Ella

Corro ao lado de Cinco até uma parte muito reservada de seu cérebro. Ela abre uma porta e vejo um chip enorme conectado com cérebro dela.

– Uau! – digo – Isso é maior do que eu imaginava.

– Tenho que desativa-lo. – diz Cinco – Preciso que você me defenda enquanto tentarei desliga-lo.

– Defender?

– O chip tem uma defesa psíquica. – ela diz me encarando – Não será fácil, você lutara com coisas que não quer lutar, mas lembre-se que nada do que você vai ver é real.

– E você só me avisa agora? – digo

– Não é real! – ela diz – Não se esqueça disso.

Cinco se afasta e toca no chip e tudo ao nosso redor se desfaz. Estamos na caverna onde Oito nos levou na Índia.

– Ella? – escuto uma voz que ouvia há muito tempo

– Crayton? É você?

De repente eu o vejo de pé com uma faca na mão e ele começa a se apunhalar varias vezes na barriga. Corro até ele e tento fazê-lo parar.

– Eu não pude te treinar bem! Eu não fui um bom Cepan! Eu não te disse a verdade! Você merecia alguém melhor do que eu!

– Crayton pare! – digo tentando faze-lo parar, mas ele não me escuta.

Ele me olha nos olhos e diz:

– Você não vai conseguir! Você não é capaz! Você vai morrer! Eles vão te matar!

Assusto-me com as palavras de Crayton e lembro do que Cinco me disse.

– Você não é real! – digo – Crayton me treinou muito bem!

Eu pego sua faca e enterro seu peito e ele desaparece. Tudo ao nosso redor volta ao normal. Olho para Cinco e ela está concentrada tentando modificar o chip. De repente tudo começa a se modificar uma vez mais. Outro homem se forma, dessa é Loridas. Ela me encara com o mesmo sorriso terno. Tudo é tão real que é difícil de acreditar que estou em uma alucinação.

– Você está preparada para fazer a coisa certa quando chegar a hora? – ele diz

– Do que está falando?

De repente uma silhueta começa a se formar e vejo Marina com um capuz mogadoriano, no pescoço dela há cinco pingentes, mas não consigo ver de quem são. Eu estou caída no chão toda ensanguentada e ela pega meu pingente e coloca em seu pescoço. Os olhos dela estão totalmente negros e ela tem um galho de arvore pontudo em suas mãos.

– Você tem que mata-la. – diz Loridas – Ou será o fim.

– Não! Você não é real! Essa Marina não é real! Eu não vou mata-la!

Tudo ao meu redor se desfaz e caio no chão. Estou tremendo. Olho para Cinco e ela ainda está muito concentrada no que está fazendo.

John

Cinco acabou de derrotar Oito que estava na forma de dinossauro. Seis corre até mim e pede para que eu crie chamas.

– Pra que? – digo

– Tenho uma ideia. – ela diz

Crio chamas em minhas mãos e vejo que Seis as encara, de repente as chamas dobram de tamanho. Seis levanta suas mãos e as chamas a seguem e reparo que o mesmo rosto que se forma nas tempestades dela se forma também nas chamas que ela está controlando, mas dessa vez não é um homem e sim uma mulher e sinto um arrepio quando a vejo. Seis faz um grande redemoinho de fogo e lança contra Cinco.

Cinco arregala seus olhos e desvia do grande tornado de fogo criado por Seis. Ela o controla tão bem que me faz me sentir mal por só conseguir criar bolas de fogo. Seis abre suas mãos e rosto da mulher vai se transformando em um dragão.

Uau! Seis criou um dragão feito de fogo. O dragão corre atrás de Cinco, mas ela sempre escapa. Nove corre até junto com Thomaz, Sam e Sarah.

– Tudo bem? – pergunto

– Tudo sim. – responde Thomaz

– O que vamos fazer? – pergunta Sarah

– Sobreviver já é um começo. – digo – Precisamos de um plano.

– Eu tenho um. – diz Nove

– Qual?

