O Emissário Do Equilíbrio escrita por LordRyuuken


Capítulo 13
As peripécias de Ishzark


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, tenho que pedir desculpas a vocês pela demora. Tive um problema com minha internet, que ficou por dois dias fora do ar. Ao menos, o capítulo 14 da fic também já está quase pronto! Um agradecimento a todos os que contribuíram para a marca de duzentos reviews da fic (mesmo que, neste momento, já tenham 208). Ah sim, só para avisar. Tentarei, antes de postar o próximo capítulo, responder a TODOS os reviews, antigos ou novos, que já foram feitos na fic. Se vocês se dão ao trabalho de comentar, acho mais do que justo que recebam uma resposta.

Obrigado e boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/383843/chapter/13

P.O.V. Percy

O embate entre Saber e Archer havia acabado bem antes do que eu previra, por uma simples questão de divergências no conhecimento de cada um sobre minha espada. Ao menos, o resultado que eu anunciara no momento de minha aposta com Atena havia permanescido o mesmo, de modo a, ainda que as variáveis tenha fugido de meu controle, eu ainda ter vencido a aposta. Admito que eu não esperava que a última cartada de Luke, por assim dizer, fosse usar minha arma.

Alguns pensamentos sobre o assunto poderiam vir a passar por minha mente, mas, no fim das contas, nenhum deles importava muito. Agora era o momento de meu próprio combate, e eu precisava arranjar um juiz para o combate, que assumiria em meu lugar. Sabendo disto, o rei dos deuses já levantou-se de seu assento, pronto para assumir tal encargo. Sendo pai de uma das embatentes, naturalmente eu poderia dizer que havia a possibilidade de ele favorescê-la, mas não havia um juiz em toda a existência que eu poderia declarar como realmente nulo. O que cabia a mim, então, era fazer o máximo para lidar com os problemas de um juiz parcialista. Ou assim eu pensava.

No momento em que cederia meu lugar para Zeus, um turbilhão de vento tomou conta do acampamento e toda a arena foi encoberta por uma imensa sombra. Isto era praticamente impossível, mesmo para um deus, afinal, o próprio acampamento era protegido pelas autoridades divinas, que faziam com que sempre o tempo fosse estável ali. Eu, quando na forma de semideus, até havia conseguido, na epítome de minha ira, evocar uma tormenta, mas isto só havia feito por os deuses não estarem ali. Com a presença deles, a autoridade divina da barreira era reforçada e o processo se tornava mais difícil. Tendo dezenas de deuses ali, praticamente ninguém conseguiria realizar instabilidade tão grande. Exceto, obviamente…

Repentinamente, o turbilhão de vento se chocou com força ante o solo, gerando uma forma corporal que eu já conhecia bem. Trajando um casaco de couro preto acompanhado de uma blusa da mesma cor e uma calca jeans com um tênis comum, estava a última pessoa que eu queria ver naquele momento, ainda mais depois de uma de suas “entradas triunfais”. Os semideuses aliados dos olimpianos imediatamente brandiram suas armas contra aquele que, para eles, era um invasor estranho enquanto eu, mirando o homem que permanecia parado com um pequeno sorriso pousado na face, chamei por seu nome:

— Ishzark. Não esperava que você chegasse ao acampamento tão cedo.

Sem mudar a expressão que mantinha no rosto, ele respondeu, colocando as mãos no bolso de seu casaco:

— Eu pretendia chegar antes, mas você sabe como é… Encontrei alguns dos seus brinquedinhos no caminho para cá, achei que fossem para uma festa de boas-vindas, sabe? — obviamente, ele sabia que eram armadilhas, mas seu tom carregava tamanha ironia que realmente dava a impressão que ele se referia.

— Na verdade não. Esperava que, ao menos, a ativação delas fizesse algum barulho, para me avisar que você estava chegando.

— Então realmente há uma festa de boas-vindas. E vamos lá, qual é a graça de te deixar saber que eu já estava aqui? Eu iria perder sua cara de surpresa, que, a propósito, está ótima. Mas um torneio? Foi uma ótima escolha, você sabe que eu adoro lutas. Só acho que deveria ter me esperado para começar... — respondeu ele, esboçando um pequeno sorriso.

