Narrado por Edward

Eu estava tomando o café da manhã, enquanto tentava ler o jornal. Mas estava difícil me concentrar, pois meus pensamentos estavam em Bella e em todas as mensagens que ela enviara e eu não tinha tido a coragem de retornar.

Eu não sabia o que fazer. A saudade que sentia chegava a doer, mas a simples lembrança dela nos braços de outro me paralisava.

É claro que também tinha consciência do meu erro... como eu poderia, no caso de uma reconciliação entre nós, contar a ela sobre a minha fraqueza e da noite passada com Tanya?

Um erro não justificava outro...Maldita bebedeira Edward!!!

Meus pensamentos foram interrompidos por batidas urgentes na porta do quarto. Achei estranho...normalmente o hotel respeitava a privacidade dos hóspedes e só fornecia algum serviço quando solicitado.

Mais batidas, desta vez um pouco mais fortes. Fui abrir e assim que o fiz, congelei. Isabella estava ali, as faces coradas e mordiscando o lábio inferior como sempre fazia quando estava nervosa, uma pequena bolsa em um dos ombros.

–Oi Edward – ela começou num fio de voz – sei que você não queria que eu estivesse aqui, mas precisamos conversar... me deixe entrar, por favor... pois a qualquer momento terão seguranças para me arrastar lá para fora do hotel, uma vez que eu subi sem permissão.

Neste momento o elevador se abriu e saíram de lá três seguranças, devidamente armados.

–Sr. Cullen nos perdoe por este incidente – começou o que parecia o mais velho deles, provavelmente o chefe da segurança - esta mocinha se aproveitou da distração de um dos recepcionistas para acessar seus dados. O senhor a conhece? Ou deseja que chamemos a polícia?

Dei um olhar questionador a Bella e ela simplesmente deu de ombros. Suspirei.

–Está tudo bem. Por favor, transmitam à recepção que a senhorita Isabella Swan ficará, por enquanto, hospedada aqui comigo.

Eles assentiram e saíram discretamente. Dei passagem para que ela entrasse.

– Porque tudo isso Bella, não era mais fácil ser anunciada?

Ela me encarou com olhos magoados.

–Para quê? Para você me mandar embora? Você não atende minhas ligações, não retorna minhas mensagens! Você nem ao menos deu a mim a chance de me justificar!

Eu desviei o olhar. Meus Deus, como era possível amar alguém tanto assim? Nesse momento, apesar da mágoa, eu só sabia que a desejava com todas as forças. Pigarreei tentando disfarçar o quanto estava feliz em vê-la.

–Sente-se Bella, tome o café da manhã. Deve ter saído bem cedo de Jacksonville ... - convidei.

–Sim...- ela sentou-se e eu me ajeitei na cadeira em frente a ela.

Um silêncio constrangedor se fez entre nós. Disfarçadamente eu a observei enquanto ela torcia as mãos sem saber o que fazer.

–Você disse que precisamos conversar Bella, mas não acho que seja realmente necessário, eu já entendi... – fiz uma pausa - que você se cansou do nosso relacionamento complicado e resolveu reatar com Carlisle – me obriguei a dizer o nome dele de forma civilizada apesar, de sentir um gosto amargo na boca.

Ela levantou os olhos me encarando.

–Você acredita mesmo nisso? Porque se sim, isso só prova que você não me conhece! Tudo bem, eu admito... estava chateada com você, me sentindo sozinha, cansada dessa situação... mas, foi só um beijo Edward, apenas um beijo... não passamos disso... eu não tive coragem... nem vontade...

Enquanto ela falava, eu perscrutava seus olhos, e tudo o que vi foi uma sinceridade atordoante. Ela respirou profundamente e decidida veio sentar-se em meu colo e me abraçou.

– Você precisa acreditar em mim Edward, não aconteceu nada além daquele beijo... é você que eu amo e é com você que eu quero ficar. Eu sinto muito se aquela revista idiota fez uma capa sobre isso...

–Revista? Capa? – eu questionei sem entender. Ela me olhou confusa.

