Literally Falling From A Parachute escrita por Paul Everett


Capítulo 46
Capítulo 46: Biscoitos e café


Notas iniciais do capítulo

Atualização! Antes de tudo, quero dizer que houve modificações. Como saiu algumas coisas para a sexta temporada de Glee, mudei o nome da mãe do Blaine. Agora será Pam, assim como na série. O nome do pai continua o mesmo, se o nome for dito na série, talvez eu não mude, mas enfim... Boa leitura!



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O frio de dezembro estava congelante, mas quem disse que isso deixaria Blaine e Zyon em casa? Pelo menos Blaine, pois Zyon não tinha muita opção. O husky choramingou saindo do apartamento enquanto era observado por Simon, o gato estava em cima do sofá, totalmente indiferente. Blaine vestia roupas leves para uma manhã fria como aquele. Ele fechou a porta do apartamento e guardou as chaves no bolso, puxou levemente a coleira de Zyon, tentando incentivar o cachorro. Eles estavam indo em direção ao Central Park, Blaine sabia que Zyon amava aquele lugar e achou uma boa ideia. O moreno tentou animar o cachorro com uma caminhada mais rápida, aos poucos Zyon foi pegando o ritmo do dono.

Quando Blaine contou sobre as corridas que planejada, Kurt não entendeu porque o namorado tinha esperado o inverno para começar suas caminhadas. Estranhou, pois Blaine sempre recusava participar das suas caminhadas com Quinn. Mas não disse nada, apenas concordou e pediu para que ele tomasse cuidado para não pegar uma gripe.

Blaine estava atravessando a ponte quando ouviu seu nome ser chamado. Zyon latiu chamando a atenção do dono.

— Blaine?

Tina sorriu timidamente ao encontrar Blaine. Os passos do moreno diminuíram enquanto a asiática se aproximava junto a um rapaz alto.

— Blaine! Quanto tempo!

— S-sim... Faz meses que eu não te vejo...

— Você sumiu. — Tina disse. Blaine corou, apertando a guia de Zyon entre seus dedos. — Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

— Não. — Blaine franziu a testa. — Eu estou bem.

— Mesmo? Não tive mais notícias suas depois que saiu de NYU, nem mesmo Cooper me ligou e não quis ser intrometida ao ponto de ligar para vocês. O Sr. Hummel não mencionou nada de você e a senhorita Fabray se transferiu.

— Está tudo bem, Tina. Só houve algumas mudanças, coisas boas. — Blaine sorriu nervoso.

— Só sabia que podia ter ligado pra mim...

— Tina, você está sufocando o cara.

Blaine olhou curioso em direção ao rapaz alto. Ele tinha os cabelos escuros e espetados, os olhos levemente puxados, iguais aos de Tina. Também deveria ser asiático, pensou Blaine. O asiático riu com a expressão emburrada no rosto da outra.

— Desculpa por ela, às vezes passa dos limites. — Ele sorriu e estendeu a mão para Blaine. — Eu sou o Mike.

— Oh... Blaine. Você é o Mike. — Blaine ergueu as sobrancelhas, surpreso. Ele olhou para Tina e voltou para Mike. — Então você é o Mike?

— Sim. Tina comentou alguma coisa sobre mim? — Mike brincou quando Blaine apertou sua mão.

— Ela... Disse... Que você é um cara legal. — Blaine sorriu.

— Sou é? — Mike cutucou Tina, que revirou os olhos. Blaine observou os dois com um sorriso nos lábios. — Ela também disse que você é um cara legal, me contou bastante sobre você. Sobre a síndrome e as coisas que aconteceu...

— Mike!

— Está tudo bem! Quase todos já sabem disso mesmo... Eu não me importo. — Blaine deu de ombros. Tina parecia surpresa pela forma que o moreno levou aquela conversa. — Eu tenho feito tratamento e tem me ajudado bastante. Dr. Martin deixa as coisas mais fáceis e Henry também... Ele é um polvo bacana...

— Espera, ele tem um polvo?

— Sim, mas ele é de crochê... É do filho do doutor. Seu nome era Cabeção antes até ser Henry.

Tina riu baixinho enquanto Mike parecia ter se perdido naquela conversa.

