Olhos De Vidro escrita por Jane Viesseli


Capítulo 2
Quando a Magia Acontece




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Sua fala parecia estar travada em sua garganta e seus olhos se arregalam diante de tão bela criatura. As vozes dos banhistas ao seu redor desapareceram, o som das ondas se quebrando havia sumido, a paisagem a sua volta também parecia ter se apagado e até mesmo o cheiro salgado se dissipou.

O quileute sentia como se sua alma estivesse sendo tragada daquele mundo por aqueles olhos de um azul profundo e penetrante, fazendo com que tudo de importante em sua vida desaparecesse. As correntes de sua existência se desprendem do mundo, do oxigênio, das pessoas, prendendo-se novamente aquela garota ainda desconhecida. Embry pode sentir como se sua vida se resumisse a ela, como se seu nascimento fosse milimetricamente calculado para ela, para protegê-la, amá-la e fazê-la feliz.

O lobo podia sentir a alegria explodindo em seu peito, pois finalmente havia chegado a sua vez, finalmente era ele a ter um imprinting. Ele a tinha procurado por tantos anos que, agora que a tinha ali, mal sabia como reagir, tinha medo de assustá-la...

Os olhos negros de Embry observam o rosto da menina com admiração, àquela era uma joia rara, preparada única e especialmente para completá-lo. Ele não queria deixá-la ir nunca, queria decorar cada detalhe de seu rosto e arquivar seu cheiro na memória, para encontrá-la onde quer que fosse.

Seus dedos morenos faziam um lindo contraste com a pele branca da menina, os cabelos ruivos caiam lindos e livres por suas costas, e seus olhos eram de um azul-celeste que pareciam penetrar em sua alma e despi-lo de toda e qualquer máscara.

― Seus olhos são lindos! – Deixa escapar.

Ela sente as bochechas queimarem e, se Embry não estivesse tão perdido em sua íris azulada, teria notado o quanto seu rosto estava vermelho.

― Qual é o seu problema? Você é sempre assim?

― Como? – pergunta ele confuso.

― Fico muito grata por ter me ajudado, mas isso não lhe dá o direito de atrapalhar minha leitura e ficar tentando me seduzir.

― Não estou tentando te seduzir, eu...

― Você o quê? Perdeu-se em minha beleza? – ironiza.

― Foi justamente isso! – confessa, finalmente reparando a pele alva tornar-se avermelhada.

Embry tenta conter o sorriso, sua confissão a balançara de certa forma e isso era um ponto a mais para ele em sua jornada de conquista. Ele retira sua mão do queixo feminino e fica a admirá-la enquanto retornava a sua leitura. Em apenas alguns segundos, ela já parecia totalmente absorta, esquecendo-se de sua presença ali, e, sorrateiramente, o quileute senta-se ao seu lado.

Quando pequeno, Embry costumava desenhar anjos durante suas aulas de artes, na escola, mas agora que estava crescido, pensava que se os anjos realmente existiam, deviam ser muito parecidos com ela. Até mesmo a maneira com que seus lábios se moviam de forma muda, acompanhando as palavras imprimidas naquelas páginas, podia ser considerada angelical.

― O que está lendo? – pergunta ele depois de alguns minutos de silêncio.

― Ainda está aqui? Pensei que já tinha ido embora.

― Você é sempre assim? – pergunta rindo.

A menina suspira impaciente e fecha seu livro com certa força, o estranho garoto não parecia disposto a se calar e, com certeza, não a deixaria ler em paz. Ela tomba a cabeça em sua direção e questiona:

― Assim como?

― Arisca.

― Somente com quem não conheço.

― Sim, claro, conhecer. – Sorri como se tivesse descoberto um tesouro. – Sou Embry... Embry Call.

― Oi – responde somente.

― Não vai me dizer o seu nome? Você sabe, as pessoas costumam fazer isso quando se conhecem.

― Oi, sou a Andy – recomeça revirando os olhos, por que aquele garoto havia grudado nela afinal?

― Andy? Isso não é...

― Nome de homem? – O interrompe. – Em alguns lugares sim, mas meu pai gostava.

― Eu também gostei... E então, pode me dizer que livro está lendo? – Muda de assunto rapidamente, não querendo dar brechas para o silêncio.

― Sonetos de Shakespeare.

― Hmm... – resmunga ele, franzindo a testa, pois nunca fora de ler livros e os achava bastante chatos. – E qual o seu soneto favorito?

― Você é da polícia? – irrita-se ela.

― Não.

― Então por que o interrogatório?

― Desculpe.

Embry sente certo desconforto por ser tão inconveniente, mas não conseguia evitar; ele finalmente a tinha encontrado e queria saber tudo sobre ela. Andy parecia jogar na defensiva, porém, mesmo assim era linda, e até mesmo o modo irritado com que erguia a sobrancelha era charmoso, fazendo o quileute acreditar que talvez ela fosse até mais linda que Claire, Emily, Kim e Nessie juntas. E diferente de todas as outras garotas humanas, ela não parecia babar e se derreter por seu porte alto e seu corpo definido.

Pensando melhor nisso, o lobo estranha o fato de Andy não se atrair por seus músculos talhados por seus genes, afinal, ele estava ali, ao seu lado, somente de bermuda. Ou ele era realmente feio como os garotos do bando lhe diziam, ou ela era o tipo de pessoa que não se importava com aparências. É claro que Embry optou pela segunda opção, porque a primeira faria dele um caso realmente perdido.

