Pittacus

Todos estão assustados. O chão treme. Explosões ecoam por todos os lados. Escuto sussurros, gemidos, choros e gritos de socorro. Naves começam a pousar em solo lorieno e guerreiros com armas poderosas saem de dentro delas. Criaturas horripilantes voam e devoram tudo o que veem pela frente. Pessoas correm, mas não o bastante. Elas são encontradas e executadas a sangue frio. Homens, mulheres, adolescentes e até indefesas crianças que clamam por suas vidas são assassinadas friamente. As criaturas vão atrás das crianças, algumas se escondem nas arvores outras em suas casas, as mais corajosas inutilmente lutam com as criaturas com pedaços de madeira. Aquelas que são da Garde tentam usar seus primeiros legados para se defender, mas mesmo assim todas acabam morrendo. A Garde adulta começa a se defender e a defender o planeta, eles usam todos seus poderes para retardar o avanço do ataque. Um grupo da Garde se reúne e com suas telecineses unidas conseguem levantar um prédio que estava caído e salvam algumas pessoas. Outro grupo luta bravamente com os fortes soldados inimigos, eles conseguem matar bastante, mas infelizmente alguns dos nossos acabam morrendo também. O fogo se espalha por toda a cidade e quase nada fica de pé. Nós estamos lutando com todas nossas forças, mas eles são muitos. A cada um que matamos aparecem mais três, eles tem muita vantagem. Aos poucos pilhas de corpos lorienos vão se formando, os últimos que sobraram resistiram por dois dias e acabaram sendo mortos também. De repente uma nave dispara no céu deixando um rastro de luz azul e logo desaparece, sinto um aperto no coração e um fio de esperança nasce dentro de mim.

Acordo assustado ao lado de Priene, minha esposa. Estou suando muito e meu coração está acelerado.

– O que foi querido? – ela pergunta

– Eu tive um pesadelo.

– Pesadelo ou visão? – ela pergunta me encarando – O que você viu?

– A profecia... – deixo escapar

– A profecia?

– Ela vai se cumprir logo.

Priene coloca a mão no meu rosto e olha nos meus olhos.

– Nós estamos aqui para defender nosso planeta, nós estamos preparados para uma invasão.

– Você não entende. – digo aflito – Não podemos mudar uma profecia, ela vai acontecer!

Priene me olha assustada e segura forte minha mão.

– Se cairmos, cairemos lutando! – ela diz

– Fico feliz que você está ao meu lado por todos esses anos. Eu não seria nada sem você.

– É verdade. – ela diz rindo e logo depois me beija.

“Pittaaaaacus” escuto um sussurro em minha cabeça. A sensação e a voz são iguais de meu irmão. Afasto-me de Priene e sento na cama.

– O que acon... – diz Priene

– Shiii. – faço com a boca

“Você viu o que vai acontecer com seu precioso planetinha”

“Haduck? É você?”

“Haduck não existe mais, você o baniu, esqueceu?”

“Onde você está?”

“Mais perto do que você imagina, hahahaha”

“O que você quer?”

...

“Haduck? Haduck?”

– O que aconteceu? – pergunta Priene

– Haduck... – sussurro

– O que tem ele?

– Ele voltou.

– O que? Isso é impossível!

– É a profecia Prim, ela vai se cumprir. – digo assustado – Haduck veio destruir Lorien.

– Ele não tem poder suficiente para destruir nosso planeta.

– Convoque uma reunião extraordinária com todos os Anciões.

– É tão grave assim?

– Peça para todos irem para a Estação Espacial. – digo – E peça para Karter e Brandon me encontrarem na pista de decolagem.

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– Sim senhor, nos chamou? – diz Brandon

– Eu preciso de vocês mais do que nunca. – digo – Vocês se lembram do protocolo de evacuação?

– Sim senhor. – responde Karter assustado

– Fiquem atentos.

– Senhor, o que isso significa? – pergunta Brandon

– A profecia está se cumprindo Brandon e não há nada que possamos fazer para impedi-la. – respiro fundo – Eu conto com você para liderar a evacuação das nove crianças.

