Cinco

         Saio da reunião de guerra nervosa, piso firme no chão.

         - Algum problema capitã?

         Olho para o lado e vejo o Mogadoriano que não me deixou cair na Nave, ele parece ter minha idade, ele também é trueborn (Nascido de Verdade).

         - Não soldado, muito obrigado.

         - Eu fui provido. – Diz ele contente – Agora também sou capitão.

         - Muito bom.

         - Vou fazer minhas tatuagens amanhã.

         - Que bom. – respondo sem muito interesse.

         Ele coça a cabeça e se aproxima de mim.

         - Quer tomar um sorvete no tempo livre?

         Tento não rir. Era só que me faltava agora um Mog me chamando para sair.

         - Qual é seu nome? – pergunto

         - Rexicus Saturnus, mas pode me chamar de Rex.

         - Não temos tempo pra isso soldado. – Diz o chip tomando o controle do meu corpo outra vez.

         Olho para trás e vejo a cara de tristeza do Mog, posso dizer que até sinto um pouco de pena, só um pouco. Caminho até o laboratório do Dr. Zakos.

         - Cinco! – Diz o Dr. Zakos – Algum problema?

         - Sim doutor – Diz o chip – Estou perdendo...

         Faço um esforço muito grande para que esse maldito chip não me entregue e não o permito terminar sua frase.

         - Perdendo o que? – Diz o Dr. preocupado

         - O controle. – Diz o Tenente Markkus entrando no laboratório acompanhado da Dra. Shu-Ellen.

         - Impossível. – Diz o Dr. Zakos – Ellen faça os exames.

         A Dra. vem a até mim e começa a me examinar, ela me leva a mesa de cirurgia. Começo a entrar em pânico, como vou iludir os três estando nesse estado? A Dra. começa a fazer os exames e me concentro muito nos três, começo a suar mas acho que consigo manipular a realidade na cabeça deles. Faço a Dra. enxergar o numero 100 em vez de 75, o Dr. Zakos se aproxima e também consigo fazer ele ver que a força do chip está em 100%.

         - Tudo parece bem. – Diz a Dra.

         - Hoje na reunião de guerra ela surtou. – Diz o Tenente.

         - Vamos fazer mais exames, mas agora tenente, por favor, nos de licença. – Diz o Dr. Zakos.

         O tenente fecha a cara e sai do laboratório. O Dr. Zakos se senta em seu escritório.

         - Alguma coisa não está bem. – Diz ele.

         - Como assim? – pergunta a Dra.

         - O jeito de como ela entrou aqui pareceu diferente, como se não fosse mais ela. Se é que me entende.

         - Acha que a Numero Cinco ainda está dentro dela?

         - Tenho quase certeza.

         Meu coração começa a disparar, não posso deixar que descubram que eu estou aqui dentro, preciso tomar logo o controle do meu corpo. Concentro-me ainda mais e consigo baixar o controle do chip que estava em 75% para 65%, ainda era muito pouco para ajudar a Garde e a mim mesma, o chip ainda tinha maior controle do meu corpo.

         - O que faremos então? – Diz a Dra.

         - Teremos que trocar o chip. – Diz o Dr. Zakos.

         - Isso é impossível, Setrákus Ra a quer pronta para o ataque daqui dois dias.

         - Temos que dizer que ela não está pronta.

         - Ficou maluco? – Diz a Dra. brava – Esqueceu que demos garantia ao General, se falharmos ele nos matará.

         - Mas manda-la para o campo de batalha assim pode ser perigoso.

         - Não tem perigo, a força do chip ainda está em 100%. Não temos o que temer.

         O Dr. Zakos aperta seus olhos como estivesse muito preocupado.

         - E os testes com os Legados?

         - Sem novidades, já conseguimos separar o gene dos Legados da Cinco, mas parece ser impossível clona-los ou duplica-los. Perdemos sete vatborn (Nascidos em Tanques) com os testes.

         O Tenente Markkus volta ao laboratório.

         - O General quer vê-la. – Ele diz autoritário.

         - Markkus o que você disse a ele? – Diz a Dra.

