Songs Of The Heart escrita por mandani, souasoof, mandiproost


Capítulo 1
When I Was Your Man


Notas iniciais do capítulo

Baseado na música "When I Was Your Man" de Bruno Mars.
Capítulo NaruHina escrito por souasoof.
Por favor, leiam as notas finais.



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Same bed, but it feels just a little bit bigger now
Our song on the radio, but it doesn’t sound the same
When our friends talk about you
All that it does is just tear me down
Cause my heart breaks a little when I hear your name

A mesma cama, mas parece um pouco maior agora
Nossa musica no rádio, mas ela não soa como antes
Quando nossos amigos falam de você
Tudo que isso faz é me arruinar
Porque meu coração se quebra um pouco ao escutar seu nome



Levantou-se assustado e tinha uma mão sobre o peito tentando controlar a respiração ofegante. Olhou para o lado e viu que, mais uma noite, estava sozinho. Sentado na cama encarava o quarto iluminado com luzes das ruas a sua frente e, por algum tempo, não pensou em nada.




Apoiou os cotovelos nas coxas e passou as mãos, desesperado, pelo rosto e cabelo. “Mas que droga!”, pensava. Há pelo menos um mês não tinha aquele pesadelo. Tentou estabilizar a respiração e após alguns minutos obteve sucesso. Virou-se de forma a sentar na beirada da cama, com as pernas pouco abertas, mantendo os cotovelos apoiados nas pernas e a cabeça entre as mãos.



Naruto olhou o relógio no móvel ao lado da cama e viu que o mesmo marcava três e trinta e sete da manhã. Suspirou derrotado e cansado. Ao forçar o corpo para se levantar, flashes do pesadelo voltaram a sua mente e ele caiu sentado na mesma posição. Dessa vez, porém, percebeu que havia algo diferente nesse sonho ruim, algo que o deixava ainda mais incomodado.



– -



Lá estava ele, no altar, usando um kimono preto perfeitamente alinhado com um pequeno símbolo do clã Uzumaki no lado esquerdo do peito, esperando sua amada entrar. Estava na diagonal do padre e observava, orgulhoso, o lugar onde se realizaria a cerimônia, cheio de gente.



Começava a tocar a tradicional marcha nupcial e todos se voltavam para o fundo. Ela entrava linda e impecável, com seu pai ao seu lado com a mesma face inexpressiva de sempre. Mas ela, por Kami, ela estava maravilhosa. Tinha o longo cabelo negro azulado preso em um alto coque, com sua franja e mechas laterais tipicamente soltas, usava um kimono branco com pequenos detalhes em lilás e no lado esquerdo do peito havia um pequeno símbolo do clã Hyuuga.



Ela caminhava lenta e delicadamente com um sorriso discreto no rosto e com as bochechas levemente coradas. O coração de Naruto acelerava-se cada vez mais enquanto ela andava e ele não conseguia conter o sorriso apaixonado.



De repente, toda a claridade do local diminuía e ele via Hinata se direcionando a um outro homem que não ele, que usava um kimono preto tão belo quanto o dele, e a via beijando lhe a face. Assistia a rápida cerimônia atrás do rapaz que não conseguia ver o rosto e via a mulher de sua vida casando-se com outro. Tentava gritar, mandar parar o casamento, mas ninguém o ouvia. Tentava chamar a atenção de todos de todas as maneiras, mas ninguém o via. Estava invisível.



Já estava no corredor por onde Hinata entrara mais cedo e agora olhava os dois trocando alianças. Olhava para a morena e via seu rosto apaixonado direcionado a outro rapaz que não ele.



Finalmente enceravam a cerimônia com o beijo e a tortura que Naruto esperava diminuir havia apenas aumentado. Havia perdido a garota para sempre e agora não havia nada a se fazer. Quando o casal recém casado virava-se de frente, ele acordava, desesperado e tentando recuperar o ar.



– -



Nunca, em nenhuma das vezes que tivera aquele pesadelo, ele conseguia ver o rosto do noivo, sempre acordava antes. Mas não dessa vez. Dessa vez o rosto apareceu nítido em sua mente, rindo apaixonadamente, antes que pudesse despertar.



– Desgraçado... – sussurrou irônico para si mesmo.



Riu tristemente e se levantou em seguida, caminhando até uma mesa que tinha um pouco à frente de sua cama. A mesa estava cheia de papéis que deveria ter lido e assinado mais cedo e no canto havia uma garrafa pela metade de um velho Whisky. Mexeu em um dos armários e pegou um copo, já colocando a quantidade perfeita de gelo, servindo-se até metade do copo. Em um gole o esvaziou. Serviu-se mais uma vez e caminhou até a grande janela de seu quarto, que tinha uma vista privilegiada sobre Konoha.



Não morava mais no mesmo apartamento de poucos cômodos de quando tinha seus dezesseis anos. O cargo de Hokage havia trazido-lhe benefícios e a nova casa fora um deles. Via de perto o monumento com o rosto dos antigos Kages e sorriu forçadamente ao ver seu rosto esculpido perto do de seu pai.



