Dois Cafés Com Creme E A Conta, Por Favor escrita por Gio


Capítulo 7
Realeza e Pizza


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores.
Aqui está.
XOXO
Ah, esse é especial pra gata da Isah, que recomendou. OMDS, sua linda!



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“Então, vai aceitar a carona?”, foi o que ele perguntou, e ela aceitou, porque era uma questão de necessidade.

                “Eu preciso chegar às duas no trabalho.”, ela respondeu, deixando-o aturdido ao sair jogando os cabelos em direção ao palio azul estacionado à duas quadras do estacionamento. “Você não vem?”

                E ela com certeza não chamaria duas vezes.

XXX

                Girou a chave de ignição, passou a marcha e tirou o carro da vaga milimetricamente pequena de forma a parecer fácil. Mas não foi nem um pouco.

                Depois de um ano e meio de auto-escola, ele tinha que pelo menos saber fazer baliza.

                “Onde arranjou o carro?”, ela perguntou, tirando uma caixa de chicletes da bolsa. “Quer?”

                Leo recusou com a cabeça por uma educação fingida. “Eu trabalho como mecânico nas horas vagas, quando um senhor que achava que o carro estava irrecuperável deixou esta belezinha na oficina e disse que se eu conseguisse consertar o carro, podia ficar com ele.”

                “E você obviamente o consertou.”, ela confirmou com aquela voz estranha de quem masca chicletes.

                “Mais ou menos.” Leo riu. “Eu tenho que torcer para que o motor não entre em combustão cada vez que eu dou a partida.”

                Reyna arregalou os olhos e pareceu ficar pálida.

                “Estou brincando, querida. O carro está bom, e eu tenho certeza de que não vamos explodir quando eu for colocar gasolina.”

                “Nunca mais brinque sobre isso. E muito menos me chame de querida.”, ela reclamou enquanto ajeitava a bolsa no colo. Checou o relógio de pulso. “Eu preciso estar em casa antes das duas, então acho bom você se apressar.”

                Leo sorriu. “Sim senhora.” E fez uma reverência curta. “Sabe, eu me sinto transportando a rainha da Inglaterra de tanto cuidado que eu tenho que tomar só pra te levar em casa.” Ele brincou, e Reyna num gesto não muito adulto, fez uma careta irritada.

                “Se eu fosse a rainha, você provavelmente estaria polindo a prataria, e não me levando para casa.”

                “Isso teria me magoado se eu soubesse que você só está falando isso porque não gosta de ficar dependente a mim.”, ele deu de ombros, ligando o rádio numa estação qualquer, apenas para fazer barulho.

                Reyna virou a cabeça num gesto de desdém. “Minha casa fica na próxima esquerda. Rua 18, Bloco C.”

                Leo revirou os olhos. “Sim senhora, comandante.”, ele pensou com um sorriso idiota.

XXX

                “Eu posso pelo menos entrar pra conhecer a sua casa?”, foi o que ele perguntou ao deixa-la na portaria de um apartamento verde e antiquando.

                “Não.”

                “Poxa Rey! Eu estou me dispondo a te levar e buscar aonde você precisar. E além disso, como você pretende ir pro trabalho?”.

                Tudo bem, desta vez ele jogou baixo.

                Reyna rangeu os dentes. “Okay. Entra.”

XXX

                Bloco C, sexto andar e apartamento 675. Pronto. Agora Leo já tinha anotado em sua mente o lugar onde passaria a conviver todo o tempo que fosse possível.

                Reyna tirou um chaveiro colorido da bolsa, procurou a chave certa e destrancou a fechadura. Girou a maçaneta e voilá, o apartamento estava ao alcance de seus olhos e de suas mãos.

                “Não toque em nada. Annabeth não gosta que mexam nos vasos caribenhos que a mãe dela trouxe da Etiópia.”´, ela advertiu.

                Leo fez uma cara confusa.

                “Eu também não entendia no início, mas ela me explicou que um caribenho que estava no mesmo avião que a mãe dela estava vendendo os vasos. São realmente feios, mas ela diz que trazem boa sorte. Vai entender.”, deu de ombros e jogou a bolsa no sofá.

                Leo colocou sua mochila perto do porta revistas e começou a observar o entorno.

                Um sofá grande e creme, uma mesa de centro, uma tv de sabe-se-lá-quantas-polegadas, alguns dvds jogados pelo tapete e um quadro abstrato que não parecia passar de uma mancha de ketchup numa toalha de pizzaria.

