A Morte Lhe Cai Bem escrita por MahDants


Capítulo 6
|| Agora é Guerra


Notas iniciais do capítulo

DESCULPEM!!
Era pra eu postar ontem, mas eu tive um probleminha na minha internet :S
Anyway, aproveitem o capítulo!



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- Acorda, aniversariante – falou Madge com voz calma.

- Não adianta ser delicada! – ouvi a voz de Johanna.

- Acorda, porra! – Clove gritou em meu ouvido.

Senti meus lençóis sendo puxados para fora do meu corpo e resmunguei. A janela de madeira – aquela que deixava o quarto escurinho, mesmo que fosse de dia -, foi aberta e o Sol irrompeu o quarto. A claridade me deixava sufocada. Enfiei a cabeça embaixo do travesseiro e voltei ao meu sonho... Onde eu estava? Ah, sim.

Zac Efron. Eu tava sonhando coisas muito impróprias com ele. Estávamos na piscina, Mellark no fundo chorando por seu celular quebrado e eu e Zac na piscina. Sem roupa, sem nada. Eram coisas muito impróprias. Não me importava que alguém fosse ouvir. Mellark estava ocupado demais chorando. Então ele ligou Fix You no celular e eu e Zac saímos da piscina e fomos dançar (do nada estávamos com roupas) na grama verde do jardim.

Como se o sonho não pudesse ficar mais estranho, o Sol foi sumindo... Foi ficando escuro e Mellark não estava mais lá. Nem a música. E quando eu virei... Nem Zac. Eu estava só com minha professora de filosofia. Ela estava em cima de uma mesa. Do portão, chegaram pessoas com capuzes vermelhos e velas na mão. E eles começaram a girar ao redor da mesa. Paredes se ergueram ao nosso redor, paredes de tijolos com verniz e nela um quadro da Mona Lisa estava preso. Eles cantavam alguma música quase inaudível... Então eu acordei de vez.

Ah, não, de novo não. Era sempre a mesma coisa quando eu ia para aquela casa de praia! Era estranho. A primeira noite de dormida lá, eu sempre sonhava isso. Eu achava que estava livre do sonho... Mas não! Droga, porque eu não levantei quando as meninas chamaram? Eu estava com medo de abrir os olhos e encontrar o rosto da Mona Lisa pregado em minha parede. Tá, isso soa infantil, mas fazer o que?

Então eu fiz a mesma coisa que fazia quando mais nova, quando desde os meus seis anos eu sonhava com o rosto daquela puta. Tampei meus olhos e tateei a saída do quarto. Fui de olhos fechados, procurando minha mãe. Até que trombei em alguém. Minha sorte era grande... Já deu pra adivinhar em quem eu trombei, certo? Errado. Não foi o Mellark.

- Katniss? O que... Você tá fazendo? – perguntou Gloss.

- Cadê minha mãe? Chama ela aqui? – pedi.

- Tá.

Escutei seus passos e agora minha sorte ficou pior. É, dessa vez era o Mellark. Mas eu não sabia. Ouvi-o se aproximando, mas achava que era mamãe.

- Mãe?

- Tenta de novo – ele tentou brincar. Parece que a tpm da princesa havia passado. – O que você tá fazendo?

- Cadê a minha mãe?

- O que você tá fazendo?

- Tem algum quadro da Mona Lisa aqui? – perguntei.

- Hã?

- Eu tive um pesadelo – falei baixinho. – Eu quero minha mãe.

- Olha pra mim – ele pediu. – Não tem nenhum quadro da Mona Lisa aqui.

Ele ficou de frente pra mim e tirei a mão do rosto. Um por um, meus olhos foram abertos. Encontrei Peeta olhando pra mim com as sobrancelhas erguidas e divertimento nos olhos.

- Porque você tá sendo legal comigo? – cerrei os olhos.

- Ainda tô de bom humor.

- Você é a única pessoa na face da terra que acorda de bom humor – resmunguei. – Mas obrigada.

- Por isso e porque eu entendo de pesadelos – ele respondeu.

- Argh! – soltei em tom de repulsa. – Não devíamos estar conversando! Você estragou meu livro, eu rachei seu celular.

