No dia seguinte, David ligou para Phillip, ele precisava conversar, o amigo pediu então que ele fosse até o escritório.

– Então é isso, e eu não sei o que fazer. – disse David de frente para o amigo.

– Você já contou a ela ?

– Não, eu não sei como fazer isso.

– Você pode evitar, não pode ?

– Bem que eu queria mas fui intimado.

– Você tem uma família agora, você disse isso ?

– Sim, disse, eu disse que tenho um filho e vou me casar.

– Caramba David – Phillip passa a mão no rosto – um advogado, você precisa de um advogado.

– Eu pensei nisso, mas não pode ser o Graham, ele é irmão dela, com certeza vai contar para ela.

– Eu vou ligar para a minha irmã, ela é advogada, ela vai ajudar... fica tranquilo isso vai ser fácil de resolver – disse Phillip discando o número.

Enquanto isso no hospital, Eva cuidava de Jack, durante a madrugada a febre da moça aumentou, ela não parava de suar e sentir frio.

– Jack, levanta você precisa tomar um banho.

– Não, eu estou bem, eu não preciso tomar banho.

– Claro que precisa, para ver se a febre baixa, ou você prefere outra injeção ?

– Não tem remédios em comprimidos nesse hospital não ?

– Eu vou procurar, mas se eu não achar vai ser na base da agulha mesmo.

– Obrigada Evy... te amo.

Zambrano sai do quarto e deixa Jack sozinha, ela tenta chegar até o celular mas não consegue porque Chris entra no quarto e vê a moça tentando sair da cama.

– Hey ! Volte para a sua cama. Não pode fazer isso.

– Vem cá, me ajuda aqui... – ela segura o rapaz pelo colarinho – você vai me ajudar a sair daqui antes da Eva descobrir o que eu tenho. – ela intima o rapaz.

– Não podemos fazer isso, mas você fala como se já soubesse o que tem – ele cruza os braços.

– Feche a porta... anda logo.

Chris joga a prancheta na mesa e fecha a porta. Jack se senta na cama e com uma certa dificuldade levanta a camiseta.

– Meu cristo mulher ! – ele se aproxima rápido – onde conseguiu fazer isso ?

– Não está tão feio assim – ela resmunga.

– Ah não está ?! Você tem...

– Jack voltei com os compri... O que aconteceu ? – Eva larga os comprimidos e vai até Jack.

– Foi uma picada... – Jack tenta mentir – sou alérgica a picadas.

– Alérgica um caramba, o que aconteceu ? Responde, deita ai.

– O que quer que eu faça primeiro ?

– Não estou de brincadeiras Jackline. Chris vá buscar os curativos e traga o antisséptico.

– Tudo bem.

Eva começa a examinar o ferimento de Jack.

– Ai... ai...ai, tenha mais carinho – ela resmunga.

– Eu preciso ver o tamanho do estrago, o que você fez aqui ?

– Eu contornei o meu pardal.

– Você o que ?

– Eu contornei a minha marca... sabe aquela...

– Eu não acredito que você fez uma tatuagem – ela passa a mão na testa.

– Qual o problema ?

– Esse é o problema – ela cutuca.

– Ai ! Regina !

– Em que condições você fez isso ?

– Como assim ?

– Os materiais, estavam devidamente higienizados ?

– Eu não me lembro.

– Você só deitou e deixou o cara usar uma agulha com tinta em você ?

– Não foi bem assim tá.

– Você viu se a agulha era nova ?

– Na verdade, a agulha já estava no aparelho.

– Ele não trocou ?

– Não.

– Então por que você fez isso ?

– Ele cobrou a metade do preso.

– Eu não escutei isso...

– Eva, trouxe o fungicida e os resultados do exame de sangue dela também – disse Chris com as coisas na mão.

– Obrigada Chris, acho que já descobri o que é. Um claro exemplo de burrice.

– Ei !

– Ela pegou uma pequena infecção, vamos ter que passar o fungicida e o sanitizante – ela coloca as luvas.

– E isso dói ?

– Geralmente nós usamos anestésicos – disse Chris.

– Ai graças a deus.

– Mas no seu caso vai ser sem anestésico. – retrucou Eva.

– Ah não, por favor não ! Eu quero outra médica, eu tenho direito...

– Não, você não tem, eu fui a primeira que te atendeu e você é a minha paciente agora, então cala a boca e vira de bumbum para mim.

– Humm – ela geme sem querer obedecer.

