A Morte Lhe Cai Bem escrita por MahDants


Capítulo 7
|| O Melhor Aniversário de Todos


Notas iniciais do capítulo

É isso aí. Aproveitem o capítulo ;)
Não revisei o cap, então desculpem qualquer erro, amanhã eu faço isso.



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A buzina tocou do lado de fora da casa, interrompendo nosso filme. Mamãe havia feito brigadeiro – a única coisa que ela sabia fazer na cozinha, aliás - e todos nós assistíamos a um filme na televisão. No sofá branco, Clove estava encostada no braço do sofá, no lado esquerdo, com os pés no colo de Johanna; Johanna estava ao seu lado, sendo seguida por Madge, por mim e Cashmere. Prim estava encostada no braço direito do sofá, sentada no colo de Cashmere com as pernas no meu colo. Mamãe e Snow ocupavam as cadeiras laterais e os meninos no chão.

Ninguém parecia ter notado o meu braço vermelho, então tava de boa. Todos estávamos com roupa de banho, mesmo que já fossem quatro e meia da tarde. Era isso que eu mais gostava naquela casa: mamãe ficava menos rigorosa com minha educação. Me deixava comer a hora que quisesse (ou até ficar sem comer), dormir a hora que quisesse e ficar de biquíni até tarde. Quando estava em casa, mamãe ainda mandava em mim. Era triste.

Levantei-me do sofá e fui até o portão, curiosa com que buzina seria aquela. Minha avó? Que tinha vindo me ver? Meu padrinho com meus primos? O papa? Emma Watson? Qualquer que fosse a alternativa, nada me deixaria mais boquiaberta do que a resposta: papai, Effie e Rue.

Ele bateu a porta do carro e olhou pra mim sorrindo. Virei-me de costa, procurando mamãe e ela sorriu, com os olhos brilhando, assentindo. Aquilo havia sido ideia dela. Corri até Rue e dei um abraço apertado na pequena. Fiquei com vergonha de tomar iniciativa com papai, mas ele acabou me puxando para um abraço. Acenei com a cabeça pra Effie e aceitei a sacola que papai trazia e o pacote que Rue estendia.

Ela estava tão grande desde a última vez que eu a tinha visto. Nas férias, eu não costumava ir muito para a casa de papai. Era comum passar dois finais de semana por mês com ele durante o período letivo, mas nunca o via nas férias. Sem falar que desde os meus doze anos papai não ia mais aos meus aniversários, sempre comemorávamos depois.

E ele estava ali! Com a mesma barba por fazer, olhos brilhando divertimento, blusa de linho velha e branca e cabelos louros na altura do queixo. Ao lado dele sua mulher estava ridícula. Com uma roupa de zebra, maquiagem exagerada e cabelos louros estirados. Pelo menos não tava com as pontas rosa ou laranja, pensei.

Minha relação com ela não era muito legal. Quer dizer, não que nos odiássemos. Nós nos suportávamos. Eu até que gostava dela e ela até que gostava um pouco de mim. Mas acho que meu jeito a incomodava e seu jeito com certeza me incomodava. Sempre escandalosa e falsa... Fora que eu tinha a impressão de que ela gostaria de me tirar de vez da família de papai. Quando saíamos juntos, ela sempre pedia para eu tirar uma foto dela, papai e Rue. Isso me incomodava, óbvio, eu me sentia a intrusa. Quando era mais nova, ela pedia para eu cuidar de Rue, às vezes. Então além de me sentir intrusa, eu sentia que só estava ali pra ser babá de Rue.

Em parte eu ia pouco para a casa de papai por causa dela. Digo, era tenso ficar lá. Aquela mulher tinha TOC por limpeza, por isso, toda vez que ia pra lá eu tinha que fazer tudo perfeitamente. Lavar pratos perfeitamente, deixar a cama impecavelmente arrumada... Fora que eu tinha que andar sempre com um chinelo no pé, para não “sujar a casa com meus pés imundos” e tinha que andar com cabelo preso. Porque, oh, céus, se um fio de cabelo caísse no chão, Effie fazia um escândalo. Não, eu não gostava disso. E se fosse para eu ficar lá sem me sentir a vontade, eu preferia não ir.