– Socar! – ele diz e logo corre em supervelocidade até Cinco

– Ele nunca aprende! – diz Thomaz – Cinco é mais forte que ele.

Seis desfaz seu dragão de fogo e se ajoelha exausta. Nove levanta seu punho para dar um soco em Cinco. Thomaz tem razão, ele vai quebrar a mão de novo. Cinco também levanta seu punho para chocar com o soco de Nove. Todos nós esperamos escutar o grito de dor de Nove, mas ele acaba nos surpreendendo! Com sua supervelocidade ele desvia do soco de Cinco, ele segura o antebraço dela e o torce para trás e o soco de Cinco acerta ela mesmo. Ela voa alguns metros para trás e uma grande quantidade de areia é levantada. Nove abre um sorriso confiante.

– Seis! – ele grita

– O que?

– Prenda ela na terra!

Seis da um soco na areia e ela começa a se mover até Cinco, logo depois um grande buraco é aberto e Cinco cai dentro dele. Seis fecha sua mão e a areia se fecha deixando somente a cabeça dela do lado de fora. Cinco está desmaiada por causa do soco e todos corremos até ela, mas de repente Oito solta um grito ensurdecedor. Olho para trás e vejo que Oito não está mais na forma de dinossauro, ele está caído a alguns metros de onde estávamos, na forma de garoto. Corro junto com Sarah e Sam até ele, enquanto Seis, Nove e Thomaz tomam conta de Cinco que está presa.

Quando chego até onde Oito está, vejo uma grande mancha de sangue em seu ombro. Abro sua camisa e vejo duas feridas enormes. Uma em seu ombro e outra em seu braço próximo ao bíceps. Ele está desmaiado. Coloco minha mão sobre o ferimento e uso meu legado de cura e nada acontece e uma angustia muito grande me envolve por não conseguir cura-lo. O que aconteceu com meu legado? Coloco minha mão em minha perna e um pequeno corte se fecha. O que está acontecendo por que não consigo cura-lo?

Sinto um leve tremor embaixo dos meus pés e escuto um barulho muito grande. Olho para trás e vejo uma grande cortina de areia. Seis manipula os ventos e areia abaixa.

Cinco está livre!

Ela da vários socos na cara de Nove e ele está quase perdendo a consciência. Cinco agarra ele pelo colarinho e começa a levitar. Não espera! Ela está subindo rápido demais para ser telecinese, é como ela estivesse voando. Ela está a mais ou menos uns dez metros do chão e segura Nove todo ensanguentado pelo colarinho. Sinto um frio na barriga ao vê-lo assim. Não podemos perder mais ninguém. Cinco da o soco final em Nove e ele mergulha em queda livre até a areia. Seis abre seus braços e cria um redemoinho e consegue amortecer a queda dele.

Thomaz segura sua adaga e olha firmemente para Cinco, como se ele estive se preparando psicologicamente para algo. Ele levanta sua adaga e lança contra Cinco. Isso deve ser difícil para ele, atacar sua própria Garde. A adaga voa com uma precisão incrível. Cinco está distraída e não vê a adaga se aproximando. Quando ela está a um centímetro de acertar as costas de Cinco, ela a para telecinese. Thomaz faz uma cara de espanto e de alivio ao mesmo tempo.

– Isso é tudo que você tem? – diz Cinco voando, ela pega a adaga e encara Thomaz

– Esteja sempre um passo a frente de todos! – diz Thomaz e ele aperta um botão e a adaga começa a dar um forte choque em Cinco e ela cai na areia.

Seis corre até Nove para ajuda-lo. Cinco se levanta furiosa e encara Thomaz. O olhar dela é seco e eu sei o que ela vai fazer. Tiro minha mão da ferida de Oito, que não cura, me levanto e estendo minha mão para Cinco.

Mas era tarde de mais!

Cinco crava a adaga no peito de Thomaz e ele geme e cai no chão. Lanço uma descarga elétrica em Cinco, mas ela conseguiu desviar. Escuto um barulho de trovão e um raio cai perto de Cinco, ela se assusta, mas nada aconteceu.

