Seis

Nove dirige o jipe a quase cem quilômetros por hora. Estamos indo em direção do apartamento onde deixamos Ella aos cuidados de Caya, Sam e Sarah. Quando entramos na cidade de Cairo somos obrigados diminuir a velocidade. Faltando algumas quadras para chegar vemos carros de corpo de bombeiros indo para a mesma direção do hotel onde eles estavam hospedados. Olho para John e ele tem o mesmo olhar apreensivo que eu.

– Temos que correr. – ele diz

– Deixa comigo! – responde Nove acelerando

Cinco faz massagens circulares em suas têmporas, como uma pessoa faz quando tem dor de cabeça. Coloco minha mão em seu ombro e ela rapidamente a segura e a aperta.

– Calma. – digo – Sou eu.

– Desculpa Seis. – ela diz um pouco cansada – Essa dor está me matando.

– Nós vamos resolver isso. – Diz Thomaz segurando a mão direita de Cinco, não tenho o poder de ler mentes, mas é bem visível que Thomaz se sente culpado.

Duas quadras antes de chegar ao hotel, a rua esta interditada e vejo uma coluna de fumaça sair do nosso hotel.

– Não dá para seguir de carro. – diz Nove

– Eu vou na frente. – diz Oito se transformando em um corvo e voa para o hotel.

Todos nós saímos do carro e começamos a correr em direção ao hotel. John corre na frente de todos. Posso sentir o pânico que ele está sentindo. Ele deve estar pensando em Sarah.

Há muita gente na rua e não podemos usar nossos legados. Olho para todos os lados procurando algum mog, mas não consigo acha-los. John corre para o hotel em chamas e três bombeiros tentam bloquear sua passagem e ele simplesmente os empurra com telecinese e eles caem no chão e ele entra no hotel.

John

Fecho os olhos e abaixo a cabeça. Sinto um cheiro forte de fumaça. A única coisa que consigo pensar agora é Sarah. As chamas estão por todos os lados e não consigo escutar mais nada além do crepitar e do zumbido das chamas. Parece que estou tendo um Déjà vu. Lembro-me que quando morava em Paradise, tive que fazer o mesmo quando a casa de Mark pegou fogo. Sinto a mesma raiva, a mesma determinação para salva-la, a mesma esperança de que ela ficará bem e o mesmo medo de perdê-la, deixo tudo isso entrar em meu peito.

A pequena recepção do hotel está completamente destruída e minhas roupas se incendeiam. Não sinto absolutamente nada, somente um formigamento onde as chamas tocam. Começo a tossir e lembro-me que Henri me disse que mesmo sendo imune as chamas, eu ainda posso sufocar com a fumaça. Rasgo um pedaço de minha camiseta e a amarro em redor da boca.

– Sarah! – grito e o silencio faz meu coração bater mais forte.

O hotel tem quatro andares e nós ficamos hospedados no ultimo andar. Subo correndo as escadas e nessa hora queria ter o legado do Número Oito de teletransporte. As escadas começam a desabar por causa do meu peso e me sustento com telecinese. Estou ficando sem ar e meus pulmões doem muito. O desespero me domina. Flutuo para uma parte da escada que ainda está inteira e começo a subir outra vez. Quando chego ao quarto andar, vejo que a porta do nosso quarto está derrubada. Olho para todos os lados e não vejo ninguém. Procuro em todos os cômodos e não vejo nenhum sinal de Sarah ou Sam. Corro até a cômoda onde estavam nossas Arcas e o Tablet e elas não estão mais lá. Meu desespero aumenta quando vejo no chão um canhão mogadoriano. Escuto um barulho atrás de mim e quando olho para trás, vejo um botijão de gás a ponto de explodir.

Somente tenho tempo de colocar o braço contra os olhos e as chamas me engolem. Sinto que meu corpo fica quente e é uma ótima hora para testar a resistência desse legado e posso dizer que ele está salvando minha vida. Minhas roupas não existem mais e acho que estou pelado.

Escuto um forte trovão do lado de fora, Seis deve estar tentando apagar as chamas.

Nove

John entra correndo no hotel em chamas para salvar sua preciosa humana. Olho para Seis e faço um movimento com a mão dizendo para ela ficar atenta a tudo e ela assente. Logo depois um corvo negro sai da fumaça pousa no meu ombro.