— As coisas melhoraram bastante desde que saí de NYU. — Blaine afagou a cabeça de Zyon, que estava sentado sobre suas patas. — Eu tenho ótimos amigos para me ajudar.

— Ele é seu? — Tina estendeu a mão para acariciar o cachorro. Blaine assentiu ao ver Zyon ser paparicado. — Ele é lindo e tão manso! Qual o nome dele?

— Zyon... Também tenho um gato chamado Simon que ficou no apartamento...

— Você e seu amor por desenhos. — Tina revirou os olhos.

— Ele é incrível aguentando todo esse frio, na verdade, vocês dois são. — Mike disse, observando as roupas de Blaine. — Sempre quis ter alguns animais, mas os dormitórios da Julliard não permitem.

— Pretendo adotar mais agora que moro num apartamento maior... Quero aumentar a família!

— Nossa! Como Cooper aceitou os animais? — Tina perguntou.

— Ele não aceitou.

— Então como...

— Não moro com Cooper... E-eu... Tenho... — Blaine gaguejou.

— Morado com o professor Hummel. — Tina completou. Ela não parecia nem um pouco surpresa, mas ainda sim não imaginava. — Agora que vi você... Ele carrega o mesmo anel que você tem no pescoço.

— Oh...

A mão de Blaine buscou o anel vermelho na corrente de prata ao redor do pescoço, sem tirar os olhos de Tina. Mike havia se afastado para atender uma ligação, deixando que os dois sozinhos. Ele sabia dos sentimentos que a amiga tinha pelo moreno, ouviu todas as preocupações dela totalmente calado. Ele deveria estar feliz ao saber que Tina não teria chances com o outro, mas estava triste pela amiga. Ele a queria feliz.

— Eu pensei que tudo tinha acabado quando seu pai apareceu...

— Eu também. — Blaine murmurou. — Parecia que tudo ia... Acabar... Mas eu fui contra a vontade do meu pai e escolhi ficar com Kurt.

— E Cooper?

— Também ficou. E-ele apoia nosso namoro, às vezes quer opinar aqui e ali, mas quer apenas o nosso bem. — Blaine começou a caminhar e Tina seguiu, igualmente a Zyon. — Kurt tem sido tudo para mim. Um amigo, um companheiro, um professor... Se não fosse ele, talvez ainda estivesse nas garras do meu pai ou em NYU.

— Eu gostava de você em NYU, era um bom amigo. — Tina sorriu.

— Eu não sou um bom amigo, não para você. — Blaine suspirou. — Eu poderia ter te ligado e contado tudo...

— Não, Blaine, você não precisava! — Tina interrompeu o moreno. — Eu estava errada ao querer me meter em um assunto de vocês. Eu queria tanto que o seu amor fosse por mim, eu deveria ter te ajudado, mas fiz ao contrário... Desculpa-me.

— Tudo bem, Tina... Já passou. — Blaine engasgou-se quando foi puxado para um abraço apertado. Ele retribuiu meio desajeitado e parou ao ver Mike observando-os de longe. — Somos amigos, certo?

— Sim! Ah meu Deus, eu estou tão feliz! — Tina bateu palmas, animada. — Será que Kurt...

— Fica tranquila! Tenho certeza que Kurt vai amar saber que nos encontramos. — Blaine disse. Tina pareceu acreditar naquilo e Blaine também. — Quer ir tomar chocolate quente e comer biscoitos? Conheço um ótimo lugar para isso.

— Sim, nosso amigo aqui parece com fome. — Tina comentou e Zyon latiu fazendo os dois rirem. — Mike vai adorar.

— Tina... Hm... Como vai você dois? — Blaine mordeu o lábio.

— Estamos indo como amigos... Ele sabe sobre tudo e me pareceu tranquilo. Você pode confiar nele...

Blaine assentiu, caminhando em direção ao asiático. Ele convidou o asiático para tomar um café e comentou o quão bom era os biscoitos do lugar, Mike aceitou e compartilhou sua paixão com biscoitos para o moreno. Então os olhos castanhos brilharam com a afirmação, Tina riu com saudade.

