Dois Cafés Com Creme E A Conta, Por Favor escrita por Gio


Capítulo 11
Doppel-sei-lá-das-quantas, e sem ela, dá errado.


Notas iniciais do capítulo

Hey suas lindas.
A coisa complicou agora, porque meus capítulos prontos acabaram.
Dahora isso.
Até semana que vem e espero que gostem.
Ah, obrigada pela recomendação diva, AnninhaChase! ♥



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A aula passou rápido, assim como a paciência da garota das tranças complicadas. Depois de alguns tempos de álgebra, Reyna já se perguntava como os próprios professores suportavam aquela criatura extremamente hiperativa e inconveniente.

“Reyna?”, ele a chamou, no meio da explicação de uma nova matéria.

“Sim.”

“Seus olhos são estranhos.”

“Que inteligente da sua parte notar isso.”, ela replicou, com aquela importância mínima que ela dava àquelas estranhas frases que ele fazia questão de verbozijar em momentos inconvenientes.

Ele rolou os olhos. “Eu juro. São extremamente assustadores, em primeiro lugar.”

“Fico feliz em saber.”

“Me olhe nos olhos.”, ele pediu meio que ordenando.

“Estamos no meio da aula.”, ela argumentou, já notando os olhares irritadiços que o professor lhes lançava.

“Só para de fazer questão e me olha nos olhos, porcaria!”, ele exclamou com a voz sussurrada.

Reyna suspirou. “Feliz, Valdez?”, e então lhe lançou aqueles olhares profundamente assustadores que só ela sabia dar.

“Eu já desconfiava.”, ele deu de ombros.

“De quê, criatura?”, ela lhe encarou cética.

“Você é um doppelganger. Minha sombra maligna e agourenta.”, ele explicou.

E então a sala toda fez silêncio.

“E o senhor provavelmente deve ser o meu doppelganger, Valdez. Porque sinceramente, aonde eu dou aula o senhor dá um jeito de me atormentar! Pra fora de sala, por favor.”, foi o que o professor falou, e Reyna teve que se beliscar para não rir.

E ele saiu. E piscou e mandou um beijo descarado para Reyna.

O professor limpou a garganta e riu. “Uma hora você se acostuma.”

XXX

Mentira.

Ela nunca se acostumaria com aquele ser inconveniente.

Mentira outra vez.

Porque ela já tinha se acostumado.

Ou melhor, se adaptado.

E por incrível que seja, aquele casual espaço de paredes descascadas e mesas rabiscadas parecia estranhamente vazio sem a presença de um pedaço de alegria e displicência que lhe implicava de vez em quando.

Mas, ela não falava isso. Claro que não falava. E nem pensava.

Não imaginam o quão fundo essa constatação reprimida estava.

Porque tudo começa com uma rachadura. Um furinho bem pequeno com um compasso descompassado chamado Valdez.

Ah, mas ela diz que estou velha. E desatualizada.

É culpa minha se ela não acredita no amor?

XXX

Ele sinceramente não esperava ser expulso de sala. Doppelganger uma pinóia, aquela garota era definitivamente sua perdição.

E ainda faltava umas três horas pra aula acabar de vez, e ele só tinha uma gaita e uma caixa de chicletes.

A vida é realmente bela.

XXX

Quando o último sinal tocou, Reyna arrumou seu material e jogou de qualquer jeito o estojo dentro da mochila do colega de carona.

Saiu da sala e foi procura-lo no pátio, esquivando-se da manada de estudantes preguiçosos e esfomeados.

O carro continuava no mesmo lugar, porém, o escandaloso dono que fazia questão de chamar atenção por onde passava não estava ne próximo da vaga.

Nem da cantina. Nem da coordenação.

Então, onde raios estava aquele maldito indivíduo?

Reyna parou, e frustrada, levantou os pés para ver além da multidão.

Oh! A multidão! Por favor, que não seja ele.

E então, voltou a empurrar as pessoas para chegar no centro daquele pseudo-pandemônio.

Ela meio que já sabia, entende? O problema é que ela não esperava bem isso.

