Estamos na Avenida Michigan a duas quadras do John Hancock Center, onde está à cobertura onde Nove morava. Depois que saímos de Denver roubamos um SUV e compramos roupas novas para todos. Nove para o SUV na porta do prédio e diz:

– Senhoras e senhores bem vindos ao John Hancock Center ou podemos chamá-lo de QG Lorieno.

– Sr. Stanley. Vejo que voltou mais rápido dessa vez. – Diz o guarda que nos recebeu da ultima vez que estive aqui com Nove.

– Pois é trouxe uns amigos para terminarmos aquele trabalho.

– Boa tarde a todos. – diz educadamente o guarda.

– Boa tarde – responde todos em um coro.

– Vejo que trouxe o Sr. Donald outra vez.

Todos me olham tentando segurar o riso.

– Oi. – Digo sem graça.

Nove estaciona o SUV em sua vaga e todos saímos do carro.

– Donald e Stanley, vocês estão de sacanagem. – Brinca Seis e todos riem.

– Achei bonitinho. – diz Sarah passando a mão em rosto e me dando um beijo.

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Reviro meus olhos ao ver a cena. Nunca confessaria, mas sinto um pouco de ciúmes. Nove vai na frente e nos apresenta o saguão mega luxuoso. Os sofás são de couro, os lustres pareciam de um castelo de conto de fadas, havia um piano no centro. Oito e Marina olham tudo com surpresa, mas não os culpo. Oito cresceu em um bosque no Himalaia e Marina passou toda sua vida trancada em um convento.

– Só tinha visto isso pela internet. – Confessa Marina em meu ouvido.

Entramos no elevador e Nove digita uma sequencia de números e o elevador sobe tão depressa que Ella solta um grito. Quando saímos do elevador todos ficamos de boca aberta com tanto luxo. O lustre era de cristal e havia dois sofás em uma sala. Vejo que tem uma câmera tudo parece ser bem seguro.

– Cara você morava aqui? – pergunta Oito surpreso.

– Morava, espera para ver o que tem lá dentro. – reponde Nove ansioso.

Adamus passa por mim e esbarra sua mochila em mim.

– Desculpa.

– Não foi nada. – respondo.

É estranho ter um Mogadoriano entre nós, não sei explicar, fugimos todos esses anos deles e de repente começo a morar com um. John aceitou aquela historia muito fácil. Eu concordo com o Nove, não podemos confiar nele.

Nove nos apresenta o apartamento e nos mostra os quartos, acabei ficando no mesmo quarto que Sarah, já que Marina ficou junto com Ella.

– Eu fico com a cama da direita. – Diz Sarah.

– Desde que possa descansar não faço questão do lado do quarto. – respondo simpática.

– Alguém sabe cozinhar? – Escuto Oito gritando da cozinha. – Só temos barras de cereal.

– Eu sei fazer algumas coisas. – Responde Sarah. – Mas preciso ir ao mercado.

– Posso ir junto? – grita Oito.

– Claro. – Diz Sarah. – Quer vir também Seis?

– ehhhhh, por que não? – digo sem graça.

Sarah faz uma lista do que precisa para preparar o jantar e eu com outra lista pergunto a todos os que eles precisam. Saio com Sarah e Oito até o elevador e John grita:

– Seis e Oito tomem cuidado e cuidem da Sarah.

– Eu sei me cuidar. – Responde Sarah enquanto a porta do elevador se fecha.

Descemos até o térreo e depois saímos do prédio. Pegamos um taxi até o Walmart mais próximo. Quando descemos Oito mais uma vez fica encantado com tudo que vê.

– Na Índia não tinha tudo isso? – pergunto.

– Na capital até tinha, mas nas montanhas onde morei com certeza não. – Diz Oito rindo.

– Deve ter sido difícil para você morar sozinho todo esse tempo. – diz Sarah.

– Um pouco, mas eu não fiquei completamente sozinho, conheci pessoas maravilhosas que me ajudaram muito.

Entramos no supermercado e começamos a comprar. Sarah vai para parte de comida e Oito e eu vamos para parte de roupas e acessórios.

– O que acha dos humanos nos ajudarem? – pergunta Oito.

– Eu acho arriscado, mas eles podem ser ótimos aliados. – respondo. – Veja Sarah e Sam por exemplo.

– Você confia neles?

– No começo não, agora sei que eles dariam a vida por nós e eu daria a minha por eles. Eu sei que é difícil, mas você vera que eles são muito legais.

– Eu sei que existem humanos confiáveis eu conheci alguns, mas também conheci aqueles que só pensam em si mesmo.

– Sarah e Sam nunca nos trairiam.

