Dois Cafés Com Creme E A Conta, Por Favor escrita por Gio


Capítulo 15
Gato-da-loja-de-tapetes e masculinidade de caneta




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Ele tinha aberto o estojo e no momento, estava desenhando algum tipo de caveira no antebraço. Reyna o observava do balcão. Parecia tão compenetrado que não perceberia se alguém ativasse um morfador e se transformasse em um power ranger. É, ela tinha certeza de que ele não notaria.

Caminhou devagar até a mesa 4. “Você desenha bem.”, ela elogiou, e ele então se assustou com aquela voz que vinha do nada e deixou que a caneta escorregasse e traçasse uma linha reta entre o nariz da sereia pin-up que ele estava desenhando no dorso da mão.

“Você me assustou. Veja, minha Ariel sexy parece bem melhor com essa cicatriz de batalha. O que acha? Nós poderíamos dizer que foi uma luta de 3 rounds com um tubarão martelo lascivo.”, ele disse com a voz calma e divertida, como uma criancinha explicando seu desenho para os pais. Ela sorriu.

“Não sabia que você desenhava.”, ela comentou enquanto puxava a cadeira para se sentar.

“Eu também não, mas olha o que o tédio faz com as pessoas.”, e então mostrou o braço completamente tatuado. “Vê a caveira?”, e então apontou para o antebraço tatuado. “É o símbolo da minha masculinidade.”, e então, contraiu os músculos e mostrou os braços tornados. “Pena que seja apenas de caneta.”

“Quer dizer que sua masculinidade sai com água?”, ela implicou.

“Você não perde a oportunidade”, e então, balançou a cabeça em desaprovação. “O que faria se eu viesse trabalhar aqui?”

Ela franziu a testa e pensou por alguns segundos. “Provavelmente pediria à polícia uma ordem judicial para te manter a 3 metros de distância de mim.”

Ele sorriu. “E se eu me mudasse para a sua rua?”

“Quinhentos metros. De mim e da minha casa.”, e saiu pisando firme.

Ele riu ao vê-la olhar pra trás no fim do percurso.

XXX

Annabeth não podia conter um sorriso satisfeito ao ver a amiga ligeiramente instável e minimamente abalada emocionalmente.

“Repete que eu ainda não estou entendendo.”, a loira pediu a amiga, que transbordou as palavras rapidamente e sem nexo.

“O gatinho da loja de tapetes apareceu aqui! Ele está na mesa dois!”, foi o que o que ela disse entre gritinhos escandalosos.

Antes de qualquer coisa, acho que é necessário explicar quem ou o quê é o tal Gatinho-da-loja-tapetes. Assim que as duas começaram a morar juntas, precisavam extremamente de algo que cobrisse o desenho de giz de cera (que o filho mais novo da última família que morava lá tinha feito) que ficava entre o sofá e a mesinha de centro.

Assim, rondaram toda a cidade em busca de um tapete discreto-porém-que-combinasse-com-os-vasos-de-nacionalidade-múltipla. Elas já tinha procurado em mais da metade das lojas de cama, mesa e banho e adjacentes da cidade quando acharam o tapete perfeito numa lojinha de esquina com a loja de camisas de desenho animado.

Elas já estavam entrando e alisando os fios do tapete, quando um rapaz do estilo ai-meu-Deus aparece atrás das duas, falando aquele ‘posso ajudar?’ com uma voz que fez Reyna virar uma pocinha de suco pré-misturado.

“Ahn, nós queremos ver este tapete aqui.”, e como sempre, a loira desinibida foi a primeira a tomar uma atitude. E ele sorriu e balançou aquele cabelo tipo-o-cara-de-gatos-amassos-e-fios-dentais. Deus, ele tinha covinhas no queixo!

E agora, lá estava ele na mesa dois, sentado com aquele cabelo de galã-de-filme-clichê-de-adolescente e as covinhas e os cílios grandes. Reyna riu. “Ele tem cara de quem bebê cappuccino com hortelã.”