Seis errou!

Ela deve estar exausta ou muito preocupada. Seis segura o corpo imóvel de Nove em uma das mãos e com a outra tenta atacar Cinco. Coloco minha mão sobre meu tornozelo e sinto que as três cicatrizes ainda estão lá. Somente três! Respiro aliviado, mas não sei o que faço.

Quem salvarei? Nove, Oito ou Thomaz?

Cinco encara Seis que mal consegue se levantar. Seis pega uma arma começa a atirar contra Cinco, para Seis estar usando uma arma contra Cinco ela deve estar se concentrando em se curar. Cinco se defende com telecine e faz que um dos tiros volte para Seis e ele acerta a perna dela. Seis cai no chão e antes que eu possa lançar uma descarga elétrica contra Cinco, Sam começa a correr na direção delas.

– Sam! – grito e reparo que ele segura a Xitharis

Cinco olha para Sam e faz uma cara de deboche. Quando Cinco vai dar um soco em Sam, ele segura o punho dela e ela arregala seus olhos verdes esmeralda.

– Você me emprestou seu legado, esqueceu? – diz Sam e logo depois torce o braço de Cinco para trás.

Cinco cai de joelho e Sam da um chute no estomago dela e ela cai alguns metros dali. Sam joga uma pedra de cura para Seis e ela começa curar o Nove.

– John! – grita Sarah e corro até ela

Oito começa a convulsionar. Coloco minhas mãos outra vez sobre sua ferida, mas ela não se fecha.

– O que aconteceu com seu legado? – Sarah pergunta

– Nada. – respondo – Ele ainda está aqui, mas não tem efeito sobre ele.

– Como ele conseguiu essa ferida? Não parece que Cinco fez isso, essa ferida se parece a de uma...

– Lança mogadoriana. – termino a frase de Sarah

Sarah me olha assustada e diz:

– Thomaz também precisa de ajuda. Eu tenho que pegar a pedra de cura que está com Seis e ajuda-lo.

– Não! – respondo – É muito perigoso.

– Ajude o Oito. – ela diz recarregando suas armas – Eu vou ficar bem!

Sarah começa a correr em direção a Thomaz.

Cinco segura Sam pelo pescoço e o joga longe e vejo um brilho amarelo nas mãos dela. Ela pegou a Xitharis.

Nove se levanta completamente curado e Seis também.

Oito deixa de convulsionar e sua respiração é forte. Eu não sei o que está acontecendo com ele e então ele sussurra baixo.

– Marina.

Adamus

Bato meu pé no chão e tudo treme. Metade do teto cai, matando vários mogs que estavam debaixo dele. Meu corpo dói por causa das torturas de Setrakus Ra. Fiquei desmaiado por um bom tempo e a primeira coisa que vejo quando acordo é meu pai cravando uma espada no peito da minha mãe. A única pessoa no mundo que verdadeiramente me amou, ela não concordava com minha traição, mas nunca deixou de me amar. E agora ela se foi. Ela foi arrancada de mim pela pessoa que eu mais queria agradar no mundo, meu pai. O pouco de respeito e medo que tinha por ele, se transforma em cinzas assim como ele transformou minha mãe, sua própria esposa.

Ele vai pagar!

Muitos mogadorianos correm para se proteger. Meu pai esta ajoelhado no chão e ele me vê. O ódio em seus olhos é tão grande, mas não tanto quanto o meu. Ele se levanta e pega sua espada e começa a gira-la com muita precisão. Ele sempre foi temido por todos, por ser o maior guerreiro de Mogadore. Aquele que matou o Número Três e que caçou Um e Dois. Ele corre até mim e eu corro até ele.

Meu pai tenta cortar minha cabeça, mas consegui desviar no ultimo momento e bato minha mão no chão e tudo treme outra vez. O General se desequilibra e eu me jogo em cima dele e ambos caímos no chão. Jogo a espada dele para longe e começo a socar a cara dele muitas vezes. Ele não reage, é como se estivesse curtindo os socos. Quando paro de soca-lo, seu rosto está cheio de sangue.

