Capítulo 1 –Lembranças.

 Ao entrar em minha nova casa – era muito estranho – desci a mochila, cheia de roupas deixando-a cair no chão.

 - Leah? Seth? – perguntou minha mãe, enquanto cozinhava.

 - Sim, estamos aqui mãe. – Informou Seth. Revirei os olhos e fui para meu novo quarto.

Bom, meu quarto, era mesmo novo... Foi uma das exigências de minha mãe antes do casamento: construir dois novos quartos.

 Um para Seth, e outro para mim... Eu já havia dito repetidas vezes que aquilo era idiotice. Pois logo eu estaria – se tudo corresse bem – na Universidade do Sudoeste do Alasca.

 Mas voltando ás exigências...eu não necessitava de um quarto. E nem dormiria no velho quarto de Bella – o quarto fedia a vampiros... preferia nem imaginar o que ali acontecia...

 Mas minha mãe continuou, com sua exigência. A casa foi aumentada, na maioria dos cômodos...com o presente de casamento da família Cullen... deduzo uns 1000.000 doláres...

 As outras exigências, eram mais fúteis... como, dar uma bela mão de tinta na casa, trazer os móveis de nossa velha casa... E assim por diante.

 Me joguei na cama, apreciando o silêncio da cidade fria e úmida. E me pus a lembrar, de tudo o que aconteceu em esses longos dois anos...

 A primeira: Néss, já tinha á aparencia de uma garota de 18 anos... assim como eu.

Néss, foi aos poucos, conquistando-me. Existe algo nela...que é impossível de não há amar... – e com os pensamentos de Jake, uma boa parte do tempo se tratando dela, e como ela é linda, e perfeita, e talentosa, e maravilhosa...

 A segunda: Eu estava muito mais próxima dos Cullen do que nunca... principalmente, depois de ter me tornado uma “grande” amiga de Isabella Swan, ou Bella Cullen...

* * * * * LEMBRANÇA * * * * *

Eu sentava-me, no pequeno observatório, que fora construído por Seth, para que aqui – na casa de Charlie – eu me sentisse mais á vontade...como se fosse possível.

 Um cheiro doce de mais, que chegava a arder meu pobre nariz, estava se aproximando e subindo as escadas para o observatório.

 - Leah? – chamou a voz doce e temerosa de Bella.

 - Bella, o que lhe traz aqui? – pedi desatenta.

 - Queria conversar... – a interrompi.

 - Sobre? – pedi voltando minha visão ao céu.

 - Sobre o porque de me odiar... – iniciou ela em voz baixa. Sentando-se e recostando sobre o telhado, que ali descia.

 - Bella, o que a levou pensar, que eu lhe odeio? – deitei-me na mesma posição que ela, e continuei a observar o céu, nublado e com poucas estrelas.

 - Você age como se fosse... – murmurou para ele mesma.

 - Bella, eu tenho muito de minha vida que você não imagina... – iniciei.

 - E será que poderia me contar... afinal agora seremos irmãs... – Isso me trouxe a lembrança do “que” estava sendo comemorado hoje – A festa de casamento de minha mãe e seu pai. A oficialização de nossa familiaridade.

 - Bom...é uma história um pouco comprida e complicada... – tentei despista-la... não estava á fim de contar como minha história teve um final que a mocinha ou no meu caso, vira o lobo mal...

 - Tenho tempo, e não sou idiota... pode me contar. – afirmou ela, rindo sem humor.

 - Ok... – me dei por vencida.

 - Comece logo... – afirmou ela.

 - Não acabou de dizer que tinha tempo “maninha”? – me pediu.

 - Sim, mais estou curiosa. – respondeu normalmente.

