Dois Cafés Com Creme E A Conta, Por Favor escrita por Gio


Capítulo 5
Meias


Notas iniciais do capítulo

Antes que a Juju estresse, a música Shiver é propriedade dela, e não do Coldplay, ok?
Aproveitem, suas gatas.
XOXO



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Leo acordou quando seu celular tocou. Não pelo despertador. Na verdade, ele nunca usava despertador. Jason sempre ligava pontualmente às seis e quinze da manhã para dizê-lo que a aula começaria em uma hora.

                O garoto coçou os olhos, espreguiçou-se e conteve um bocejo com a mão, levantando-se para atender ao telefone que berrava ao som de Rolling Stones.

                “Alô?”, ele falou com sua habitual voz rouca, mais acentuada ainda por acabar de acordar.

                “Bom dia, garanhão! Aqui quem vos fala é Jason Grace.”, respondeu o amigo eufórico do outro lado da linha.

                “Assim você até faz parecer que eu não sabia que você ligaria.”, Leo ironizou. “Mas então me diga, qual foi a razão de me ligar”, ele checou o relógio, “dez minutos mais cedo?”

                “Quero saber como foi sua tarde com a gata maluca da aula de química.”, Jason foi direto.

                Leo pigarreou. “Como soube?”

                “Simples: Você nunca sai as segundas feiras. E deveria fazer seus deveres de casa, que eu pressuponho que não fez. E pela sua cara babona de ontem, era mais que óbvio que você tivesse ido investigar a vida e aventuras de Reyna.”, ele explicou.

                “Essa explicação soa como se eu fosse uma adolescente previsível que combina de sair com as amigas e escreve um diário. Por favor, eu tenho 19 anos, cara! E você, para de me stalkear, beleza?”, Leo brincou.

                “Você que deveria parar de stalkear a tua garota. Soube que passou a tarde no Starbucks onde ela trabalha.”, Jason recriminou.

                Leo riu pelo nariz e se jogou no sofá, apoiando as pernas numa cadeira.

                “E é assim que pretendo passar minhas tardes. Eu descobri que lá é o único lugar que eu posso falar com ela sem ser chamado de idiota, impertinente, impulsivo ou algum dos adjetivos iniciados em ‘in’ que ela faz questão de procurar.”, Leo esclareceu, ouvindo a risada animada de Jason no outro lado da linha.

                “Tudo bem, você venceu desta vez.”, Jason riu. “E quando vai oficialmente chama-la para sair?”

                “Fiz isso ontem, na verdade. Tirei-a do trabalho para tomar um café comigo.”, Leo admitiu, dando de ombros mentalmente.

                “E como foi? Se quiser, eu posso te arranjar uma vida fora daqui. Talvez você consiga ser pastor de lhamas nos Alpes chilenos. Não é o Sir. Latino que se gaba de falar espanhol fluentemente?”, o loiro implicou.

                “Haha. Muito gentil da sua parte, mas não. Até que foi divertido. Ela não me ameaçou nenhuma vez em todo tempo, exceto se contarmos aqueles olhares intimidadores como ameaça, é claro.”

                “Ufa! Acabei de salvar um punhado de lhamas inocentes de um pastor potencialmente homicida.”, Jason suspirou aliviado, para depois gargalhar ruidosamente ao celular. “Mas agora falando sério. Como vai fazer hoje? Afinal, estudamos juntos, e você não pode falar com ela apenas enquanto estiver no Starbucks.”

                “Eu faria isso se ela não fosse tão agressiva sem o risco de não ser demitida. Eu posso jurar que ela conseguiria me fazer correr só com aqueles olhos.”, ele riu.

                “Bom, é o que veremos hoje. Talvez seu Choco Chips tenha valido apena e derretido o coração dela.”, ele disse, e Leo imaginou-o dando de ombros e rindo com os olhos. “Eu já vou, tenho que acabar de me arrumar.”

                “Isso, vai se arrumar mesmo, seu metrossexual barato, enquanto eu me viro aqui com o problema R.”, Leo dramatizou.

                “Quem é problema R?”, Jason riu, fazendo-se de desentendido.