– Já acabou? – ele pergunta

– Não! – grito e tento dar outro soco em seu rosto, mas ele segura meu braço e me encara

– Minha vez! – ele diz e me dá uma cabeçada e caio no chão – Vou te ensinar uma lição que devia ter te ensinado há muito tempo!

Ele pega sua espada e me mostra.

– Você é a vergonha de Mogadore! – ele grita – Seu bastardo traidor!

Quando ele vai cravar sua espada em meu peito, eu ativo outra vez o legado da Número Um e todo chão treme. Uma cratera de dois metros se forma e meu pai cai nela. Sua espada acidentalmente entra em sua perna e ele solta um gemido. Enquanto ele está caído na cratera olho ao meu redor e vejo Marina aos pés de Setrakus Ra. Ela tem duas lanças cravadas em seu corpo. Uma está em seu ombro e a outra está em seu braço, próximo ao bíceps. Quando vou bater meu pé no chão, sou jogado para trás com violência e caio na cratera. Olho para cima e vejo o General. A espada ainda está cravada na perna dele. Ele pega um blaster que estava no chão e aponta para mim e atira. Eu tento desviar, mas o tiro acerta meu braço esquerdo. Com meu braço direito bato no chão da cratera e a parte onde meu pai estava desmorona e ele cai outra vez na cratera. Parte da terra cai sobre minhas pernas e não consigo me mover. O General também não consegue se mover por causa da ferida em sua perna. Ele começa a remover a espada e eu faço de tudo para tirar a terra de cima mim. Meu pai tira a espada e se levanta com dificuldade, ele manca até mim e coloca a espada no meu pescoço.

– Você tinha tudo para ser grande. Um rei. Eu ia te dar a droga de Washington! – ele grita – E você trocou tudo isso por nada.

– O que nós fizemos com o planeta deles foi cruel.

– Cruel? – ele diz confuso – Cruel foi o que você me obrigou a fazer com minha própria esposa.

– Ela não te merecia.

O General cospe na minha cara.

– Eu a amava! – ele diz – E você tirou tudo de mim, você devia ter morrido no Quênia. – Ele levanta sua espada – Morra! Seu traidor!

Tudo começa a acontecer como se fosse em câmera lenta. Atrás do General vejo uma sombra branca que aos poucos vai tomando a forma de uma garota. Era ela! Era a Número Um. Ela sorri para mim e estende sua mão e um brilho branco sai dela e me envolve.

– Isso é meu ultimo presente para você! – ela diz – Use-a com sabedoria e mate esse desgraçado!

Ela começa a desaparecer.

– Um, não vai se vá! – digo e ela olha pra trás

– Você vai morrer seu idiota! Use logo o que eu te dei. – ela diz com um sorriso

Olho para o General e a espada está a centímetros do meu pescoço. Fecho meus olhos e penso na Número Um. Tudo parece voltar ao normal, estou esperando a espada cortar minha garganta e nada acontece. Quando abro meus olhos vejo o General tentando cortar minha garganta, mas ele não consegue. É como se algo tivesse me protegendo, algo semelhante à telecinese. É isso! Um me deu a telecinese dela! Estendo minha mão para meu pai e ele é jogado com violência para trás. Concentro-me na terra que está sobre minhas pernas e a tiro de lá. Consigo me levantar e caminho até meu pai. Ele está ofegante e me olha com ódio. O orgulho dele é impressionante. Concentro-me na espada dele e a trago para mim. Pego a espada com meu braço que está bom e o encaro.

– Tudo o que eu mais queria nesse mundo era que você tivesse orgulho de mim. – digo – Que você me olhasse como olhava para Kelly e Ivan, mas te vendo agora e o que você fez com minha mãe foi imperdoável. Eu não vou fazer isso por Lorien ou por algum Garde, porque acho que não tenho o direito de fazer isso por eles. Mas vou fazer isso pela a única pessoa que me amou de verdade.