 - E tudo começou quando eu tinha 11 anos... – iniciei dando uma arfada – quando comecei a estudar com Sam... – aquilo, fazia a ferida, que pouco á pouco era cicatrizada, arder mais do que nunca. – Sam e eu, nos conhecíamos pouco á poço, nos tornando muito amigos... – contava com palavras medidas – e um dia, me vi apaixonada, pelo garoto enorme de olhos negros. Um, ano se passou, de apenas amizade, e logo ele me pediu em namoro. Eu aceitei,  não esperando o que viria futuramente. Eu era a garota mais feliz do mundo. Sorria sem ter um motivo, animava a todos, era bondosa, eu tinha orgulho de dizer: Eu sou Leah Clearwather. – as lembranças me feriam cada vez mais – E quando completei 15 anos... algo me fez ainda mais feliz... Sam, havia me pedido em noivado... – ela me interrompeu.

 - Mas não eram muito jovens? – me pediu espantada, do jeito Bella.

 - Olha quem fala... – sorrí e a olhei, seus olhos desviaram de mim, fazendo sua vergonha se intensificar.

- Continue... – sussurrou, ainda com o olhar longe de meu rosto.

 - Assim como você sabe... eu fui tola, e aceitei. Eu já havia notado como Sam, era diferente, sua pele eram muito mais quente que o normal...ele tinha um tamanho excessivo, para um garoto de 15 anos...uma força... tudo nele era especial... – comecei a lembrar como era estar naqueles grandes braços quentes e fortes... as lágrimas me traíram como sempre, apareceram e molharam meu rosto – depois de alguns dias depois do pedido, ele sumira. Não fazia idéia para onde ele poderia ter ido ou fugido.

 “Pensei em seqüestro, assassinato, e tudo o que havia de pior. Rezei para todos os santos e todas as religiões existentes, para que ele voltasse seguro e sem machucados... – eu me lembrava, e segurava minha voz, forte e indiferente, apenas deixando passagem para as lágrimas – depois de um mês, de sofrimento e depressão, eu passava meu tempo na casa de Emily, para que pudesse respirar outros ares, ou me esquecer um pouco do sumiço, do amor da minha vida... – eu suspirei e continuei – naquele mesmo dia, Sam apareceu na porta da casa de Emily, chamando por mim... – minha voz, não queria sair de minha garganta – Eu fui á seu encontro, saindo da sala de estar, e Emily, me seguia. Sam detinha de uma expressão séria, olhando para mim, me agarrei á seu pescoço, e apertertei meus lábios ao dele. Ele nada fez...  – foi uma dor imensa – foi como se eu beijasse uma pedra...Ele, com seus braços fortes e nus, me tirou de seu corpo, e visualizou Emily, entrando em choque por alguns segundos. – Foi a pior lembrança que eu esperava. A imagem de Sam, me empurrando para seu lado e eu caindo para o lado de costas... aquilo era o pior de tudo. – Sam, me tirou de seu caminho e foi á frente de Emily, dizendo que a amava, e que ele queria que ela o amassa. Foi horrível. O maldito imprinting tinha acontecido. E eu não fazia idéia do que estava acontecendo. Emily, também estava confusa, mais o imprinting, não acontece apenas com um...- eu não agüentava mais segurar meus soluços. Mais eu faria o possível e o impossível. – então, Emily, olhou a mim, e demonstrou pena, começou a negar e gritar com Sam. Em um segundo... Sam caiu de joelhos na frente de Emily, e ergueu o enorme braço para acariciar seu rosto... – meu coração, caía mais uma vez em pedaços... quantas vezes eu poderia ser magoada pelos mesmos pensamentos? Pelas mesmas pessoas? Quantas? – e o braço forte e nu, logo se transformou em uma pata enorme e com garras gigantes... e a carícia que seria, se tornou um movimento mortal... – fiquei perdida em pensamentos, enquanto Bella, fitava-me com pena – um grande lobo surgiu, onde Sam estava, e feriu Emily, saindo correndo em direção á floresta, para se esconder ou fugir... – as lembranças eram mais doloridas do que nunca. A cada nova lembrança, as coisas ficavam mais reais e mais doloridas – eu fiquei sem rumo. Não sabia como agir. Mais não poderia deixar Emily no chão inconsciente, sem fazer nada. Corri para prestar os socorros que ela precisava. Talvez, aquilo fora um pesadelo, eu sonhara muito com a volta de Sam...e poderia ser muito um pesadelo. – Olhei para Bella, com o rosto o molhado. E tentei sorrir, sua expressão era de pena e desencontro. – Não fique com pena de mim, Bella – sorri a ela.