A cara dele se fechou, o brilho nos olhos sumiu. Ele voltou a ser o Mellark de antes. Mamãe chegou e adivinhou que a Mona Lisa tinha atingido meus sonhos. Tomamos nosso café da manhã e fomos pra praia, aproveitar o raro dia de Sol na Inglaterra. Eu amava aquela praia. Ela era meio deserta, o mar era calmo de manhã e agitado a noite, a areia nem tão branca assim... Eu amava, enfim. Gostava ainda mais da areia, que era perfeita para castelos. Chamei Clove, Madge e Johanna para uma competição.

- Precisamos de um juiz – disse enquanto encarava os três castelos já finalizados das meninas.

- Chamem o Peeta – disse mamãe.

- Ele não é bem-vindo – falei e logo senti o olhar de mamãe me repreendendo.

- Peeta! – ela chamou. – As meninas precisam de um juiz.

- Foi mal tia, mas a filha da senhora é chata demais – Clove abafou a risada e mamãe fingiu que não escutou.

- Venha logo – ela disse. Ele ajeitou os óculos escuros e se aproximou com uma cara de poucos amigos.  

- É... Castelo da Madge. Agora tchau.   

- Claro que você vai escolher o castelo da Madge - falei.

- Ciúmes?

- Não, querido Mellark. Só estou comentando o quanto você é injusto e imparcial - respondi.

- Aceite perder, Everdeen.

- Eu aceitaria, se qualquer outra pessoa fosse o juiz – eu falei e era verdade.

- Qual o seu? Prometo dar minha sincera opinião – ele disse.

Apontei para o castelo da direita. Ele tinha um jardim, dois andares e duas torres, com janelinhas. A entrada era gigante e tinha uma ponte. Eu demorei muito fazendo aquela ponte. Mellark fingiu pensar em qual o problema do meu e por fim levantou o pé fedorento dele e esmagou o castelo.

- Qual seu problema, em, cacete? – gritei.

- Palavreado, Katniss – lembrou mamãe.

- Seu idiota! – berrei.

- Parece que está dois a um – ele disse.

- Quem está contando?

- Eu – ele respondeu.

- Você quer guerra? É isso?

- Achei que a guerra já tivesse sido declarada desde o parque – ele comentou.

- Seu filho da puta, eu te odeio! – levantei e comecei a bater nele.

- Katniss! – mamãe advertiu, mas eu não queria saber. Continuei batendo, até que ele me deu uma rasteira.

- Deveria saber que homens são mais fortes – ele disse em tom de desculpa. Eu, que estava deitada no chão, levantei o pé, bem a tempo de bater nas suas partes. – Sua pu... oroblématica.

Ele ia falar puta, mas estava querendo passar a imagem de vítima inocente para minha mãe, então se autocorrigiu. Que imbecil. Meu sangue estava fervendo. Minha vontade era de socar a cabeça dele, até sair muito, muito sangue. Porém a visão dele se contorcendo no chão me deu peninha, então parti para o mar, querendo tirar parte da areia acumulada no meu corpo.

- Sinto muito – disse Prim, que estava tomando banho no mar. – Pela segunda vez meu irmão estragou alguma coisa sua.

- Juro que se ele fizer mais alguma coisa, eu entro no quarto de vocês silenciosamente e mato ele com uma faca – falei e mergulhei.

- Fiquei com medo agora – ela disse quando voltei à superfície.

Eu comecei a fazer cosquinhas nela e ela ria sem parar. Tirando a cor do cabelo, da pele e dos olhos, Prim se parecia muito com Rue. Eu gostava disso. A risada da loirinha era gostosa de ouvir e para fugir de mim, ela começou a nadar. Estava divertido demais. Eu ria compulsivamente e ela também. Porém, o que antes eram risadas, agora eram gritos de desespero, Prim estava se afogando e longe o bastante de mim. As ondas se agitaram e a cada tentativa de pegá-la, eu era arrastada para a margem.

- PEETA! – gritei desesperada. – PEETA!

- Morri – ele gritou de volta.

- PEETA! – gritei. Aquele imbecil era cego, ou o que?

Porque eu não chamei outra pessoa? Gloss era bem mais forte que o Mellark. Mas Peeta era o irmão da Prim, o primeiro nome que veio na minha cabeça. Assim que ele avistou o desespero no meu rosto, correu para dentro do mar. Na metade do caminho, viu Prim e nadou ainda mais rápido, se possível.