Todos estavam com as faces voltadas para nós, a maior parte das lâminas e setas já retraídas, visto o fato de eu conhecer o homem. Certamente Ishzark estava mostrando nitidamente o motivo de meu ódio por ele, demonstrando uma ironia sem tamanho em cada palavra que lhe escapava aos lábios. Caminhando até a arena onde ele estava, respondi, já sem forças para continuar naquela discussão:

— Tudo bem, Ishzark. Se o que você deseja é ficar para ver os combates, fique a vontade. Escolha um lugar e se assente, pois o meu combate já vai começar.

Eu não deveria ter falado sobre o fato de eu ser o próximo na arena, pois, ao entoar estas palavras, os olhos do homem se iluminaram e sua expressão mudou, mostrando a expectativa dele para aquela atividade.

— Se é isto que você deseja, vou me sentar ali — disse ele, apontando para o lugar que antes eu ocupava, que agora estava prestes a ser tomado pelo soberano dos céus.

Revirando os olhos, respondi:

— Aquela é a cadeira do juiz.

Colocando sua melhor expressão de “oh really” na face, o homem rebateu:

— Não me diga… Achei que fosse a privada! — dizia ele, em falso tom de surpresa, arrancando algumas risadas da platéia, o que mais uma vez me fez ficar desgostoso.

Adiantando-se a minha possível resposta, Zeus falou:

— É uma pena que este seja o meu lugar. — disse ele, dando ênfase ao pronome possessivo — Encontre um para você.

Isso não iria acabar bem. Muitos poderiam dizer que Zeus era um homem orgulhoso e teimoso, mas, se compararmos ele a Ishzark, quando o mesmo coloca alguma coisa na cabeça… Simplesmente não há como mensurar a diferença, de tão grande que é. Com uma expressão brincalhona na face, o guerreiro virou para o homem e respondeu:

— Que eu saiba, era o lugar de Perseus. Agora é o meu lugar, afinal, não vi você se assentar nele.

Como que para provocá-lo, o rei dos deuses tentou tomar o lugar para si, mas acabou caindo no chão, arrancando mais risadas ainda da platéia, que, ao virar para Ishzark, vislumbrou o homem flutuando sentado. Junto deste, havia a cadeira em que o senhor dos céus deveria estar. Enquanto observava o deus se erguer, notei que em sua mão destra o raio-mestre faiscava, disparando um relâmpago contra aquele que resolveu lhe desafiar, por assim dizer. Com certeza aquilo não iria acabar bem.

Todos ficaram boquiabertos com o poderoso ataque enviado na direção de Ishzark, mas este apenas estendeu sua mão, fazendo com que o raio desaparecesse por completo. Enquanto isto, com a outra, bocejava distraído. Ao retomar o olhar para o senhor dos céus, ele questionou:

— Uma arma divina? Interessante. Deixe-me dar uma olhada nela… — e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, Ishzark fez seu movimento e tomou para si o raio-mestre.

Zeus parecia não apenas ter perdido sua arma, mas também não se importado com isto. Provavelmente, havia algum mecanismo poderoso de auto-defesa neste, mas, nas mãos do homem, parecia não se ativar.

— Núcleo feito de um fio fino de Fulgorum, com um revestimento de Ihkorum e Gammanium, envolvidos em uma cápsula de bronze-celestial? Não foi uma criação ruim… Pelo estilo de criação, foi feita pelos ciclopes. Não são ruins na forja, mas o estilo deles é um pouco rústico, não sou exatamente um fã… Enfim, uma arma ridícula para um deus ridículo. — disse Ishzark, desgostoso, lançando de volta o raio para Zeus, que o apartou ainda no ar, agora com a face ruborizada.

— Agora você vai me pagar. Como se atreve a me ofender? Não importa quem você seja, vai passar uma eternidade no tártaro!

Sem se importar muito com isto, Ishzark respondeu:

— Tártaro? Já faz um bom tempo que eu não faço uma visita ao Tártaro. Como vai aquele moleque, ainda escondido naquele abismo chato? — eu até pretendia impedí-lo, mas o estrago estava feito desde o momento em que ele apareceu. A chegada de Ishzark, independente do lugar, significava confusão. Sempre!

Não preciso dizer que, ao se referir ao antigo espírito do abismo em pessoa como uma criança malcriada, todos ficaram extremamente confusos. Mas foi Nico di Angelo, meu velho amigo e um dos que ainda considerava como parte de minha família que perguntou:

— O que é este tal de Fulgorum? E... exatamente, quem é você?