         - Nada que te comprometa, mas da próxima vez é melhor você fazer seu trabalho direito porque não tenho certeza se terei tanta misericórdia da próxima vez.

         - Obrigada.

         - Você não vai trazer a vergonha a nossa família. Eu te mato antes disso. – Diz o Tenente.

         - Pode ficar tranquilo que antes de trazer a vergonha a você e a nossa família eu mesma me mato. – Diz a Dra.

         Nossa! É horrível o estilo de vida dos Mogadorianos, eles são criaturas realmente desprezíveis.

         - Pode leva-la. – Diz o Dr. Zakos

         O Tenente segura forte o meu braço e me leva até o a sala do General, antes de entrarmos vejo um Mogadoriano sair com seu nariz sangrando, ele deve ter dado alguma noticia que não agradou o General.

         - General! – Diz o tenente Markkus – Aqui está a Loriena.

         - Obrigado Tenente, dispensado. – Responde o General, posso ver a cara de decepção do tenente por ter sido dispensado ele queria saber o que o General queria comigo.

         Antes do General começar a falar seu walkie talkie começa a tocar e o General o aproxima de seu ouvido, de repente Rex aparece na porta no General e fica paralisado quando me vê.

         - Com licença senhor. – Ele diz com medo e o General só faz um sinal com a mão e ele entra e coloca um relatório na mesa do General, depois que ele coloca a pasta na mesa do General ele me olha e sorri, eu reviro meus olhos e ele sai da sala.

         Quando olho para a pasta que Rex colocou na mesa do General fico pasmada. Nela está escrito: TOP SECRET – CHIMAERAS. Chimaeras? Que raios os Mogs estão fazendo com os Chimaeras? Pensei que todos eles foram mortos em Lorien. Será que eles capturam alguns em Lorien e os trouxeram para a Terra? Sinto um frio subir sob minhas costas, mas não sei se são pelos Chimaeras ou se é porque terei que aceitar aquele encontro com Rex, ele deve saber de alguma coisa.

         - Dispensada – Diz o General – Tenho coisas mais importantes para fazer agora.

         - Sim senhor – respondo saindo da sala e indo procurar o Rex.

Marina

          Estamos todos sentados na sala enquanto Seis lê a carta de Crayton deixou para Ella. Todos parecem impactados com a carta, Ella ainda chora todo vez que lê, até Seis que sempre se mostrou forte ficou com os olhos cheios de lagrimas.

         - Isso não parece ser coordenadas. – Diz Oito olhando o papel que estava junto com a carta – Isso parece uma mensagem.

         John pega o papel e analisa e logo depois passa para Malcolm e ele olha cada detalhe.

         - Olhem isso. – Diz Malcolm – Se colocarmos isso contra a luz veja o que aparece.

         Malcolm coloca o papel contra a luz e os números parecem se transformar em um símbolo lórico.

         - Eu já vi esse símbolo. – Diz Oito

         - Onde? – pergunto

         - Esse símbolo estava em uma pedra no meio do deserto do Novo México, eu a vi enquanto fazia minhas viagens com a Loralite.

         - Odeio esse deserto – Diz Seis.

         - Como eram essas viagens? – pergunta Malcolm

         - Meu limite de teletransporte é mais ou menos oitenta metros, mas quando toco na Loralite posso me teleportar para vários lugares do mundo.

         - Isso é demais. – Diz Sam animado.

         - Mas é bem perigoso porque os Mogs encontraram algumas pedras e as estão vigiando.

         - Temos que encontrar esses Cêpans e os Chimaeras perdidos – Diz John

         - Também temos que trazer a Cinco pro nosso lado, precisamos dela para vencer essa guerra. – Diz Seis

         - Temos um dilema. – Diz Nove – O que faremos? Vamos buscar os Chimaeras ou tentamos salvar Cinco?

         - Talvez precisaremos nos dividir. – Diz Adamus

         - Nos dividir? – Digo – Acabamos de nos unir. Juntos Somos Mais Fortes, não foi isso que aprendemos?

         Todos fazem silencio pensando que rumos vamos traçar. O que é mais importante? Encontramos os Chimaeras e os Cêpans perdidos ou tentamos salvar a Numero Cinco que não temos certeza que está do nosso lado?