– Temos quanto tempo? – pergunta Brandon apreensivo

– Eu não sei, mas fiquem preparados, suas pulseiras avisarão no momento certo.

– Sim senhor.

– Karter. – digo me virando para ele – A Garde do Ancião Loridas ainda não nasceu e não sei se ela vai conseguir. Sua Garde é extraordinária e preciso que você a treine muito bem. Ela precisa ser forte porque o que ela fará é muito perigoso.

– O que tenho que fazer? – ele pergunta

– Caso os mogadorianos sigam vocês para a Terra, você precisará entregar sua Garde a eles.

– Não!

– Ela ficará viva, eu posso garantir isso.

– Por quê?

– Haduck vai procurar sua herdeira e vocês tem que protegê-la a qualquer custo. Ele não pode encontra-la até que ela esteja totalmente preparada.

– Quem vai cuidar da herdeira dele? – pergunta Karter

– Entregue-la a Adel.

– Adel? – contesta Brandon insatisfeito

– Faça isso. – digo autoritário e entro na nave junto com os outros Anciões, menos o Ancião Loridas que ficou em solo lorieno e ela decola.

Quando chegamos à Estação Espacial nos sentamos na sala de conferencias.

– Por que nos convocou aqui? – Pergunta a Anciã Sparta

– A profecia está se cumprindo.

– O que? – diz incrédulo Cleobolus

– Eu tive uma visão – digo – e de alguma forma eu sinto que o tempo está próximo.

– O que temos que fazer? – pergunta a Anciã Athena

– Defender Lorien o máximo que conseguirmos.

– Quando será o ataque? – pergunta Priene

– Agora! – diz a Anciã Sparta olhando para fora da janela.

Quando nos aproximamos para ver o tinha lá fora, nos deparamos com milhares de naves se aproximando. Corro até o telefone para avisar a ADL, mas o telefone está mudo. Corremos até nossa nave para descermos até Lorien, mas a porta não abre. Tento me comunicar por telepatia com algum Lorieno, mas há algo a bloqueando. De repente uma porta se abre e vários soldados horripilantes entram na sala de conferencias e nos apontam suas armas. Um homem alto, com cabelo curto e uma cicatriz horrível em seu pescoço sai do meio dos soldados e nos encara.

– Olá irmão! – ele diz

– Haduck? – pergunto incrédulo

– Em carne e osso.

– Como você conseguiu escapar?

– O seu maior erro foi me deixar vivo na Terra.

– O que veio fazer aqui?

– Você ainda me pergunta? – ele diz ironicamente – Eu vou destruir tudo!

– Você não pode nos derrotar! – diz Priene

Haduck abre um sorriso podre e encara Priene.

– A queda de vocês é questão de tempo, minha cunhadinha.

– Você não destruirá Lorien seu bastardo! – Grita a anciã Sparta, logo depois ela estende sua mão para Haduck e um raio sai de suas mãos. Haduck por centímetros consegue desvia e joga uma faca e ela acerta o pescoço de Sparta.

– Não! – grita Cleobolus e corre até ela, mas os mogs começam a atirar nele. Ao principio ele começa a se defender com telecinese, mas são muito tiros, então Priene, Athena e eu corremos para ajuda-lo. De repente uma dor aguda queima em meu tornozelo direito. A Anciã Sparta estava morta.

– O que vamos fazer? – pergunta Cleobolus assustado

– Vamos defender Lorien! – grito e me teleporto para trás do mogs e crio chamas em minhas mãos e começo a incinerá-los e logo depois eles se transformam em cinzas.

Athena se transforma em uma fera e começa a devorar vários mogs, mas pelo tamanho grande de sua fera ela se torna um alvo fácil e todos os mogs começam a atirar nela e ela cai. Minutos depois nós recebemos nossa quarta cicatriz.

– Isso não pode estar acontecendo. – diz assustada a Anciã Anasthasis

– Temos que permanecer for... – digo e outra cicatriz queima em meu tornozelo, dessa vez era do Ancião Cleobolus.