Finalmente, a pergunta que eu mais temia. Sabendo que seria inútil tentar pará-lo, deixei que se manifestasse:

— Se eu tivesse que colocar em termos atuais, Fulgorum é um material antigo. Bem antigo, quase tanto quanto o próprio gênese do universo, catorze bilhões de anos atrás. Ele foi utilizado para gerar as armas dos deuses primordiais celestiais, como Urano, Aether, Hemera, dentre outros. A natureza do material permite que a conversão de poder divino nas esferas de influência do céu, como ventos e trovões, seja feita com maior facilidade, gastando menos energia e permitindo que alguém que possua uma arma com este material possa gerar quantidades imensuráveis de poder com um esforço relativamente baixo. Ele é um metal acinzentado, que emite uma aura azulada que parecem pequenos raios. Que eu saiba, atualmente, ele só pode ser encontrado na morada celeste na dimensão luminosa de Aether, o primordial do céu sem limites. Você o desafia, ele lhe passa uma tarefa, na qual se você for aprovado, mostrando-se justo e digno, recebe um pouco dele. Lembro que quando eu era menor, costumava pegar emprestado com meu pai uma quantidade razoável disto. É claro que, nesta época, Aether ainda não tinha acesso a este material, afinal, fui eu quem fez a arma dele… Foi uma tarde divertida, a daquela forja. — ignorando quaisquer reações que os presentes pudessem manifestar, ele continuava a falar, imerso em suas memórias, até que se deu conta que estava contando histórias desnecessárias do passado, mudando seu discurso, para que pudesse então voltar a falar.

— Enfim, a arma deste aí possui um fino fio de Fulgorum em sua composição, mas a forja do item foi tão mal-feita que conseguiram sacrificar qualquer habilidade que ele tivesse com outros aspectos celestes para potencializar um pouco a parte da eletrocinese. Se tivesse sido feita por mim, garanto que isto seria bem diferente. — encerrou ele, coçando o queixo despreocupado.

Ele realmente não tinha idéia do que tinha acabado de falar para estas pessoas? Bem, conhecendo ele como eu fazia, já era de se esperar, mas ainda assim… Com certeza, Ishzark era bastante sem-noção. A reação mais óbvia a estas palavras acometeu a todos os presentes, dos deuses aos servos divinos, como náiades e sátiros que estavam ali próximos, passando até mesmo por alguns meus aliados, que não faziam idéia de quem era o homem na verdade. Um boquiabrir geral, com exclamações de espanto e incredualidade tomou o público em geral, enquanto Nico mais uma vez insistia, questionando novamente:

— Sim, mas quem é você?

Percebendo a gafe que havia cometido ao não solucionar a dúvida do jovem, Ishzark riu, colocando uma das mãos atrás da cabeça.

— Mio errore, erro meu. Mi scuso, me esqueci deste detalhe. Você pode me chamar de Ishzark. Não sou exatamente un dio e com certeza não sou un mortale. Acho que vocês não tem um termo para se referir a mim, a dire la verità… — disse ele, incerto, enquanto eu, já irritado com ele, literalmente “joguei a merda no ventilador”.

— Tem sim. Você é filho dos soberanos da criação. Não um ser criado, mas gerado do ventre de Tehom, tendo Caos como pai.

E o pandemônio estava armado. Se eu tivesse que descrever as reações dos presentes um a um, eu nunca terminaria esta história, então digamos apenas que eles se surpreenderam. Bastante. É sério, tipo, muito mesmo.

P.O.V. Ishzark

A cara das pessoas ali presentes era simplesmente hilária, ao ponto de minha vontade ser lançar-me ao chão e começar a rir descontroladamente. Estavam tão cômicos! Para começar, o soberano dos céus, que havia me desafiado há pouco, dizendo que eu seria enviado para o Tártaro, emudeceu completamente. Quanto a Hades, eu não sabia como a morte havia conseguido ficar ainda mais pálida. Sério, cara. Um solzinho não faz mal a ninguém. Os cabelos de Héstia pegavam fogo pela surpresa, chamas estas que acabaram sendo lançadas sem querer nas vestes de Dionísio, fazendo-o pegar fogo. Haviam outras reações estranhas e cômicas, mas é melhor parar por aí.

