Estrela da Tarde escrita por Ametista


Capítulo 29
Visitantes


Notas iniciais do capítulo

Maaaaooooeeee
E esse chá de silêncio aí pra mim?
Tô de olho, hein!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/387155/chapter/29

Fiquei tão surpreso com o flagrante que meu corpo inteiro entrou em estado catatônico. Não consegui piscar, respirar ou mover um músculo que fosse – nem mesmo para cobrir minha nudez exposta para quem quisesse ver. Já Anna, em compensação, se retesou e abriu os olhos como se tivesse levado um chute, a expressão de uma lucidez atípica ao se endireitar na cama com um movimento alerta.

— Alice! – guinchou, tardiamente puxando o lençol sobre os seios. – O que está fazendo?

— Que tal salvando o seu traseiro? – A vampira atirou algo entre as minhas pernas, que demorei a entender que eram as minhas roupas emboladas umas às outras. – Vistam-se, coelhinhos, não temos muito tempo! – E sumiu no corredor.

Anna ficou de pé, me encarando de cenho franzido e com os cabelos desgovernados. Seus olhos então perderam um pouco o foco e ela ofegou, correndo feito um raio para o interior do closet e retornando inteiramente vestida e recomposta em questão de segundos. Foi o rastro de urgência que entrevi no seu olhar me arrancou do estupor – saltei do colchão e coloquei minhas roupas enquanto a seguia para fora do quarto rumo a sala, as luzes se acendendo à medida que íamos passando.

Alice nos aguardava na base da escada, a fisionomia carrancuda e reprovadora contrastando com o amplo sorriso afiado de Jasper, parado tranquilamente logo atrás dela. Ambos estavam usando trajes de gala, o que de início achei estranho – até me lembrar que eles deveriam estar no casamento dos Denali. Nas mãos, ela trazia meu muito surrado par de tênis, que me entregou sem dizer uma única palavra.

— Não posso acreditar que você não os viu chegando, Anna – sibilou em repreensão. – Quanta falta de responsabilidade.

— Desculpe, eu estava...

— Distraída – completou Jasper, sardônico. – Foi exatamente o que eu disse a ela.

— Como se eu já não soubesse. – Alice bufou. – Só existem duas coisas capazes de distrair um vampiro, e todos nós sabemos que você não caça. – Sua sobrancelha fez um arco insinuante. – Quando os vi assustados na floresta e o futuro desaparecer depois de um uivo, percebi depressa que não era você que os tinha interceptado. Até tentei ligar, mas essa sua porcaria de telefone só caía na caixa postal.

Senti que Anna me fitou de esguelha antes de responder, provavelmente me ouvindo criar especulações sobre aquela conversa e questionando o porquê de eu estar tão sossegado, até mesmo assobiando para amarrar os tênis. Mas tinha certeza de que não era nada grave – Jasper não estaria naquela paz imaculada, caso fosse um problema de fato.

— Se não os vi – ela começou na defensiva, checando o celular antes de devolvê-lo ao bolso do jeans –, é porque estou monitorando nossos amigos da Itália.

Jasper riu.

— Querida, se você estava monitorando alguma coisa, era algo dentro das calças do Seth.

Meu sangue queimou por debaixo da pele, entretanto Anna não se deixou intimidar.

— Sério, Jazz? – Ela cruzou os braços. – Em geral, espero esse tipo de piada de Emmett, não de você.

— Ah, não. Pode apostar que Emmett vai fazer piadas bem mais sujas sobre aquilo . – Ele apontou para cima, se referindo ao quarto em ruínas.

Em vez de retrucar à altura, como pensei que faria, Anna se encheu de um súbito horror. Sua postura ficou mais ereta no lugar e ela prendeu a respiração.

— Edward já está voltando também? – esganiçou baixinho.

Alice lutou sem sucesso para reprimir uma careta:

— Edward estava do meu lado quando tive a visão. Não tive tempo de tentar esconder. Ele não parecia nada feliz quando entrou na Ferrari, tanto que por isso, na metade do caminho, Jasper e eu descemos do Mercedes e viemos correndo para evitar um possível flagra impactante. – Ela me analisou de cima a baixo. – E, olhe, eu diria acertamos em cheio.

— Não parecia nada feliz – Anna repetiu devagar, estupefata. – Que belo eufemismo. – Seu corpo se voltou para mim. – É, acho que é hora de você dar o fora, garoto-lobo.

Procurei não censurá-la com um olhar severo.

— De jeito nenhum – grunhi em tom firme. – Que espécie de cara eu seria se fugisse?

— Um cara vivo? – Jasper sugeriu.

Ignorei-o.

— É esse julgamento covarde que você tem de mim? – exigi saber, trazendo minha indignação à superfície enquanto a encurralava na parede.

O verde-esmeralda de seus olhos escureceu quando ela os entrecerrou em fendas.