- Dezesseis aninhos, uh? – perguntou papai. – Parabéns, Kat.

- Oi Haymitch – mamãe cumprimentou papai. – Oi Effie.

Ah, também tem isso. A cobra maníaca por limpeza, vulgo Effie, era amiga da minha mãe. Assim como papai era amigo de mamãe. Isso era tão estranho...

- Clara – Effie disse soltando uma risadinha e indo dar dois beijinhos em mamãe.

- Esse é Snow, meu namorado – mamãe disse.

- Snow tipo... De Snow White? – papai brincou. – Estou brincando, prazer Snow, sou o Haymitch, pai dessa mocinha.

- Esse é meu pai – sussurrei pra mamãe, que revirou os olhos. – Snow White... Ele é o cara!

- Oi tio Hay – falou Clove.

- Clove, tudo bem?

- Vamos entrar! – convidou mamãe. – Ainda não cantamos parabéns para a Kat, estava esperando o bolo...

- Está aqui! – berrou Effie animada e eu sorri. – Rue, minha linda, pode ir lá pegar?

- Ei Prim – chamei a pequena enquanto minha irmã se afastava. – A Rue tem a tua idade. Um ano mais nova, talvez.

- Rue é tua irmã, né?

- É – confirmei e vi Rue andando com o bolo.

Uma onda de felicidade me invadiu. Esqueci o vermelho no braço, esqueci meu ódio por Mellark, esqueci da falsidade da Effie. Papai e Rue estavam ali! Eu não acreditava. Todos entraram e colocaram o bolo na mesa. Papai e Effie formaram uma dupla pra derrotar mamãe e Snow no dominó. Peeta e Gloss ficaram encarregados de pegar o resto da comida no carro, arrumar a mesa e enfeitar a sala para as fotos. Prim e Rue foram lá pra dentro conversar sobre filmes de terror. Eu e as meninas – incluindo Cashmere – fizemos algo mais divertido.

Papai havia trazido um pacote cheio de balões. Ao invés de enchê-lo com ar, decidimos colocar água e estourar nas outras. Fazer uma guerrinha. Time azul contra time vermelho. Se você se molhasse na barriga, estava fora. No final, Prim, Gloss e Peeta vieram participar. Rue não pôde porque não estava com biquíni.

Ficou eu, Madge, Prim e Gloss no time vermelho e Mellark, Johanna, Clove e Cashmere no time azul. E a guerra começou. As munições ficavam no muro, na frente da casa e um time não podia roubar os balões de água do outro. Rue era a juíza e estava cuidando de uma disputa limpa. Assim o jogo começou.

Eu fui pra parte da piscina com Madge, Prim e Gloss ficaram atrás dos carros, na garagem. O time adversário recuou até o lado direito da casa. Não sabia onde estavam. Eu tinha três bolinhas nas mãos, assim como meus companheiros. Havia mais cinco bolinhas reserva no chão e um pote cheio delas com Rue.

Então Clove, time azul, apareceu espionando pelo lado direito da casa. Prim tentou acertar uma bola nela – e quase acertou -, mas eu virei para o lado oposto e joguei a bola, abaixando-me em seguida. Johanna estava fora. Era uma estratégia e não sei como descobri isso a tempo, apenas sabia que Clove era uma distração e que alguém ia tentar nos acertar do outro lado. No caso Johanna, que acertou Madge. Então as duas saíram.

Eu fui na direção de Clove e joguei todas as bolas nas costas dela, menos na barriga. Voltei ao nosso local e Prim havia sumido. Eu e Gloss dividimos as últimas bolas a fomos em direções opostas.

Na lateral da casa, me dei com o Mellark. Ele jogou uma bola em mim e eu virei de costas, antes que atingisse minha barriga. Ele me contornou, mas me abaixei, derrubando uma bola no chão. Ao levantar o olhar para cima, ele estava de costas. E a bunda dele era gigante.