– Eu te odeio! – ele diz

– Isso é pela minha mãe! – grito

Cravo a espada no peito dele e a giro. Ele solta um gemido e depois de alguns segundos se transforma em cinzas. Olho para as cinzas dele que se espalha pelo ar e parece que tirei uma tonelada de peso das minhas costas. Escuto um barulho e olho para cima e vejo Kelly. Ela me olha com repulsa e ódio e logo depois sai correndo.

Ponho a mão em meu ombro, me sinto muito fraco e estou perdendo muito sangue. Escuto um grito forte e me lembro de Marina. Reúno o máximo de força que consigo e escalo a cratera que criei. Quando chego ao topo não há mais ninguém lá em cima, somente Marina e Setrakus. Ele cravou nela mais seis lanças, duas em cada braço e duas em cada perna. Ela perde muito sangue e Setrakus diz varias vezes “Se entregue!” levanto minha mão para ajuda-la, mas estou fraco demais. Cada parte do meu corpo dói.

De repente Marina começa a flutuar e sinto algo muito ruim me envolver. As lanças em seu corpo caem e os olhos dela ficam totalmente negros, ela estende a mão para mim e me joga para longe. Ela me jogou com tanta força que atravesso uma das paredes e caio em uma sala cheia de gaiolas.

Tento me levantar e reconheço essa sala, eu já estive aqui antes. Manco até uma das gaiolas e vejo uma Chimaera fraca dentro dela. Tento abrir à gaiola, mas estou muito fraco para isso. Reúno um pouco de força e bato meu pé no chão e algumas gaiolas caem no piso e se abrem. Sete Chimaeras saem das gaiolas e uma delas se transforma em um lobo prateado. Ele me encara com seus olhos amarelos e logo depois começa a rosnar. Sinto medo por um instante e logo depois ele me lambe.

Sinto outra vez algo muito ruim e penso em Marina. Todas as Chimaeras começam a mudar de forma rapidamente, elas não conseguem parar em uma só forma e uma dor enorme cresce em mim cabeça. De repente todas as Chimaeras se transformam em uma gosma gelatinosa e depois se transformam em um animal qualquer. Uma delas morde meu colarinho e me coloca em suas costas, elas começam a correr para fora sala e tudo vai ficando escuro.

Cinco

Estou conectada ao meu chip e começo a modificar sua configuração. Tudo é muito complexo, mas facilmente vou entendendo mais sobre a tecnologia mogadoriana. Entro um banco de dados e aprendo muita coisa sobre meu chip. Os mogadorianos são realmente criaturas muito inteligentes e sua tecnologia é muito mais avançada que a terrestre e talvez até mais que a loriena.

Modifico algumas configurações e entro na parte de rastreamento. Encontro o rastreador e antes de desliga-lo eu sigo o sinal até o computador máster da base mogadoriana. Ele está localizado na base de segurança máxima mogadoriana em Nova York. Entro no sistema de câmeras e vejo varias salas de vigilância, vejo algumas celas e não encontro Marina ou Adam. Vou verificando todas as câmeras e vejo uma onde há varias gaiolas com vários animais, alguns deles mudam de forma e sei que elas são as Chimaeras da Caya. Continuo procurando Marina até que vejo uma arena enorme com vários mogs correndo. Parte do teto desaba e uma grande coluna de cinzas paira no ar.

No centro vejo um garoto, ele bate seu pé varias vezes no chão e tudo se move. Ele é Adamus. Ele luta contra o General Andrakkus e o vence. Movimento um pouco a câmera e vejo Marina jogada no chão com varias lanças cravadas em suas pernas e braços.

De repente Marina começa a flutuar e as lanças que estavam em seu corpo caem. Os olhos dela estão completamente negros. Ela estende a mão para Adamus e o joga para longe. Setrakus tem um sorriso na boca e um manto negro começa a cobrir Marina completamente. Marina estende a mão para Setrakus e ele começa a flutuar e logo depois todas as câmeras se apagam.