— Muito pelo contrário, acho que você é a pessoa mais corajosa que já conheci na vida – respondeu bastante séria e não tive dúvidas de sua sinceridade porque ela tinha no rosto aquela mesma expressão milenar que me deixava incomodado. – Só que às vezes a coragem beira à estupidez, e estou na dúvida se você aprendeu a diferença.

Mal ela havia terminado de falar, um carro em alta velocidade na rodovia arrastou com os pneus contra o asfalto ao fazer uma curva ruidosa. A sensação foi a mesma de escutar um caçador engatilhando a espingarda antes de correr floresta adentro – e, por experiência própria, esse não era um som nada, nada agradável.

Talvez ela tivesse razão.

— Tarde demais – cantarolou Alice. – Os outros estão chegando.

Anna pegou na minha mão.

— Venha comigo.

— Já disse que não vou fugir do seu irmão, pimentinha. – Puxei meu braço em educação.

— Você não vai, mas eu vou – ela retorquiu, desvencilhando-se de mim até parar na porta de saída. – E já que estamos falando de estupidez, preciso da sua ajuda para impedir que seus irmãos cometam uma. – Com um movimento do queixo, indicou para que eu a seguisse. – Vamos, rápido.

Suspirei, os ombros relaxando apesar de me sentir contrariado. Éramos peritos nos pontos fracos um do outro, e eu não ia fingir que não estava vendo ela se aproveitando da minha curiosidade para vencer o impasse. Em termos diferentes, eu teria teimado e permanecido ali por orgulho, mas meus irmãos estavam envolvidos, então eu tinha que saber do que se tratava. Alcancei-a nas margens do rio e a trouxe para perto quando ela nos levitou entre as árvores, o mundo se transformando em um borrão negro à proporção que avançávamos sentido sudoeste.

— Quem são esses visitantes? – sondei à certa altura, ciente de que ela estava lendo meus pensamentos e esperando precisamente por isso.

Notei-a dobrando os lábios para reprimir um sorriso faceiro.

— Os brasileiros. Lembra do que falei sobre como vim parar em Forks?

— Você leu os pensamentos daquele híbrido, não foi? Qual é mesmo o nome dele? – Estalei os dedos à procura do nome. – Nathaniel, Nathiel, Noel...?

Nahuel, sim. Ele é um velho amigo meu. Morei com ele e a tia por um tempo na década passada.

Fiquei quieto por um momento, olhando-a pelo canto do olho.

— Morou, é?

Se Anna percebeu o ciúme controlado na minha voz ranzinza, não demonstrou. Continuou com olhos cravados no caminho que ia se abrindo à nossa frente e tive a impressão que sua mente viajava a quilômetros de distância.

— Por uma breve temporada, depois parti sem muitas explicações ou deixar rastros – sussurrou depois de um longo silêncio. – Na época, eu não dei indicativos de para onde iria... – Franzi o cenho na expectativa de um esclarecimento para essa descrição estranha, no entanto, ao invés disso, ela alterou o rumo do assunto. – Não foi assim da última vez que nos vimos. Nahuel sabe que direção segui, nesses meses sem dar notícias... Suponho que ele está vindo conferir como estou. Apesar de esperançosa, sei que saí bem apreensiva de lá.

Decidi não cobrar por mais detalhes, dado que ela já não parecia estar falando comigo, e sim consigo mesma.

— Não vejo como isso poderia ser ruim. – Dei de ombros. – São visitantes pacíficos.

— É, só que seus irmãos não sabem disso, não é? Pouco se lembram do que viram de Nahuel e Huilen no último inverno, e se lembram... Nós estamos sob alerta, de qualquer forma. Olhos vermelhos zanzando pela área quando estamos à espera de inimigos? – Ela bufou, irônica. – As matilhas vão atacar primeiro e perguntar depois.

— Não vão atacar se eles não agirem com hostilidade. E nossa aliança com os Cullen ficou bem evidente para todos os que estiveram aqui – argumentei, o modo negativo com que ela cuspiu as palavras me despertando o impulso automático de sair em defesa das alcateias. Parte de mim sabia que não devia culpar Anna por manter tal julgamento; afinal, aquilo era exatamente o que havíamos feito com ela na sua chegada em Forks, mas não era justo nos catalogar para sempre como um bando de selvagens.

— Aí é que está. Zafrina está com eles e ela tem um jeito todo especial em lidar com feras... – Suas bochechas ficaram coradas. – Sem ofensa.

— Não ofendeu – garanti com um sorriso. – Mas por que Zafrina está vindo também? Ela não tem laço com você.

— Tem com Nessie. Imagino que Zafrina quis aproveitar a oportunidade para visitá-la. Soube que elas ficaram bastante apegadas uma a outra... – O celular tocando a interrompeu. Pousamos em uma depressão rochosa para que ela atendesse o que deduzi ser um telefonema de Edward, mas fiquei chocado por vê-la iniciar uma discussão enérgica e acelerada com Teresa. Pelo que consegui acompanhar, Tery havia rastreado os vampiros atravessando a cordilheira e estava furiosa por não ter sido avisada com antecedência para montar vigia, conforme o plano, mas bastou que Anna deixasse escapar que eram amigos para que o foco do diálogo mudasse. De repente, era Anna tentando convencer Teresa a permanecer em casa e não dirigir até os Cullen para conhecer o “latino gostoso”.