Sem suportar o quão estranho estava aquele momento, desatei em risadas, ao passo em que Poseidon sufocava as chamas com uma nuvem de água que sugiu sobre o “deus do vinho”, terminando o incidente com apenas os cabelos e vestes do homem queimados e agora, obviamente, molhados. Apartando uma lágrima de contentamento do canto de meus olhos, respondi a Perseus:

— Filho de Caos e Tehom não é exatamente um termo, mas tudo bem. Acho que, se tivéssemos que dar um nome, eu seria o “Príncipe de toda criação Ishzark”. Nunca pensei bem nisso, para falar a verdade. Todo esse papo de quem é filho de quem é muito chato. Sabe quanto trabalho me deu para decorar toda a nossa árvore genealógica, com os nomes de todos? Imagine se eu tivesse que ficar guardando títulos! Argh, ainda bem que não tenho que mandar presentes de natal para ninguém, seria um inferno. — pensei, pensando no cenário que havia proposto, mas tendo minha mente nublada por uma pergunta.

— Lorde Ishzark. Hã... Como o senhor pode dizer que não é um deus se possui dois pais divinos? — questionou um campista.

— Em primeiro lugar, lorde e senhor você use com seus deuses. Eu odeio esses tratamentos, são extremamente desnecessários. — falei, revirando os olhos, antes de ameaçar — O próximo que usá-los comigo terá sua língua arrancada e enfiada na própria bunda. Depois não digam que eu não avisei. — um sorriso maquiavélico surgiu em minha face com estas palavras, fazendo todos se arrepiarem, antes que eu finalmente respondesse a pergunta — E não. Não sou um deus. O que difere um deus de uma entidade usual é o que chamamos de autoridade divina, que é um poder especial que habita em todas as entidades desta classe e permite a elas obter maior domínio sobre um determinado tipo de técnica. Na verdade, todos os seres que possuem energia divina podem usar todos os tipos de domínio. O que muda com a inserção de um caráter autoritário nisso é exatamente a quantidade de poder divino e a facilidade de manipulá-lo para usar tais técnicas. Para falar a verdade, acho mais fácil um de vocês semideuses aprenderem técnicas fora de suas classes do que um deus. Tendo suas autoridades a seu lado, eles ficaram acostumados a se limitar. Não desejando isso para mim, reneguei o cargo de primordial que me foi oferecido. Talvez seja por isso também que meu nome foi apagado da história, ao invés de simplesmente esconderem a história de minha mãe.

Eu havia ouvido falar, através de Nix, que Perseus estava ensinando os semideuses sobre o poder divino em sua verdadeira forma, mas, pelo visto, as lições dele estavam bastante atrasadas, visto o conhecimento parco que os presentes tinham sobre o assunto. Estalando o pescoço ao movê-lo para o lado, continuei a falar:

— Existem alguns tipos de autoridade divina, para falar a verdade. Vocês mesmo possuem uma, ao menos. Podemos configurar o poder destas em alguns níveis diferentes, que vão desde os primordiais até os legados divinos. Chamamos o poder dos primordiais mais antigos, como Urano, Gaia, Ponto e Érebo de uma autoridade de primeira ordem, o dos primevos da segunda geração como segunda ordem, os titãs como terceira ordem, os olimpianos como quarta ordem e assim sucessivamente. Existe também uma medida de poder divino, ou, como eu prefiro chamar, potencial de ihkor, que é medida em selenis. Consideramos que um seleni é o equivalente ao poder divino mínimo que uma criatura precisa para viver. — expliquei, pacientemente.

— Selenes? Como a antiga deusa da lua? — questionou um campista.

— Selenis, garoto. Com “i”. E sim, é em homenagem a antiga deusa lunar.

— Mas por que da homenagem? — questionou um filho de Atena, que, se não me falhava a memória, pelas histórias que Perseus havia me contado, se chamava Malcolm.

Dando um pequeno sorriso ferino, respondi:

— É bastante simples, na verdade. Quando eu estava criando esse sistema de medidas, precisava de um nome para a energia. Sem idéias em mente, acabei indo dar um passeio e acabei encontrando Selene. Conversa vai, conversa vem… Terminamos na cama. E ela era ó… — falei, fazendo um sinal de “ok” com a mão, usando dois dedos para formar a letra O — uma delícia. Mereceu a homenagem, sabe?

Pude perceber que as caçadoras da atual deusa lunar haviam ficado desconfortáveis com minha forma de falar, bem como a própria. O mesmo valia para alguns campistas, que ficaram encabulados pelo que eu havia dito. Talvez fossem jovens demais para ouvir sobre isso, ainda estando presos pela vergonha que cabia a sua raça.

