Adamus

Acordo assustado. Minhas mãos ainda estão amarradas e olho para os lados e tento encontra-la, mas ela não está mais ali.

– Um. – digo baixinho, mas ninguém responde.

Acho que estava alucinando quando a vi outra vez, desde o dia que Malcolm e eu escapamos daquela base mogadoriana e que Um me deu seu legado eu não a vejo mais. Escuto uma porta se fechando e olho para o lado e vejo um vulto saindo do quarto, tento me levantar mais meus braços e pernas estão amarrados.

É estranho não ter ninguém aqui, ninguém está me examinando, ninguém está me fazendo perguntas e muito menos me torturando. Acho que essa deve ser a punição que me pai quer me dar, ele quer me deixar aqui para morrer lentamente, assim como ele me deixou caído naquele barranco no Quênia. Olho para direita e vejo uma cesta com pães frescos e um copo com suco, o jeito que a toalha está colocada dentro do cesto é muito familiar, somente uma pessoa no mundo se preocuparia comigo nesse estado. Aquele vulto saindo do quarto só podia ser minha mãe. As coisas não estavam muito bem na ultima vez que nos vimos porque foi quando ela descobriu que eu traí a Causa Mogadoriana e trouxe a “vergonha” para minha família. Acho que essa é a punição que ela encontrou, me deixar aqui sentindo o cheiro desses pães e não poder come-los é muito frustrante, de repente a porta se abre e o Dr. Zakos entra.

– Sentiu minha falta? – ele diz

– Pensei que você estava morto.

– Pensou errado.

– O que está fazendo comigo dessa vez?

– Você conseguiu uma coisa incrível Adamus, você e aquela garota loriena se envolveram tanto que você conseguiu roubar o legado dela.

– Talvez ele não seja não inútil assim. – diz uma garota entrando na sala

– Bom dia senhorita Sutekh. – diz o Dr. Zakos – Vejo que você já se formou.

Senhorita Sutekh? Olho com mais atenção e reconheço Kelly minha irmã mais nova.

– Estou trabalhando no setor de criaturas. – diz Kelly

– É um setor fascinante.

– É muito mais produtivo que o seu setor Dr. Zakos – ela diz com desdém saindo da sala – ah!, e se for deixar esse traidor fugir de novo, tenha a decência de se matar doutor ou eu mesma faço isso para você. – ela diz me encarando

– Ela realmente é uma Sutekh – diz Zakos olhando para mim se referindo que Kelly honrava o nome da minha família e eu não.

Sam

Treinamos tiro ao alvo com armas de tinta para não despertar a curiosidade dos outros hospedes. Caya desenhou um alvo em uma almofada e o cravou em uma parede e pede para que Sarah e eu atiremos. Sarah engatilha sua arma e descarrega contra a almofada e para minha surpresa apenas um tiro acertou não acertou o alvo.

– Parece que temos uma sniper no time. – diz Caya para Sarah que agradece com um sorriso confiante.

Sinto-me pressionado por ter que atirar depois de Sarah porque não tenho certeza que serei tão bom quanto ela. Aponto a arma para o alvo e sinto que minha mão começa tremer, “o que está acontecendo comigo? Eu já atirei antes, isso não deveria ser um problema.”, o primeiro tiro foi para fora da almofada assim como os três próximos.

– Pense no mog que matou seu pai. – diz Caya

– Foi um Piken – eu a corrijo

– Que seja, pense nele.

Lembro-me do meu pai sangrando no chão e eu impotente sem fazer nada. Lembro-me de Henri quando morreu que eu também não pude fazer nada, lembro quando Setrákus Ra me torturava eu também não pude fazer nada. É quando algo em mim se acende, eu não serei um peso para a Garde tenho que fazer meu melhor para vingar meu pai e matar Setrákus. Imagino o rosto de Setrákus naquela almofada e começo a atirar até que as balas de tinta se acabem.

– Uau! – diz Sarah batendo no meu ombro – nada mal.

Quando deixo de imaginar o rosto de Setrákus naquela almofada é que vejo que todos os tiros acertaram o alvo.

– Correção... – diz Caya – Acho que temos dois snipers no time.

Quando sorrio para Caya, BK late alto e corremos até o quarto onde Ella está em coma. Quando abro a porta vejo que algumas coisas estão flutuando e o corpo dela levita no ar e seus olhos estão se voltaram para trás e só vemos a parte branca como em um filme de terror.

Ella

Estou parada na frente de Loridas e ao derredor dele vejo vários objetos pontiagudos, ele cruza seus braços e cerca de cinquenta pedras de porte médio e pequeno começam a flutuar.