- Admirando a vista? – ele perguntou, enquanto eu me levantava e virava de costas. – Quem cala, consente.

- Qual é, Mellark, todos sabem que você é gostoso – resmunguei olhando para trás. Ele também estava de rosto virado, olhando para mim e sorrindo.

- Mas você admitindo isso... É uma dádiva – ele falou sorrindo e virou com tudo, jogando uma bola em mim.

Mas não bateu na barriga e sim na perna. Ele errou feio. Então eu corri, enquanto ele atacava bolas nas minhas costas. Ouvi quando ele soltou um palavrão e sorri, vendo que Prim atacara o próprio irmão. Peguei mais umas bolas com Rue e esperei alguém aparecer, assim como Prim. Então Clove chegou e acertou a pequena na barriga.

- Somos as últimas – ela anunciou.

- Então prepare-se para trazer a derrota aos azuis – retruquei. – Baixinha.

E com isso, ela saiu atacando bolas em mim e eu nela. Segundo Rue, eu ganhei, mas não vi isso. Eu e Clove estávamos tendo um ataque. Estávamos todas molhadas e caímos no chão, fazendo nossas costas ficarem cheias de grama.

Depois do banho, eu vestia uma blusa vermelha e um short jeans comum. Prim penteou meus cabelos enquanto as outras meninas tomavam banho. Rue estava chorando num canto por algum motivo que realmente não me interessava. Digo, eu amava minha irmã, mas ela era muito mimada, culpa da Effie.

Foi isso. Papai apareceu com um pacotão e embora fosse enorme, eu sabia que o que tinha ali não era grande. Na verdade, eram um monte de coisas empacotadas juntas. Quando abri, encontrei seis livros novinhos pra mim. Eu sorri com isso e Rue cantarolou que havia ganhado dez na semana passada – no aniversário dela -. Sinceramente, isso não me atingiu. Os livros de Rue eram de no máximo cem páginas e eu tinha certeza que ela nunca os tinha terminado.

Então cantamos parabéns. Senti abraços. Clove chorou nos meus braços, Madge me apertou demais, Johanna gargalhou enquanto me abraçava. E Gloss... É, ele me abraçou também. Eu senti seu perfume e seus braços fortes. Hehe.

Na hora do Mellark, eu esqueci que tinha ódio dele e sorri, quando ele deu dois tapinhas em meu ombro e falou: “Feliz aniversário, mas realmente espero que você não sobreviva até o próximo”. Em outra ocasião eu teria revirado os olhos, mas ali eu só consegui gargalhar. Ele acabou sorrindo também.

Então, papai me deu um beijo na testa, Rue deu um apertado abraço e Effie dois beijinhos na minha bochecha e foram embora. É verdade que senti um vazio. Como uma... Nostalgia, talvez. Não bem uma nostalgia, mas... Quase isso. E eu estava feliz. Muito feliz. Mamãe deitou comigo naquela noite, como quando eu tinha doze anos (é, até meus doze anos eu dormia com ela) e estava com medo das sombras da noite, culpa de um filme chamado Mistério da Rua 7. Eu, ela e as meninas – incluindo Prim e Cashmere -, ficamos conversando e eu não conseguia parar de sorrir.

Digo, mamãe parecia uma adolescente interagindo conosco. Porém, mesmo assim, quando soltei um “foda-se” ela me repreendeu. Mãe é tudo igual, tem jeito não. No fim, ela havia esquecido o que eu tinha feito no dia anterior. Ela tinha me perdoado. E eu queria, de verdade, não fazer merda novamente, mesmo que julgasse impossível.

Aquele aniversário, que estava sendo horrível, entrou para história, enfim. 


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Notas finais do capítulo

Tá, eu sei que Everlark tá demorando. Mas eu avisei. Avisei nas notas da história que ia demorar beeeem muito pro nosso casal vinte ficar junto. De qualquer maneira, eles terão um avanço em dois capítulos, pode deixar.
E por favor, comentem. Sério, eu quase não tô recendo comentários nessa fic, poxa!
Anyway, beijão!