Cinco Anciões já morreram e três deles morreram aqui nessa sala. Chamo Priene e Anasthasis para que se juntem a mim e faço um campo de força.

– Temos que avisar a Loridas. – diz Priene

– Ele já deve ter sentido as cicatrizes. – respondo

– Eu tinha esquecido como essas cicatrizes doem. – escuto Haduck

– Haduck está sem legados. Nós temos que derrotar os soldados. – digo

Anasthasis fica invisível e avança contra os mogs e por onde ela passa deixa um rastro de cinzas.

– Nós vamos conseguir. – digo a Priene

– Eu estou grávida. – ela diz e o mundo para, não consigo pensar em outra coisa.

– O que?

– Eu estou grávida. – ela diz chorando – me desculpa.

– Não precisa se desculpar. – digo enxugando as lagrimas dela

– Nós vamos morrer.

– Não! Claro que não! – digo – Eu vou tirar você daq... – e mais uma cicatriz queima em meu tornozelo. A notícia foi tão chocante que quase não sinto a dor da cicatriz da Anciã Anasthasis, minha sexta cicatriz. Agora só sobraram quatro: Priene, Loridas, eu e Haduck. Fecho meus olhos e me concentro seguro nas mãos de Priene e paro o tempo. – Vamos sair daqui. – digo e me levanto com Priene, mas no momento que me levanto sinto uma dor na barriga e quando vejo, eu tinha levado um tiro e não tinha percebido. Caio no chão e solto a mão de Priene e o tempo volta a correr. Vários mogs nos cercam e estou quase desmaiando. Haduck pega nos cabelos de Priene e a joga no chão.

– Não! – tento gritar, mas estou sem forças

Haduck a levanta e a segura violentamente, ele pega uma faca e me mostra.

– Não... por.. favor... Haduck...

– Você tirou tudo de mim – ele me diz – você sempre teve tudo, as pessoas sempre gostavam mais de você do que de mim. Eu sempre ficava em segundo plano, eu sempre perdia, mas chegou a hora de você perder também. – Ele levanta a faca e crava sete vezes na barriga de Priene, ela geme e me olha com os olhos cheios de lagrimas e escuto uma voz em minha cabeça: “Eu te amo” e logo depois ela cai no chão e a cicatriz mais dolorosa queima em meu tornozelo. Uma raiva incondicional nasce dentro de mim. Haduck pega um canhao e aponta para mim. Levanto-me rapidamente e mesmo com uma dor enorme, eu o desarmo com telecinese. Todos os mogs começam a atiram em mim, mas me defendo com um campo de força.

– Você é durão irmão. – diz Haduck me provocando

Levanto minhas mãos e os oitenta mogs que estavam na sala começam a flutuar e quando fecho meus punhos todos eles começam a ser esmagados e se transformaram em cinzas. Haduck me olha assustado e meus olhos brilham como o sol.

– Você vai pagar pelo que fez! - digo e logo depois empurro Haduck com telecinese e ele se choca com uma parede e quase perde a consciência, com telecinese começo a sufoca-lo. Sinto que a luz que está em mim vai se apagando e uma enorme forca negativa começa a me dominar.

– Deixe-a te dominar! – diz Haduck

– Não! – grito e as trevas se dissipam e deixo Haduck cair no chão.

Olho para o corpo de Priene e dos outros Anciões e uma angustia muito grande aperta meu peito. Eu já fui muito benevolente com Haduck. Chegou a hora de eu colocar um fim nisso! Quando me viro para matar Haduck, ele lança um dardo em meu pescoço e imediatamente me sinto drasticamente mais fraco e reparo que Haduck me acertou outra vez com aqueles dardos anti-legado. Quero saber como ele conseguiu produzir isso. Caio no chão e Haduck corre até mim e começa a me dar socos e chutes.

– Eu te odeio! – diz Haduck com ódio e logo depois ele me levanta e coloca meu rosto contra a janela da Estação Espacial. – Olhe seu lindo planeta.