– Eu consegui, pai... – levantou o copo como se estivesse brindando com Minato – Eu consegui... – sussurrou para si, dando um pequeno gole na bebida.



Tentava a todo custo não pensar nela. Caminhou até uma estante que tinha atrás da mesa e ligou o rádio somente para seu desgosto. “Essa música...”, pensou. Era a música dos dois. Tinha uma melodia calma e uma letra que antes resumia a história dos dois em poesia e hoje trazia recordações de um tempo que jamais voltaria. E apesar de todos seus esforços e de toda aquela bebedeira ele não conseguia tirar Hinata de seus pensamentos. Voltava a pensar no seu sonho de mais cedo.



Já haviam lhe contado sobre o rapaz que estava em todos os cantos com a morena, mas ele se proibia de acreditar em tal coisa. O relacionamento de Naruto com Hinata durou, aproximadamente, dois anos, dos dezessete aos dezenove e havia acabado há seis meses. Os motivos do rompimento o loiro forçou-se a esquecer de tão tolos e infantis que eram.



– Oh, Hinata... – disse olhando para algumas luzes do festival que continuavam acessas, lembrando-se do evento horas mais cedo – Perdoe-me! Perdoe-me pelo que te fiz sofrer... Eu era tão jovem, tão tolo... – tinha um sorriso melancólico no rosto e terminava a frase num sussurro.



– -



Estava cumprimentando algumas pessoas, alguns amigos, outros totalmente desconhecidos, mas essa era uma das chatas obrigações do Hokage. Conversava sem interesse com a maioria e tinha na mão um copo de sakê, que ele dizia que era água.



Era o festival de inverno e este tomaria parte da rua principal de Konoha e parte dentro de um salão devido ao tempo frio. As ruas estavam bem decoradas, com lâmpadas azuis e brancas penduradas nos postes. Já o salão continha uma banda para animar as pessoas e para que essas pudessem dançar, idéia que ela tinha dado a ele quando ainda estavam juntos.



Hinata... Onde estava ela?, pensava o loiro. Queria vê-la. Há tempos não se encontravam, ela sempre muito atarefada tomando conta de seu clã e ele sempre de compromissos devido ao alto cargo.



Preferia não encontra-la, não daquela forma. Entrou de mãos dadas com um garoto, um garoto de cabelos castanhos iguais aos do loiro.



– -



– Kiba... – sussurrou olhando para o fundo do copo quase vazio. Possuía um sorriso irônico em seu rosto – Você finalmente conseguiu tudo que queria. Conseguiu minha garota, não é, seu desgraçado?! – soltou um riso forçado e triste.



– -



Observou o rosto encantado de Hinata para as decorações e permitiu-se sorrir verdadeiramente pela primeira vez naquela noite. Caminhou, mesmo que contra vontade, até o casal e os cumprimentou formalmente.



– Kiba, - esticou lhe a mão para um cumprimento, sendo retribuído – Hinata... – seu tom era mais doce, era apaixonado. Ela curvou o corpo para o loiro, que fez o mesmo.



– Está tudo tão lindo, Naruto-kun. – disse ainda fascinada com as luzes. Seus olhos brilhavam de admiração e o Uzumaki não conseguia disfarçar o jeito que a encarava.



– Realmente, - Kiba disse tirando o Hokage de seus pensamentos – não pensei que fosse capaz de fazer algo assim. – deu um tapa no ombro do loiro com a mão que estava livre. Apesar disso, ainda eram amigos.



– Obrigado Kiba. Na verdade a idéia para esse festival foi toda da Hinata.



– Então ta explicado. – disse o Inuzuka, soltando a mão da garota e jogando o braço por volta do ombro da mesma – Minha namorada tem um ótimo gosto para essas coisas. – sorria orgulhoso de poder falar a palavra “namorada” daquele jeito.



“Namorada”. Aquela palavra sendo designada para descrever Hinata por outro rapaz que não ele, acertou Naruto como uma flecha e acabou com todo o equilíbrio emocional que restava a ele. Deu um longo gole naquilo que clamava ser água e só voltou a encarar o casal quando ouviu seu nome sendo chamado.



– Naruto, - disse Kiba – será que poderia conversar com Hinata enquanto vou ali falar com Lee? É rápido, eu prometo.



– Sem problemas. Leve o tempo que precisar. – sussurrou olhando para baixo quando o moreno já estava longe dali. – Então quer dizer que os rumores são verdadeiros?



– S-Sim... – Hinata respondeu baixo tentando manter o contato com aqueles olhos azuis que ela tanto amava. – E-Eu queria te contar, mas há tempos não nos encontramos. – sentia sua face queimar. Com certeza estava corada.



– Ta tudo bem Hinata. De verdade. – tentou forçar um sorriso sincero. – Eu fico feliz por vocês.



– V-Você não precisa falar isso, Naruto-kun... – e ele apenas agradeceu-a com um sorriso no rosto. Não estava feliz por eles e ficava grato por não ter que fingir.



– Já estava com saudades de te ouvir dizer ‘Naruto-kun’ dessa forma. – sorria sincero para ela.