– Jackline, se eu for te virar vai ser pior.

A moça se vira e Eva levanta a camiseta.

– Chris, vem aqui...

– Fala ?

– Passa pra mim – Eva entre o material e vai até o outro lado da cama – desculpe Jack, mas precisa ser sem anestésico, não é por maldade – ela beija a testa da amiga.

– Pode ? – perguntou o rapaz.

– Eva segura na mão de Jack – Pode – Jack aperta a mão de Eva e geme de dor – já vai passar, é para o seu bem – ela sussurra – logo, logo, a dor alivia e a febre passa, vou ficar aqui com você.

– Pronto, agora é só deixar agir – disse ele.

Jack se encolhe na cama, Eva faz um sinal para Chris e ele entende que precisa sair. A morena sobe na cama e acolhe a amiga.

– Já vai passar, eu estou aqui – ela sussurrava.

Logo Jack pegou no sono, pois estava exalta, não conseguiu dormir direito na noite anterior. Eva pega o celular de Jack e manda mensagem para David.

– “Eu já descobri o meu porto seguro, e adivinhe só, ele é você”. Ass: Eva.

Minutos depois ela recebeu uma mensagem dele.

– “Está tudo bem ? ”

– “Está, eu só queria você aqui”

– “Sempre estarei com você”

David pensou em mandar uma mensagem dizendo que ele precisava conversar com ela, mas não teve coragem o suficiente para enviar.

– Pronto, consegui, eu e você vamos almoçar com a minha irmã, você explica a sua situação para ela e veremos o que pode ser feito.

– Eu sei onde e como tudo isso vai acabar... e não é justo, eu já deixei a Eva sozinha uma vez, não posso fazer isso de novo.

– David olha pra mim... não importa quantos passos você deu para trás, importa quantos você irá dar para frente. Não importa se você deixou ela sozinha uma vez, o que importa é você saber que mesmo lutando você nunca vai desistir dela.

Enquanto isso no hospital...

Eva deixou Jack dormindo e foi para o refeitório, ela precisava comer alguma coisa, mesmo estando sem fome. Ela se senta do lado de Chris.

– Você ama mesmo a sua amiga hein ?

– Ela não é só uma amiga, ela é a minha terceira irmã.

– Hmm Tuck, aumenta mais o volume da TV – pediu Serena com o pote de salada na mão.

– Beleza – Tuck usa o controle.

– E parece que uma grande frente fria vem por ai, não é mesmo Kelly ? – perguntou o apresentador do jornal.

– Isso mesmo Daymon, e não é só frio não, também haverá pancadas de chuvas por todas as regiões de Miami, eu aconselho roupas de frio e guada chuva por toda parte.

– Há previsão de sol ?

– Não, infelizmente Miami vai enfrentar a maior frente fria e tempestades dos últimos 30 anos. E com você Dymon.

– Obrigado Kelly, agora vamos falar com... – Tuck desliga a TV.

– Hora de verificar as luzes de emergências – Chris revirou os olhos.

– Só porque eu ia à praia no fim de semana – Alex reclamou.

Todos pareciam conversar com descontração, mas Eva não estava muito no clima, ainda pensava na briga com a sua mãe.

– Gente eu vou tentar tirar uma soneca, qualquer coisa me bipa. – ela se levanta da mesa.

– Beleza.

Eva sai do refeitório e procura uma sala vazia e com cama de preferencia. Cora foi ao hospital procurar por Eva, um dos internos disse que a viu entrando no quarto perto do almoxarifado. Ela vai até o quarto e vê a filha dormindo. Eva dormia com a mão em formato de cocha, dormia de bruços e com os cabelos sobre o rosto. Ela não quis chamar a filha, no lugar ela se deitou junto a moça. Eva acorda e ainda com sono vê sua mãe ao seu lado, ela não estava no clima para brigar, estava cansada demais com tudo isso acontecendo, ela simplesmente se aconchegou na mãe e dormiu novamente. Enquanto isso David conversava com a irmã advogada de Phillip.

– Então qual é o caso ? – perguntou Kathryn.

– Estou com um certo problema com o governo, ou melhor com o país. – disse David rodando o copo de café.

– O que você fez ? – ela perguntou o encarando.

– Me alistei no exercito já tem um tempinho, agora eles me chamaram, só que eu não quero ir, tenho um filho e vou me casar.

– Uou, espera, você se alistou no exército tendo um filho ? O que te deu na cabeça ?

