França. Dias Atuais.

Um pequeno garotinho de cabelos escuros e espetados e lindos olhos verdes, beirando seus quatro anos, estava assistindo seu programa favorito na TV a cabo quando um telefone começou a tocar. O menino, com seus olhinhos curiosos, observou o telefone e decidiu atender. Já tinha visto sua mãe e sua tia fazerem isso varias vezes e devia saber como era.

-Alo? – Ele perguntou com a vozinha infantil.

-Harry querido! É a vovó!

-Oi vó – Ele sorriu.

-Oi querido! Será que você pode chamar a sua mãe?

-Sim – Ele saiu correndo com o telefone na mão, até um pequeno quarto onde havia uma ruiva observando as roupas no armário – Mamãe, é a vovó! – Ele falou entregando o telefone para ela, que o olhou espantada.

-Você atendeu sozinho? – O menino balançou a cabeça, afirmando – Ah, como você é esperto meu anjo! – Ela falou rindo e dando um beijo na cabeça do menino que saiu correndo de volta para a sala. Então ela atendeu.

~~Lily~~

-Mãe? – Perguntei.

-Oi querida! – Ela falou feliz.

-Oi mãe, por que tanta animação?

-Querida, eu tenho uma proposta pra você.

-Que tipo de proposta? – Perguntei, hesitante.

-Lily, nós sabemos que você gosta de morar ai na França e que você tem uma vida aí, mas você sabe que sentimos muito sua falta certo? E do Harry também!

-Claro, mas qual é o ponto?

-Professor Dumbledore veio falar comigo e com seu pai – Ouvir o nome do antigo diretor da minha escola me trazia muitas lembranças.

-E...?

-Bom, ele estava querendo abrir uma educação infantil em Hogwarts, para crianças pequenas e ele soube que você tinha se formado em pedagogia e que trabalhava numa renomada escola ai na França, então ele perguntou se você gostaria de dar aulas em Hogwarts e nós dissemos que íamos falar com você e que você ligaria depois! Não é ótimo querida?!

-Ei mãe, espera um pouco! Eu sei que você quer que eu volte para ai e eu também sinto sua falta, tanto quanto o Harry, mas minha vida está aqui agora...

-Eu sei querida – Ela suspirou – Mas será que você não podia pensar um pouco? Pode ser uma ótima oportunidade!

-Eu vou pensar mãe, eu prometo! Agora eu preciso desligar, prometi que ia levar o Harry no parquinho hoje.

-Tudo bem filha, pense com carinho e não esqueça de ligar pro professor! O numero é o seguinte – Depois de anotar, me despedi da minha mãe e fui trocar meu filho.

-Harry! Vem cá, eu vou te trocar, vamos no parquinho hoje – Sorri para ele, vendo os olhos do meu filho se iluminarem com a menção da palavra parquinho.

-Eba! – Ele pulou do sofá e correu para o quarto, comigo indo atrás rindo, para ir troca-lo.

Depois de mudar a roupa dele, tentei ajeitar os cabelos, mas parecia tarefa impossível, ele tinha os cabelos tão rebeldes quanto os do pai, alias, ele tinha tudo do pai, as manias, o rosto, os cabelos, meu mesmo era só os olhos. Suspirei pensando nisso, e se eu voltasse e encontrasse o James? E se ele visse o Harry e suspeitasse de algo? Como eu ia explicar tudo para ele?

-O que foi mamãe? Por que você tá triste? – Harry perguntou com aquela voz infantil dele que me fazia querer abraça-lo.

-Nada querido, nada. Agora vamos – Peguei ele no colo e desci até a garagem, o colocando na cadeirinha do carro e entrando no lado do motorista. No caminho todo fiquei pensando o que aconteceria se eu voltasse e decidi que eu precisava conversar com a Lene, ela sempre foi boa em me aconselhar.

Quando chegamos no parquinho, eu tirei o Harry do carro e ele logo correu para os brinquedos. Eu me sentei num banco e peguei um livro que tinha na minha bolsa, lendo ele e as vezes parando para observar se meu filho estava bem. Logo ele se sentou ao meu lado.

-O que foi Harry? Se cansou? – Perguntei, puxando ele pro meu colo.

-Mãe?

-Sim?

-O que aconteceu com meu pai?

-Seu pai? – Perguntei surpresa, ele nunca tinha me perguntado sobre ele.

-É. Por que ele não está aqui?

-É... é complicado.

-Será que ele me ama mamãe?

-É logico que ama – Tudo bem, ele amaria se soubesse que ele existia – Quem não te amaria querido?

-Mas por que ele não está aqui?

-É complicado meu anjo, eu vou te explicar tudo quando você estiver mais velho, ok? – Ele concordou, apesar de não estar satisfeito e eu dei um beijo no topo da cabeça dele – Agora vamos no shopping, tomar sorvete!