– E o pai dele? Quer dizer, nós apenas abrimos a porta na nossa casa pra um desconhecido e que ainda trás um mogadoriano para morar com a gente.

– Isso é estranho, mas ele é o pai do Sam e Adam me pareceu dizer a verdade.

– Eu também senti que dizia a verdade, mas querendo ou não ele é um Mogadoriano e cedo ou tarde ele terá que tomar uma decisão de que lado ele vai estar.

Sarah vem em nossa direção com o carrinho cheio de compras.

– Acha que isso dá para uma semana? – pergunta Sarah.

– Se depender de mim, não. – diz Oito rindo.

– Que tal pegarmos comida congelada? – pergunto. – Então não precisaremos vir aqui toda hora para comprar.

– Boa ideia.

Passamos quase uma hora no mercado, enchemos três carrinhos de compras. Quando terminamos de passar no caixa a compra deu $892,50 dólares. A caixa nos olha com surpresa, como se ela não esperasse que pudéssemos pagar. Sarah pega em sua bolsa várias notas de cem dólares que Nove nos deu e paga as compras.

********************************************************************* (Marina)

Nove nos mostra a sala de treinamento e não vejo a hora de começar a treinar. Por ter passado anos naquele convento sou a Garde que está menos preparada para a batalha, até Ella que a mais jovem luta melhor do que eu. Não posso ficar para trás, preciso ser forte para ajudar meus amigos. Vou até um canto da sala e sem que eu perceba Nove aperta um botão e um Mogadoriano aparece na minha frente. Quase dou um grito e então percebo que ele é falso.

– Isso não teve graça. – Digo a Nove que está morrendo de rir.

– Relaxa Marina, você estava muito tensa. – ele responde.

Adamus entra na sala e vem em minha direção.

– Oi.

– Olá. – respondo.

– Eu nunca tive a chance de te agradecer o que você fez por mim, então, muito obrigado. – Diz Adamus estendendo a mão para mim.

– Não precisa agradecer.

Adamus começa a andar pela a sala e posso ver que Nove já está tramando algo. Me sinto estranha, minha cabeça dói, meus olhos lacrimejam. Não sei o que está acontecendo comigo. Nove aperta um botão e uma rede cai encima de Adamus e começa a dar choque. Adamus grita e eu com telecinese tiro a rede de cima dele.

– Chega Nove. – grito.

Adamus se levanta e me empurra sem querer e vai na direção de Nove. Ele percebe que Adamus está nervoso e desce correndo para encará-lo. Como se ele estivesse esperando por isso há muito tempo.

– Já estou cansado de você, tá na hora disso parar. – Diz Adamus.

– Parar com o que? – Diz Nove com um sorriso irônico, tenho que confessar ele sabe irritar alguém.

– O que eu tenho que fazer para você confiar em mim?

– Eu nunca confiaria em uma raça como a sua, você acha que me engana? Aqui todo mundo está cego, mas minha paciência com você acabou. – Diz Nove dando um forte soco no queixo de Adamus, que cai a alguns metros dali.

– Nove! – grito.

– Não se mete Marina.

Adamus se levanta furioso, seu nariz está quebrado e ele sangra pela boca.

– Se rende? – pergunta Nove.

Adamus não diz uma só palavra e bate seu pé no chão e imediatamente todo o andar começa a sacudir. Nove se esforça para se manter de pé, mas acaba caindo. O tremor faz com que todos os outros venham correndo para a sala de treinamento.

– O que aconteceu? – pergunta Ella.

– Eles estão brigando. – respondo.

– Nove já chega, pare com isso. – Grita John.

– Ninguém se mete, isso é entre ele e eu. – responde Nove.

Adamus olha para Malcolm como se pedisse perdão. Nove se move rápido pela sala é muito difícil acompanhar só consigo enxergar um borrão. Ele para na frente de Adamus e da um soco em sua barriga, depois o derruba no chão e pisa em suas costas.

– Você acha que só um tremorzinho pode me deter. – Ele trás uma faca grande com telecinese. – Quais são suas ultimas palavras?

– Não faça isso Numero Nove. – grita Malcolm.

John começa a correr até onde Nove está. Me sinto diferente minha cabeça parece que vai explodir. Quando Nove vai enterrar a faca nas costas de Adamus eu grito:

– Nove pare com isso, agora!!!

Sinto que a dor de cabeça passou um pouco e vejo Nove parado com a faca a centímetros de matar Adamus. Ele não se move, John fala com ele, mas ele não responde, seus olhos olham para o vazio, como se ele não estivesse mais ali. Sinto que eu fiz isso a ele de alguma forma.

Escuto a porta se abrir e vejo Sarah, Seis e Oito chegarem do mercado.

– O que aconteceu com ele Marina? – pergunta John.

