Dois Cafés Com Creme E A Conta, Por Favor escrita por Gio


Capítulo 14
Guardanapo


Notas iniciais do capítulo

Atrasada, eu sei.E está curtinho. Eu sei também. Mas vai aumentar.Eu juro.De mindinho.XOXOAh, obrigada pelas recomendações. Vocês são divas, minhas meninas.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/386652/chapter/14

Eu me lembro de ter passado mais de uma semana. Era terça feira e ele continuava com a mesma rotina. Acordar com uma ligação de Jason, encontrar algo comível e dentro da validade na geladeira, buscar Reyna, ir ao colégio, almoçar em algum lugar, deixar Reyna no Starbucks e ficar lá sentado até que o turno dela acabasse.

E não foi diferente. Ele tinha acordado, encontrado um iogurte semi-válido e encontrado Reyna no ponto de ônibus. Só que desta vez ela estava com o nariz vermelho e uma caixa de lenços de papel.

“Suponho que tenha visto um filme triste ou sonhado que eu tinha morrido, porque apenas isso explica esse nariz vermelho.”, e então se espreguiçou ao banco do motorista, com aquele sorriso canalha que gostava tanto de estampar na cara. “Ou talvez você esteja trabalhando como papai noel fora de época, o que também é uma hipótese a se pensar.”, deu de ombros.

“Não enche, Valdez.”, ela suspirou e expirou com dificuldade. “Minhas vias respiratórias estão congestionadíssimas.”, e então assou o nariz.

“Eu só espero que não seja contagioso.”, ele fez uma cara de nojo e se afastou.

“Tenha certeza de que é. Mas eu acho que ter que conviver com a sua pessoa em estado doente não é algo que eu preze. Enfim, se você puder passar em alguma loja antes de irmos para o colégio, eu agradeceria. Não comi nada de manhã.”, foi o que ela pediu, mas com aquela voz estranha de gente gripada.

Ele confirmou com a cabeça. Andou por umas duas ruas e parou em uma mini loja de Donuts. “Eu acho que você está enjoada de Starbucks.”

Ela riu. “Leu meus pensamentos. Agora veremos se você vai acertar meu pedido.”

Leo sorriu e saiu do carro, enquanto Reyna se encolhia no banco e ligava o rádio.

XXX

“Você prometeu que eu só precisava me preocupar com seus shows nas quartas feiras.”, ele riu quando entrou no carro e a viu cantarolando uma música que ele particularmente desconhecia. Ligou o carro e entregou a caixa branca de rosquinhas para Reyna. “Aqui, acho que acertei.”

“Estou um pouco estranha hoje. Culpa desses microrganismos que se alojaram em mim.”, ela deu de ombros e abriu a caixa. “Doce de leite! Meus preferidos. Obrigada, Valdez.”

Ele sorriu e acenou com a cabeça. “Seria petulante pedir pra agradecer não cantando?”

Ela rolou os olhos e fez uma careta. “Apenas dirija, Valdez.”

XXX

“Posso anotar seu pedido?”, foi o que ela perguntou pra ele, na mesa 4, no centro do Starbucks. Leo estava nas últimas páginas de “Vinte mil léguas Submarinas”.

Ele sorriu. “Um café expresso e uma torta de maçã.”

Reyna sentou-se na borda da mesa. “Acho que você deveria variar. Todos os dias pede a mesma coisa.”

“Ótima ideia.”, ele confirmou.

“O que vai querer, então?”

“Surpreenda-me. Mas nada de veneno na minha bebida ou seus chefes a matariam.”, ele brincou, e ela se levantou para anotar.

“Na verdade, não. Eles me agradeceriam. Minha gerente já acha que você tem ideias marginais contra este estabelecimento.”, e deu um meio sorriso.

“Qual é o problema em tomar um café e ler um livro todos os dias na mesma hora até que uma tal garçonete saia comigo?”, ele perguntou daquela forma dramática.

“O problema está na exigência do tal marginal. Eu não vou sair com você tão cedo.”, ela respondeu enquanto ia se afastando aos poucos.

“Um ‘não tão cedo’ é decididamente melhor que um ‘nunca’”, ele retrucou daquela forma presunçosa que ele sempre retrucava.

Ela se virou um pouco e espiou por cima dos ombros. Então rolou os olhos, como se dissesse “Já que você pensa assim...”.

XXX

Ele definitivamente gostava de vê-la caminhar de um lado para o outro, e apressada, levando um monte de pedidos estranhos para gente tão estranha quanto.

Veio caminhando em linha reta com o pedido na mão. Entregou a Leo. “Macchiato de Caramelo.”

Ele sorveu um pouco da bebida fazendo tanto barulho quanto uma criança de 5 anos quando tenta beber o final de um suco de caixinha. “É bom, mas eu ainda prefiro o café expresso.”

“Você faz caretas cada vez que toma um gole.”, ela argumentou.

“Estou tentando provar o quão viril eu posso ser.”, ele deu de ombros. “Se não se importar, eu gostaria de um brownie, também.”

“Definitivamente é másculo comer brownies com café.”, ela riu de forma irônica e zombeteira. “Mirtilos ou maçãs?”

“Como?”

“Só seu macchiato já representa açúcar e gordura suficientes para um dia. Hoje você vai comer cookies integrais.”, ela explicou, como uma mãe diz pro filho que não é sensato estourar balões no ouvido da tia avó.

“Eu pelo menos tenho direito à uma cobertura de chocolate?”, ele pediu com aqueles olhinhos fingidos de gato de botas.

Ela sorriu. “Não.”

E então se afastou aos poucos novamente, para depois espiar mais uma vez aquele bico de emburrado que ele fazia tão fofestranhamente.

XXX

Ele bebeu mais um gole do macchiato e lambeu os lábios. Doce demais, pensou. Faz Reyna parecer mais amarga do que propriamente é.

Cutucou a lombada do livro com o polegar. Deu mais uma mordida naqueles cookies nada doces e escreveu num pedaço de guardanapo. “Dois cafés com creme, e a conta, por favor. De preferência, com a mesma garçonete com aquele mau-humor atraente e com as tortas. Ou os cookies ou macchiatos. Tanto faz, desde que seja ela.” Tinha a letra bonita, desenhada naquele guardanapo enrugado e com cheiro de doce.

E amassou e jogou fora dentro da mochila.

Por enquanto era apenas um Expresso e algum doce indefinido, mas num ‘não tão cedo’ mais próximo, ele pediria dois cafés com creme, sentado com a garçonete, por favor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews? Recomendações?XOXO