***

Uma reunião sobre o livro era a desculpa que Kurt tinha inventado para Blaine não desconfiar da sua saída. Claro, ele sabia que o moreno jamais desconfiaria dele, mas queria ter certeza. Ele tinha deixado o moreno dormindo quando saiu, mas sabia que Blaine ficaria em casa por pouco tempo. Ninguém estava ciente daquele encontro, nem mesmo Cooper. Kurt não sabia do que esperar com aquela conversa, ele queria ouvir e entender. Queria poder achar uma solução para o bem de Blaine.

Kurt olhou para o relógio no pulso após bebericar sua xícara de café. Talvez tivesse chegado cedo demais, ele suspirou e ouviu a porta ser aberta. Pam vestia um casaco grosso e óculos escuros cobrindo suas olheiras. A mulher veio em sua direção e sentou na sua frente.

— Você realmente veio. — Pam soltou o ar que prendia. Ela retirou os óculos e buscou a mão de Kurt sobre a mesa para apertar. — Obrigada.

— Não tem porque me agradecer, eu disse que vinha. — Kurt puxou sua mão, cruzando os braços. A mulher assentiu sem jeito. — Sra. Anderson...

— Pam, por favor.

— Tudo bem, Pam... — Kurt disse e Pam sorriu levemente. — Antes de tudo quero pedir desculpa pela forma rude que agi na primeira vez que nos encontramos. Eu não costumo ser assim, mas quando se trata de defender Blaine é outra história.

— Eu entendo completamente a sua reação... Eu quero o melhor para o meu filho. Eu sinto que perdi tanto dele, assim como Cooper. Ele diz confiar em mim, mas sei que desconfia um pouco.

— Tem como não desconfiar? — Kurt deixou escapar e Pam sorriu tristemente. — Você esteve todo esse tempo sob o casco de Walter e agora decide lutar pelos seus filhos. Isso é duvidoso. É como se Walter estivesse armando alguma coisa...

— O que eu estou fazendo?

Ambos se viraram para encontrar o Anderson mais velho. Só podia ser algum tipo de brincadeira sem graça. Walter estava bem ali, vestindo uma camisa social totalmente amassada com os primeiros botões abertos. Sua barba estava por fazer e a única coisa mais ou menos era seu cabelo para trás.

— O que você está fazendo aqui Walter? — Pam perguntou surpresa. Kurt não parece muito diferente mulher.

— Vim atrás de você, querida. — Walter estava sorrindo, esperançoso, em direção de Pam. A mulher parecia confusa com sua presença. — Mas eu vejo sua companhia.

— Vocês não estão juntos nessa, certo? Como eu pude cair nessa. — Kurt suspirou.

— Não, eu não estou com Walter. — Pam olhou brevemente para Walter e voltou para Kurt. Seu olhar era desesperado. — Eu quero ficar em paz com os meus filhos.

— Você acha que eu não? — Walter exclamou. Algumas pessoas começaram a cochichar sobre eles. Pam arregalou os olhos e puxou para sentar ao seu lado num baque surdo. — Eu também quero meus filhos de volta.

— Não parece! — Pam murmurou, massageando as têmporas. — Você estava bebendo? Está fedendo a bebida alcoólica.

— Eu não tenho feito outra coisa sem você, Pam. Volte para casa, por favor... Eu não sou o mesmo sem você... Minhas roupas vivem amassadas, eu não sei onde encontrar as coisas na nossa casa. Soube que tinha ido atrás de nossos filhos e peguei o primeiro voo pra cá. — Walter disse, olhando nos olhos da esposa. Kurt reparou na expressão do mais velho, ele parecia tão derrotado, não lembrava nem um pouco quando apareceu pela primeira vez. — Eu segui você até aqui e percebi que seria um bom lugar para conversamos e nos reconciliarmos.

— Reconciliarmos, Walter, por favor...

— Eu sei que errei, mas errar é humano, certo? Eu só quero a nossa família de volta.

— Então pare com essa tolice, homem! Aceite eles do jeito que são. O tempo muda. As coisas mudam...

— Eu não tenho culpa! Esse homem que destruiu tudo. — Walter apontou em direção de Kurt. — Ele levou nossos filhos para o pecado, Pam.

— Eu? Você mesmo destrói sua família e a culpa é minha? Ah, meu Deus. — Kurt estava prevendo uma dor de cabeça. Ele podia ver a confusão no rosto de Pam. Estava claro que a mulher queria correr para os braços do marido, mas algo lhe impedia. — Eu não influenciei Blaine, muito menos Cooper... Eles são grandinhos demais para receber ordens de alguém.