Estava me preparando para tirar o telefone da mão de Anna e mandar Teresa tomar um banho frio quando rosnados subsequentes se elevaram na floresta, ficando cada vez mais altos. Anna estacou no lugar, o celular suspenso na orelha e o olhar preso ao meu.

— Escutou isso? – Um uivo cortou a noite e, como por um passe de mágica, meus pés começaram a se mover sozinhos. – Merda.

— Transforme-se! – ela gritou antes de saltar das pedras já voando e desaparecendo entre os galhos. – Comunique-se com eles e impeça-os de avançar! Eu me resolvo com Nahuel!

Meu corpo explodiu dentro das roupas, os farrapos de tecido espiralando no ar ao redor que nem chuva de confete, e minhas patas bateram com mais força na terra úmida à medida que ganhavam velocidade. Rosnei baixinho por me ver forçado a seguir à risca a injunção do alfa até ser libertado, e minha maior alegria foi Jacob também já estar em contato telepático comigo, porque a única coisa em que tive que me concentrar foi em limpar minha cabeça da sequência de xingamentos que a anuviava para dar espaço às lembranças daqueles últimos minutos.

Quil e Embry expiraram alto e em sincronia, aliviados por não passar de um alarme falso. Até ali, eu não havia percebido que nenhum deles estava animado com a perspectiva de encontrar o vampiro psicopata novamente, sobretudo quando as táticas de batalha das matilhas ainda estavam pela metade. Os dois grunhiram para chamar a atenção de Paul, Jared e Brady, que reduziram a corrida a um cambalear confuso ao que Jacob usou a comunicação entre os alfas para inteirar Sam.

E eu continuei correndo contra a minha vontade em direção a La Push, feito um idiota.

Senti minhas presas trincando de frustração. É sério isso, Jake?

Ah, desculpe. Ele resfolegou uma risada, embora eu não estivesse achando graça alguma naquela situação. Sam e eu estávamos trocando informações e acabei me distraindo. Ele está instruindo os outros garotos a retornarem para a reserva. O teor de seus pensamentos ficou mais profundo, assumindo a dualidade do líder. Tudo bem, Seth, eu autorizo você a vir conosco.  

Foi como se soltassem as cordas de uma marionete, deixando-as livres à própria sorte. A necessidade esmagadora de cumprir com uma ordem se dissipou no ato e derrapei no solo ao me redirecionar, indo o mais rápido que as minhas pernas me permitiam. No final das contas, fiquei agradecido de meus irmãos terem esperado que eu os alcançasse para irmos juntos de encontro aos vampiros, porque eu não sei o que teria feito se tivesse me deparado sozinho com aquela cena.

Praticamente vultos no escuro da madrugada, Anna e o tal Nahuel avançavam um para cima do outro com golpes precisos, ambos desviando com agilidade das investidas do adversário antes de partir para uma nova. Óbvio que a minha conclusão imediata foi pensar que Anna havia se enganado e que estávamos sim face a face com os inimigos. Por instinto, meus músculos arriaram em antecipação e eu me encontrava a um passo de atacá-lo quando assimilei os risos; não somente deles, mas também das vampiras paradas perto das árvores os assistindo.

No primeiro descuido do híbrido, que tentou rendê-la pela retaguarda, Anna puxou o braço dele sobre o ombro e o derrubou violentamente contra a terra. Em seguida, apoiando o joelho no peito nu, ela pressionou o antebraço na sua jugular para mantê-lo imobilizado.

— Eu ganhei – comemorou, ostentando um sorriso presunçoso. – Alguém está ficando desleixado.

— E alguém andou treinando – rebateu ele, invertendo a posição com um movimento espontâneo e prendendo seus pulsos. – Olá para você também, Anna.

Alguém pigarreou, e só quando todos fincaram os olhos em mim que percebi que fui eu. Quil e Embry curvaram os ombros, tossindo para disfarçar uma gargalhada e Paul e Brady apenas não fizeram o mesmo porque Sam ladrou uma advertência, aproximando-se dos recém-chegados com o dorso eriçado. Nahuel se afastou de Anna para se posicionar entre Sam e a tia, enquanto que Zafrina se contentou em entrelaçar os braços, persistindo na imagem do conforto.

— Está tudo bem, rapazes. – Anna se levantou, batendo a sujeira da malha de gola alta. – Podem relaxar.

Sam não relaxou. Por detrás da proteção de Nahuel, Huilen estudou o imenso lobo cor de carvão com a sobrancelha arqueada.

— Que recepção mais amistosa – observou, sarcástica.