– Preparada? – pergunta Loridas

– Sim. – respondo – eu pensei que você ia começar com essas coisas pontud... – antes que possa terminar uma faca voa do chão em minha direção em uma velocidade impressionante, consigo desviar, mas a faca cortou minha camiseta.

– Foco! – diz Loridas serio – Veja todo o ambiente, busque falhas e aberturas e explore isso no seu adversário.

Loridas é mais forte do que eu imaginava, ele incrivelmente levantou aquelas pedras para me distrair de seu verdadeiro ataque. As cinquenta pedras seguem flutuando ao redor dele talvez ele as use como o próximo ataque.

Tento fazer o mesmo que faz Loridas com as pedras, mas o máximo que consigo levantar são cinco. Faço com uma das pedras voe a até minha mão que está aberta, quando a pedra chega até minha mão eu a lanço com telecinese o mais rápido que consigo em Loridas. Ele continua com os braços cruzados e quando a pedra está a centímetros de acerta-lo ele somente faz um movimento com os olhos e as cinquentas pedras que estavam flutuando se juntam e formam uma muralha e minha pequena pedra golpeia fracamente a muralha de pedras de Loridas.

– Isso é o melhor que você tem? – Escuto a voz de Loridas em minha cabeça.

Concentro-me e estendo minhas mãos para a parede criada por Loridas e a empurro com telecinese, mas o máximo que consegui foi criar algumas rachaduras.

– Defenda-se – grita Loridas depois que ele da um soco na parede e uma rocha enorme vem na minha direção. Ele não está usando a telecinese por que a maneira que as rochas pequenas se juntaram e formaram essa rocha enorme que está vindo em minha direção, ele deve ter algum legado que o permite manipular as rochas.

Tento parar a rocha com minha telecinese, mas ela é muito forte e não consigo para-la, coloco meus braços na frente do meu rosto e sinto algo envolver todo meu corpo. Quando a rocha se choca comigo ela se destroça em varias outras pedrinhas. Loridas me olha com um sorriso largo.

– Obrigado por não ter me machucado. – digo a Loridas

– Eu não fiz nada. – ele responde – você destruiu a pedra.

– Como?

– Com o mesmo legado que você usou na luta contra as feras mogadorianas.

– Que legado é esse?

– Invulnerabilidade.

– O que ele faz?

– Você é invulnerável a ataques físicos, praticamente nada pode te ferir.

– Serio?

– Serio, mas cuidado, esse legado tem suas limitações, você ainda é vulnerável a ataques elétricos que causam danos internos, como também ataques psíquicos. – diz Loridas me olhando serio – Temos muito que fazer ainda.

Nove

Sigo olhando as pinturas enquanto Oito e Quatro conversam sobre Marina ser a Anciã malvada descendente do bundão do Setrákus. Olhando para essas pinturas começo entender mais sobre Lorien, mas tem algo que não sai da minha cabeça: Como aquele bundão do Setrákus pode ser lorieno? Como ele pôde destruir seu próprio planeta? Pensar nisso só aumenta meu ódio por ele e quero matá-lo a qualquer custo.

Passo minha mão sobre a parede até que uma pintura me chama atenção, ela mostra como os primeiros lorienos chegando a Terra, os mostram desembarcando e fazendo contato com alguns humanos. O quadro seguinte mostra os humanos adorando um homem grande com um bastão dourado, sem chance! Esse cara é o Setrákus.

– Hey! Acho que vocês vão querer ver isso. – digo e todos correm até aqui.

– Quando os lorienos chegaram a Terra os mogadorianos já haviam chegado antes, a tecnologia deles sempre foi mais avançada que a nossa. – diz Thomaz

– As pessoas adoravam o Setrákus? – pergunta Oito

– Parece que sim. – responde Quatro

– Quantos anos ele tem? – pergunta Seis – Isso parece que foi há séculos atrás.

– Como eu disse anteriormente a tecnologia mogadoriana é muito mais avançada que a loriena e terrestre. Eles têm cientistas brilhantes e doutores que fazem milagres, sem contar que estimativa de vida de um lorieno é maior do que um mogadoriano. – responde Thomaz

– O que significa essa pintura? – diz Cinco apontando para um mog dando a mão para um lorieno.

– Isso significa o trato.

– Katarina me disse algo sobre esse trato dos mogadorianos com os lorienos.

– O trato foi ajudar a raça humana a se desenvolver e logo depois deixá-los criar sua própria maneira de seguir em frente. Ao principio os dois lados pareceram colaborar. Juntos nós criamos a maior civilização daquela época, o Egito, essa pirâmide que estamos agora foi criada por três raças diferentes, os humanos, os mogadorianos e os lorienos, por isso elas são tão extraordinárias.

– Por que o trato foi quebrado? – pergunta Seis

– Deixe-me adivinhar. – digo – Os mogs!