– N-Naruto! – advertiu em um baixo tom, mas para ele aquilo soou como um gemido – Por favor... – abaixou a cabeça num pedido mudo para que a conversa não seguisse aquele caminho, tanto ela quanto ele sabiam no que isso resultaria.



– Desculpe-me, Hinata... – e assim voltaram a se encarar. Ele perdido nos belíssimos olhos perolados dela e se condenando mentalmente por ter levado tantas lagrimas a eles. Ela, perdida na imensidão azul daqueles maravilhosos olhos que um dia já foram dela. Naquele momento entre os dois, o silencio era rei.



– -



E agora dizia para si todas as coisas que desejava ter dito a ela naquele momento.



– Quantas coisas eu queria ter te dito e não tive coragem! – pensava não só no momento em que ficaram presos um nos olhos do outro, mas também nos dois anos que passou ao lado dela – Maldito orgulho! – condenou-se com o tom da voz utilizado. – Eu fui burro, egoísta e cabeça dura demais... Agora você achou um outro alguém e eu te perdi para sempre.



– -



– Vamos, Hinata? – ambos foram tirados do transe com a pergunta de Kiba.



– H-Hai. Até mais, Naruto-kun.



E assim ambos sumiram de sua vista por um bom tempo. Apenas os reencontrou horas depois, dentro do salão e preferia, mais do que nunca, que não tivesse procurado ela, inconscientemente, com seus olhos meio a multidão.



A cena que vira acabou de vez com a pequena sanidade que restava na cabeça de Naruto. Kiba tinha suas mãos na delicada face de Hinata e a beijava apaixonadamente. Aqueles lábios que antes acariciavam os seus pertenciam agora a outra pessoa.



– -



E agora no conforto de seu quarto Naruto lembrava do beijo que tinha visto e lembrava-se dos muitos que já trocara com a morena. Que saudade sentia daqueles pequenos lábios rosados pressionados contra os seus. Que saudade sentia daquelas mãos em sua nuca, acariciando lhe os fios loiros, ou em suas costas, arranhando lhe com prazer e força durante muitas noites que passaram juntos.



Sentia falta daquela pele macia, daquele fino rosto de traços perfeitos entre suas mãos, daqueles cabelos lisos espalhados em sua cama e do cheiro que ela deixava em seus lençóis, que fazia com que ele dormisse como um anjo todas as noites.



Não queria que nenhum outro rapaz tivesse o mesmo privilegio que ele, mas como admitiu, foi estúpido o suficiente para afasta-la de si.



– Eu realmente espero que ele te faça feliz, Hinata. Depois que tudo que eu te fiz passar, você merece toda a felicidade desse mundo. – seu tom continuava melancólico e, agora, com saudade.



– -



A última coisa que viu antes de ir embora foi Hinata e Kiba dançando alegremente na pista. Havia esquecido o quanto ela gostava de dançar até ver o olhar de felicidade estampado naquele pálido rosto enquanto dançava com o namorado. Não aguentava mais ficar ali, não sob aquela tortura que ele passava internamente.



– -



– E pelo jeito, ele – disse com desdém – está fazendo um ótimo trabalho.



Voltou a mesa e largou a garrafa vazia. Abriu outra e dessa vez encheu o copo. Aquelas memórias só poderiam ser suportadas com uma exagerada quantidade de álcool. Andou em direção a estante que ficava atrás da mesa e pegou uma foto nas mãos. Sorriu sinceramente ao trazer as boas memórias de volta a sua mente. Na foto, ele e Hinata estavam no começo do namoro e havia sido tirada no festival de primavera da vila.



– Eu espero que ele consiga te fazer feliz do jeito que eu não consegui. Espero que ele faça tudo que eu nunca fiz para você. Que saia com você sempre que possível, que te leve para dançar e que te leve a todas as festas. Que te faça rir e sorrir sempre que conseguir, que traga de volta a vivacidade que tirei de seus olhos e que nunca te faça sofrer do jeito que eu fiz. Espero que ele te diga o quanto te ama todos os dias, algo que nunca fiz e hoje me arrependo profundamente. – deu um gole e acabou com o whisky que havia acabado de se servir. Respirou profundamente e pela primeira vez em meses deixou-se chorar e sentir tudo que havia reprimido desde que terminaram o namoro. – Espero que ele seja para você o homem que eu nunca fui. – passava os dedos pela foto, como se tentando acaricia-la e nesse momento lagrimas caiam até o vidro que protegia a fotografia – Eu te amo minha pequena e para sempre vou te amar.



Terminaria aquela triste e saudosa noite bebendo, sozinho e infeliz, relembrando-se de momentos que jamais teria de novo ao lado daquela que ele realmente amava.




Do all the things I shoud’ve done
When I was your man

Que ele faça todas as coisas que eu deveria ter feito
Quando era seu homem


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Notas finais do capítulo

Bom gente, essa é a primeira vez que eu posto alguma coisa em qualquer lugar, porque, infelizmente, sou muito insegura. Por isso gostaria MUITO de saber o que vocês acharam da história, pois a opinião de vocês importa muito para uma pessoa como eu ^^