— Queria ter lhe recebido em circunstâncias melhores, Huilen. – Anna abordou Sam com cara de poucos amigos, obrigando-o a recuar. – Temos tido problemas, então peço que relevem nossas medidas de segurança.

Zafrina ficou rígida, os tendões se sobressaindo nas mãos apertadas em punho.

— Onde estão os outros? – questionou, como se só então desse pela falta dos Cullen.

— Em casa, aguardando por vocês. Você é a Zafrina, certo?

A vampira fez que sim e se permitiu um sorriso brincalhão.

— Ora, ora, ora. É uma alegria enfim conhecer a infame Anna. Mais meia hora ouvindo Nahuel tagarelar sobre a namorada e eu me mataria.

Nem Jacob se conteve dessa vez. Deixei escapar uma onda de resmungos entredentes conforme meus irmãos caíam de tanto rir nos meus flancos, mas achei interessante a reação de Nahuel, porque ele revirou os olhos e olhou para Anna... bom, como Edward costumava olhar. De modo muito paternalista, fraternal. Já ela, por outro lado, presumivelmente estando sintonizada com nossos pensamentos, engasgou com a própria saliva e ficou bastante vermelha – se de vergonha ou de irritação, isso era impossível definir.

— N-n-não somos namorados – gaguejou.

— Não seja tímida, jovem. – Zafrina fez um aceno qualquer para banalizar o comentário e estreitou os olhos, examinando Anna com mais atenção. – Você se parece muito com Nessie... Bem, ela se parece com você. – E esticou a mão para cumprimentá-la.

Ninguém mais poderia ter visto isso sem a conhecer tão bem quanto eu, mas Anna hesitou antes de retribuir o gesto. E havia em seu olhar uma nota de medo que me deixou perturbado.

Quando as mãos delas se tocaram, tudo aconteceu muito depressa.  Entre suas palmas, surgiu uma luminosidade pálida que arrancou um arquejo profundo de Anna; ela ficou tensa da cabeça aos pés para logo em seguida cair de joelhos, libertando inconscientemente uma carga telecinética que irrompeu para além e se propagou pela floresta, assustando os animais mais próximos. Corri para seu lado sem pensar duas vezes – por um instante, a realidade ao nosso redor desapareceu em um fluxo de imagens curtas e desconexas e, acima de tudo, sangrentas.

— Não é nada, Seth – ela se apressou em me tranquilizar, massageando as têmporas para dissipar a miragem à medida que se levantava sem muita firmeza nas pernas bambas. – Apenas estou me adaptando ao novo poder. – Ofegante, Anna foi de rosto em rosto com os olhos e se deteve em Zafrina, simplesmente perplexa, mas nada surpresa, ao sustentar o olhar. – Imagino que Nahuel já tenha dito tudo ao meu respeito.

— Ele dizer não significa que eu acreditaria... – Ela fitou a própria mão. – Até ver por mim mesma.

Anna assentiu.

— É melhor irmos logo. Os outros em casa estão ficando preocupados. – E saiu em disparada.

Meus irmãos e eu nos entreolhamos. Havia algo de errado e não fui o único a ter essa sensação. Partimos com os vampiros em nosso encalço e, entre o ziguezaguear das árvores, tentei ler suas feições como normalmente fazia, mas ela continuava uma estátua indecifrável. Foi somente quando pulamos o rio Sol Duc que Anna voltou a externar emoções, e dado o esgar azedo na cara dela, eu tive certeza que não era uma das boas.

Os Cullen estavam parados nos fundos da mansão e havia uma atmosfera carregada permeando entre eles. Bella, Alice e Esme estavam claramente descontentes, divergindo com o bom humor de Jasper, Emmett e Rosalie, que não paravam de rir e trocar piadas cochichadas. Os únicos neutros na situação eram Carlisle e Renesmee, e a garotinha apenas parecia confusa, por isso nem deveria contar. Só quando eu me toquei que as vampiras de expressão fechada fuzilavam Edward com o olhar, que me fuzilava enquanto andava de um lado para o outro feito um leão, que eu tive um estalo de entendimento. 

Droga.

— Você tem colhões, garoto. – Emmett bateu palmas. – Eu tenho que admitir.

As vozes histéricas dos meus irmãos gritando na minha cabeça à proporção que as lembranças despontavam provavelmente seriam as últimas coisas que eu escutaria em vida, pelo que dependesse do brilho homicida nos olhos do meu cunhado. E, sem dúvida, também não estava ajudando em nada Quil e Embry explorando detalhes – como a cama quebrada ou, ainda pior, o piano cheio de digitais suspeitas – conforme Edward marchava na minha direção.

Na verdade, isso o fez se mover mais rápido.

— Ed, pelo amor de Deus, contenha-se! – Anna se interpôs entre eu e o irmão.

— Saia da minha frente, Anneliese – rosnou, sem desviar os olhos em brasas de mim.

Deixe-o vir, pensei para ambos, e fui completamente ignorado.

