John

         Sam transfere a foto do símbolo de Cinco para um enorme monitor de plasma. Olho mais de perto e vejo com cuidado o símbolo.

         - Isso pode ser uma armadilha. – Diz Seis. – Com certeza os Mogs já viram e deve estar indo para lá.

         - Onde foi feito isso? – pergunta Marina.

         - Em uma enorme fazenda no meio do estado de Kansas. – Responde Sam

         Vou até o Tablet e o conecto ao computador de Sam. Ele liga e logo vejo o planeta Terra e sete luzes aparecem. Seis em Sullivan e a outra que estava na Florida agora aparece no estado do Kansas.

         - Segundo o Tablet Numero Cinco está lá. – digo.

         - Então o que estamos esperando? – Diz Nove.

         - Seis tem razão. – digo. – Os Mogs já viram isso e com certeza já estão lá também.

         - Nós temos que chegar lá primeiro que eles. – Diz Oito

         - Acha que consegue? – pergunto.

         - Acho que sim. – Responde Oito – mas não tenho ideia onde é Kansas.

         Sam abre um mapa dos EUA e mostra para Oito onde estamos e onde esta o símbolo de Cinco.

         - São mais de mil quilômetros. – se assusta Oito – meu máximo sem a Loralite foi oitenta metros.

         - E se conseguirmos um avião. – pergunta Marina

         - Estamos sendo procurados. – Diz Seis.

         - O que faremos então? – pergunta Ella.

         - Vamos nos preparar para o combate. – digo – Numero Cinco não pode ser capturado ou morto, temos que ajuda-lo.

         - Não vamos conseguir chegar antes dos Mogadorianos. – diz Seis – precisamos de um plano.

         - Precisamos ser discretos. – diz Nove – Alguém que seja rápido que possa chegar sem ser detectado.

         - Eu posso fazer isso. – Diz Oito – Meus Legados são perfeitos para reconhecer um terreno.

         - Eu também posso. – diz Seis

         - Ótimo. – responde Nove. – Oito e Seis vão na frente e fazem um reconhecimento.

         - E se eles forem atacados? – pergunto

         - Atacaremos. – responde Nove.

         - Isso parece ser muito arriscado. – Digo.

         - Tem alguma ideia melhor, Johnny?

         - Temos que proteger a Marina. – Diz Seis

         - Eu? Porque? – diz Marina surpresa

         - Precisamos de toda força necessária. – questiono.

         Seis fecha a cara e olha nos meus olhos.

         - Esta achando que vamos enfrentar um exército inteiro de Mogadorianos sem algumas casualidades? Ela precisa estar bem porque se alguém se ferir ela pode nos salvar.

         - Eu quero lutar. – Diz Marina – Quero ajudar vocês.

         - Não é que você não tenha capacidade de lutar, é por que precisamos de ataque e defesa. Se todos atacarmos, perderemos.

         Todos param e pensam no que Seis disse. Ela tem razão temos que ser inteligentes, na ultima batalha todos quisemos atacar Setrákus e acabamos quase morrendo.

Marina

         Não quero ser a mais fraca. Cansei disso. Tenho que provar que sou boa o bastante para lutar na frente. Não quero ser protegida. Meus Legados estão ficando mais fortes.

         Estamos em um avião em direção ao estado do Kansas, Malcolm comprou passagens para Oito, Ella, Adamus e para mim, os outros estão invisíveis junto com Seis em algum lugar do avião. O avião não é muito grande, decidimos viajar por uma empresa menos conhecida e com menos conforto, por razões obvias. Estamos sendo caçados. Essa é a segunda vez que viajo de avião e ainda sinto aquele frio na barriga ao decolar e pousar. Essas viagens me fazem lembrar de quando Adelina e eu viajávamos pela Europa, por mais que ela não tenha me treinado e esquecido seu proposito, sinto muita falta dela e até do convento, que agora deve estar em ruinas depois que os Mogs me encontraram lá.

         Adamus está cochilando ao lado de Ella que tenta ficar cômoda na péssima cadeira do avião. Ainda não falei com Adamus que aqueles Mogs que encontramos em Milwaukee estavam atrás dele. Ele corre tanto perigo quanto nós.

         - Senhoras e senhores preparem-se para o pouso. – Diz o piloto pelo autofalante.

         Adamus acorda assustado, como se estivesse acordando de um pesadelo.

         - Tudo bem? – pergunta Ella.

         - Foi só um pesadelo. – responde Adamus com uma cara pálida.

         Sinto uma mão em meu ombro e tomo um grande susto.

         - Sou eu. – escuto a voz de Seis que está invisível. – Estamos esperando vocês na saída oeste do aeroporto.

         O avião começa a descer e treme muito, parece que vai se despedaçar. Seguro forte o banco e Oito segura minha mão e sorri para mim.

         - Fique tranquila, não vai acontecer nada. – ele diz.

         O sorriso brilhante de Oito me faz ficar mais calma.

         - Vocês são muito lindos juntos. – Diz Ella por telepatia.