A adrenalina fluía em meu corpo. Meu cérebro latejava. Eu tentava ir, mas as ondas eram fortes. Nadamos para muito longe! Engoli muita água. Antes de atingir uma inconsciência, Gloss me pegou no colo e me deitou ao lado de Prim, na areia. Perguntei-me como ele havia conseguido me pegar, eu era tão pesada...

- Você queria matar minha irmã? – perguntou Mellark e eu revirei os olhos.

- Claro, Mellark – ironizei. – Queria me matar também, não viu?

Minha cabeça rodava. Pontinhos pretos estavam em minha visão. Eu estava ofegante, respirando com dificuldade. Queria muito, muito mesmo dormir. Eu estava com sono, o corpo cansado... Minhas pálpebras queriam se fechar. Eu fazia tanto esforço pra respirar. Era como se faltasse oxigênio no meu cérebro, ou como se tivesse oxigênio em excesso, todos os movimentos eram captados cinco vezes mais lentos. Eu estava ficando inconsciente. A última coisa que pensei foi o quanto meu aniversário de dezesseis anos fora maravilhoso.

Alguns minutos depois acordei, nos braços de Gloss. Ele estava ofegante e parecia cansado. Claro que estaria cansado, me carregar... Enfim, levantei o rosto e vi que estávamos no caminho de casa. A rua de areia até chegar na décima segunda casa dali. O caminho era longo. Tá, não tão longo. Mas eu era uma preguiçosa, então era longo pra mim.

- Pode me colocar no chão, Gloss, obrigada – falei com a voz doce.

- Tudo bem, já estamos chegando – ele disse, causando-me arrepios com aquela voz grossa.

Prim estava no colo do Mellark. Ela não estava inconsciente, mas provavelmente cansada. Por isso o Mellark a carregava.  Alguns minutos se passaram até que senti meus pés encostarem-se à grama verde do jardim da casa de tijolos e sorri pra Gloss, corada e agradecida. Ele sorriu de volta e foi ver como Prim estava.

Então mamãe colocou uma música e todos nós fomos pra piscina. Devo dizer que Snow de sunga não é uma visão legal de se ver. Comentei com as meninas e elas riram. A tarde foi normal... Eu estava gostando do meu aniversário. Cashmere ainda me mandava olhares furiosos, Prim estava cansada ainda, mas... Acabei perdendo um pouco de nervosismo com Gloss e ele e Clove deram uns pega embaixo da água. Mellark continuou insuportável, mas me ignorou e agradeci aos céus por isso.

Acho que quando deu três horas, notei que Cashmere e o Mellark não estavam lá. Snow e mamãe jogavam dominó com Prim e Gloss. Madge nadava de um lado pro outro na piscina e Johanna fazia uma trança nos cabelos molhados de Clove. Foi então que percebi que eles não estavam lá. Falei pra Mad que ia no banheiro e saí procurando aqueles dois. Entrei no primeiro quarto, nada. Segundo quarto, nada. Terceiro? Nada. Foi no jardim da frente, na sala e cozinha. Na dispensa e na churrasqueira do lado de fora. Nada. Fui até pro meio da rua. Procurei no banheiro, nada. Até que entrei de novo no terceiro quarto, a suíte e escutei vozes elevadas no banheiro. Algum tempo depois, Cashmere saiu chorando e o Mellark se deitou na cama de lençol azul. Passou as mãos nos cabelos e bufou, olhando pro teto. Fui atrás de Cashmere.

Ela estava encolhida na cama de cima da beliche que ficava no segundo quarto. As mãos envolta do joelho e os cabelos molhados do lado esquerdo do rosto. O biquíni estava desamarrado na parte de cima e seu rosto inchado. Acho que sabia o que tinha acontecido. Sabia também que ela não estava nada bem, mas mesmo assim, forcei-me a perguntar enquanto subia na cama:

- Você tá bem?

- O que você acha? – ela soltou. – Eu acabei de terminar com meu namorado.

- Era verdade que vocês namoravam? – perguntei boquiaberta. – Eu achava que era mentira, sabe. Vocês são tão discretos e não se tratam como namorado...

- Há alguns dias as coisas não estavam nada bem – ela explicou. – Então ele me chamou para aqui e... E...

- Forçou a barra – deduzi.