— Mas somos os seus pais!

— Quando? Quando vocês foram os pais deles? — Kurt perguntou.

— Os criamos, demos comida, roupa e nada faltou para aqueles dois. E agora, recebemos esse tratamento...

— Fomos pais horríveis, Walter. — Pam disse, chamando a atenção dos dois. — Passávamos mais tempo trabalhando e brigando do que cuidando dos nossos filhos. Os dois acabaram se unindo, lembro-me de Cooper sempre defendia Blaine e o levava para passear.

— Cooper protegeu muito aquele menino. — Walter revirou os olhos, cruzando os braços. — Você tem... Quantos anos?

— Vinte e cinco anos.

— Oh... Um pouco mais velho, mas Blaine precisa ser responsável por si mesmo, não estou pagando o apartamento ou o seguro de vida mais. — Walter afirmou. — Então ele vai precisar deixar aquele trabalho ridículo e ter um emprego real, e, provavelmente, mudar para um apartamento mais barato.

— O trabalho de Blaine é maravilhoso. — Kurt manteve a calma. — E ele não precisa mudar.

Kurt bebericou seu último gole de café e limpou os lábios com o guardanapo. Pam ergueu as sobrancelhas para Kurt.

— Eu vou dizer a você um pouco sobre Blaine, que ele está com muito medo... Ou muito atrofiado, ou o que quer que seja.

Ele não queria que Pam derramasse os segredos mais profundos de Blaine sem o consentimento de Blaine. Kurt assentiu com a cabeça ligeiramente. Podia-se ver a ansiedade e o medo naqueles olhos azuis, mas havia confiança também.

— Quando Blaine tinha onze anos — Pam começou imediatamente. — A escola interna me ligou e disse que ele estava tendo problemas. Ele não estava cooperando. Ele não estava se dando bem com as outras crianças. Eu não sabia o que fazer, não era a primeira que algo assim acontecia... Recusamos ir buscá-lo.

Kurt engoliu em seco e ouviu atentamente.

— Então, em uma semana depois, eles chamaram novamente e disseram que ele tinha fugido. Ele tinha ido embora há três dias, e ele não tinha levado nada com ele, exceto um caderno velho de desenhos que ele costumava ter — Pam franziu a testa. — Ele não comia nada, ele bebeu água de algumas fontes sujas e dormiu na rua. Quando encontramos, ele se recusou a falar. Ele não disse uma palavra. Eu só não sei como... Eu não o conhecia.

Kurt manteve sua mandíbula apertada para não chorar. Como Blaine tinha ficado sem comida por três dias, ele não sabia, mas estava perturbando sua mente. Ele olhou para o pacote com alguns biscoitos de chocolate na mesa.

— De qualquer forma, o tempo passou, mas eu percebi como... — Walter continuou pela esposa. — Ele não é normal. E eu só fiz o melhor que podia. Ele iria fugir novamente quando ele deveria estar estudando, ou eu iria encontrá-lo no quintal do vizinho, brincando com seus cães. Ele dizia coisas estranhas, fazia coisas estranhas, recusou ver o terapeuta. Ele apenas durou tanto tempo. Ele nunca mudou.

Walter respirou fundo e olhou duramente nos olhos de Kurt.

— O encontrei chorando em um banco numa praça perto da nossa casa ao invés de ter ido receber suas admissões para as universidades. Eu o fiz ser aceito em NYU, ele só se recusava a mudar. Ele não podia passar o resto da sua vida brincando com cães, ele precisava acordar e encontrar um emprego em algum lugar que não vai se importar que ele seja socialmente... Retardado.

Oh não, ele não fez isso.

— Por falta de uma palavra melhor. — Walter completou antes que Kurt lançasse a mesa de café. — Blaine tinha dezoito e não iria deixar nossa casa. Ele não podia falar. Ele precisa tomar medicação e começar a viver no mundo real.

— Eu não-eu não sei como você pode dizer isso. — Kurt disse, incrédulo, olhando para Walter. — Ele conseguiu um emprego nesta grande cidade assustadora, fazendo o que ama. E ele tem amigos que se preocupam com ele, e ele está ficando melhor com as pessoas. E ele, ele me fez ficar apaixonado por ele em algum lugar entre os biscoitos e animais.