― Soneto 96.

― O quê? – pergunta Embry, finalmente sendo retirado de seus devaneios.

― Eu gosto do Soneto 96: "De almas sinceras a união sincera nada há que impeça. Amor não é amor, se quando encontra obstáculos se altera ou se vacila ao mínimo temor. Amor é um marco eterno, dominante, que encara a tempestade com bravura; é astro que norteia a vela errante, cujo valor se ignora lá na altura. Amor não teme o tempo, muito embora seu alfanje não poupe a mocidade. Amor não se transforma de hora em hora, antes se afirma para a eternidade. Se isto é falso e que é falso alguém provou, eu não sou poeta e ninguém nunca amou".

Andy parecia ver além da paisagem enquanto recitava decoradamente aqueles lindos versos, como se pudesse ver o cenário mágico onde aquele amor que recitava acontecia. Contudo, Embry não conseguia partilhar daquele mesmo deleite, nem tampouco ver o que ela via, pois nada entendia de poesias e sonetos.

― Bonito soneto – menti, ele não havia entendido uma palavra sequer.

― Mentiroso! – Fecha os olhos, sacudindo a cabeça e rindo. – Você não entendeu nada.

― Você me pegou, eu não entendi nada – confessa um pouco sem graça.

― Pelo visto você não gosta de leituras, vai precisar ler o soneto umas duas ou três vezes para entender alguma coisa.

― Ok, eu mereci essa. – Sorri, concordando que não era o ser mais inteligente em interpretação de sonetos “velhos”.

― Me desculpe pela grosseria – pede ela, depois de um breve silêncio, baixando a cabeça.

― Grosseria? Sabe que nem reparei? – Agora era a vez de ele zombar.

― Certo, eu mereci essa. – Ri, colocando o cabelo para trás da orelha e deixando o rosto mais exposto. – As pessoas não costumam ser gentis comigo, pensei que queria debochar de mim.

― E por que faria tal coisa? – pergunta confuso.

― Por nada! – Sacode a cabeça, como se tentasse afastar os pensamentos que ali estavam. – Apenas pensei isso, mas levando em consideração que aturou minhas grosserias sem me mandar para um lugar feio, acho que você quer mesmo conversar.

― Sim, eu quero.

― Amanhã, nessa mesma hora e lugar? – pergunta Andy, se levantando e limpando a calça.

― Já vai embora? – questiona também se levantando, deixando o seu desespero transparecer mais do que gostaria.

― Está na minha hora! Quero chegar a minha casa antes de escurecer, mas prometo estar mais sociável amanhã, se ainda quiser dialogar.

Eram tantas coisas que ele queria saber, tantas coisas que queria conhecer e vivenciar com ela, porém, teve que se contentar com aquela proposta, afinal, esperar até o dia seguinte era muito melhor do que nunca mais vê-la. E foi então que Embry percebeu...

― Está aborrecida, com vergonha ou algo assim? – pergunta sem hesitar.

― Não – responde Andy, não entendendo a pergunta. – Por que está perguntando isso?

― Às vezes você parece querer se esconder, sempre baixando o olhar e cobrindo o rosto com o livro. Uma garota tão bonita não deveria se esconder.

Andy vira o rosto em direção ao quileute como se estivesse em choque, os elogios não lhe eram muito frequentes e, se aquele garoto queria chamar sua atenção, com certeza estava conseguindo.

― Nos vemos de novo amanhã? – reforça Embry, estendendo a mão direita para selar o acordo.

― Nos vemos amanhã! – confirma ela num tom mais baixo, soltando um sorriso acanhado.

Ela abraça o livro com força e parte sem dizer mais nenhuma palavra, deixando o quileute inerte para trás. Suas mãos ainda aguardavam o aperto que nunca chegaria, mas seus lábios se repuxavam num grandioso sorriso, ao constatar o quanto o rosto de sua Andy se incendiara com seu pequenino elogio.

E quando ela não podia mais ser vista, Embry deixou sua alegria ecoar de sua garganta:

― Achei! – grita ele, com todas as forças que seus pulmões lhe permitiam. – Achei, achei, achei...

Agora sim ele podia extravasar a emoção que irradiava de seu lobo interior. Seu corpo logo começa a voar por sobre a areia de La Push, devido aos enormes saltos que dava e, por um longo trajeto, ele gritou, anunciando aos quatro ventos que finalmente a tinha encontrado, que finalmente sua Andy havia aparecido.


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Notas finais do capítulo

Minha semana de divulgação da fanfic foi meio fail. O Nyah! possui uma política de conduta bastante rígida quanto a divulgações por inbox e o site está recebendo melhoras para combater este tipo de spam... Acabou que não consegui contatar muitas pessoas (infelizmente) :(
E para evitar transtornos futuros, recomendo a vocês que - quando quiserem receber notificações sobre novas fanfics - adicione o autor preferido aos seus favoritos (tem esta opção no perfil de todas as pessoas cadastradas no site)... Assim não correrão o risco de perder o lançamento de futuras obras!

Enfim, sobre o capitulo de hoje: espero que tenham gostado!!
Recomendo que leiam todos os capítulos - daqui para frente - com muita atenção e tentem pescar informações nas entrelinhas, pois isso os ajudará a desvendar "certas coisas" na história lol.

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