- Eu queria – ela disse e soluçou. – Queria dar um jeito no nosso namorico e achei que sexo fosse a solução.

- Você tem quinze anos ainda, Lola – falei. – Não tente apressar as coisas.

- Eu sei – ela disse e recomeçou a chorar: - M-mas... Eu achei que po-podia. Sabe... Só que na hora eu... Peeta... Eu amarelei. E ele me falou coisas horríveis. Ele terminou comigo.

- Peeta é um babaca – ofendi.

- Por favor, Katniss, não começa a xingar ele – ela pediu.

- Você gostava mesmo dele?

- Eu o amava. Amo. Não sei... Isso é tão confuso!

- Sabe o que eu acho? – perguntei e ela fez que não. – Que você é muito nova pra se preocupar com isso. E acho que tem algum problema mental por gostar do Mellark.

- Para – ela pediu, mas mesmo assim riu. – Eu estou sendo uma boba.

- Claro que está – confirmei. – Ele não merece uma lágrima sua.

- Eu vou pra piscina – ela disse e se preparou para descer da cama. – Você vem?

- Eu já vou.

Vi ela sair com um ânimo um pouco melhor do quarto e suspirei. Eu não sabia por que exatamente estava ajudando ela. Digo, alguns minutos atrás ela estava me fuzilando com os olhos, provavelmente desejando minha morte. Tudo por ciúmes da atenção que estava recebendo. Ela estava certa em ter raiva de mim. Eu acho.

Oh, droga, como eu era idiota. Achava que sempre era a culpada dos problemas de todo mundo. E sempre ficava com sentimento de culpa se não ajudasse as pessoas. Eu queria voltar para a piscina agora e me divertir, mas estava dividida. Minha mente gritava para eu ir defender a Cashmere. Ao mesmo tempo, eu não queria ir arrumar mais confusão com o Mellark. Eu já estava cansada disso e quanto mais ficar longe dele, melhor. Tento repetir isso em minha mente, mas ela continuava gritando para eu ir defender a Cashmere.

Eu ia me arrepender disso depois. Levantei suspirando e fui até o terceiro quarto. Com raiva de tudo. Raiva do Mellark ser tão estúpido, raiva por estar defendendo uma garota que me odiava, raiva por ter sempre que ajudar as pessoas, raiva por ser idiota, enfim. Era isso que eu era; idiota. Porque tenho certeza que ninguém faria o mesmo por mim. Porque eu estava ajudando mesmo?

- Qual o seu problema? – gritei e bati a porta do quarto com força. Ele ficou calado. – Responde, seu filho da mãe.

- Vai pra merda, Everdeen – ele disse. – Quem te chamou aqui?

- A casa é minha eu vou pra merda de canto que eu quiser – falei. – E agora eu quero estar aqui.

- Ótimo, então fique sozinha.

Falando isso ele se levantou. Ele faz as merdas e não quer arcar com as consequências? Não, não, não. Ele ia me ouvir! Pus-me na frente dele e dei um tapa em seu rosto, com os olhos cintilando raiva. Seu olhar era igual para comigo. Ele tentava passar, mas eu não deixava, até que com força ele pegou meu braço e me empurrou na parede. A cabeça colidiu com ela ao bater e senti uma pontada de dor. Ele apertava forte meu braço; estava machucando.

- Fica na tua – ele rosnou e ia saindo, mas com a força que me restava puxei sua camisa.

- Responde – mandei. – Porque você terminou com a Cashmere?

- Ela não queria me dar o que eu queria – ela respondeu. – Depois de dois meses de namoro... Estava na hora, não acha? Eu sou homem, tenho necessidades.

- Não, não acho – respondi e o soltei. – Ela é mulher, tem sentimentos.

Então ele saiu do quarto bufando e eu entrei no banheiro. No lugar que ele havia apertado estava vermelho, provavelmente ficaria roxo depois. Minha cabeça latejava. Coloquei a mão em forma de conchinha e peguei um pouco de água; precisava lavar o rosto para a dor passar e para me acalmar.

Feliz dezesseis anos, Katniss! 


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Notas finais do capítulo

O título do capítulo nada haver, né?
Heey people, eu queria pedir pra vocês comentarem. Eu sou uma pessoa tãaaao carente :'( E me deixa feliz um "Oi"
Até domingo! ;)