–É... com uma foto minha e de Carlisle... e uma matéria sobre os Denali... ah – ela pareceu entender algo – não foi pela revista que você ficou sabendo...

–Não – eu confirmei – Tanya tinha uma pessoa vigiando você e que mandou as fotos, então ela aproveitou para mostrá-las a mim em primeira mão.

–Desculpe Edward, foi um momento de fraqueza... deve ter sido horrível para você...

Suspirei. Quem era eu para julgá-la? Seu momento de fraqueza não era nada comparado ao meu.

–Bella, eu preciso te contar...

Ela tocou meus lábios com os dedos me silenciando.

–São mais problemas? Porque, sinceramente meu amor não sei se suporto mais... – ela falava e me dava delicados beijos – não diga nada... depois resolvemos... eu senti tanta saudade...tanto medo de te perder...

E eu me deixei levar, até que ela fizesse eu esquecer de tudo que não fosse ela.

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Narrado por Bella

Fiquei vinte dias acompanhando Edward. Isso só foi possível porque conseguia resolver tudo pela internet, os trabalhos da faculdade e os assuntos do bar. De comum acordo, Emmett e eu decidimos contratar outras dançarinas. Decidimos também que tinha chegado o momento de ampliar o negócio. Para isso eu estava em contato com o dono de um estabelecimento ao lado do nosso, tentando negociar a compra do imóvel.

Nas horas livres Edward me levava para conhecer os pontos turísticos da cidade em que estávamos, para fazer compras em lojas que Alice teria adorado conhecer, a jantares românticos em restaurantes chiquérrimos, ou simplesmente ficávamos no hotel, conversando e fazendo amor. Foram dias de sonho e tranquilidade em que nenhum de nós quis tocar em assuntos, que sabíamos, assim que retornássemos teríamos que enfrentar.

Chegamos em Jacksonville numa quinta-feira ao anoitecer. Edward queria adiar um pouco mais o nosso retorno, mas me neguei sabendo que Emmett precisava de mim.

Ele entrou comigo na pensão, pois eu ia apenas tomar um banho e depois seguiria para o bar. E qual não foi nossa surpresa quando adentramos a sala e flagramos um casal se agarrando no sofá.

No começo fiquei confusa, pois não reconheci imediatamente as duas pessoas, só percebi que não eram Emmett e Rosalie, que normalmente eram quem nos fazia passar por esses constrangimentos.

Senti que Edward segurava minha mão com mais força e em seguida pigarreou para chamar a atenção do casal. Senti que prendia a respiração na medida em que eles se sentavam constrangidos e nos encaravam.

–Carlisle? E.. Esme? – perguntei mais espantada que qualquer outra coisa.

– Ham...oi Bella – Carlisle cumprimentou constrangido. Esme estava pálida.

Edward se movimentou ao meu lado parecendo desconfortável. Só então percebi que ele avaliava minha reação. Eu ri.

–Meu Deus, nos desculpem! Só vim me arrumar para ir trabalhar, fiquem à vontade. Vem Edward, vamos para o meu quarto – e mais do que depressa o puxei para o andar de cima.

Assim que fechei a porta ele me deu um beijo feroz.

–Me diga que não ficou enciumada – ele implorou ainda com os lábios colados aos meus.

–Não fiquei – murmurei olhando em seus olhos – quando vai entender que eu só quero você? Foi uma surpresa sim. Nunca vi Esme com ninguém... mas, pensando bem, ela e Carl são parecidos em muitas coisas...fico feliz por eles e acho que podem realmente dar certo.

Ele me abraçou.

–Obrigado por isso amor...eu não mereço você... Eu tenho tentado te contar uma coisa e não tenho conseguido... na verdade é uma confissão...na noite que Tanya me mostrou aquelas fotos...

Meu celular tocou. Pedi desculpas a ele, pois precisava atender.

– Oi Rose...já cheguei sim, em meia hora estarei aí...certo...até mais – desliguei – desculpe meu bem, podemos terminar essa conversa mais tarde? Rose pediu para eu me apressar.

Ele concordou muito sério. E eu apesar de preocupada, corri para o banheiro.