Dois Cafés Com Creme E A Conta, Por Favor escrita por Gio


Capítulo 20
Hércules e chamadas não atendidas


Notas iniciais do capítulo

Oi, amorecossss! Tia Gio voltou porque ela ama vcs. Capítulo maiorzinho pra compensar e especialmente dedicado à Sammy, embora eu acho que a recomendação dela foi boa demais pra esse capítulo.
Vou-me, porque eu tô com sono.
Beijuss



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Se a vida fosse uma loja Starbucks, Reyna teria pedido um café quente e amargo. Só que acabou recebendo um ChocoChips doce e gelado.

O café era o que ela queria. Um choque de realidade, uma maneira de provar o amargo para achar o doce nas outras coisas.

O ChocoChips era o que ela precisava. O terno, alegre e cheio de vida.

E foi por isso que Leo apareceu em sua vida.

XXX

Leo estava se perguntando se ainda valia a pena insistir na garota do 675. Fazia um bom tempo que ele vinha tentando conquista-la de todas as maneiras.

E ele tinha certeza que uma delas lhe agradaria.

Só que depois do incidente da pizzaria, ele passou a repensar se não estava sendo mais um bobo apaixonado, correndo para ela como um cachorrinho adestrado.

Era um domingo qualquer, e o time de Percy tinha resolvido sair. Annabeth obviamente tinha ido junto, e Reyna não queria mofar em casa por mais um domingo.

Leo não estava lá, mas na segunda de manhã, quando tinha ido ao 675 buscá-la, ela não estava em casa. E uma Annabeth sonolenta respondeu que ela provavelmente tinha dormido na casa de um tal de Frank-estava-bêbada-e-esqueci-o-sobrenome.

O tal Frank-estava-bêbada-e-esqueci-o-sobrenome apareceu com senhorita Reyna no estacionamento da faculdade.

Era a quarta feira depois do incidente da pizzaria. E ele estava sentado na mesma mesa de sempre, agitando uma xícara de café expresso.

Reyna estava ocupada demais preparando pedidos e entregando cafés. Ela não notaria.

E aí, ele deixou o dinheiro da conta em cima da mesa. E uma gorjeta pro táxi, porque pelo menos hoje ele não ia voltar para busca-la.

XXX

Ela era tudo que ele precisava.

Pra quê se culpar? Era bonita, bem resolvida e não fazia questão de saber o nome dele. Ele também não ligava pro dela.

Luzes coloridas, fumaça, falta de espaço e um pouquinho de álcool no sangue. E foi numa boate barata que ele tentou fazer jus à frase que diz que uma mentira dita mais de cem vezes se torna verdade.

Era o que ele precisava, certo? Ou pelo menos era isso que tentava incutir a si mesmo.

Ela era tudo que ele precisava.

Pra quê se culpar? Era bonita, bem resolvida e não fazia questão de saber o nome dele. Ele também não ligava pro dela.

E em cada rosto diferente ele procurava o dela.

Preciso dizer ‘sem sucesso’?

O celular vibrou no bolso da calça. Ele parou o beijo pra ver quem era.

E ele queria arremessar o celular contra a parede.

E queria atender e encontra-la onde quer que fosse.

Desligou. Porque era isso que ele deveria fazer.

Vibrou mais uma vez no bolso da calça. Dessa vez ele ignorou.

Mais uma, duas, três, cinco vezes. E então pôs o celular dentro da mochila, porque se ele visse novamente aquela foto risonha no visor do celular, ele iria atender.

XXX

No início, ela só queria saber onde aquele imbecil tinha se metido. Nenhum bilhete na mesa, nenhum guardanapo ou mensagem subliminar nas migalhas do bolinho de amora.

Xícara fria e meio vazia, porque ela não se sentia otimista para um ‘meio cheia’.

Apenas o dinheiro da conta e a gorjeta suficiente para ir pra casa de táxi.

No início, ela pensou que ele teria ido à livraria, porque ter Alice deve ter terminado. E quando teve uma brecha no serviço, correu para a Floreios e Borrões.

A senhorinha do caixa respondeu não ter visto o garoto há um tempo.

E frustrada, ela voltou pro trabalho.

XXX

Seis e trinta e sete. Ele ainda não estava lá.

Talvez tivesse passado mal. Talvez estivesse cansado. E todos os talvezes possíveis preencheram as lacunas de hipóteses da cabeça dela.

Sete e vinte e dois. E nada. Nem sinal dele.