– Eu não sei, mas acho que eu fui a responsável.

– Como?

– Não tenho ideia.

– Chegamos, sentimos um tremor o que estava acontecendo aqui? – pergunta Seis entrando na sala de treinamento.

– O que aconteceu com ele? – pergunta Oito surpreso ao ver Nove com uma faca encima de Adamus.

Adamus consegue se levantar com muita dificuldade, mas Malcolm o ajuda. Nove continua ali imóvel. Vou até Nove para usar meu Legado de Cura para ver se ele voltar ao normal e nada acontece.

– Nove me desculpa, eu só queria que você parasse. Se mova, por favor. – digo com lagrimas nos olhos.

De repente Nove deixa a faca cair no chão e ele cai de joelhos.

– Nove! – grito. – Você está bem?

– Wow! O que você fez comigo? – diz Nove assustado.

– Eu não sei. O que aconteceu?

– Eu não tinha o controle do meu corpo, eu tentava me mover, mas não conseguia, era como se você me controlasse Marina, só retomei o controle depois que você disse “Se mova”, era como uma indução.

– Indução? – pergunto.

Ella vem correndo em minha direção.

– Marina você ainda não percebeu? Você desenvolveu outro Legado.

Todos me olham surpresos e felizes por um membro da Garde ter desenvolvido outro Legado. Ella e Seis me abraçam. Esse Legado pode ser de muita importância, mas ele tem que ser usado com sabedoria, anular a força de vontade dos outros e obriga-lo a fazer o que eu quero pode ser MUITO perigoso.

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Nove se levanta e sai da sala de treinamento. Marina desenvolveu outro Legado. Um ótimo Legado. Isso nos ajudará muito. Sarah vem até a mim e me da uma sacola de roupas.

– Comprei especialmente pra você. – ela diz.

– Obrigado. – digo beijando sua testa e olho para Seis saindo da sala. Isso deve ser difícil para ela, sei que ela ainda gosta de mim, eu ainda gosto dela. Mas Sarah é meu primeiro amor, eu a amo com todas minhas forças.

Enquanto Sarah foi preparar o jantar, vou atrás de Seis.

– Precisamos conversar. – digo a levando para o meu quarto.

– O que você quer? – diz Seis.

– Seis, eu ainda gosto de você...

– Só que você ama a Sarah. – me interrompe Seis. – Eu gosto muito de você John, aquele nosso beijo foi inesquecível para mim, mas não podemos ficar juntos você escolheu a Sarah e aceito sua deci...

Antes que Seis possa terminar sua frase eu a puxo para meus braços e a beijo, sei que isso é errado, mas tinha muita vontade de fazer isso. Seis resiste aos primeiros segundos, mas depois cede. O beijo de Seis é diferente do beijo de Sarah. O beijo de Sarah é um beijo de amor, mas o de Seis é um beijo apaixonado.

Seis me afasta e me empurra.

– Sai daqui, agora. – ela diz brava.

– Diz pra mim que você não gostou? – pergunto.

– Você tem uma namorada do outro lado daquela parede John, não se esqueça disso.

Aquilo entra em meus ouvidos como uma faca, outra vez trai Sarah com Seis. Sarah não merece isso. Saio do quarto arrasado. Vou até o banheiro e ligo o chuveiro. Deixo a agua quente cair sobre meu corpo. Tento esquecer o beijo que dei em Seis, mas isso será uma missão impossível. Não quero que Sarah nem Seis se machuquem, mas essa também parece ser uma missão impossível.

Saio do banho e todos estão sentados na mesa, sento-me ao lado de Sarah. O jantar está muito bom. Sarah preparou lasanha de queijo e presunto. Todos comemos e Marina diz:

– Nove me desculpe pelo o que fiz com você hoje.

– Que isso Marina, não precisa se desculpar, é só não fazer isso de novo da próxima vez que eu tentar. – Diz Nove piscando para Adamus.

– Isso tem que acabar. – digo. – Já que estamos todos juntos nesse apartamento temos que nos unir. Juntos Somos Mais Fortes esqueceram?

– Precisamos treinar. – Diz Seis. – Nossa batalha contra Setrákus foi um fiasco. Precisamos treinar nossos Legados para usarmos em conjunto e também treinar sem utilizar Legados já que Setrákus pode anulá-los.

– Então amanhã cedo todos vamos começar nossos treinos. Isso inclui Sam, Sarah, Adamus e Malcolm. Temos que treinar nossos Legados, nosso estilo de luta e aprendermos como utilizar uma arma. – digo.

– Vamos enfrentar um exercito e precisamos estar preparados se quisermos sobreviver e restaurar Lorien. – comenta Seis.

As palavras de Seis ficam no ar dando animo a todos.