Ele se animou com isso e pareceu esquecer, momentaneamente, o assunto, mas eu não. Eu nunca tinha pensado nisso quando decidi esconder o Harry do James, não pensei no ponto de vista da história dele. Mandei uma mensagem para a Lene quando chegamos no shopping, avisando que estávamos lá e não foi surpresa nenhuma quando ela entrou na sorveteria, com uma sacola na mão.

-Onde está o garotinho mais lindo do mundo? – Lene perguntou sorrindo, dando um beijo na bochecha do Harry, que sorriu para a “tia” dele.

-Tia Lene!

-Oi querido. Olha só o que eu trouxe pra você! – Ela deu a sacola para ele que abriu, pegando o avião que ele queria.

-Que legal!

-Como é que se diz? – Perguntei

-Brigado Tia! – Ela falou sorrindo e logo começou a brincar.

-Você vai acabar fazendo meu filho ficar um mimado – Comentei quando ela se sentou ao meu lado.

-Tias são para isso, para estragar os sobrinhos! – Ela sorriu.

-Harry perguntou sobre o pai – Comentei.

-Serio? Sobre o que ele perguntou?

-Sobre o porque dele não ter um pai...

-E o que você respondeu?

-Que eu ia explicar quando ele estivesse mais velho, que era complicado.

-Entendo. Você sabe que uma hora ou outra vai ter que falar sobre isso com ele né?

-Eu sei – Suspirei, depois que ela voltou, porque tinha ido pegar um sorvete para ela, comentei – Ah, minha mãe me ligou hoje.

-É mesmo? E por que?

-Para me oferecer um emprego em Londres. O diretor da minha antiga escola está abrindo uma educação infantil na minha escola e me chamou para ir trabalhar lá.

-E você vai aceitar?

-Eu não sei, o que você acha que eu devo fazer?

-Voltar pra lá e aproveitar para procurar o James.

-Lene! Ficou louca?!

-Logico que não Lily! Você sabe que ele precisa saber!

-Sem chances de eu procurar ele! Mas sobre o emprego, o que você acha?

-Parece ser uma boa oportunidade e você ainda vai estar perto da sua família – Ela completou sorrindo.

-Eu sei, mas tem coisas importantes para mim aqui...

-Eu sei que eu sou importante para você – Ela falou convencida e eu ri – Mas adivinhe só? Eu acho que vou com você!

-Como é?

-Bom, como você sabe, minha marca está crescendo – Esqueci de comentar, Lene é estilista – E eu estava pensando em abrir filiais na Inglaterra e que hora melhor que essa? –Ela perguntou sorrindo.

-Então é isso? Vamos para Londres?

-Vamos e é bom você ligar logo para aquele diretor aceitando a proposta! – Ela se virou pro Harry – Adivinha querido?! Vamos para Londres!

-Pra visitar o vovô e a vovó? – Ele perguntou, finalmente tirando os olhos do brinquedo.

-Não, para morar lá – Ela sorriu.

-Que legal! – Ele sorriu – Vamos morar perto do vovô e da vovó! Eu vou poder comer o bolo da vovó todos os dias! – Ele comentou satisfeito e eu e Lene gargalhamos.

Depois que Harry terminou o sorvete, fomos para o meu carro, já que Lene tinha vindo de carona.

-Quem te deu carona? – Perguntei sorrindo divertida e com uma sobrancelha erguida.

-Um modelo, lindo por sinal. Pena que ele não faz meu tipo...

-Por que não?

-Porque falta nele uma coisa: atitude. Você sabe que eu gosto de homens que lutam pelo que querem, que sabem que são bons e usam esse artificio.

-Eu sei. Bom, agora você vai poder conhecer os britânicos e ver se algum deles atrai a sua atenção.

-Eu sei – Ela suspirou – Aquilo vai ser uma perdição! Sotaque britânico é tão irresistível! – Ela comentou e eu gargalhei alto.

Lene era Francesa, ela nasceu aqui, mas falava inglês, muito bem por sinal (apesar do fraco sotaque francês), já que seu pai era Britânico e sempre ensinou a ela inglês. Ficamos conversando sobre a mudança e ela disse que ia avisar os pais e ainda acertar os detalhes com os administradores das lojas dela, para a expansão para a Inglaterra. Enquanto isso eu peguei o numero do Professor e liguei para ele.

-Alo? – Ele perguntou.

-Professor Dumbledore! Sou eu! Lily Evans!

-Senhorita Evans! Há quanto tempo! Como você está?

-Bem professor e o Senhor?

-Muito bem. Suponho que sua mãe já deve ter falado da minha proposta de trabalho.

-Já sim Professor e eu decidi aceitar!

-Serio? Que ótimo! A área infantil já está quase pronta, só estávamos contratando os professores. Só preciso que você agora venha até aqui para assinar uns papeis...

-Tudo bem, vou começar a planejar as mudanças, acho que se eu acelerar o processo vou estar ai em um mês.

-Certo! Senhorita Evans, tenho certeza que será uma excelente professora! – Eu ri.

-Assim espero professor. Até mais!

-Até!

Bom, é isso, vamos voltar a Londres, tenho a sensação que muitas coisas vão acontecer lá.