– Não, eu me alistei antes de eu adotar o meu filho, foi um momento difícil para mim.

– Mas isso não vem ao caso agora Katy – disse Phillip – tem como ajudar ?

– Eu preciso estudar um pouco sobre isso, você não pode entrar e simplesmente sair. Quando eles te informaram sobre isso ?

– Ontem.

– E o que disseram ?

– Era só um comunicado, ele disse que dentro de três anos ele me chama, isso se não acontecer alguma coisa em outro país e eles me convocarem.

– Então você está sujeito a ser convocado a qualquer hora, faz o seguinte, pegue todos os documentos que você tem seu e do seu filho, e da sua futura esposa, e me encontre amanhã na frente do tribunal regional federal, eu vou tentar dar entrada com o pedido contrário.

– Obrigado – ele disse aliviado – será que vamos conseguir ?

– Espero que sim né ? Ou quem vai nos recitais do seu filho ? – ela sorri.

– Bom agora eu tenho que ir – Phillip se levanta da cadeira do starbucks – eu posso pegar a Crystal hoje ?

– Claro. Na verdade eu tenho um encontro eu ia pedir para você cuidar dela.

– Com quem ?

– Lancelot, você não conhece.

– E você vai sair com uma pessoa que eu não conheço ?

– Quem tem que conhecer ele é ela, não é ? – David levanta a sobrancelha.

– Finalmente alguém que está do meu lado...

– Calado – disse Phillip – E você, quem é esse cara, onde trabalha, já foi preso ? Tem filhos, já foi casado ? Usa drogas ?

– Phillip isso é assunto meu – ela se levanta e pega a bolsa.

– Bem eu preciso ir...tenho que visitar uma amigo no hospital.

– David ? – Kathryn o chama.

– Sim ?

– Não esqueça de contar para ela... seja sempre fiel nas palavras.

– Obrigado – ele sorri e deixa Phillip enchendo as paciências de Kathryn.

David vai até o hospital, mas não encontra Eva de primeira, ele se encontra com Serena a moça diz que ela foi descansar pois não dormiu bem durante a noite, então ele foi até o quarto de Mike.

– Hey Mike – ele puxa uma cadeira – quando sai daqui ?

– A sua mulher... a Dra. Zambrano disse que no máximo semana que vem, também já era tempo, cansei de ficar aqui.

– Cara você tomou um tiro.

– Coisa pouca, perto das bombas que já desativamos. – ele percebe que David está abatido – o que foi ? Não me venha dizer que não é nada porque eu te conheço.

– Lembra de quando eu te disse que eu me alistei no exercito ?.

– Hãn o que, que tem ?

– Eles me chamaram.

– E você vai ?

– Eu não quero ir, já procurei uma advogada vamos amanhã resolver tudo isso.

– Você já contou para a Regina ?

– Não... ainda não tive tempo.

– E você vai contar para Regina ?

– ….

– David, me responda, você vai contar para Regina ?

– Eu não sei.

– Você precisa fazer isso.

– Eu sei, eu sei disso, eu só não sei quando.

Enquanto isso no apartamento de Jack, Hook e Madeleine preparam uma pequena mala que ela usaria no hospital, o rapaz precisou ir no banheiro, Madeleine continuou a mexer nas coisas de Jack. Até que ela vai no antigo armário de Eva e encontra uma pequena caixa, ela não queria mexer, mas Hook voltou a tempo de ver a caixa, e ele simplesmente abriu.

– Ah, é as coisa da Eva, achei que isso ficava com a mãe dela... olha, a chupeta dela era amarela... que bonitinho.

– Espera... o que é isso ? – perguntou Madeleine segurando um papel amarelado e corrido pelo tempo.

– Deixe eu ver... – Hook pega o papel – Cuba... 1981, orfanato Ángeles de la vida... deve ter sido o orfanato onde a Eva ficou antes de ser adotada.

– Posso ver ? – ele entrega a folha para Madeleine.

– Eu vou levar a mala para Jack, você vem ?

– Não, eu vou ficar para arrumar essa bagunça, manda um abraço para ela.

– Tudo bem, tchau.

– Tchau Hook.

O rapaz sai e a mulher fica em casa, ela se senta na cama perto da caixa de artefatos de Eva.

– Meu deus é a Eva... ela é a minha filha... espera... cadê ? – ela procura um certo objeto, mas ela não consegue achar – Deve ter perdido, mas eu não tenho duvidas... ela é a minha filha.