– Não consegui entrar. – diz Oito com uma voz fina e não consigo resistir o riso – O que foi?

– Essa voz combinou com você.

– Cala boca Nove! – e mais uma vez rio.

Oito começa a voar outra vez e quando olho para meu ombro vejo que ele deixou uma “surpresa” nada agradável em meu ombro.

– Filho da pu... – grito

Thomaz de aproxima com Cinco e faz um movimento com a mão para que Seis se aproxime também. De repente uma forte explosão acontece no quarto andar e sinto uma descarga de adrenalina em meu corpo. Eu tenho que fazer algo. Eu sei que o Quatro está bem, mas fico preocupado com outros. Começo a caminhar para o prédio, mas Thomaz segura minha mão.

– Temos que ser discretos. – ele diz

– Não podemos ficar aqui somente olhando. – digo bravo

– Isso é cocô? – pergunta Seis com cara de nojo olhando para minha camiseta

– Foco Seis! – digo tentando disfarçar, quando Oito voltar vou estrangula-lo

Seis revira os olhos e diz:

– Eu posso apagar as chamas.

– Tem muitas pessoas aqui! – diz Thomaz

– Eu posso iludi-los. – Diz Cinco parecendo fraca

– São muitas pessoas e você não está em cem por cento.

– Ela consegue. – digo olhando para Cinco – Não é baixinha?

Cinco me olha seria e abre um leve sorriso.

– Consigo. – ela responde determinada

Cinco coloca a mão em sua cabeça e logo depois já começo sentir os efeitos de sua ilusão, o ar fica mais pesado e algumas coisas perdem o foco. Seis levanta seus braços e uma forte tempestade se forma. Uma chuva pesada começa a cair sobre o prédio e as chamas externas começam a se apagar.

Ella - Trinta minutos antes.

Olho para o que sobrou das pedras que Loridas estava jogando em mim. Esse novo legado é incrível, finalmente estou chegando ao nível dos outros Gardes.

– Quando eu vou aprender a fazer feitiços? - pergunto

– Calma criança – diz Loridas – Um Aeternus tem que ser muito paciente, não pense que fazer feitiços é fácil.

– O que tenho que fazer?

Loridas abre seus braços e somos teleportados para um lago com aguas cristalinas e de alguma forma estamos flutuando acima dele.

– Isso tudo é real? – pergunto

– Claro que sim. Os Aeternus são os lorienos que devem trazer o equilíbrio para Lorien.

– Equilíbrio? – pergunto curiosa

– Como em todo lugar do universo, em Lorien há trevas e luz. – ele diz me mostrando três bolinhas – Há muitos anos atrás, o Ancião Haduck se entregou totalmente as trevas e trouxe a ruina para Lorien, assim como o Ancião Pittacus se entregou a luz e fez de tudo para salva-lo.

– Haduck é Setrákus, não é?

– Exatamente. – ele me responde e logo depois faz que as três bolinhas flutuem – Alguns Gardes descendem de Haduck e possuem as trevas em seu corpo, assim como alguns descendem de Pittacus e possuem a luz. Para que trazer a harmonia entre os dois nasceram os Aeternus que são responsáveis para trazer o equilíbrio essas duas massas. – ele diz e uma das bolinhas fica branca e outra preta, elas flutuam encima da terceira bolinha que ficou cinza. A forma que eles se alinharam lembra muito uma balança.

– Por isso podemos usar magica?

– Exatamente.

– Nós somos mais poderosos que eles?

– Não! – ele diz – Nós não brigamos a não ser que seja necessário, nós não começamos guerras, nós a terminamos. Eu falhei com Haduck e Pittacus e não posso deixar você fazer o mesmo com seus amigos.

– O que tenho que fazer?

– Já vimos que retirar os legados deles não é suficiente.

– O que quer dizer? – pergunto assustada

– Talvez tenha que tomar medidas drásticas.

– Não vamos matar Marina! – grito

– Se nós tivéssemos matado Haduck, Lorien ainda estaria de pé. – ele diz serio – Não cometa o mesmo erro com a Terra.

Escuto longe um barulho de explosão e sinto cheiro de fumaça.

– O que está acontecendo?

– Seu corpo está em perigo. – diz Loridas

– O que eu faço?

– Se seu corpo for machucado você pode ficar presa aqui para sempre.