Volto para meu chip e estou abalada com o que vi. O que aconteceu com a Marina? Começo a alterar algumas configurações do meu chip e vejo flashes da luta que está acontecendo lá fora.

Tenho que acabar com isso rápido!

Nove

Seis termina de curar minhas feridas com a pedra de cura e me levanto rapidamente. Cinco jogou Sam para longe.

– Tenho que ver se ele está bem. – diz Seis

– Thomaz também precisa de ajuda. – digo

– Eu vou ajuda-los. – ela diz – Você tenta segurar a Cinco.

– Vai ser um prazer! – respondo

– Tenta não morrer. – diz Seis e logo desaparece

– Vou tentar. – respondo para mim mesmo

Corro com supervelocidade até Cinco e ela me encara.

– Vamos logo baixinha! – digo – Eu sei que você está me escutando, acabe logo com isso!

– Ela não vai te escutar! – Cinco grita e voa rapidamente até mim

– Péssima hora para você desenvolver um novo legado. – digo desviando do soco mortal de Cinco que acerta o chão e abre uma enorme cratera

Lembro-me do que Thomaz disse para Cinco. “Concentre-se, isso é a base de controle para qualquer legado.” Fecho meus olhos e me concentro em tudo que está ao nosso redor. Com minha super audição escuto a respiração de Cinco e sei que ela está voando em minha direção com seu braço estendido pronto para me socar. Abro meus olhos e ela está a alguns centímetros de socar. Levanto minha mão direita e seguro o punho dela. No exato momento que seguro o punho dela, eu altero seu peso gravitacional e a deixo mais leve, logo o legado dela de super força não tem mais efeito nenhum. Altero meu peso e me deixo mais pesado e meus pés afundam na areia. Cinco me olha assustada e eu abro um sorriso.

– Isso vai doer bastante! – digo

Dou um soco no rosto de Cinco e ela literalmente voa vários metros em supervelocidade e se choca contra uma das pirâmides. Ela rola até o chão e cai na areia fofa. Altero outra vez a gravidade e volto a ter meu peso normal e corro até ela. Cinco está desmaiada e ela tem um grande olho roxo. Acho que quando a Cinco real voltar ela vai querer vingança! Coloco minhas mãos em suas costas e altero outra vez a gravidade para deixa-la pesada e ficar presa por seu próprio peso, mas quando vou ativar meu legado sinto uma picada nas minhas costas. Olho para Cinco e ela não estava mais no chão.

– Você nunca aprende que eu sempre estarei um passo a frente de todos? – diz Cinco desfazendo sua ilusão e cravando algo pontudo nas minhas costas.

Ela me joga contra a pirâmide e me olha nos olhos. Seus olhos verdes esmeralda me encantam mesmo quando ela está tentando me matar. Cinco é linda.

– Esse corpo tem sentimentos por você. – ela diz

– Serio? – digo fraco

– Você é forte. – o chip diz passando a mão sobre meus braços – E bonito – passando a mão sobre meu rosto – Mas morrerá hoje!

Cinco fecha seu punho e me encara. Eu estou fraco e não poderei me defender. Fecho meus olhos esperando a morte e digo:

– Eu também tenho sentimentos por você!

Espero alguns segundos e nada acontece, abro meus olhos e vejo que Cinco me encara. Sua feição é diferente, não é mais o chip. É ela! Ela acordou.

Cinco me olha com um olhar terno, apesar de seu olho roxo. Ela aproxima seu rosto do meu e me beija.

Uau! Como isso é bom!

Agora entendo porque Johnny gosta tanto de beijar aquela humana. A sensação é a mesma de que quando tenho sonhos com Lorien. É algo tão bom, tão puro. Abro meus olhos e ela também.

– Isso nunca aconteceu! – ela diz

Aproximo-me outra vez de Cinco e dou outro beijo nela, ela tenta me afastar, mas logo cede.