Vejo varias explosões em Lorien, os incêndios são tão grandes que é possível vê-los do espaço. Lagrimas começam a rolar do meu rosto e vejo uma nave saindo da orbita de Lorien e um fio de esperança nasce dentro de mim. Aquelas Nove crianças vão salvar e vingar Lorien. De repente uma nova cicatriz se forma em meu tornozelo, a oitava, a cicatriz de Loridas queima em meu tornozelo e caio de joelhos.

– Parece que sobraram somente nós dois. – diz Haduck

– Desgraçado! – grito e dou um soco em Haduck e ele cai, quando me levanto olho para fora e vejo outra nave saindo de Lorien.

– O que são aquelas naves? – pergunta Haduck

– Elas são a sua queda!

Estou fraco e sem legados, mas consigo reunir um pouco de energia que restava dentro de mim, meus olhos brilham e logo depois sou envolvido por um manto e luz e olho para Lorien.

– Raavi me desculpe! – digo com lagrimas – Lorien renascerá! – e logo desapareço.

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Acordo em um lugar desconhecido. Com muita dificuldade consigo me levantar e vejo uma casa. O modelo de construção é diferente de tudo já tinha visto em Lorien, então me dou conta que não estava mais lá. Eu estava na Terra, de alguma forma eu consegui me teleportar para cá.

Sinto sangue escorrer da ferida do tiro que levei na Estação Espacial, coloco minha mão na ferida e não acontece nada, meus legados ainda não funcionam. Sinto-me fraco e começo a caminhar em direção a uma casa que estava cerca, caio algumas vezes, mas consigo chegar até a porta e a golpeio. Alguns minutos depois a porta se abre e vejo um homem com óculos grandes e um taco de beisebol na mão.

– O que você quer seu vagabundo a essa hora da noite? – diz o homem assustado

– A... ju... da... – sussurro e caio aos pés do homem.

– Ai meu deus! – diz o homem – Você está bem?

Sinto que meus legados estão voltando e então coloco minha mão na ferida e ela começa a se fechar por fora, mas ainda não tenho força para me curar por completo.

– Oh-Meu-Deus! – diz o homem assustado e entusiasmado ao mesmo tempo – O que aconteceu com você?

– Meu nome... é Pittacus Lore – digo fraco – sou de um planeta chamado Lorien.

– Eu sabia que vocês existiam, eu sabia!

– Como você... se chama? - pergunto

– Meu nome é Malcolm Goode.

– Malcolm, essas feridas foram causadas uma raça hostil de alienígenas que destruíram meu planeta e que agora estão vindo para a Terra. Eu não vou conseguir sobreviver, eu não vou conseguir passar dessa noite. – digo cansado

O homem se senta ao meu lado e sinto que ele quer me ajudar mas não sabe como.

– O que eu posso fazer por você?

– Nove crianças do meu planeta estão vindo para cá. Elas são especiais e farão coisas extraordinárias. Nove adultos também estão vindo para cuidar e ajudar essas crianças a amadurecer, mas eles não conhecem seu planeta. – respiro fundo – Por favor, prepare um grupo com nove humanos para recebê-los quando eles chegarem daqui alguns meses. É fundamental que os nove estejam separados, escolha lugares estratégicos e nenhum de vocês pode saber a localização todos os nove, cada humano fica responsável por uma dupla. Providencie roupa limpa e um pouco de comida também.

– Eu esperei minha vida inteira por algo assim. – ele diz – Ficarei honrado em ajudar.

– Papai? – diz um garotinho aparecendo em uma fresta da porta

– Volte para o quarto Sammy, aqui está muito frio. – diz Malcolm fechando a porta

– Malcolm! – digo e tudo começa a ficar preto – Lorien reconheceu o espírito forte que você tem. Por isso você foi escolhido. Eu confio em você e sei que você pode ajudar a salvar Lorien. Confie na força dos Números! Eles salvarão a Terra e ressuscitarão a Lorien! – suspiro fundo e logo depois tudo fica preto.