– E como eu saio daqui?

– Você somente precisa querer acordar.

– Eu vou poder voltar aqui?

Loridas abaixa a cabeça e diz:

– Não!

– E meu treinamento?

– Se você acordar, não poderá mais voltar aqui e terá que aprender sozinha.

– Meus amigos precisam de mim.

– Eu sei, pequena garde – ele diz me olhando nos olhos – Eu confio em você, sei que você fará coisas grandes. Eu sempre estarei contigo, mesmo que você não me veja, eu estarei com você. – ele coloca a mão na minha bochecha – Você é minha herdeira e você vai deter Haduck e a herdeira dele.

Uma lagrima rola do meu rosto.

– Adeus Loridas.

– Adeus Ella.

Fecho os olhos e me concentro em acordar.

Quando abro os olhos vejo fumaça por todos os lados e vejo Sarah com uma arma apontando para a porta.

– Sarah? – pergunto – O que está fazendo?

– Ella! – grita Sarah – você está bem?

– Estou. – respondo – o que aconteceu?

– Os mogs nos encontraram.

– Onde estão os outros?

– Os Gardes estão nas pirâmides e Sam, Caya e BK estão nos protegendo dos mogs.

– Pirâmides?

– Nós viemos para o Egito depois da batalha na casa dos Greeters.

– Não há nenhum Garde aqui?

– Não. – Sarah diz com medo

Levanto-me da cama e Sarah corre até mim.

– O que está fazendo?

Olho nos olhos dela e estalo meus dedos.

– Hora de testar meu novo legado!

Sam - Trinta minutos antes.

Estamos olhando o corpo de Ella flutuar, a cena é de filme de terror. Olho para Caya e ela tenta colocar Ella de volta na cama, mas não consegue.

– O que está acontecendo com ela? – pergunta Sarah

– Ela está em transi. – responde Caya – Em Lorien todos os Aeternus passam por esse momento.

– Isso vai demorar? – pergunto

– Depende. – ela responde – É diferente com cada Garde, geralmente é de dois a três dias, mas eu já vi caso que Gardes ficarem assim por meses.

– Meses? – digo assustado

– Vamos torcer para que esse não seja o caso dela.

– E o que ela está fazendo exatamente? – pergunta Sarah

– Aprendendo. Os Aeternus são os sacerdotes de Lorien, a eles foram confiados todos os segredos e magias de Lorien.

– Isso deve ser demais! – suspiro

– Quando ela acordar, ela estará completamente realizada.

Bernie Kosar começa a rosnar e Caya se abaixa e o afaga, BK olha nos olhos de Caya e se ela não fosse uma Cepan poderia jurar que ela estava falando com ele. BK sai correndo do quarto e Caya me olha assustada.

– O que foi? – pergunto

– Acho que ele sentiu cheiro dos mogadorianos.

Sarah vai até o armário e pega três armas e joga para nós.

– Fique aqui com ela! – diz Caya para Sarah – E você vem comigo!

Saio com Caya e trancamos a porta do quarto de Ella, sei que isso não é suficiente para deter um mog, mas pelo menos pode dar a Sarah um tempo para fugir com Ella.

BK rosna em frente a porta e seus pelos estão eriçados. Caya se esconde atrás do sofá e eu faço o mesmo, de repente a porta explode e Bernie Kosar é jogado para longe.

– BK! – grito e Caya me da um soco no braço

– Fique focado na batalha. – Ela diz

Caya se levanta e começa a atirar contra alguns mogs que tentam entrar, a precisão dela é perfeita, ela sempre acerta no meio dos olhos deles e logo se transformam em cinzas, de repente todas as janelas explodem e mais mogadorianos entram. Começo atirar contra eles, consigo matar dois, mas ainda há quatro de pé.

Caya saiu do apartamento e escuto barulho de tiros, ela deve estar tentando impedir que eles subam as escadas, talvez por isso ele entraram pelas janelas. Os mogs apontam seus canhões para mim e sinto um frio na barriga. Não posso lutar contra quatro mogs. Eles começam a atirar e me jogo atrás do sofá e um tiro pega na minha perna. O sangue começa a jorrar e sou dominado pelo desespero.

Olho para a porta e não vejo mais Caya. Escuto o passo das botas dos mogadorianos e em alguns segundos estarei morto. Sinto-me impotente e escuto um forte fugido.