                “Você-sabe-quem.”

                “Leo está saindo com Voldemort?”, Jason fez uma voz de espantado e gargalhou.

                “Depois dessa, eu vou desligar. Por favor, vá fazer algo que você faça melhor do que piadas. Passar gel no cabelo, talvez.”, Leo implicou.

                “Tudo bem, amor. Tenho que ficar gato pra você, né?”, ele brincou. “Te vejo na escola, tchau!”

                E assim, Jason desligou. E Leo jogou o celular na mesa, disposto a nem mesmo sair de casa.

  Um pensamento bobo de Leo Valdez

Talvez se ele levasse o chefe de Reyna para escola diariamente,

ela se tornaria mais maleável.

Bastaria prender o homem de bigode mal aparado

numa coleira e fazê-lo latir quando Reyna tratasse-o (Leo) mal.

Então Leo lhe daria um biscoito e todos seriam felizes.

                Tomou uma chuveirada fria e vestiu a primeira roupa que encontrou no armário, ainda cego pelo sono. Pegou a mochila e as chaves do carro. Desceu de elevador, piscou para a mulher do andar de baixo e cumprimentou o porteiro com uma continência.

                Entrou no carro, girou as chaves e ligou o radio no volume mais alto, até que uma senhorinha deu-lhe uma “guarda-chuvada” na cabeça e o fez abaixar a música.

XXX

                No meio do caminho, enquanto esperava o sinal abrir, encontrou Reyna em pé no ponto de ônibus, com os ombros curvados de cansaço e algumas olheiras leves. Ela fazia sinal para o motorista parar, mas ele parecia ignorá-lo.

                E finalmente a sorte estava a seu favor.

                Manobrou o carro e estacionou no acostamento de onde Reyna estava. Abriu a janela e gritou um “psiu” relativamente alto, e não parou de piscar os faróis enquanto ela não lhe deu atenção.

                “Quer carona para a escola? O ônibus vai demorar, sabe. E eu tenho lugar aqui pra mais de uma pessoa.”, sugeriu galante, abrindo a porta para Reyna entrar.

  A expectativa de Leo ao dar uma carona à Reyna:

“Obrigada! Foi muito gentil da sua parte. Nós poderíamos ser amigos, sabe?

A realidade de Leo ao dar uma carona à Reyna:

“Sua meia esquerda é diferente da direita.”

                E por apenas um segundo, ele pensou em empurrá-la estrada afora.

                “Obrigado?”, ele tentou enquanto observava as tais meias. De fato, elas estavam trocadas.

                Reyna deu e ombros e voltou a batucar o porta luvas com a ponta das unhas.

                “Posso olhar o que tem dentro?”, ela o perguntou com um ar curioso.

                “Pode. Mas por que quer ver?”, Leo replicou mudando a estação do rádio.

                “Não sei, mas algo em você me interessa.”, Reyna respondeu despreocupada, destrancando o porta luvas. Tirou alguns lenços de papel, um conjunto de ferramentas e alguns cds.

Os cds de Leo Valdez Red Hot Chilli Pepers – I’m With You

Foo Fighters – Greatest Hits

Coldplay – Live 2003

ABBA – Gold

                Reyna deu uma risada comedida.

                “O que é isto, Valdez?”, perguntou levantando o cd ‘ABBA’.

                “Odeio ABBA. Isto é da minha mãe. Ela resolveu que eu tinha de ter alguma música decente.”, ele admitiu. “Por mim, você poderia jogá-lo pela janela.

                Reyna balançou a cabeça e recolocou o cd no lugar.

                “Gosto de Coldplay.”, ela comentou, como se indiretamente lhe pedisse para ouvir o cd.

                “Pode colocá-lo se quiser. Não me importo.”, ele deu de ombros, fazendo uma curva.

                Reyna tirou o cd da caixa e o colocou no aparelho de som.

               

                “So I look in your direction
                But you pay me no attention, do you?
                I know you don't listen to me
                'Cause you say you see straight through me, don't you?”

                “Então Reyna, quer carona de volta para casa hoje?”, Leo sugeriu enquanto aumentava o volume do rádio.