– Eu tenho que voltar! – ela diz

– Pra onde? – pergunto

– Ainda não terminei de reprogramar o chip.

– E porque voltou?

– Por que.... por que... ela ia te matar. – ela diz gaguejando

– Então você gosta mesmo de mim.

– Não fui eu que disse isso. – ela diz com um sorriso malicioso e logo depois fica seria – Me prenda com seu legado anti-gravidade, ajude Thomaz e cure sua ferida. Vou tentar voltar o mais rápido que posso. Marina está em apuros, temos que sair logo daqui.

– Ok – digo pensando no beijo

– Agora Nove! – ela diz

Coloco minha mão em seu rosto e instantes depois ela cai no chão. Um grande buraco se abre. Há uma grande pressão sobre Cinco agora, ela nunca conseguira se levantar daí. Ela me olha outra vez com aquele olhar sombrio, o chip voltou a ter controle sobre ela.

Marina

Setrakus crava em meu corpo mais seis lanças. Sinto uma dor terrível e sinto que estou indo embora e desmaio.

Tudo está escuro e escuto a voz de Oito. Ele tem as mesmas feridas que eu tenho. Ele está caído no chão e eu corro até ele. Passo minha mão sobre seus braços e pernas e as feridas não se fecham. Uma luz brilha atrás de mim e olho para trás e vejo Raavi.

– Você de novo? – digo

Ele me encara e não diz nada.

– O que aconteceu com o Oito? - pergunto

– Vocês dois construíram uma conexão muito forte juntos. Mais que lorienos, mais que apenas Sete e Oito. Isso se chama AMOR. E isso é o que te impede de se entregar a escuridão. ELE É SUA ANCORA!

– Eu não vou me entregar a escuridão. – digo

– Você resistiu muito Número Sete, mais do que qualquer outro antes de você. – ele diz – Você não vai conseguir resistir para sempre, ninguém nunca conseguiu resistir! Mas você tem algo que nenhum deles tinha. Você o tem – ele diz apontando para Oito - Ele é sua ancora que nunca vai te deixar ir muito longe. Haduck sentia isso, por isso ele tentou mata-lo duas vezes. Na época que ele se entregou a escuridão ele não tinha ninguém a não ser Pittacus. Que segundo a interpretação dele, o traiu. Ele não tinha uma ancora, ele não tinha ninguém que o trouxesse de volta. Enquanto esse garoto for sua ancora, sempre haverá esperança para você.

– Você está dizendo para que eu me entregue a escuridão? – pergunto

– Cedo ou tarde isso vai acontecer. – ele diz – Só estou dizendo que se você se entregar, você tem uma chance de voltar.

– E se eu não conseguir?

– Você o ama?

– Sim.

– Você vai conseguir! – diz Raavi com um sorriso e logo desaparece

Caminho até o corpo de Oito e vejo que suas feridas estão curadas, ele acorda e se levanta. Ele me encara e depois me beija. Derramo algumas lagrimas e olho em seus olhos e digo:

– Você vai ficar comigo?

– Você sabe o que o numero Oito significa? – ele diz desenhando o numero em minha mão

– Não.

– Infinito! – ele diz com um sorriso – Eu sempre estarei com você.

Dou outro beijo em Oito e acordo.

Setrakus me encara com um sorriso podre. Eu penso no Número Oito e me entrego à escuridão. Sinto-me mais forte do que nunca. Das minhas mãos saem pequenos raios negros e quando me dou conta estou envolvida por um manto negro de escuridão. De longe vejo Adamus e estendo minhas mãos para ele e o tiro dali, antes que Setrakus o mate. Sinto que todos meus legados estão de volta, então encaro Setrakus e vejo um pouco de medo em seus olhos. Com telecinese seguro seu pescoço e o levanto, ele começa a sufocar e eu vou perdendo o controle de mim. Sinto que estou cada vez mais dentro dessa escuridão. Ela é forte e me toma por completo.

Finalmente Setrakus conseguiu o que queria.

Eu me entreguei à escuridão!

#TheDarknessHasArrived