BK acordou!

Escuto mais tiros e logo depois todos os barulhos vão diminuindo, quando olho pela esquina do sofá e vejo Bernie Kosar transformado em uma fera loriena e seu corpo está coberto de cinzas. Quando ele me vê corre até mim e me lambe com sua língua enorme. Ele ruge e aponta seu focinho para a estante onde estavam as arcas e tablet. Levanto-me com dificuldade e caminho mancando até a estante e pego a pedra de cura de John que ele deixou do lado fora para alguma emergência.

Pego a pedra e coloco em meu ferimento e uma dor imensa me envolve e segundos depois estou completamente curado. Mais mogs entram pelas janelas e pego a Xitharis que John também deixou do lado de fora. Aperto a Xitharis e sinto uma força me dominar e logo depois minhas mãos começam a brilhar.

Com tantos legados para me deixar, John me deixa logo o Lúmen.

O brilho vai ficando mais forte e aponto para os mogs e eles são obrigados a fechar os olhos e BK aproveita e os ataca. Sinto que minha mão está ficando mais quente e logo depois uma faísca brota da luz e segundos depois minha mão está em chamas.

– O lúmen não é tão ruim assim. – suspiro e estendo minhas mãos para os mogs e elas se convertem em um lança-chamas.

É muito difícil para controlar a potencia e a direção das chamas e elas acabam se espalhando por toda a sala. Caya volta correndo e se assusta com as chamas.

– São muitos! – ela grita – Pegue Ella e vamos sair daqui.

Logo depois uma lança é cravada no ombro de Caya e ela geme. Ela pega sua arma e mata o mog que vinha atrás dela.

– Caya, você está bem?

– Rápido! – ela grita – não temos tempo para isso.

Assinto e segundos depois Caya cai do chão. Corro até ela e a trago para detrás do sofá. As chamas estão se espalhando rápido e mais mogs entram no apartamento.

Escuto um forte barulho e vejo que a porta do quarto onde Sarah e Ella estavam explode. Ella sai do quarto junto com Sarah. Ella está diferente, não parece mais àquela garotinha indefesa, algo aconteceu com ela enquanto estava em transi e parece ser algo bom.

Ella caminha contra os mogs e eles começam a atirar.

– Ella cuidado! – grito assustado

Para minha surpresa todos os tiros dos mogs parecem não afetá-la e ela segue caminhando em direção a eles. Um mog coloca seu canhão na cabeça dela e atira e somente vejo a explosão e fumaça, mas a cabeça de ela está intacta. Os mogs olham assustados para ela e ela em um movimente muito rápido desarma um dos mogs e pega seu blaster e começa a atirar contra eles. Os mogs não tem outra opção a não ser recuar e escuto sua voz em minha cabeça.

“Vamos sair daqui.”

Sarah corre até mim e me ajuda a levantar Caya, pego a pedra de cura e coloco no ombro dela. Caya solta um grito e logo depois relaxa.

– Vamos! – ela diz se levantando

– Como vamos sair daqui? – pergunta Sarah

“Pela janela” – escuto outra vez a voz de Ella na minha cabeça.

Corremos até a janela e Sarah pega as outras Arcas e o Tablet. Olho para baixo e posso calcular uma queda de uns doze metros até o chão.

– Vamos pular? – pergunto

– Não. – responde Caya e logo depois passa a mão na cabeça de BK e ele fica maior e todos nós subimos nas costas dele.

Ella entra no apartamento toda cheia de cinzas e sobe também nas costas de BK.

– Vamos amigão! – grita Caya e BK salta do quarto andar o hotel e aterrissa bruscamente no piso. – Bom garoto! – grita Caya batendo a mão nas costas de BK.

Descemos das costas dele e ele volta a forma de Beagle. Sarah recarrega a arma dela e começa a atirar contra os mogs que estavam tentando descer pela janela. Três carros chegam cheio de mogadorianos e eles nos cercam.

– O que vamos fazer? – pergunto

– Fiquem juntos. – sussurra Caya

– Acho que posso atrasa-los. – diz Ella

– É perigoso.

– Eu consigo. – diz Ella – Quando eu disser “já” vocês correm até aquele carro.

– Ok. – diz Caya – mas tome cuidado!

– Já! – grita Ella e todos nós começamos a correr e os mogs atiram.