Quer dizer, ninguém imagina que pessoas expulsas de sala vão para o pátio fazer bolas de chiclete com uma gaita. Até porque, ela nem pensou que aquilo fosse possível.

XXX

O judiciário de menores recomenda não deixar um garoto potencialmente hiperativo e com capacidade criativa além do comum sozinho e com objetos que não façam sentido.

E foi nisso que deu.

Sério, eu tenho a impressão de que se ele usasse aquela criatividade pra algo realmente mal, a vida humana estaria naquelas mãozinhas calejadas.

E foi quando a multidão chegou que o palhaço começou a graça, porque circo sem plateia e sem pipoca não é circo.

Reyna apareceu. Ele já esperava isso. E das duas uma: ela iria rir ou ir embora. E mais algumas outras cem reações inesperadas que não vinham no manual do consumidor.

Porque se viessem, ele jurava que uni-du-ni-tê (ou seja lá como isso se chame) não seria suficientemente satisfatório.

Ele, sinceramente, esperava que ela tirasse algum spray paralisante e atirasse sem dó nem piedade em seu pobre corpo.

Mas talvez aquela bolsa não contivesse tantas coisas estranhas, porque, aliás, ele pensava que esse tipo de arma alienígena não fosse distribuída para alguém que não pertencesse à CIA ou ao serviço de espionagem. Ou ao MIB, porque quem sabe se o Will Smitch apareceria para apagar dele aquela memória constrangedora?

A questão é que ela não tinha sacado nem uma pistola à laser e nem nenhum tipo de tecnologia alienígena. Apenas um olhar fatal que era suficiente para fuzilá-lo completamente e dizer que a tenda caiu e o espetáculo acabou.

Fim da história. E era melhor guardar logo a gaita, antes que ele ficasse de castigo e sem sobremesa.

“Tudo bem, pessoal. Por hoje é só. Até o próximo show e continuem me alimentando com essas balinhas coloridas.”, e então fez uma reverência. “Já podemos ir.”

XXX

Convenhamos que por mais estranho e constrangedor que tenha sido, até Reyna, com toda aquela capa adamantium teve que admitir que não estava de todo ruim.

Mas quem disse que ela admitia?

“Então, encantadora Reyna, o que Vossa Senhoria achou do show?”, ele perguntou assim que tinham acabado de sair do estacionamento da faculdade.

“Bom, agora você realmente pode entrar no Cirque du Soleil, porque seu talento é incomparável.”, ela ironizou. “Precisa de uma placa de sarcasmo ou entendeu a pseudo-metáfora?”

“Não te disseram que é errado mentir?”, ele implicou, só pra não perder o costume.

Reyna rolou os olhos. “Foi estupidamente desnecessário com uma pitada extremamente minúscula de humor circense. Melhor agora?”, ela então suspirou e esticou os pés sobre o painel, analisando o cinza que tinha pintado as unhas.

Leo riu. “Eu parei de entende quando você disse ‘estupidamente’, mas pelo seu suspiro de derrota, eu imagino que você tenha me elogiado.”, ele deu de ombros.

“Eu não te elogiei.”

“Provavelmente, foi algo subentendido. Mas eu imagino que você tenha rido pelo menos por dentro.”

Ela deu de ombros.

Um, dois, dez, vinte e cinco segundos em silêncio.

“O que é um doppelganger?”, ela perguntou. E ele imaginou que ela não sabia.

“É uma sombra do mal que faz as coisas darem errado na vida de quem ela persegue.”, ele explicou toda a paciência possível.

“Você deve ser o meu, então.”, ela deu de ombros.

Ele riu.

E mais uns 25 segundos de silêncio desconfortável.

E então ela se ajeitou na cadeira.

“Eu sou mesmo o seu doppel-sei-lá-das-quantas?”, ela murmurou meio insegura.

O sinal fechou.

Leo se virou e pôs o indicador em seu queixo e riu. “As coisas são certas com você, o que te faz ser meu alter-ego.”

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Então, gatas, gostaram?

Espero que sim.

Beijus

suas

lindas.

Até

sexta

que vem.



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Notas finais do capítulo

Reviews?