                “Eu tenho lasanha congelada, macarrão instantâneo e uma comida indefinida que Annabeth deixou na geladeira.”, ela enumerou lá da cozinha.

                “Acho que vou apostar minhas fichas na comida indefinida da Annabeth.”, ele respondeu.

                “Se é assim, é bom que goste de aspargos.”, ela falou com uma voz que parecia conter uma risada.

                “Bom, eu não gosto.”

                “Então vou colocar uma pizza no forno.”

                “Espera aí!”, ele reclamou. “Você não me disse que tinha pizza.”

                “Porque era o que eu pretendia jantar. Mas como você atrapalhou meus planos, acho que vamos ter que comer isso mesmo.”, ela respondeu, e Leo ouviu o barulho do palito de fósforo em atrito com a caixinha.

                Caminhou até a cozinha e encontrou Reyna escorada na bancada tomando um copo d’água.

                “Eu não te dei permissão pra vir aqui, mas tudo bem.”

                Leo fingiu não ouvir. “O que vai jantar?”

                Ela pôs o copo dentro da pia. “Não sei, mas eu me viro. Muito provavelmente Annabeth vai pedir comida Tailandesa e eu vou comer o que tiver de menos exótico no cardápio.”

                “Eu poderia te levar para jantar, se você quisesse.”

                “Eu dispenso, obrigada.”, ela respondeu. “A pizza deve estar pronta em uns 10 minutos, se não me engano. Pode ligar a tv ou pegar alguma revista. Eu realmente não me importo.”

                “Estou bem assim. E não imagino que você tenha alguma revista interessante naquele acervo cultural para gênios.”, ele implicou. “Você poderia me levar para conhecer a casa.”

                “Sim, eu poderia. O problema é que eu não estou afim.”

                “Onde fica o banheiro?”

                “Entre no corredor, segunda porta a esquerda.”, ela respondeu.

XXX

                “Espero que você não se importe por eu usar seu sabonete em formato de tartaruga.”, ele anunciou ao entrar novamente na cozinha.

                Reyna se virou rapidamente.

                “Eu gostaria de saber como o seu cérebro não consegue imaginar que sabonetes como aquele são para decoração.”, ela falou com uma calma perigosa. “Mas eu posso conviver com isso. Aliás, a pizza está pronta.”

                Leo caminhou de costas em direção à sala.

                “Ai!” ele reclamou ao bater com as costas em algo duro. Virou-se para ver. “Quem colocou este piano aqui? As pessoas podem tropeçar, sabia?”

                Reyna riu.

                “Não é possível que você não o tenha visto aí. O vasinho em cima foi suficiente para camufla-lo, certo?”

                “Não teve graça.”, ele fez uma careta, alisando a parte machucada.

                Reyna balançou a cabeça e colocou o tabuleiro em cima da mesa. Caminhou até a cozinha, abriu a geladeira, pegou uma compressa de gelo e entregou a Leo.

                “É o máximo que posso fazer. Annabeth não permite que eu compre medicamentos para ‘camuflar’ a dor.”, ela deu de ombros. “Ela diz que não atrai boas energias. A não ser que você queira usar alguma coisa da maleta natureba que ela guarda no banheiro.”

                “Não, obrigada. Estou bem assim, sabe?”, ele deu um sorriso doloroso.

                Reyna sorriu e cortou a pizza em oito fatias enquanto Leo se sentava no sofá. Ela não ligou a tv, e ele não se preocupou pegar alguma coisa para se distrair. Suas costas estavam tomando toda a atenção.

                “Você toca piano?”, ele perguntou pra ela, que fez que não com a cabeça porque estava mastigando. Leo concordou com a cabeça e continuou a comer.

                “Annabeth toca desde que tinha 6 anos, então quis trazer pra cá. Por isso nós não podemos ter mais um sofá.”, Reyna explicou e serviu-se de um copo de suco e laranja que havia deixado na mesa.

                Leo assentiu com a cabeça.

                “Falta 20 minutos pras duas horas, se você estiver preocupada em sair a tempo.”, ele avisou após conferir o relógio de pulso.

                Reyna engoliu com pressa e foi se vestir, mas antes advertiu: “Não suje nada e não mexa nos incensos da Annie.”

                E se trancou no quarto.


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Notas finais do capítulo

Reviews? Recomendações, talvez?