Ella levanta suas mãos e cria uma proteção para nós com sua telecinese. Entramos no carro e Caya senta no banco do motorista e começa a acelerar e para atrás de Ella.

– Vamos! – ela grita

Ella se concentra e lança sua mãos para frente, como se estivesse jogando algo em alguém e uma onda telecinética vai ao encontro dos mogs e todos eles caem no chão. Ella entra rapidamente no carro e Caya acelera.

Seis

As chamas externas estão apagadas, mas ainda há um grande incêndio dentro do hotel, principalmente no quarto andar. Ninguém ao nosso redor está nos vendo utilizarmos nossos legados graças a Número Cinco, que mesmo fraca está fazendo um ótimo trabalho iludindo todas essas pessoas.

Estou preocupada com John, já faz dez minutos que ele está lá dentro e me aproximo da porta principal do hotel e sinto o calor das chamas. Lá dentro está um verdadeiro inferno. É impossível alguém sobreviver aí dentro. Sinto uma mão eu meu ombro e quando me viro assustado vejo Thomaz.

– O que foi? – pergunto

– Você pode apagar as chamas internas?

– O prédio está comprometido, acho que se eu fizer uma nova tempestade ele pode desabar.

– Não estou falando em criar uma tempestade.

– O que quer dizer?

– Você controla todos os elementos, não é?

– Sim, acho que sim.

– Então diminua as chamas!

– Nunca tentei em algo tão grande.

– Eu sei que você consegue – ele diz colocando as mãos em meus ombros, o jeito que ele me olha é muito semelhante ao olhar de Katarina, foram tantos anos sozinha que eu esqueci o que é ter um Cepan – Feche os olhos e se concentre nas chamas.

Fecho meus olhos e começo a me concentrar nas chamas que estão na porta do hotel e quando abro meus olhos elas já estão apagadas.

– Eu disse que você conseguiria! – diz Thomaz

– Eu vou entrar. – digo determinada

– Cuidado. – diz Thomaz me olhando nos olhos – você somente manipula as chamas, você não é imune como o John, você pode se queimar.

Assinto e entro na recepção do hotel e para onde estendo minhas mãos as chamas se apagam. Caminho até uma escada que estava derrubada e também apago as chamas, uso minha telecinese para levitar até o quarto andar e as chamas aqui são muito mais fortes. Começo a tossir pelo forte cheiro de fumaça e coloco minha mão na boca na tentativa inútil de me defender da fumaça. Chego ao nosso apartamento e a porta está caída no chão e estendo minhas mãos para dentro do apartamento e quase todas as chamas se apagam. Quando aproximo-me ao quarto onde estava Ella, vejo que John está de joelhos no chão chorando perto da cama. Ele está sem roupas e tiro minha jaqueta e o cubro. Ele me olha com um olhar vazio como se estivesse em transi.

– John? Você está bem?

– Morta... – ele sussurra – Ela está morta...

– Quem?

– Prie...ne... Sa...rah...

– Temos que sair daqui. – digo pegando na mão dele

– Me deixa em paz! – ele grita e me empurra com telecinese e bato com força em uma das paredes.

– O que deu em você? – digo e ele me olha com um olhar mais lucido.

– Seis?

– Oi! – digo brava

– Sarah? Ela está? – ele diz com voz de choro

Caminho até John e o abraço e ele chora muito em meus ombros. Passo minhas mãos sobre seus cabelos loiros e chamuscados pelo fogo. Afasto o rosto dele dos meus ombros.

– Eu estou aqui pra você. – digo e ele me olha nos olhos e se aproxima para me beijar, mas eu o impeço dizendo: – Ela pode estar viva ainda.

– O que? – ele diz confuso

– Eu não achei nenhum corpo e você?

– Você tem razão... – ele diz com um sorriso que me parte o coração. Isso Seis agora você acabou de joga-lo mais ainda nos braços dela.

– Vamos sair daqui.

Saímos pela parte de traz do hotel e vejo Nove correndo até nós ao lado de Oito e Thomaz. Ele carrega Cinco em seus braços e ele a coloca no chão perto de nós. Ela está muito pálida e sangue escorre por seu nariz.

– O que aconteceu?

– Ela se esforçou demais! – diz Thomaz

Nove coloca seu ouvido no peito dela e grita:

– O coração dela parou!