Kurt não sabia o que ele estava dizendo. Seu filtro era em um bom dia. E este não era um bom dia.

— Eu estou tentando trazê-lo para uma vida real. — Walter interrompeu. O que provavelmente era o melhor. — Ele não vai ser capaz de suportar este lugar, e você pode ser uma influência para ele...

— Oh... — Kurt deixou escapar, enrijecendo. — Eu não sou ruim para ele. E ele sabe, ele sabe que está tentando.

— Blaine é um garoto brilhante. — Walter afirmou. — Mas ele precisa da medicação. Sem ela, ele é inútil.

— Walter...

— Você vem comigo, Pam?

— Eu não-eu não consigo. — Pam respondeu, sem olhar para o outro.

Walter levantou-se e caminhou até a saída antes de Kurt lhe acertar com sua xícara de café. Kurt olhou rapidamente para Pam no outro lado da mesa, a mulher enxugava as lágrimas. O professor saltou para fora da mesa para seguir Walter.

Não tão rápido.

— Espere. — Kurt disse em voz alta. Walter virou-se e levantou as sobrancelhas. — Eu não sei você, Walter, mas... Você tomou Blaine quando ele era uma criança, por isso não esperava nada melhor do que isso vindo de você. — Kurt disse humilde. — Blaine é o mais doce homem de bom coração que eu já conheci. Apesar de você. Eu não sei por que você não pode ver que ele é perfeito como é, mas você precisa deixá-lo sozinho, porque você é uma influência horrível.

Kurt estava preste a voltar para Pam, mas ele fez uma pausa. Ele suavizou seu olhar apenas ligeiramente e olhou nos olhos castanhos de Walter.

— Obrigado... Por... Trazer Blaine para mim.

Walter olhou por um momento, depois assentiu brevemente e saiu pela porta da frente.

***

— Melhor, Sra. Anderson?

— Oh Deus, não me chame assim. — Pam gemeu, bebericando seu chá. Eles ainda estavam na cafeteria, a tensão havia diminuído e xícara de Kurt estava cheia novamente. — Você não precisava ter ficado esse tempo todo comigo. Tenho certeza que tem coisas importantes para fazer.

— Sim, na verdade, tenho que fazer o almoço antes que Blaine coma todos os biscoitos do estoque. — Kurt revirou os olhos, sorrindo. Ele ouviu a leve risada da mãe do namorado. A mulher tinha um olhar triste no rosto que apertava o peito de Kurt. — Você está ficando em que lugar?

— Estou no apartamento com Cooper. — Pam respondeu. Seu filho mais velho havia oferecido o antigo quarto de Blaine enquanto estivesse em NYC. — Cooper é tão ocupado... Eu não entendo como ele conseguia tomar conta de Blaine.

— Eles davam um jeito. — Kurt sorriu. — Cooper sempre foi protetor com Blaine desde que o conheci. Teve alguns problemas em NYU e ele sempre corria para ver como estava o irmão.

— Problemas? Walter não me contava muito sobre como estava as coisas por aqui. Então foi uma surpresa pra mim ao saber de você... Vocês. — Pam quebrou um pedaço do seu biscoito e o mordeu. — Isso é bom...

— Blaine que fez.

— Blaine? Eu pensei que fosse daqui mesmo. — Pam olhou para os biscoitos no balcão da cafeteria. Não, não parecia nem um pouco com aquele que estava comendo. — Eu não sabia que Blaine era bom na cozinha.

— Ele costuma ser bom com doces e em outras coisas. — Kurt riu levemente. Pam assentiu em silêncio dando mais uma mordida no biscoito. — Ele também é bom com planta e flores, trabalha numa floricultura com alguns amigos e tem tempo livre para ajudar os animais. Temos dois animais.

— Dois? Nossa... Como conseguem?

— Blaine é mais dono deles do que eu mesmo. Ele cuida, dá carinho e algumas massas cruas de biscoitos. — Kurt sorriu e Pam franziu a testa. — Temos um gato e um cachorro. Simon e Zyon são melhores amigos, apesar de Simon ser indiferente.

— Blaine sempre gostou de animais, mas Walter nunca quis ter um.