— Temos convidados. Seja um cavalheiro e aja como tal – insistiu ela, empurrando-o para trás. – Honre a droga das suas calças.

— Ah, então você quer vir falar de honra?! – Edward se empertigou, o peito inflando de ódio, e eu soube que o Inferno na Terra tinha sido oficialmente inaugurado. – Pois muito bem, irmãzinha. Tem certeza de que é a minha honra que está comprometida?

Ela apertou a ponte do nariz.

— Não estou acreditando que estamos tendo essa conversa de novo. Já deixei minha opinião muito clara, portanto se quiser ficar bravo, que seja comigo.

— Tem razão! – vociferou, distanciando-se do esforço de Bella de separá-los. – Não é nele que eu tenho que descontar a minha raiva! Seth não compreende as implicações que isso tem, mas você compreende! Você o seduziu...!

— Mas que raios de implicações?! – Anna o exortou, agarrando a raiz dos cabelos com força. – Será que não percebe o quão ridículo você está sendo?! É a minha idade? Edward, acorde, eu tenho mais de cem anos! É uma possível gravidez indesejada? Eu sou uma vampira, imbecil, a minha genética é basicamente um anticoncepcional! É a minha alma arder nas chamas do Inferno por eu ter relações fora das bênçãos do casamento? – E pousou com as mãos na cintura, a expressão debochada. – Já lhe disse isso uma vez e repito: duvido muito que algo deixe de ser pecado somente por causa de meia dúzia de palavras. Matar não deixa de ser pecado, roubar não deixa de ser pecado, então porque sexo deixaria de ser depois de passar por um rito? Fique à vontade para ter suas crenças, mas não tente impô-las para cima de mim! E se voltar a tocar nesse assunto ou a me constranger em público, como está fazendo agora, vou lhe mostrar de verdade o que é descontar a raiva! – E como se para enfatizar sua promessa, estalagmites afiadas de um metal sem nome arrebentaram da terra em torno de seus pés.

A maioria de nós sequer respirava, com medo de fornecer mais combustível para o calor da briga, no entanto Nahuel não deu a mínima – totalmente alheio às advertências silenciosas, ele se enfiou entre os dois com as mãos espalmadas no alto.

— Calma, deixa eu ver se entendi direito. Você agora namora. – O indicador desceu ao me apontar de forma pouco lisonjeira. – E com ele.

— Ah, e como namora. – Emmett deu uma piscadela indiscreta.

Edward balançou a cabeça e se retirou para o interior da casa tendo Bella como escolta. Já Anna, entretanto, fingiu não ouvi-los e respirou fundo ao devolver as estalagmites às profundezas com um gesto de empurrar da mão – o que denotava que o perigo já havia passado.

— Alice, poderia arranjar roupas para Seth, por gentileza? – pediu, a voz mais suave. – Ele acabou rasgando as dele ao se transformar. – Seu corpo girou para mim no segundo em que Alice se ausentou, porém seus olhos acabaram focando na matilha de Sam um tanto atrás de nós, quase se camuflando em meio à paisagem noturna. – E vocês, maldito bando de curiosos, o que ainda estão fazendo aqui? Podem retornar à La Push, se já terminaram a ronda. – Não ficou nem o rastro de poeira para trás, de tão depressa que eles deram o fora.

Até que ter uma namorada assustadora – na concepção de outros homens, é claro – tinha lá suas vantagens. 

De longe, vi Alice gesticulando para a lateral da casa; segui suas instruções e fiquei intrigado por encontrar não somente uma calça, mas um conjunto completo de roupas – inclusive sapatos novos, e tudo rigorosamente impecável no tamanho. Refleti sobre isso de testa encrespada, porque tinha certeza que nenhum dos Cullen tinha medidas tão iguais às minhas, mas resolvi não contrariar Alice. Ela nos prestara um grande favor naquela madrugada.

Tive a satisfação de assistir Anna perder o fôlego e seu rosto iluminar quando retornei poucos minutos depois, os olhos passeando por mim com tanta cobiça que me despertou um arrepio de excitação. Nahuel demonstrou notar a atração magnética que reverberava entre nós; uma ruga de confusão se formou entre suas sobrancelhas no que parei junto dela e seus olhos se demoraram no meu braço a envolvendo pelo vão da cintura. Ninguém disse nada e me dei conta de que não haviam se movido um centímetro desde que saí.

— Muito prazer. – Sorri com educação para romper com aquele silêncio desconfortável. – Seth Clearwater. Anna me falou muito sobre você.

Ele não deu crédito à minha tentativa de ser civilizado.

— O fantasma de terno ainda não apareceu para espantá-lo, lobisomem? – jogou de supetão, o tom mordaz atropelando com qualquer cumprimento. Foi nesse instante que cheguei à conclusão de que Nahuel podia não estar interessado em Anna, não de modo um romântico, mas isso não significava que me aprovava para ela.

