The Past Comes Today escrita por Kurogetsu


Capítulo 1
Chapter 1




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“Eu te amo Taka-san”.

Alguém bate a porta.

– E-entre! – Digo acordando com o som das batidas e coçando a nuca.

Então minha secretária entra na sala, a sala é cheia de livros de diversos temas, poofs e doces em cima da mesa e de algumas prateleiras, ela estava um pouco nervosa, e fechou a porta assim que entrou. Agatha era uma mulher alta, morena, com longos cabelos negros e belos olhos verdes.

– Estava dormindo doutor?

– Acabei pegando no sono enquanto lia, mas achei que estava de saída, o consultório já está fechado.

– Era sobre isso mesmo que eu queria falar doutor; um homem estranho bateu aqui, ele não parecia nada bem então o deixei entrar pra se acalmar e tomar uma água. Desculpe doutor.

–Ahh... Tudo bem, tudo bem. E ele já se acalmou?

– Bem... Ele parece muito perturbado com alguma coisa.

– Perturbado é... –Digo olhando sem muito interesse com o rosto apoiado em uma das mãos– Mande-o entrar, estou sem nada pra fazer agora mesmo. Ah e você pode ir pra casa, já passou do seu horário e pode ser perigoso voltar sozinha mais tarde do que já está.

– Tudo bem doutor, vou manda-lo entrar e já estou de saída.

“Bem, meu nome é Kohama Takao sou um psicólogo “novato”, tenho apenas cinco anos de carreira. Tenho 28 anos, sou alto, porte atlético, aproximadamente 1,90m, tenho olhos castanhos claros, cabelo curto e preto. Por me entediar fácil, acabo fazendo coisas totalmente sem noção, por exemplo, conversar com esse doido que apareceu no meu consultório”.

Novamente alguém bate a porta, dessa vez já sei que é o tal homem perturbado.

– Entre! – Digo andando pela sala.

Um homem trajando roupas bem largadas e óculos entra na sala em silêncio. Ele tinha aproximadamente 1,70m, pele clara, cabelos castanhos na altura do queixo e que lhe tampavam parcialmente o rosto, se não fosse sua aparência de quem não dormia há dias e o mau trato das roupas e do cabelo, ele seria até um homem bem bonito.

– Bem, pode se sentar em qualquer lugar, fique a vontade. – Pego uma bala dentro do pote na mesa – Aceita uma?

– Ah... Não, obrigado.

Ele se senta na cadeira de frente pra minha mesa e se mantém olhando para o chão. Sento na mesa mesmo de modo a tentar me aproximar dele.

– Bem, sou o doutor Kohama e, como deve ter notado, sou psicólogo...


– Eu sei!

– Desculpe não quis insultar sua inteligência, só quis me apresentar de modo formal – Digo estendendo a mão pra ele.

– Tudo bem... É que eu não me sinto muito a vontade com formalidades – Diz ele ainda olhando para o chão, porém aperta minha mão.

– Então tá, sem formalidades, pode me chamar só de Takao, aceita um café ou algo pra comer? – Digo pegando a garrafa de café em outra mesa perto da janela – É... Como posso te chamar?

– Me chame de Lucchi, é meu nome artístico.

“– Que nome estranho, vou te chamar de Lucchi – Eer... Obrigado... Eu acho...”.

A garrafa cai da minha mão ao ouvir aquele nome e fico paralisado por alguns segundos, mas logo me abaixo e começo a limpar o chão e catar os cacos da garrafa de porcelana.

– Takao! Está tudo bem? –Diz o rapaz vindo me ajudar.

– E não é que você sabe se expressar hahah

– Tsc! Não tem graça... – Diz o rapaz se levantando e voltando a cadeira onde estava – A propósito... Seu dedo está sangrando.

– Hã? – olho pro meu dedo – Ah, é um corte pequeno.

Termino de limpar tudo e volto a falar com ele.

– Desculpa o incidente com o café, agora só tenho esses doces pra te oferecer, fique a vontade pra pegar alguns.

– Tudo bem... Não precisa.

– Então, agora você parece mais calmo. Pode me contar o que aconteceu? Minha secretaria disse que você parecia não estar nada bem quando chegou aqui.