         - Não estamos juntos, ele só está me ajudando. – respondo.

         - Então porque você está com esse sorrisinho.

         - Acho que não consigo esconder nada de você. – penso olhando para Ella que abre um lindo sorriso.

         Desembarcamos do avião e vamos para a saída oeste, evitamos todas as câmeras. Algumas tivemos que movê-las com telecinese para passarmos em segurança. Por mais que o FBI não estivesse nos procurando ainda tínhamos os Mogs a nossa caça.

         Quando chegamos ao portão oeste do aeroporto vejo Sam com um boné, ele faz um sinal com a cabeça e pedindo para entrarmos no estacionamento. Ele foi na frente e nós o seguimos, ele caminha até um Honda CR-V e lá dentro estão: Seis e Nove. Ele entra no carro e pede que Oito e Adamus entrem e que Ella, Malcolm e eu entrássemos no carro que John estava trazendo junto com Sarah.

         John chega com um Golf e rapidamente entramos. Saímos do aeroporto rapidamente e corremos pela estrada até o interior do Kansas.

         - Qual é o plano? – pergunta Malcolm

         - Oito vai fazer o reconhecimento junto com Seis. Nove e Adamus ficarão dando cobertura, Ella tentara se comunicar com Cinco, Sam e BK vão cuidar dos carros e das Arcas e eu protejo vocês. – responde John.

         - Eu não vou fazer nada? – pergunto.

         - Marina, você é nossa sobrevivência, se alguém se ferir gravemente só você pode salva-los.

         - Mas você também pode fazer isso.

         - E porque você acha que estou aqui? – diz John. – eu também quero lutar, eu vou lutar e você também, mas agora temos um plano e se não o seguimos podemos morrer.

         Olho para John e concordo com a cabeça. Entramos em uma estrada de terra e os dois carros param. Quando saímos do carro sinto algo estranho no ar, parece que ele ficou mais pesado e sinto que atravessei algo, como se tivesse passado por uma cortina.

         - Sentiram isso? – pergunto

         - Sim. – responde John e Ella

         - E agora? – pergunta Ella

         - Tente se comunicar com Cinco. – responde John

         Ella se esforça para tentar se comunicar, ela coloca sua mão na cabeça e se senta para se concentrar melhor. Oito e Seis descem do outro carro, Oito se transforma em um coelho preto e Seis fica invisível e eles entram na lavoura. Nove e Adamus se escondem na plantação. Sam vira o carro para estrada facilitando para uma possível fuga e BK está com as orelhas levantadas bem atento.

         - Queria estar lá. – diz John.

         - Eu também, mas temos que ser pacientes. – respondo

         Começo a escutar varias vozes na minha cabeça e olho para Ella e ela está vermelha de tanta concentração.

         - Ella o que foi?

         A garota sacode sua cabeça e escuto um forte barulho na minha, vejo que John, Sarah e Malcolm estão escutando o mesmo. Meu colar brilha e o olho de Ella fica branco.

         - O que aconteceu com ela. – grita Sarah

         Vou até Ella e quando encosto minha mão em seu braço ela está quente como brasa.

         - Ella o que está acontecendo?

         Sinto que minha cabeça vai explodir e de repente tudo para e os olhos de Ella voltam ao normal. Escuto um grito e sinto um tremor embaixo dos pés.

         - É uma armadilha. – Grita Ella e uma lança atravessa sua barriga.

Seis

         Estou atenta a tudo, sinto que minha visão está duzentas vezes melhor, vejo mais cores e tudo parece estar mais nítido. Me concentro e minha visão se aproxima de Oito como um zoom de uma câmera, ele está quinhentos metros de distancia e o vejo como se estivesse ao meu lado. Talvez seja um Legado, depois tenho que confirmar isso. Estou preocupada, depois que desci do carro senti algo diferente, o ar ficou muito pesado e sinto que estou sendo observada. Não gosto disso.

         Caminho até onde o circulo foi queimado e vejo sinais de luta. Escuto um barulho atrás de mim e me viro rapidamente e vejo um coelhinho preto sair da colheita.

         - Seis você está aqui? – sussurra Oito transformado em coelho.

         - Sim. – digo baixinho.

         - Teve uma briga aqui.

         - Eu também percebi, talvez eles capturaram o Numero Cinco.

         - Temos que avisar os outros. Isso aqui está parecendo uma armadilha, tenho uma péssima sensação.

         - Eu também senti.

         De repente escuto varias vozes gritando na minha cabeça.

         - Ella? É você? – digo

         As vozes aumentam e não consigo me concentrar em ficar invisível e olho para Oito ele tampouco consegue ficar na forma de coelho. O disfarce acabou. Minha cabeça está quase estourando, levo minhas mãos à cabeça na tentativa inútil de tentar parar a dor e do nada tudo fica tranquilo. Olho para Oito.

         - Escutou a ultima frase? – pergunta Oito sério.