O silêncio já desconfortável passou a pesar feito chumbo, porque todos ali conseguiram pescar a referência. Pela visão periférica, reparei em Anna contraindo o maxilar.

— Você fala como se já tivesse passado por algo parecido. – Subitamente, o tagarelar incessável dela a respeito do tempo em que estivera no Brasil não pareceu tão sem sentido.

Nahuel bufou de escárnio.

— Já sei que tipo de problemas exigiram essas medidas de segurança. – E voltou para perto de Huilen, os olhos castanhos se perdendo no horizonte.

Por fim, coube aos Cullen o esforço de amenizar o estrago na recepção dos visitantes, visto que a troca de farpas gratuitas acabou sepultando de vez com o espírito anfitrião da coisa. Envergonhados pelo comportamento dos filhos, Esme e Carlisle se preocuparam em pedir desculpas a Huilen – embora ela parecesse estar se divertindo – enquanto que os demais conduziram Zafrina – com Renesmee a tiracolo – para as margens opostas da floresta, onde decidiram fazer um círculo em torno de uma fogueira. Nahuel ficou especialmente animado com essa ideia; os olhos reluziram e ele se aproximou para bagunçar o cabelo de Anna antes de cutucá-la com o cotovelo.

— Podemos jogar conversa fora e cantar ao redor do fogo, como nos velhos tempos.

— Pois é, o que não falta aqui é madeira. – Emmett pulou do alto da sacada trazendo os destroços da cama nos braços. – Olhem.

— Já pode aproveitar e incluir o piano – acrescentou Rosalie. – Eu nunca mais toco nele.

— Sabia que estava esquecendo de limpar alguma coisa. – Anna bateu na própria testa e então me ergueu o olhar, a expressão concentrada. Devia aproveitar a chance e ir para casa, Seth, recomendou. Sua mãe vai ficar preocupada se você passar mais uma noite fora.

Reagi fazendo uma careta, a lembrança da fúria de Edward ainda fresca na memória. Tem certeza? Parece muito canalha da minha parte ir e deixar você lidando com ele sozinha.

Acredite, eu já ia escutar sozinha, redarguiu, girando os calcanhares para me guiar até o Ford estacionado diante da fachada. Edward lhe importuna porque não pode culpá-lo por nada. Ele me conhece bem demais para saber que eu agiria por iniciativa própria. Ela fez uma pausa e mordeu o lábio. Aliás, tem sido assim desde a Dança do Cisne Negro, se prestar atenção.

Não me convenci. Sei. Por que ele me ronda tanto, então?

O sorriso que ela procurava reter se desprendeu, largo e ardiloso. Cessando o andar, Anna apoiou a palma da mão sobre meu coração. Não havia um único centímetro de seu corpo que não estivesse colado ao meu. Porque deduziu que se o intimidasse, você ficaria mais resistente aos meus encantos. Seria mais difícil para mim corrompê-lo. A cabeça tombou de lado. Ora, Seth, não acha que Ed se incomodaria mais em me cercar se você fosse o vilão da história? Para confirmar seu argumento, uma sucessão de recordações dos sermões de Edward preencheu meus pensamentos, desde a própria dança que ela mencionara e se delongando em uma em particular.

Está com medo de eu ser seduzida, meu irmão?, Anna provocara.

Você sabe que é o contrário o que me dá medo, objetou Edward, irritado. Seth é jovem, e não sabe ver além da sua perversão.

— Ai, meu Deus! – exclamei em voz alta. Ele estava protegendo a minha castidade, não a sua.

Uma gargalhada ecoou montanha acima. Creio que a minha também, só que ele tentou nos refrear pelo caminho mais fácil. De nós dois, você certamente sempre foi o mais racional. A mão escorregou até o cós da minha calça e depois subiu minhas costas por dentro da camiseta. E o mais sensato.

Soltei um suspiro com seu toque. Não sei se concordo. Curvei-me para frente, minha boca atraída pela curvatura de seu pescoço feito um imã. Vou sentir sua falta pelo resto da noite.

Eu também. Senti-a estremecer com meu beijo, porém ela impôs distância entre nós. Mas chega de testar a paciência do Reverendo Eddie. Ele já está no limite.

Meus ombros tremeram com uma risada. É claro que Anna estava deixando nosso diálogo aberto à leitura de Edward; como esperar outra atitude de alguém petulante como ela?

— Até logo, pimentinha. – Beijei-a na testa. – Eu amo você.

— Não mais do que eu amo você, garoto-lobo – soprou antes de ir se juntar à sua família.

Sorri feito o bobo apaixonado que era. Adorava aquela sensação gostosa aquecendo meu peito. Mantive o sorriso e o bom humor até chegar próximo do meu carro; depois disso, minha postura mudou involuntariamente para a desconfiança. Quando meus irmãos sumiram com a dispersão dos Cullen, imaginei que tinham regressado à La Push em suas formas de lobo, mas não – estavam todos os três nos bancos do Ford, confortáveis e esparramados enquanto me esperavam.