Percy Apareceu para buscar Annabeth e ofereceu carona. Ela mandou um sms avisando que já tinha ido pra casa.

E quando todos os minutos do trajeto se passaram e ele não tinha respondido, ela decidiu ligar pela primeira vez.

Chamou, chamou, chamou e ninguém atendeu. Gostaria de deixar uma mensagem na caixa postal?

O bichinho do orgulho disse que não, mas o monstrengo horrendo da culpa foi mais persuasível.

Leo? Tá tudo bem com você? Ahn, eu só liguei pra saber porque você sumiu. Bom, onde você estiver, se cuida. Me liga quando puder. Tchau.

Ela esperou por quase uma hora e começou a suspeitar que ele talvez tenham o assaltado.

Ligou mais uma vez só pra garantir.

O número que você ligou não atende ou não pode receber chamadas.

E mais uma vez. E depois mais duas ou três.

E então, quando já eram dez da noite e ela tinha perdido a conta de quantas vezes já tinha ligado.

XXX

Depois de fingir ter anotado todos os três telefones que s meninas insistiram em passar, Leo foi embora do bar que nem fazia ideia do nome.

Vinte e três ligações perdidas. Reyna provavelmente estaria intratável e irritadíssima.

Ele realmente queria dizer que não se importava, e voltar ao bar para beber mais três doses da bebida mais forte.

Mas ele não queria, e mesmo que quisesse, não ia conseguir.

As três primeiras chamadas tinham recados de voz. E em nenhuma delas Reyna parecia irritada ou algo do tipo. A última também.

Leo? Bom, eu já jurei pra mim e pra cada fiapo de orgulho que me sobrou que esta é a última vez que eu te ligo. Olha, eu não sei o que houve, não se onde está e nem se está bem. E eu não acredito que vou dizer que estou preocupada. Que merda, cara. Eu realmente espero que você esteja bem. Ah, só pra você saber, mesmo que isso seja isso não tenha menor relevância pra você, eu não estou irritada. Se cuida e dê notícias. Tchau.

Foi realmente a última ligação, a vigésima terceira. E ele podia ter uma ideia de quanto o orgulho dela ia ralo abaixo a cada ligação ignorada.

XXX

Ele tinha acabado de estacionar e estava voltando pra casa. Caía uma chuva fina, e a luz do telhado estava acesa. Tirou o celular do bolso e retornou a uma das vinte chamadas. Sentou-se num banco abrigado da chuva e ficou ouvindo os bipes dizendo que ninguém tinha atendido ainda.

E quando começou a ouvir uma musiquinha fraca que parecia vir do alto, foi ver o que era.

XXX

Foi a primeira coisa que Leo pensou ai vê-la sentada no chão de concreto, debaixo de um guarda-sol em uma noite de chuva.

Bêbada, foi a segunda coisa que ele pensou, já que ela parecia bem acordada.

“Reyna?”, ele chamou, e quando escrutou um grunhido em resposta, sentiu-se aliviado. “O que faz aqui?”

Ela sorriu quando ele se aproximou. “Esvaziar garrafas para encher com frustrações da vida.”, e deu de ombros.

Assim que ele se sentou ao lado dela, notou o cheiro acre do álcool e uma garrafa de uísque pela metade.

“Por que isso está meio cheio?”, ele perguntou, tomando a garrafa de suas mãos.

Ela riu. “Talvez você esteja se sentindo otimista hoje. Ou talvez eu não tenha bebido o suficiente para fazer burradas em grande escala.”

“Você está bêbada?”

Ela revirou os olhos daquela maneira que ela sempre revirava quando ele falava alguma asneira. “Possivelmente.”

“Vamos. Eu vou te levar pra casa.”, ele disse, e então tentou levantá-la do chão. Ela fez manha e resistiu.

“Eu não estou bêbada.”, ela protestou.

“Sim, você está. Eu devo ter um pote de sorvete no congelador.”, foi o que ele retrucou.

Então ele ofereceu a mão e ela começou a se levantar.

Já de pé, tropeçou e caiu, apoiando-se nos ombros de Leo. “Tornozelos fracos.”, ela disse. E então riu. “Deus, isso soou tão Disney.”

Ele sorriu e a colocou no colo. Não haveria formas de fazê-la descer sozinha. “Primeiro porre?”, ele perguntou e ela assentiu. “Qual foi a última vez que bebeu?”

Ela parou e pensou por alguns segundos, descasando a cabeça no ombro de Leo. “Formatura da oitava série.”