— Tá bom, Ishzark. Você já contou sua história. Agora me deixe lutar… — disse Percy, tentando me empurrar para a platéia.

— Tudo bem, tudo bem. Não tocarei mais em assuntos “impróprios”, coração puritano. — em seguida, virando-me para a deusa lunar, que sabia estar oculta por sua capa, questionei — Hey Nix. Você está dando um trato nesse idiota aqui? Ele ainda está muito certinho pro meu gosto.

Burburinhos novamente seguiram minha afirmativa, enquanto a senhora da noite parecia querer sumir. Normalmente, isto seria fácil para ela, com um teleporte encoberto pela capa que ela possuía poderia simplesmente sair dali, mas eu não havia deixado a vida dela tão fácil. Bloqueando dimensionalmente a área do coliseu, ela não conseguira realizar seu salto quântico e, muito menos, se encobrir, já que, sendo a pessoa que também havia criado o item dela, eu sabia facilmente reverter o processo de seu efeito especial. Restou a ela apenas o rubor. Sim, Nix era uma deusa que gostava de se relacionar, mas era extremamente cuidadosa na escolha de seus parceiros e, mais do que isso, no modo como se encontrava com eles. No fim das contas, no que dizia respeito a ela em meio a uma multidão, a primordial era bastante recatada. Antes que ela pudesse explodir do tanto que seu sangue parecia se concentrar na face feminina para ruborizá-la, deixei-a escapar, terminando meu discurso com um lamento:

— Ah, ela escapou. Que peninha. Mas enfim, antes que esse moleque aqui queira me matar, deixe-me terminar logo o que ia falar. Um seleni é a quantidade de poder necessária para qualquer ser vivente existir. Um ser humano mortal, por exemplo, possui entre dez e trinta seleni de poder divino. Os que conseguem enxergar na névoa um pouco mais do que isso, podendo ir até uns cinquenta. Eu poderia ficar aqui mostrando vários diagramas e tabelas para vocês, e, quer saber, acho que vou. — disse, com certa animação, sendo interrompido bruscamente por Zeus.

— Já chega! Você está atrasando o cronograma! Era para estar acontecendo uma luta, não uma aula!

Ele não sabia o que havia falado, coitado. Iniciando uma curta, mas divertida risada, respondi:

— Tudo bem. Se é uma luta que você deseja, eu posso deixar para depois a minha aula.

Aliviado, Perseus cortou o senhor dos céus:

— Que bom. Então saia daí, por favor. Só eu e Ártemis devemos ficar aqui na arena.

Virando meus olhos para o Zeus mais uma vez, entoei, olhando em seus olhos:

— Eu disse que haveria uma luta, nunca disse que seria a prevista em seu cronograma, ragazzo. Se Zeus quer uma luta, ele terá uma. Contra mim.

Os olhos dos presentes se arregalaram com minha afirmativa, enquanto, sem retirar o contentamento de minha expressão, estalei os dedos, fazendo uma densa camada de poder se espalhar em um perfeito círculo como se houvesse explodido por uma potente bomba que me tinha como epicentro. Movendo meus dedos em um chamado provocativo, comentei:

— Pode usar seu poder total. Eu e você estamos agora em uma outra dimensão, com um plano de realidade sobreposto a esse. Todos poderão nos ver, mas não poderemos atingí-los de qualquer forma, não importa o quanto usemos de energia. Acho que é hora desses meninos e meninas vislumbrarem qual é o verdadeiro poder daqueles por quem eles lutam. Podemos escolher quem vai ser o juiz da próxima luta também por esta pequena brincadeira.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então é isso, pessoal. Mais um capítulo postado. Não houve, de fato, muita ação nesse, mas pessoalmente eu acho o Ishzark um personagem muito divertido de se escrever. Para aqueles que estão ansiosos pela parte do romance e de uma maior interação do Percy com os personagens antigos, se mostrando mais como ele é, a hora de vocês está chegando, não larguem a fic por isso! O que acharam do Ishzark? O que esperam da luta dele com Zeus? E a surpresa de quem ele realmente é? Não era um semideus traído como Percy (=O)! Bem, dito tudo isso, resta o que? É claro, resta o habitual e mais do que conhecido:

Se gostaram, por favor, comentem. Se realmente gostaram, indiquem aos amigos, adicionem aos favoritos e, se possível, recomendem. Até a próxima!