                Reyna não respondeu no momento. Cruzou as pernas e voltou a guardar as coisas no porta luvas.

                “Eu vou da faculdade para o trabalho. Annabeth me busca e vamos juntas.”, ela explicou enquanto dava mais uma olhada na caixa do cd.

                “Ah sim, até tinha me esquecido.”, ele riu-se, dando um tapa da própria testa. “Hoje tenho que resolver umas coisas na rua, mas depois vou direto para o Starbucks.”

                “Pensei que tivesse se esquecido.”, ela deu de ombros enquanto estava ocupada olhando para a paisagem, agora já terminada sua tarefa de arrumar o porta luvas de Leo.

                “Quando eu faço uma promessa, tenho a intenção de cumpri-la.”, ele por fim falou, virando a esquina na faculdade.

                O último trecho da música soou.

               

                So I look in your direction

                But you pay me no attention

                And you know how much I need you

                But you never even see me.”

               

                Leo saiu do carro e Reyna continuou a escutar as últimas notas. Quando a música enfim acabou, Reyna calmamente pôs a mochila nas costas e abriu a porta do carro.

                “Por que ficou lá dentro?”, ele perguntou girando a chave do carro entre os dedos e apoiando-se na lataria.

                “Gosto daquela música.”, ela respondeu da maneira de sempre. Curta e grossa.

                “Pode ficar com o cd se quiser.”, Leo deu de ombros. “Não costumo ouví-lo com frequência.”

                Mentira.

                Leo ouvia todo dia aquele maldito cd.

                Então por que raios tinha dado o cd à ela?

As razões pelas quais Leo deu o CD à Reyna

1. Ele esperava que todas as vezes que ela ouvisse, se lembrasse dele;

2. Ele pensava que isso seria o início de um relacionamento;

e

3. Talvez ela conseguisse de fato entender que ele estava afim dela.

                “Não, obrigada.”, ela recusou e fechou a porta do celta cinza do garoto.

                Leo sorriu e ajeitou a mochila nos ombros. Olhou para o relógio. Ainda faltavam 10 minutos para a primeira aula.

                “Eu poderia te dar carona todos os dias, se você quisesse. E você poderia ouvir Shiver  todos os dias que eu não me importaria. Desde que você não comece a cantar. Sua voz é péssima.”, ele avisou.

                Reyna abriu a boca com incredulidade e suspirou fundo. Ajeitou o cabelo para trás e posicionou a mão direita como se fosse lhe dar um tapa.

                “Eu não costumo mentir.”, ele deu de ombros, e despreocupado, começou a caminhar em direção à porta da escola.

                Reyna o seguiu.

                Porque aquilo sempre funcionava.

                E as garotas simplesmente não conseguiam resistir a uma discussão.

                “Sua opinião pouco me importa. Porque cantar não vai me fazer passar em química.”, ela riu com uma expressão quase psicopata.

                Crack. A confiança de Leo deveria ir para o ralo.

                Mas não foi.

                “Cantar não, mas você vai. Se se preocupa tanto com meu desempenho em química, estude comigo.”, ele retrucou. Porque Leo Valdez tinha uma cara de pau invejável.

                “Não me importo com seu desempenho escolar.”, ela deu de ombros, passando à sua frente na caminhada, de modo que Leo teve que correr um pouquinho.

                “Você sabe que essa resistência só me faz mais impulsionado a querer você. E eu não ligo de tomar bronca. Ouvir sua voz já me faz ganhar o dia.”, ele implicou. “Exceto quando você canta. Mas eu posso conviver com isso.”

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Gente, cês não tem noção. Tirando essas anotação e o traço, o texto tem 1717 palavras e isso é muito dahora.

Ah, eu tô feliz também, porque acho que vou no passeio de formatura da escola. Só que a minha mãe mandou meus amigos tomarem conta de mim. E os fdps se aproveitaram disso pra me proibir de andar de pônei. Isso é muita sacanagem com a minha pessoa.

E vocês, meus amores, o que me contam de novidade?

Até sexta!

XOXO  


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Notas finais do capítulo

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