com força para os pulmões, subitamente nervosa. Era agora ou nunca.

Edward estava na linha de frente, aparentemente ansioso demais para agir de outra forma, com Bella se posicionando logo no flanco esquerdo dele, abraçada de maneira protetora à Renesmee, a mão pousada de modo suave acima do ombro do marido — vagamente dei atenção ao anel oval no seu dedo, apesar de eu saber que pertencera a minha mãe. Para quem visse, mostrava ser apenas um toque de apoio, mas eu havia sondado demais acerca daquela família para entender que Bella o estava protegendo com seu escudo. Ao que tudo indicava, os lobos andaram espalhando que eu era perigosa.

Os demais, Esme, Carlisle, Alice, Jasper, Rosalie e Emmett permaneceram um pouco atrás, à esguelha, somente observando. E aguardando.

Aproximei-me devagar; não pretendia assustá-los ou coisa do tipo. Ou assustá-los mais. Mesmo que tentasse esconder em sua máscara pétrea, Edward estava hesitante quando parei a um metro dele, esquivo. Parecia, assim como eu há dias antes, considerar que tudo não passava de um truque.

Ele não mudou muito desde o começo do verão de 1918, a última vez que nos vimos. Embora trajado à moda atual, de jeans, suéter azul e blazer caramelo, ainda tinha a aparência e a postura conservadora do jovem cortesão de boa família que um dia foi. O rosto de anjo ainda continha as linhas angulosas herdadas de nosso pai, que faziam com que as moças solteiras passeassem com frequência na rua de casa somente na esperança de encontra-lo. O corpo detinha os mesmos músculos firmes que me renderam muitas “colegas” quando completei certa idade para passear sem supervisão no parque. As únicas mudanças em Edward foram de fato a pele e os olhos, que já não eram verde-esmeralda como os de nossa mãe. Ou como os meus.

Ele esperou, paciente e desconfiado, enquanto eu fazia essas constatações minuciosas, certamente as lendo em minha cabeça e compreendendo que eu era de verdade Anneliese Emmeline Masen, sua irmã. Edward arregalou os olhos quando pensei em meu real nome completo – e quando ele percebeu que eu conhecia o seu poder. Seu rosto assumiu uma expressão engraçada, a mesma expressão de susto que fizera quando me flagrou nadando – de noite e quase sem roupas – no lago perto de casa, aquele que desaguava no Rio Camulet. Na ocasião eu menti dizendo que estava sozinha, quando na verdade estava junto de minhas melhores amigas, Gwendolyn e Catharina – as únicas garotas do bairro que não pareciam nutrir qualquer sentimento amoroso por meu irmão mais velho –; afinal, eu conhecia Eddie o bastante para deduzir que ele não me delataria se não houvesse mais ninguém envolvido. Lembro de arrumar o vestido às pressas – sem perceber que estava do avesso – enquanto Gwen e Cathy se escondiam...

Não pude deixar de rir com a reação de Edward ao recuperar essa lembrança; era a mesma daquela noite.

— Ora, vejam. Você não mudou nada, meu irmão. Está com o mesmo olhar de idiota de sempre.

Edward franziu a testa, como se tentasse decodificar as palavras. Então jogou a cabeça para trás em uma gargalhada alta e barulhenta. Sorri, ao que os outros Cullen, por sua vez, relaxaram. Mal dei atenção a isso, entretanto. Somente consegui agarrar-me ao momento em que meu irmão me puxou para ele e me abraçou como se nunca mais fosse me soltar.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Por favor, se estiverem gostando, comentem :) (Anna morde, mas eu não)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Estrela da Tarde" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.