         - Escutei. É uma armadilha. – respondo

         De repente vários Mogs surgem em todas as direções. Oito e eu nos levantamos e ficamos de costas um para o outro dando cobertura. Cerca de trinta Mogs apontam suas armas para nós. Sinto um tremor começar debaixo dos meus pés que vai aumentando a cada segundo. Oito e eu quase não conseguimos nos manter de pé e os Mogs também, vejo Nove correndo tão rápido que quase não consigo acompanhar, ele carrega seu bastão e por onde ele passa deixa um rastro de cinzas Mogadorianas. O Legado de Antigravidade de Nove dá a ele a estabilidade necessária para resistir o Legado de Adamus, é uma combinação perfeita. Estamos finalmente lutando em equipe. Os Mogs atiram em Oito e em mim, nós levantamos nossas mãos e com telecinese bloqueamos os tiros. Oito se transforma em uma fera de com dentes enormes e uma cauda cheia de espinhos e avança contra os Mogs. Eles atiram, mas a pele resistente que Oito criou em sua criatura é muito forte e que os tiros não penetram em seu corpo. Enquanto Nove e Oito dizimam boa parte dos Mogs, pego um canhão Mogadoriano e atiro em vários Mogs que explodem em cinzas.

         Espera ai! Algo está estranho... está tudo muito fácil, vejo que as cinzas dos mogadorianos que matamos desaparecem e quanto mais Mogs matamos mais aparecem.

         Tem alguma coisa errada aqui. Isso não é real.

John

         Corro até o corpo de Ella que está imóvel no chão.

         - Ella! – grito – respire, respire.

         Tiro a lança da barriga dela e ela solta um forte gemido.

         - Calma vai ficar tudo bem, vou te ajudar. – Diz Marina

         Marina coloca sua mão na enorme ferida aberta na barriga de Ella. A ferida começa a fechar, só que muito devagar, vejo o desespero tomar conta de Marina e escuto tiros. Sarah e Malcolm estão atirando contra vários Mogs que veem em nossa direção. Escuto o rugido de Bernie Kosar. Precisamos sair daqui.

         - Ella! Fica comigo! Fique viva! – Diz Marina usando seu Legado de indução para convencer a Ella ficar viva. – John preciso de você aqui.

         Corro até elas.

         - Você precisa me ajudar a cura-la. Coloque sua mão no ferimento.

         - Não sei se consigo fazer isso de novo.

         - Você consegue. – Diz Marina e nossos colares brilham.

         Sinto um frio me envolver e subir por meus braços, olho para Marina e ela sorri ao ver que a ferida está sendo curada com o dobro de velocidade.

Seis

         - Tem algo errado aqui. – grito – Vamos nos juntar aos outros.

         Oito se transforma em uma enorme ave e Nove, Adamus e eu subimos nas suas costas.

         - Me deem cobertura. – diz Oito. Nove e eu fazemos uma escudo com telecinese enquanto os Mogs atiram.

         Oito voa até onde estão os carros e subo Sam com telecinese e BK se transforma em águia e nos acompanha. Pousamos onde John e Marina estão, Sarah e Malcolm descarregam suas armas nos Mogs.

         - Eles são muitos – diz Sarah

         - Tem alguma coisa errada aqui. – digo. – Onde estão os outros?

         - Ali atrás.

         - Vamos, temos que ficar juntos.

         Vamos voltando para onde está John e Marina. Vejo-os levantando Ella, fiquei assustada em ver sua roupa toda ensanguentada e sua camiseta rasgada.

         - Tudo bem? – pergunto

         - Agora sim – responde John com um tom de alivio ao me ver.

         - É uma armadilha, Numero Cinco... – começa Ella, mas ela foi interrompida.

         Tudo ao nosso redor está estranho, parece que estamos em um sonho, tudo ao nossa volta começa a derreter e ficar embaçado. Quando as coisas começam a ficar nítidas, todos estamos amarrados. Vejo dez armas flutuando apontando para nossas cabeças, BK está desmaiado em uma jaula. Vejo trinta Mogadorianos na nossa frente.

         De repente eles abrem um espaço na sua organizada formação, como se alguém muito importante fosse passar por ali. Só poderia ser Setrakus Ra, caímos em uma armadilha dele.

         Para minha surpresa vejo outra pessoa surgir no meio dos Mogs. Uma garota caminha com um sobretudo preto, quando ela tira o capuz, vejo uma garota atlética, seus cabelos loiros estão presos em um rabo de cavalo e seus olhos são verdes como uma esmeralda. Ela não é alta, mas parece ser bem forte. Ela deixa seu sobretudo cair no chão e ela estava por debaixo com uma camiseta regata preta, mostrando seus braços. Ela vem em nossa direção.

         - Pensei que vocês eram mais fortes. – Diz a garota.

         - Me solta daqui e você vera o que é força. – Diz Nove.

         - Você deve ser o Numero Nove.

         - Se você me conhece sabe que sou perigoso.

         - Eu conheço todos vocês.

         - Eu sei quem você é. – Diz Ella.

         A garota sorri e caminha até o centro, ela levanta a barra da sua calça e vejo as cicatrizes de Um, Dois e Três.

         - Eu sou a Numero Cinco.