- Não estou com pena de você, Leah... apenas um pouco confusa... – olhou para o céu nebuloso.

 - Posso seguir com a história? – perguntei sincera.

 - Claro...prossiga. – Afirmou com firmeza na voz.

 - Então depois de algumas semanas, eu não sabia mais o que pensar mesmo. O que foi o beijo negado, o que foi que aconteceu com Sam... o que Sam, fez com Emily... – eu olhei para o céu, que avisava uma tempestade de neve e voltei a olhar para Bella – Então Jake... meu melhor amigo Jacob, que esteve toda a minha vida ao meu lado. Que me apoiou sempre... veio me dar as piores notícias... O rosto de Emily não voltaria ao normal pelo “urso”... ele não sabia quem causara aquilo... e eu não revelaria. E por fim, disse que Sam, voltou e não queria mais a mim, e cancelara o noivado... – Tirei do bolso de minha saia formal, um velho cordão Quileute, que eu haverá ganhado dele, - Aqui está. O que me faz lembrar de tempos melhores...e acima de tudo... o começo de meu inferno... – aquele cordão representava meu noivado com Sam, eu o guardava... não sei ao certo o motivo... mais ele estava ali.

 - E por que não o devolve...? – perguntou Bella surpresa.

 - Eu já tentei... ele não aceita. – Eu falava a verdade, mais o fato dele não querer de volta, não explicava o de eu carregar aquele cordão comigo.

 - Descobri pouco tempo depois, que Emily e Sam, haviam se casado...aquela situação, me fez me sentir uma criatura defeituosa, e errada. Tentei várias vezes o suicídio – puxei a manga de minha blusa, para que ela visse, as pequenas sobras de cicatrizes em meu pulso – mais algo em meu corpo, evitava que o cometesse...Aos poucos, eu estava virando uma “morta-viva”... e quem me tirou disso tudo, foi ele...Jacob Black. Ele conseguiu me fazer uma humana de novo, não resgatando quem era a Leah, mais uma parte dela... Jacob, se afastou de mim, quando lhe conheceu...e não pense que eu fiquei com ciúmes! – sequei as lágrimas e ri com poucas gargalhadas...Bella, em acompanhou apenas com um sorriso – O fato de Jake estar com você, o fazia mais feliz, então o deixei...hm “partir”, ele estava completamente apaixonado por você, Bella. – acusei.

 - É eu sei...- a interrompi.

 - Bella, eu sei que todos acham que eu não seja um boa pessoa...mais...você foi pior do que eu! – Eu estava segurando aquele discurso á muito tempo – Você simplesmente foi um monstro! Você sabia o tempo todo o que fazia com Jake, Bella! Mesmo  ele dizendo que só esperaria sua amizade, você teria de entender! Se não fosse Néss, Bella...pense o que seria de Jacob! – eu esperara muito para dizer aquilo á ela.

 - Mais eu não poderia afasta-lo de mim, nem que eu quisesse! – retrucou-me.

 - É o que você acha? – pedi obtusa – Bella, você nunca esqueceria Edward, e de qualquer forma, você sempre souber o que estava fazendo! Você não viu que com aquele beijo antes da batalha, você só o faria a sentir mais dor? – perguntei desabafando.

 - Eu não queria que Jake se entregasse. – Afirmou ela cruzando os braços, como uma criança de 2 anos.

 - Bella, você não entende mesmo, não é? – bufei – Você teve dois caras que te amavam, que dariam a vida, ou até mesmo a imortalidade por você! E você brincou com os dois! Bella, veja... eu me apaixonei por um cara, que jurava me amar para o resto de minha vida, e em seguida ele vira um lobo, tem a droga do imprinting, com minha prima, e não quer mais a mim.