–... Não sei se devo falar.

– Olha, estou aqui pra te ajudar, fique a vontade pra contar.

– Hmm... Tudo bem é meio que depois que terminei a faculdade, resolvi seguir meu sonho de ser um mangaká. Eu sabia que não era um emprego estável, no começo eu estava ganhando muito com as minhas histórias, porém de um tempo pra cá não tenho feito tanto sucesso e tive que voltar a morar com os meus pais... E bem... Ai que os problemas realmente começaram...

– E o que houve?

– Bem, não comentei isso antes, mas... É... Bem... É que eu sou gay. – Diz voltando a olhar para o chão.

– Ah... Realmente às vezes isso acarreta alguns problemas, me deixa adivinhar. Seus pais descobriram e não aceitaram?

– É... Isso mesmo. Mas antes fosse só isso, meu pai me bateu, minha mãe disse coisas horríveis. Ainda me deixam morar lá “porque, apesar de tudo, eu sou filho deles”, mas todo dia é um inferno pior que o outro. Vivem me xingando, dizendo que eu não deveria ter nascido, dizendo que meu trabalho não é um trabalho de verdade.

Realmente, agora que estou prestando atenção, os braços e as mãos dele têm marcas e ele está com o olho roxo, talvez por isso evite me olhar nos olhos.

– Você não deveria aceitar tal tratamento.

– Não tenho outra escolha, ou é isso ou é morar na rua.

– Não tem amigos ou outros parentes?

– Todos os meus parentes estão contra mim e meus amigos, bem... Não tenho nenhum amigo com quem possa contar...

– Ah... Desculpe-me

– Tudo bem, você não sabia – Diz sorrindo sem humor.

–Não precisa sorrir se não tem vontade de faze-lo – Digo afagando seus cabelos.

Só percebi o que tinha feito quando vi seus olhos surpresos me fitando e rapidamente tirei a mão de sua cabeça e pus no bolso. Agora que ele levantou a cabeça pra me olhar e seus cabelos caíram pra trás, pude ver claramente seu rosto e inclusive o roxo em seu olho esquerdo.

– Me desculpe, não quis ser tão... Intimo.

– Tudo bem... Não foi ruim...

– Bem, eu queria poder continuar conversando com você, mas já está tarde já passa de meia-noite.

– O que?! Meia-noite?! Eles vão me matar!

– Olha, aqui está o meu cartão. – Digo estendendo-o pra ele – Se quiser conversar outras vezes, pode me ligar ou voltar aqui.

– Mas eu não tenho dinheiro pra pagar a consulta...









–Então não venha como paciente, pode me ver como um “amigo pra desabafar”.









– Mas...

– Tudo bem, pode voltar. Se quiser é claro.









Descemos até a porta do prédio onde ficava meu consultório e ali nos separaríamos, então ofereci novamente o cartão.









– Vou pegar o cartão, mas não sei se volto aqui um dia – Diz pegando o cartão e colocando no bolso.









– Como eu disse tudo bem a escolha de voltar ou não é sua. Mas antes, posso saber o seu nome? Digo seu nome de verdade.









– Meu nome é Lu Chizuru

















“– Prazer meu nome é Kohama Takao. – Ahh o meu é Lu Chizuru”.

[...]

“– Eu te amo Lucchi. – Eu também te amo”.
[...]

“– Se tem algo a me dizer, fale de uma vez Chizuru! – Desculpe Taka... Mas eu não posso continuar com isso”.


















Naquele momento uma enxurrada de memórias me veio à mente e achei que meu coração fosse parar. Aquele nome, logo aquele nome, não podia ser. A pessoa que eu procurei por anos estava bem na minha frente e nem mesmo lembra-se do meu rosto. Deve ser o destino brincando comigo. Só pode ser isso.










– Então, até outro dia quem sabe, Chizuru.





– É... Talvez.





Definitivamente eu preciso encontra-lo de novo, faze-lo lembrar. Saber o que realmente aconteceu. Pode ser uma brincadeira do destino, mas vou me aproveitar dessa brincadeira pra concertar essa parte do meu passado.
















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