         - Talvez ele esteja certo. – Diz Seis

         - Eu acho arriscado. – Digo

         - Precisamos de um plano. – Diz Nove

         - Temos que nos dividir em dois grupos. – Diz Seis – Um grupo vai buscar os Chimaeras e outro tem trazer Cinco para nosso lado.

         - Para combater Cinco precisamos de um grupo forte. – Diz John– E para buscar os Chimaeras um grupo esperto.

         - Acho que devo ir atrás de Cinco já que ela está com os Mogs, acho que poderia ser mais útil nesse grupo. – Diz Adamus

         - Ella e Oito tem que ir atrás dos Chimaeras, já que Oito pode se teleportar e Crayton deixou essa missão para Ella. – Diz Seis

         - Acho que Seis, John, Adamus e eu temos que ir atrás de Cinco. – Diz Nove – e Marina, Ella e Oito atrás dos Chimaeras.

         - E nós? – Diz Sam

         - Sam e Sarah vem conosco. – Diz John – Acho que é arriscado demais para Malcolm.

         - Então eu vou atrás dos Chimaeras. – Diz Malcolm

         Bernie Kosar late.

         - BK quer ir atrás dos irmãos dele. – Diz John.

         - Então está decidido amanhã cada um vai tomar seu rumo. – Diz Nove

        

Cinco

         Estou deitada e não consigo tirar aquilo da cabeça. O que tinha naquela pasta que Rex colocou na mesa do General? O nome “Chimaeras” me chama muito minha atenção. O que os Mogs estão tramando? Preciso invadir a sala do General, mas isso é muito perigoso, o complexo está cheio de câmeras e guardas por todo lado, sem contar que meu chip poderia me atrapalhar nessa missão suicida. Preciso agir rápido amanhã os Mogs vão invadir o acampamento da Garde, preciso avisa-los, mas como?

         Aquela garotinha conseguiu entrar na minha cabeça, foi diferente da Numero Sete que somente controlou meu corpo como meu chip faz, aquela garota, a Numero Dez, talvez eu possa me comunicar com ela, mas eu não tenho ideia de como fazer isso.

         Queria que Thomaz estivesse aqui comigo, ele sempre tomava as decisões difíceis, ou melhor, ele tomava todas as decisões. Nunca fiquei tanto tempo longe dele, onde será que ele está? A última vez que o vi eu estava em um avião, lembro dele junto comigo abrindo minha arca, ele pegou algo de lá que fez ele se comunicar com a Garde, ainda bem que o Dr. Zakos não conseguiu tirar nenhuma informação do meu cérebro.

         Coloco a coberta sobre minha cabeça e me concentro na garotinha, de repente escuto em minha cabeça uma voz.

         - Cinco é você? – Fala uma voz doce de uma garotinha. Tiro as cobertas da minha cabeça e me sento na cama.

         - Sim, sou eu. – tento responder, mas meu chip quer tentar impedir e começo uma batalha dentro na minha cabeça.

Ella

         Estou deitada na minha cama olhando o pingente que Crayton me deu, ainda não o coloquei, de certa forma tenho um pouco de medo do que acontecerá depois que coloca-lo.

         Depois que li a carta de Crayton descobri muitas coisas sobre mim e sobre minha família. Sinto-me orgulhosa por meus pais terem sido Gardes tão valentes, espero ter herdado isso deles, mas algo que estava na carta me assustou um pouco. Eu sou uma sacerdotisa. O que isso quer dizer realmente? O que ele quis dizer em estar conectada diretamente com o planeta? Pensei que todos nós estávamos conectados com Lorien. Sem contar que tenho uma grande responsabilidade de ser a sucessora de Ancião Loridas, que foi o ancião que uniu os Gardes e se sacrificou por mim. Como uma garotinha de doze anos que mal consegue usar sua telecinese, pode ser a sucessora de um dos maiores anciões de Lorien? Sinto o peso da responsabilidade nas minhas costas, se Crayton estivesse ainda vivo me sentiria mais preparada, mais segura, mas agora tenho que ser forte, não quero ser a “garotinha do grupo”, não quero atrapalhar a Garde, eu quero somar, eu quero ajudar.