– Exatamente. – responde Thomaz – Os Mogs quebraram o trato quando não quiseram deixar os humanos e o planeta.

Sigo caminhando e vejo uma pintura que me chama muito atenção. Vejo lorienos e mogadorianos brigando e no quadro seguinte vejo dois homens um de frente pro outro como se estivem se encarando como em uma luta de MMA e no ultimo quadro vejo Setrákus com uma cicatriz roxa em seu pescoço caído no chão.

– O que aconteceu aqui? – pergunto

– Aqui foi quando Haduck se mostrou que era Setrákus Ra, foi aqui que houve a batalha entre Pittacus e Setrákus.

– Daria tudo para ver essa luta. – digo entusiasmado

De repente Cinco coloca a mão em sua cabeça e começa a gritar e cai no chão desmaiada.

– Cinco! – grita Thomaz e corre até ela

– O que aconteceu? – pergunto

Aos poucos Cinco vai recuperando a consciência e abre os olhos.

– Tudo bem? – pergunta Thomaz preocupado

– Os mogs... – ela diz fraca

– O que tem os mogs? – pergunta Seis

– Eles sabem que estamos aqui.

– Como? – pergunta John

– Pelo meu chip. – Cinco diz envergonhada – Desculpa galera.

– A culpa não é sua. – digo – Não precisa se desculpar. – e de repente John e Seis me olham com sorriso malicioso – O que foi? – pergunto e eles começam a rir

– Temos que tirar esse chip de você. – diz Thomaz

– Temos que sair daqui antes que eles nos encontrem. – diz Seis – lutar aqui seria muito desagradável.

Cinco

Minha cabeça dói muito. Verifico a potencia do chip e ela subiu para 25%. Não posso deixar que eles me controlem de novo e muito menos posso arriscar a Garde por causa desse maldito chip. Tenho duas opções: A Garde abre minha cabeça e arranca esse chip de mim ou eu me afasto para deixa-los seguros. Ainda não decidi, mas não quero deixa-los. Thomaz me ajuda a levantar e logo depois Nove se oferece para me ajudar.

– Siga dando a aula de história. – ele diz – Deixa que ajudo essa baixinha.

Quando Nove coloca as mãos nos meus ombros, eu seguro as mãos dele e a torço para trás e ele se contorce. Empurro o corpo dele contra a parede e ele fica com a cara nas pedras. Aproximo meu rosto de seu pescoço e sinto o cheio de seu fraco perfume, quando chego perto de sua orelha sinto que ele se arrepiou.

– Cuidado com a “baixinha” – digo – ela é mais forte que você.

Nove se solta e rapidamente pega no meu braço e o torce para trás, depois ele me dá um pequeno chute na parte de trás do joelho e eu caio sentada. Ele fica em cima de mim e me olha nos olhos.

– Talvez ela não seja tão forte assim. – ele diz com um sorriso malicioso – Baixinha!

Me solto e quando vou dar um soco nele Thomaz grita:

– Quer parar vocês dois!

Seis, Oito e John riem e Nove me encara. O olhar dele é profundo e queria saber o que ele está pensado.

– Que tal sairmos daqui? – diz Seis – Os mogs sabem que estamos aqui e temos que resolver esse problema do chip.

– Tem mais alguma coisa que devemos saber? – John pergunta a Thomaz

– Ter, tem. – Thomaz responde – Mas não estamos mais seguros aqui.

Nós saímos da sala oval e quando o ultimo sai da sala a porta se fecha sozinha e se tranca. Subimos as escadas e quando vamos abrir a porta para sairmos das pirâmides, Oito fecha os olhos e faz um sinal para pararmos.

– O que foi? – pergunta Seis

– Eu estou sentindo perigo. – responde Oito e logo se teleporta

– Como ele sabe? – pergunto

– Oito pode sentir algumas coisas é um legado que ele tem. – responde Seis

– Os mogs estão lá fora. – Diz Oito aparecendo novamente

– Quantos? – pergunta Nove

– Contei dez, mas pode haver mais alguns escondidos.

– Podemos acabar com eles com facilidade. – diz Seis

– Então vamos. – diz Thomaz colocando a mão na parede e uma porta se abre para fora das pirâmides.

Quando a porta se abre não vejo ninguém, não há mogs e muito menos humanos. O que é muito estranho porque quando chegamos o lugar estava lotado de turistas.

– Com certeza é uma armadilha. – nos alerta Seis – Esperam aqui. – e logo desaparece e só vemos suas pegadas na areia.

Logo depois escuto um barulho de um tiro, Seis aparece novamente e cai no chão. Oito imediatamente se teleporta para onde ela está e a defende dos tiros.