Ele riu. “Nem um pouco experiente.”, e ela fez uma careta. “Vou cuidar de você.”, ele prometeu.

XXX

“Espero que não se aproveite da minha condição fora dos limites.”, ela comentou quando ele a colocou sentada no sofá.

Leo tirou os sapatos e riu. “Eu tenho cara de quem faria isso?”

Ela ponderou. “Tenho certeza de que não, mas é sempre bom avisar.”

“Onde arranjou aquele uísque?”, ele perguntou.

“Numa das gavetas da Annabeth. Ela sempre tem alguma coisa alcóolica. Você sabe, términos de namoro, datas especiais ou recuperações em geometria.”, ela respondeu. “Por acaso você tem um balde? Eu não gostaria de vomitar no seu tapete.”

Quando ele fez a menção de pegar, ela ficou pálida.

E quando ela pendeu a cabeça para o lado, como uma criancinha sonolenta, ele percebeu que só daria tempo de chegar ao banheiro.

XXX

“Tudo bem. Apenas fique aqui sentada que eu vou trazer um café bem quente pra você.”, ele avisou e ela assentiu com a cabeça.

“Leo?”, ela chamou com um fiapo de voz.

Ele se virou para olhar. “Sim?”

“Obrigada por cuidar de mim.”, ela sussurrou, e então se levantou do chão pra lavar o rosto.

E isso fez tudo valer a pena.

XXX

Reyna parecia atordoada quando Leo chegou ao banheiro trazendo uma xícara cheia de café recém-feito.

“Aqui está. Geralmente ameniza os efeitos do porre.”, ele disse ao entrega-la a xícara.

Ela riu. “Você costuma ficar de porre constantemente?”, e bebeu um gole de café.

“Você fala difícil quando está bêbada. O máximo que eu consigo sob efeitos do álcool é grunhir algumas coisas.”, ele brincou, e então, se sentou ao lado dela.

“Não respondeu minha pergunta.”

Ele suspirou e riu baixo. “Eu não sou um alcóolatra, se é o que está pensando. Mas às vezes eu bebo problemas pra esquecer problemas como você.”

Ela tentou se levantar, mas acabou tropeçando na própria falta de equilíbrio.

“Desculpe. Tornozelos fracos.”, ela brincou.

Leo se levantou para ajuda-la a ficar de pé. “Você é a pessoa de tornozelos fracos mais incrível que eu já conheci.”, ele murmurou e notou quando ela estremeceu.

Era sorriu. “Estou começando a ficar sonolenta.”, ela comentou.

Leo riu da maneira infantil que ela disse aquilo. “Vou te levar pra casa.”

XXX

Reyna procurava as chaves no bolso enquanto Leo esperava na porta.

“Eu posso ficar aqui e pegar alguma coisa pra você comer antes de ir embora.”, ele sugeriu.

“Isso não é um abuso da sua gentileza?”, ela perguntou ao destrancar a porta.

“Você sabe que não.”, ele retrucou. “Posso entrar?”

Ela revirou os olhos. “Claro que pode. Já conhece a casa, então eu vou tomar um banho enquanto você faz qualquer coisa.”

XXX

Leo tinha vencido os bons modos e aberto a geladeira para fazer um milk-shake cheio de açúcar para Reyna, porque pelo que diziam, o açúcar ajudava a dissipar o efeito do álcool.

Ele já estava lavando o liquidificador quando ela entrou na cozinha. Banho tomado, pijama e carinha de cansada.

“Não sei como agradecer.”, ela disse, e sugou ruidosamente o milk-shake.

“Não seja o motivo dos meus próximos porres e eu ficarei feliz o suficiente.”, ele sugeriu com ironia, embora honestamente.

Ela piscou e se sentou no balcão da pia, enquanto ele a observava com atenção.

“Acho que você precisa dormir. Eu vou pra casa.”, ele falou.

“Tudo bem.”, ela deu de ombros. “Te levo até a porta.”

XXX

“Boa noite, Reyna.”, ele murmurou, e então a abraçou porque ela não impediu.

“Boa noite, Leo.”, ela sussurrou contra a nuca dele. “Sabe, na escala evolutiva, você ainda é um anelídeo pra entender as coisas.”

E antes que ele dissesse ‘hã?’, ela o beijou de leve nos lábios.

Então, fechou a porta.

E ele ficou lá, sentado no extintor de incêndio tentando lembrar como se respira.

Porque ela tinha gosto de uísque e sorvete de chocolate.


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Notas finais do capítulo

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