Entrei quieto no banco do motorista, consciente de que eles tinham algo em mente, todavia eu não seria o primeiro a dar corda. Manobrei o carro para a rodovia e estávamos na metade do trajeto quando eles resolveram se manifestar, discretos como um tanque de guerra.

— Caramba – Quil destacou sílaba por sílaba –, acho que depois de hoje, vou ter medo de levantar de madrugada e encontrar a Anna me chamando na chincha.

— Imaginem só, ela e a Sue dando de dedo uma na cara da outra – divagou Embry do lado dele, os olhos vidrados na expressão psicótica atrapalhando a visão do espelho retrovisor. – Deve ser uma coisa linda de se presenciar.

A imagem me causou um espasmo de horror.

— Vamos mesmo ficar calados, fingindo que não temos nada a dizer? – Quil lançou após praticamente um minuto calado, o máximo que ele já conseguira.

— Acho que já estamos a uma distância segura. – Depois de uma olhadela sobre o ombro, Embry se inclinou pelo espaço entre os bancos. – Vocês destruíram um quarto inteiro?

Revirei os olhos.

— Estava demorando.

Quil bufou.

— O que pensou? Que fossemos sacanear você ao alcance dos ouvidos da Anna, para ela acabar com a nossa raça e servir o que sobrasse de bandeja, como fez com Edward? Não, obrigado.

— Preferimos fazer isso aqui, onde você não tem opção, a não ser nos aturar sozinho. E quero ser o primeiro a dar os parabéns, seu animal! – Embry me sacudiu tanto o braço que minha mão tremeu no volante como se tivesse Mal de Parkinson. – Não conhecia esse seu lado.  

— Eu tenho um novo deus, e ele se chama Seth Clearwater. – Quil fingiu uma reverência igual aos filmes antigos. – O cara que transformou a cama debaixo dele em uma pilha de lenha. – O punho voou para o peito, batendo alternadamente que nem um gorila. – Quanto orgulho, pessoal! Quanto orgulho!

Fitei Jacob pelo canto do olho em busca de socorro, mas além de já estar rindo também, ele se preparava para descarregar a própria piada. Traidor.

— Pouco me admira Edward estar tão furioso. Na verdade, a parte mais impressionante disso é você estar intacto, Seth, porque mesmo com as mordidas de rabo que ele levou da Anna, ele continuava com a expressão de quem ia fazer picadinho de lobisomem.

— Talvez ainda faça – murmurou Embry quando não respondi, os braços cruzados na pose de sabichão. – Ou talvez ele já estivesse se preparando psicologicamente há algum tempo. Quem sabe? Já era meio óbvio que não tinha mais como conter os hormônios desses dois. Não levei tão a sério quando Leah brincou sobre vocês serem reprimidos, mas... – Ele agitou a cabeça, rindo em soluços. – Provavelmente foi como a rolha saltando de uma garrafa de champanhe. – O idiota fez o som do estouro e os três explodiram em gargalhada.

Não me aguentei mais.

— Gente, sem querer apelar, mas temos mesmo que falar sobre isso? – resmunguei. – Quer dizer, vocês dois são virgens e todos nós sabemos que vão continuar sendo por muito, muito tempo. E, Embry, você só deixou de ser porque sua prima da tribo Makah fez uma aposta com as amigas, o que acaba sendo um pouco deprimente, não acha?

Ele ainda teve o disparate de me encarar boquiaberto, quase como se tivesse sido eu a quebrar alguma regra sagrada ao retribuir a agulhada.

— Mas é por esse motivo mesmo que temos que falar, Seth! – protestou, enfático. – Você se tornou o pioneiro de nós quatro, o desbravador a abrir caminhos!

— E coloca abrir caminhos nisso – Quil tripudiou à meia-voz.

— O seu dever agora é despejar sua sabedoria sobre nós – Embry prosseguiu como se não tivesse escutado.

— Mas só a sabedoria, está bem? – Jacob imitou o tom gutural que Billy usava nas reuniões do Conselho. – Pode guardar o resto para Anna.

Meu pé afundou com mais determinação no acelerador, apesar de eu conservar no rosto aspecto sereno.

— Eu estou dirigindo e vou calar a boca de vocês, nem que para isso eu tenha que bater esse carro.

— Está certo, garanhão, vamos parar. – Jacob me acertou um cascudo fraco na cabeça. – E apenas porque temos certeza de que Leah não vai ter a mesma clemência.

Limitei o ceticismo às minhas considerações internas; eu não tinha a menor dúvida de que Leah seria impiedosa, mas podia apostar que não era a minha paciência que ela iria amolar. Torci a boca, lembrando de repente que de não tinha comentado com minha mãe a respeito do retorno dela e fiz registro mental de avisá-la sem falta pela manhã, caso a encontrasse em casa – um verdadeiro desafio, desde que assumira publicamente seu compromisso com Charlie. Estacionei no nosso quintal identificando sua respiração pesada ecoando pela casa; despedi-me de meus irmãos com um aceno e entrei na ponta dos pés – Sue Clearwater era notória por seu sono leve e pela capacidade de se materializar com uma bronca quando menos se esperava.