 “Talvez Bella, eu seja má porque eu seja sincera, e não poupe os sentimentos dos outros como não pouparam o meus... Eu sei como é ser rejeitada Bella, e não queria que isso acontecesse com Jake, ele é a pessoa mais maravilhosa que eu conheço... e me ajudou muito num momento que eu precisei...Afinal Bella... você criou uma imagem que não se importava em fazer os outros felizes...porém, você acabou por deixar dois homens que você amava muito, feridos. – Acabei meu discurso, com o coração mais leve. De ter desabafado tudo aquilo que eu guardara por tanto tempo.

 - É por isso que era “tão” dura comigo? – me pediu estupefata.

 - Em partes, Bella, em partes... – murmurei em resposta – as outras, são por que você...sei lá... tinha todos aos seus pés.

 - Eu? – pediu espantada.

 - É, você. – respondi com descaso.

 - Como? – pediu ela fechando a cara.

 - Bella, é simples, quando você chegou em Forks... todos se jogaram ao seus pés. E você sabe quanto foi imatura? – pedi estupefata.

 - Imatura? Eu? – fez-se de desentendida.

 - Imatura sim, Srtª.Swan. Você sempre se fez de tudo que queria, podia ter ao menos sido verdadeira e dito: Eu odeio Forks. Mais não, você sempre disse que não se importava se fosse pra Renée, ser feliz. Bella, eu compreendo hoje...- iniciei e fui interrompida.

 - Entende? – me pediu espantada.

 - Sim, eu compreendo. Você era apenas uma humana adolescente, e devia fazer isso sem nem mesmo perceber... – murmurei e me recostei ainda mais.

 - Bom... pode continuar sua história? – perguntou aliviada.

 - Sim... – fiz uma pequena pausa – depois de você aparecer em Forks, Jacob passava muito tempo se preocupando e passando o tempo com você. Eu já não era mais um pessoa tão depressiva, Bella.. – ela me interrompeu.

 - Você sentia algo mais por Jacob? – me perguntou interresada.

 - Não seja ridícula Bella! Jake é meu irmão! – gritei com ela.

 - Tudo bem... não está mais aqui quem falou... – terminou ela.

 - Continuando... eu comecei a notar, algumas coisas estranhas em mim mesma. Como a temperatura, minha força, meu súbito crescimento... deduzi ser de família, pois Seth, também possuía isto. Os meses se passavam lentamente, e eu via o que acontecia comigo. Eu era uma garota fria e doente...Emily e Sam, construíram uma casa em LaPush, perto de minha casa. Eu sempre os via juntos. O amor nos olhos de Sam... e a retribuição nos de Emily. Aquilo me causava dor e ódio. – parei e fitei a árvore que decaía sobre a casa – Eu tive um acesso de choro: naquele mesmo dia em que vi, Emily e Sam, passeado na praia. Joguei-me em minha cama,e  chorei perdendo a calma. O calor de meus corpo foi se intensificando, e senti ele se expandindo, uma dor horrenda dentro de mim. Em um minuto, eu estava com pelos, gigante, forte, com quatro patas, e minhas roupas estavam rasgadas... – as lágrimas vinham.

 - Você tinha se transformado? – me olhou séria.

 - Sim... e segundos depois, eu estava descontrolada... eu vi isto acontecendo com Sam... mais achei que era puro pesadelo... – neguei com a cabeça, o fitando as rua em frente á casa – Seth, teve sua transformação naquele momento, para proteger Sue, de minha fúria... naquele momento, vários pensamentos que não eram meus, invadiram minha mente... – ela me interrompeu.

 - E como conseguir voltar ao normal? – me pediu.

 - Bom... eu demorei alguns meses... – admiti com vergonha – os pensamentos de Sam... não ajudavam muito para que eu me acalmasse.

 - E Seth? – complementou.

 - Quem dera eu fosse como ele... – olhei para ela -