         Depois que resolvemos qual seria o rumo de cada um, todos fomos para os quartos para descansar, mas não consigo dormir, fico pensando em tudo que li na carta, penso nos meus pais, em Lorien, em Loridas quando de repente escuto um zumbido em minha cabeça.

         - Tomara que ela me escute – escuto a voz de uma garota, mas não era Seis ou Marina.

         - Cinco é você? – pergunto por telepatia

         - Sim, sou eu. – ela responde

         - Você realmente nos traiu?- mas ninguém responde – Cinco? Ainda está ai?

         Tento me concentrar mais um pouco na voz da garota e me sinto diferente, parece que estou saindo do meu corpo. Olho para os lados e vejo prédios em chamas, arvores no chão, pessoas gritando, só vejo destruição, de repente me dou conta que estou em Lorien. No meio de toda a destruição vejo uma caixa de dois metros de altura, ela tem correntes por todos os lados, só então percebo que eu já havia estado ali antes, aquela era a mente de Cinco.

         Escuto uma voz feminina sair de dentro da caixa, a voz grita por socorro. Corro até a caixa e quando coloco minha mão nela sou puxada para trás com violência. Caio a alguns metros dali e quando me levanto vejo que a caixa preta se transformou em uma cela e lá dentro está na Numero Cinco gritando por ajuda e do lado de fora vejo outra Numero Cinco idêntica a que está dentro da caixa, mas com uma diferença ele tem um chip no meio da sua testa.

         A Numero Cinco que está solta corre com fúria na minha direção, seus passos são pesados e ela é um pouco lenta. Me levanto com rapidez e também corro na direção dela, ela tenta me dar um soco, mas consigo desviar e corro até a jaula que prende a Numero Cinco verdadeira.

         - Sabia que você não era uma traidora. – Digo

         - Obrigada – Diz Cinco

         - Como te tiro daí? – pergunto

         - Cuidado! – Grita Cinco e quando me viro a Cinco malvada segura meu pescoço e me levanta.

         - Solta ela! – Grita Cinco dentro da jaula, ela consegue segurar minha mão – Você tem que sair daqui antes que ela te machuque de verdade.

         - Ella! Ella! O que está acontecendo? – Escuto a voz de Marina muito longe e sinto que tudo está se desfazendo, eu estou sumindo. Olho para Cinco dentro da jaula.

         - Nós vamos te salvar. – Digo a ela.

         - Amanhã os Mogs... – Cinco começa a gritar, mas não consegue terminar de me dar recado.

         - Ella? Você está bem? – Escuto a voz de Marina muito preocupada.

         Abro meus olhos e estava no meu quarto, vejo Marina e Sarah de pé na minha frente.

         - O que aconteceu? – pergunto.

         - Seus olhos ficaram brancos outra vez e seu nariz começou a sangrar. – Diz Marina

         - Ficamos preocupadas com você. – Diz Sarah.

         Coloco a mão em meu nariz e quando olha para ela está cheia de sangue.

         - Nossa!

         - Calma eu cuido disso. – Diz Marina colocando dois dedos no meu nariz e imediatamente o sangue para de escorrer. – Eu tentei antes, mas não funcionou, pensei que meu Legado estava ficando mais fraco.

         - Obrigado. – Digo.

         - De nada. – responde Marina – Mas onde você estava? O que estava acontecendo?

         - Eu consegui me comunicar com Cinco.

         - Serio? – Diz Sarah surpresa

         - Ela não nos traiu. – Digo com um sorriso.

         - Como você sabe? – pergunta Marina

         - Eu falei com ela e você tinha razão, tem duas mentes dentro dela. Cinco está presa em sua própria mente.

         - Precisamos avisar os outros. – Diz Sarah

         - Vamos esperar amanhecer. – Diz Marina

         Fico intrigada com o que Cinco queria me dizer no final. O máximo que consegui entender foi “Amanhã os Mogs...” o que os Mogs vão fazer amanhã?