Devia ser umas três horas quando me despi e fui deitar, meu corpo quente se opondo ao ar gelado da madrugada que tomava o quarto. Fechei os olhos e tentei dormir novamente, mas a cabeça cheia e embaralhada não parava de reprisar o encontro com os visitantes em cada pormenor – me sentia agitado demais, alarmado demais para apagar.

Alarmado... Alarme. Sentei automaticamente com as costas retas.

Uma vez soado o alarme, irá para sua casa e não vai sair até que eu, Jacob Black, o autorize, o alfa decretou.

E eu obedeci.

Uma injunção havia sido feita, e como tal, tinha se cumprido.

Eu não precisava obedecê-la outra vez.

 

Consegui evitar todo mundo por três dias. Com Anna, foi até estupidamente simples. Surgiu um contratempo na casa dos Cullen – Nahuel e Zafrina decidiram permanecer em Forks para prestar apoio na atual desavença e Anna estava tentando recorrer ao bom sendo de Huilen para persuadi-los do contrário, uma vez que também já vetara o envolvimento dos Denali –, portanto ela nem investigou a fundo quando inventei um pretexto qualquer sobre um trabalho em dupla com o qual Kurt não me ajudaria. No telefonema, senti que ela estava esquisita – parecia um tanto dispersa e talvez por isso não tenha captado um deslize no meu gaguejar –, mas insisti no propósito de não vê-la até ter controlado minimamente meus pensamentos.

Meus irmãos, por outro lado, perceberam logo de cara que eu estava me evadindo, entretanto interpretaram isso como o resultado das fofocas se espalhando entre as matilhas; o que por tabela serviu de explicação para minha mãe, que foi a primeira a notar algo errado. Procrastinei um encontro até terça-feira à tarde, quando os alfas marcaram de treinar nas montanhas em conjunto com os Cullen e eu não teria como me ausentar sem deixar explícito que estava escondendo alguma coisa. Fiz questão de chegar com uma hora de antecedência ao local combinado, para não correr o risco de acabar compartilhando minhas reflexões com alguém, e tinha voltado à forma humana quando começaram a chegar aos poucos.

Exemplares na pontualidade, os Cullen foram os primeiros, como sempre. Anna me deu um beijo rápido e sem perder tempo foi praticar golpes com Jasper ao que o restante se ocupou em dar orientações de combate à Bella. Em seguida, apareceram Sam e os garotos quase que em simultâneo com Jacob, Quil e Embry; ignorei os olhares questionadores que eles lançavam para mim me centrando na luta da área dos vampiros.

Por baixo da habilidade de quem passara anos em treinamento, Anna estava diferente. Havia uma névoa de desorientação nublando seus olhos apertados e parecia inevitável a frequência com que seus dedos massageavam as têmporas, mesmo estando em meio ao combate. Não compreendi o porquê de ela ainda parecer tão sobrecarregada, já que seus amigos estavam a caminho do Brasil, e foi apenas na presença deles que eu a vi daquele jeito.

— Por que ainda não se juntou aos seus irmãos? – interrogou à certa altura, vindo até as pedras onde eu estava recostado com o dedo indicando na direção das matilhas.

Enviesei um sorriso malicioso, a melhor estratégia para desarmá-la.

— Gosto de observar você lutando.

Ela descartou a brincadeira com um cruzar de braços.

— Seth, se vai lutar contra um membro da Guarda, precisa praticar – censurou, austera. – Eles são ótimos combatentes, todos receberam algum tipo de treinamento.

Maldição. Havia me esquecido do nosso acordo. 

— Já falou com Jake? – tentei ser casual, apesar de sentir o suor frio despontando nas costas.

Seus olhos se afiaram em suspeita.

— Já, e me surpreende muito você não ter tocado nesse assunto com ele antes de mim. Jacob pretende deixar Embry com você, caso Leah não chegue a tempo. Dois lobos conseguem facilmente derrotar um deles, e antes que pergunte, eu sei que não vão mandar mais que isso. Ficaria impossível passar despercebido sob o meu radar... – Ela coçou as têmporas pelo que calculei ser a nona vez.

Minha preocupação ressurgiu com potência triplicada.

— Anna? – chamei, rodeando-a com os braços. – Você está bem?

— Não é nada, é só uma dorzinha de cabeça. – E me ergueu o queixo. – Nada demais.

Meu coração parou quando vi o fio de sangue lhe escorrer pelo nariz. Seus dedos tocaram o sangue, confusos, enquanto ela se dava conta da verdade.

Vampiros não tinham dor de cabeça.

Então desmaiou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

[INSERINDO AQUI MINHA RISADA MALIGNA]



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Estrela da Tarde" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.