Annabeth retrucou com uma voz maldosa. “Eu apostaria num mocha com um toque de baunilha. Vamos tirar a prova?”

“Estou apostando meu Guia dos Mochileiros das Galáxias edição de luxo no cappuccino com hortelã.”

“Eu coloco meu perfume francês e mais aquele batom com gosto de morango que você adora na aposta.”, e então riu. “As apostas estão altas, e que vença a melhor.”

Reyna rolou os olhos, ajeito ou cabelos e caminhou até a mesa onde o gatinho da loja de tapetes estava. “Boa tarde. Posso anotar seu pedido?”

Ele, que estava concentrado em uma revista, olhou-a surpreso. “Ahn, um chá verde com leite, por favor.”

O sorriso murchou. “Desculpe?”, foi o que ele falou. “Algum problema?”

Ela deu uma risada meio seca. “Não mesmo, está tudo certo.”

Ele piscou aqueles olhinhos com os cílios mais lindos que ela já tinha visto. “Eu acho que te conheço de algum lugar.”

Ela então, tapou metade do rosto com a franja solta. “Eu acho que não. Nunca nos vimos. Não que não tenhamos nos visto, porque moramos na mesma cidade, então é capaz que nós tenhamos nos esbarrado, e...”, ela aparentemente estava nervosa. E a ironia é desnecessária nesse caso.

“Eu provavelmente acho que te vi nos meus sonhos. Como uma daqueles anjinhos bonitos que tocam harpa. Então eu acordei e vim ao Starbucks tornar realidade.”, ele falou com a voz macia e com um sorriso pseudo-cafageste-mocinho-de-novela.

E então, ela riu. “Isso foi uma cantada?” e quando ele piscou, ela se envermelhou na hora.

“Cantada é uma maneira vulgar de conquistar uma garota.”, e ele deu de ombros. “Mas se você, aceitar, eu posso te pagar um chá gelado, ou algo assim.”

Ela ia responder, eu juro que ia, mas aí, alguém respondeu antes dela. “Tenho certeza que ela prefere um choco chips, mas só quando caras sem noção e com cantadas extremamente encantadoras pedem ao chefe se ela pode ser liberada por alguns minutos. E convenhamos, você não ai levantar sua bunda daí, mesmo porque eu não vou deixar que você seja algum tipo de obstáculo à minha ascensão ao coração frio e sombrio da pessoa em questão.”, foi o que Leo Valdez disse ao aparecer aleatoriamente para dar uma de dragão-possuidor-da-chave-da-porta-da-torre-da-princesa. Por favor, Leo! Não sejamos inconvenientes com os futuros passados interesses amorosos de nossos pseudo-quase-futuros-cônjuges!

Mas não. Quem disse que ele sabe não ser inconveniente? Ah sim, estava escrito no manual de instruções que jogamos fora antes de notar que o produto é defeituoso.

E aí, o gatinho-da-loja-de-tapetes deu um sorriso amarelo e disse que ia fazer xixi, então saiu desapercebidamente, o que não significa discreto ou algo assim, e Leo apoiou a palma da mão no tampo metálico da mesa Starbuckense. “Será que os garotos do mundo ainda não entenderam que apenas eu posso te pagar um chocochips e mandar cantadas sem sentido?”

Ela riu. “Qual é o seu problema?”

Ele piscou o olho esquerdo. “Mais de um, com certeza. Principalmente quando se trata de cafés.”, e então, ele se sentou na borda da mesa. “Dois cafés com creme, e eu vou me lembrar disso.”

E então ela saiu meio rebolando até o balcão. E ele olhou no relógio pra conferir ser era realmente a última vez no dia que ela sairia andando com aquele sorriso blasé de provocação e aqueles passos meio rebolados que paravam quando ela virava a cabeça no fim do percurso.

É, ele gostava disso.

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Amores, essa semana tá mt complicado de postar, mas tentarei achar tempo.

Juro de mindinho.


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Notas finais do capítulo

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