Kurt observou atentamente a mulher a sua frente. Walter sempre censurou os garotos e até mesmo Pam, sua própria esposa. Ele nunca conseguiria ter uma vida assim, Burt sempre lhe deu tanta liberdade e sempre esteve ao seu lado mesmo com a ausência de outras coisas.

— Walter sempre foi assim? Tão amargo e fechado.

— Não... Quando éramos jovens, Walter trabalhava para o meu pai, os dois se davam bem. Walter costumava aparecer na casa dos meus pais e conversamos horas sobre tudo e ao mesmo tempo sobre nada. Ele era tão gentil, carinhoso comigo e me deixava tão confortável. Então eu acabei me apaixonando por ele. — Pam sorriu, em seguida soltou um suspiro. — Nós nos casamos, tivemos Cooper e logo em seguida Blaine. Quando meu pai faleceu, Walter tomou conta dos negócios. Aquele dinheiro começou a mexer com a cabeça dele. Ele acabou torrando tudo em bebidas e jogos...

— Cooper me contou que ele é promotor da cidade. — Kurt disse.

— Sim... Ele sempre foi um homem bom, mas tantas coisas mudaram... Eu não sei como as coisas estão na cidade agora. — Pam pôs o rosto entre as mãos. Kurt tirou um lenço do bolso e estendeu para a mulher, que aceitou enxugando as lágrimas. — Ele parecia tão desesperado... Tão magro e destruído... Ela parecia tão perdido. O que você acha?

— Ele precisa de ajuda. — Kurt respondeu.

— Você acha que... Eu devia voltar para ele? — Pam perguntou. Kurt bebericou seu café ouvindo a mulher. — Ele precisa da minha ajuda...

— Não. — Kurt a cortou. — Ele precisa ajudar a si mesmo. Precisa de ajuda com o alcoolismo, ele precisa de apoio. Eu não me importo se ele aprovar ou não meu relacionamento com Blaine. Eu só não quero ninguém saindo machucado dessa situação. Blaine já se machucou muito. Walter já me mostrou diversas vezes o que é capaz de fazer, mas eu não tenho medo dele. Assim como ele pode não gostar das mudanças que eu trouxe, ele também pode nos deixar em paz.

— Eu quero que ele mude, quero que pense mais sobre nossa família, Kurt. — Pam murmurou. — Ele é o meu marido. Apesar de tudo, eu ainda o amo.

— Eu não posso fazer nada. — Kurt levantou as mãos. Pam suspirou e sentiu uma mão sobre a sua na mesa. — Quem decide mudar é ele. Se ele realmente quiser sua família, ele vai. Caso não, paciência. Você devia levantar a cabeça e ver quantas coisas pode fazer sem ele. Viva um pouco, aproveite.

— Obrigada, Kurt. — Pam deu um sorriso aguado. Kurt apenas assentiu e sorriu, apertando a mão da mulher. — Talvez eu fique um pouco em Nova York, estou gostando daqui.

— Tenho certeza que vai gostar ainda mais se ir mais fundo nessa viagem. Aproveite para visitar a cidade! Cooper pode ser seu guia ou até mesmo eu posso apresentar alguns lugares. — Kurt disse.

— Eu não sei como agradecer.

— Está tudo bem, Pam.

— E Blaine? Você vai dizer para ele sobre mim?

— Eu vou conversar com Blaine sobre você, eu vou ajudá-la.

— Obrigada, Kurt. — Pam levantou da cadeira e avançou sobre o outro. Kurt levou um susto, retribuindo o abraço ainda sentado. — Obrigada!

Kurt fechou os olhos e deixou o sorriso tomar conta do seu rosto. Ele esperava que estivesse fazendo a decisão certa.


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Notas finais do capítulo

Drama sempre é bom, gente.

Quero agradecer os comentários, favoritos e todas as recomendações. Estamos no capítulo 46, sei que algumas já deixaram a fanfic e outras continuam aqui, quero agradecer a todos. Teremos mais sobre Blaine e sua mãe nos próximos capítulos.Sim, este é o último capítulo de 2014 Não tive como desejar Natal para todos os leitores, mas agora tenho a oportunidade pro Ano Nova. Desejo um ótimo começo de 2015 para todos, divirtam-se bastante e tentem maneirar nas bebidas. Até ano que vem! :D