– Onde eles estão? – grita John para Oito e ele aponta seu dedo para cima, indicando que eles estavam na parte de cima da pirâmide.

Nove rapidamente sobe no teto e começa a escalar a pirâmide pelo lado oposto dos tiros. Segundos depois os tiros param e dois mogadorianos caem na areia. Corro até eles e esmago suas cabeças com superforça. Olho para cima e vejo Nove lutando com os mogadorianos, parte de sua camiseta está rasgada e posso ver alguns músculos de sua barriga e sinto um frio na barriga. “Não! Não, Cinco. Você não pode estar gostando desse idiota!” digo em minha cabeça. Logo depois Oito me empurra com telecinese e eu caio na areia quente e uma chuva de tiros atinge onde eu estava.

– Fique atenta! – grita Oito

John acende seu Lúmen e logo depois seus braços estão em chamas e ele coloca fogo em vários mogs que estavam chegando. Seis começa a acordar e o lugar ela levou um tiro já está quase cicatrizado. Posso ver a fúria em seus olhos e logo depois o céu se fecha e tudo começa a ficar escuro, as nuvens começam a rodar até formar o rosto de um homem velho e três tornados descem das nuvens e quando tocam na areia, ela se levanta. Todos nós paramos para ver Seis em ação. Trovões e fortes ventos vão em direção aos mogs e logo depois vários raios dizimam os mogs que sobraram. O ar fica coberto de cinzas mogadorianas e logo depois o céu começa a ficar limpo e nos reunimos, menos Nove.

– Esses eram mensageiros. – diz John – Os soldados logo estarão aqui, temos que pegar Sarah e os outros e sair daqui.

– Eu não vou com vocês! – digo

– Ficou louca? – diz Thomaz

– O chip vai denunciar todos nossos movimentos. Eu sou um perigo estando perto de vocês.

– Ninguém fica para trás! – diz John me olhando nos olhos – Nós vamos resolver isso.

Nove chega com um jipe e buzina inúmeras vezes e um enorme sorriso está estampado em seu rosto.

– Ele sempre está alegre? – pergunto

– Ele fica assim depois das batalhas – diz John – Logo você se acostuma.

Entramos no jipe e Nove acelera pelo deserto em direção à cidade de Cairo.

Marina

Tudo está escuro, para onde olho, só vejo escuridão. Tento usar meu legado, mas nada acontece. Sinto um frio congelar meus braços e pernas. Onde estou?

– Oi! – grito e escuto o eco da minha voz – Tem alguém ai?

– Mari? – escuto a voz mais suave e linda do mundo, escuto a voz de Oito

– Oito? – grito – Onde você está?

De repente uma fraca luz brilha e vejo Oito caído no chão todo ensanguentado. Corro até ele para ajuda-lo e vejo uma garota com um capuz negro pegando o pingente dele, corro o mais rápido que posso e quando chego perto da garota me assusto ao ver a mim mesma.

– Quem é você? – pergunto

– Eu sou você! – diz a garota pendurando o colar de Oito em seu pescoço junto com mais dois que ela já possuía. A garota vem em minha direção e eu dou alguns passos para trás, ela abre sua mão e um galho de uma arvore bem pontudo desce pela manga de sua capa. – Se entregue a escuridão! – ela grita e crava o galho no meu estomago.

Acordo assustada. Minha respiração é forte e meu coração bate aceleradamente. Estou em uma cela e sinto uma dor enorme na minha cabeça. Quando coloco minha mão onde dói sinto um corte enorme causado depois que Setrákus bateu minha cabeça na parede.

– Vejo que você acordou. – escuto a voz de Setrákus e quando olho para fora da cela, eu o vejo me encarando.

– Nunca mais entre na minha cabeça, seu imundo! – grito

– Parece que nós começamos mal. – ele diz

– O que você quer comigo?

– Eu quero recuperar o que meu irmão tirou de mim. – ele diz

– Irmão?

– Parece que você não sabe de muita coisa. – ele diz com um sorriso podre – Eu sou Haduck! Você é minha herdeira e eu sou irmão de Pittacus.

– Mentira.

Setrákus Ra se levanta e levanta a barra se sua calça e vejo nove cicatrizes em seu tornozelo.

– Eu sou o ultimo Ancião vivo, mas estou sem meus legados e sem minha escuridão. Preciso da garotinha para recuperar meus legados e de você para recuperar minha escuridão. Então poderei matar todos os humanos e fazer da Terra a nova Mogadore!

– A Garde jamais permitirá isso! – grito

– A Garde estará morta daqui alguns minutos, se prepare para receber suas cicatrizes. – ele diz rindo

– Você já lutou conosco, conhece nossa força e sabe que não pode nos derrotar!

– Veremos! – diz Setrákus me encarando serio e logo depois se levanta e sai.