Literally Falling From A Parachute escrita por Paul Everett


Capítulo 42
Capítulo 42: Olá e até breve


Notas iniciais do capítulo

Atualização!

Minha internet está frescando esses dias! Ainda não sei como consegui postar esse capítulo. Quero agradecer os comentários, ainda não respondi, porque a internet não facilita nada, mas responderei quando conseguir. A música do capítulo é Hello, I'm in Delaware, do City and Colour. Espero que gostem e boa leitura.



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— Ok, Blaine, vamos jogar um jogo. — Dr. Martin declarou, inclinando-se para frente para que os cotovelos descansassem em sua mesa.

Blaine afundou-se na cadeira e observou com os olhos brilhantes.

— Bem, não é um jogo, mais como um exercício. — Joseph sorriu quando viu o rosto de Blaine cair um pouco. — Mas, eu tenho um recipiente de biscoitos que minha esposa fez que eu vou dar para você e Kurt, se você tentar o seu melhor.

Kurt riu da expressão determinada de Blaine. Sim, ele daria o seu melhor.

— Hoje nós vamos manter o contato com os olhos e a fala suave, certo? Vou dizer um pequeno truque para ajudá-lo quando falar com estranhos. Chamarei minha recepcionista e vamos experimentá-la.

Blaine mordeu o lábio, mas assentiu. Kurt observou-o com orgulho. Algumas pessoas podem chamar isso uma perda de tempo, mas Blaine estava realmente tentando melhorar suas habilidades sociais. Além disso, nada que lhe dar biscoitos como recompensa foi uma perda de tempo. Nada.

Joseph virou-se e dirigiu uma pergunta para Kurt:

— Blaine não tem nenhum problema ao olhar nos seus olhos, Kurt. Por que você acha disso? Por que é tão difícil para ele manter o contato visual com os outros?

Deus, Kurt não sabia. Ele sabia por que ele olhou nos olhos de Blaine, porque eram como esferas brilhantes de felicidade e amor e ele simplesmente não conseguia desviar o olhar. Ele poderia dizer que Blaine estava sentindo-o através de seus olhos. Kurt fez contato visual com todo mundo, exceto quando as pessoas estavam comendo picolés e ou bananas, porque isso era errado e constrangedor.

— Eu amo Kurt. Eu amo seus olhos. — Blaine deixou escapar, enquanto Kurt estava imerso em seus pensamentos sobre tudo o que havia de errado com cachorros-quentes.

— Mas você não me ama, e você está começando a manter contato com os olhos um pouco melhor comigo também.

Blaine franziu a testa e olhou para o polvo no colo.

— Eu acho que é... Confiança. — Kurt interrompeu. — Ele leva um tempo para confiar nas pessoas, mas, em seguida, ele vai nos mostrar aqueles olhos lindos e...

Blaine corou e assentiu com a cabeça.

— Eu não... Eu sinto que as pessoas estão olhando para a minha... Alma? Eu acho. Como se pudessem ver...

— Tudo. — Joseph completou. — Tudo bem. Que tal aquela gagueira que vem junto quando você está animado ou nervoso? Sinto que você é incapaz de mentir ou manter as coisas para si. Tudo, incluindo os pequenos tiques nervosos, se manifesta automaticamente. O que você acha?

Blaine olhou para Kurt incerto e Kurt pegou a mão dele. Ele, na verdade, completamente concordou, mas esperou para ver o que Blaine diria. Blaine era uma bola gigante de honestidade inadvertida.

— Hum... Eu não minto. Isso é... Ruim.

Kurt sorriu e puxou a mão de Blaine para cima para beijá-la. Sim. Mentir era ruim. Blaine estava totalmente certo.

— É ruim. — Joseph concordou com sorriso, virando-se para Kurt. — Kurt, o que você acha que passa pela cabeça de Blaine quando ele atropela as palavras?

Kurt sabia. Ele sentia como se soubesse exatamente o que estava passando pela cabeça de Blaine, e ele sorriu para o moreno antes de responder.

— Quando ele está excitado, ele gagueja, porque há tanta coisa para dizer, que ele não pode dizer rápido o suficiente. E então, quando ele está nervoso, eu acho, Blaine, que você tenta por o que você quer dizer para fora tão rápido quanto você pode, por isso é como se você estivesse falando... Menos. — Kurt olhou para o médico incerto. Será que isso fazia algum sentido?

— Eu acho que você acertou o que se passa na cabeça dele, Kurt. — Joseph afirmou. — Agora, Blaine, eu tenho um truque que eu dou a todos os meus pacientes que lidam com a ansiedade em situações sociais. Nós queremos que você pense em imagens, que você já viu. Mantenha o contato visual, mas não se concentre no que está vendo. Concentre-se no que você está dizendo, em vez da imagem. Acho que no seu caso, pode ajudar a retardar o seu discurso quando você começar a falar um pouco rápido.

— Pensar em imagens. — Blaine repetiu.

— Pense em imagens. Para você talvez animais. Livros... Você está pronto para o teste?

Kurt sorriu para quando Blaine se virou para olhar para ele, e Blaine assentiu rapidamente.

— Sim! Eu posso fazer isso.

Quando Dr. Martin saiu da sala, Kurt inclinou-se sobre a diferença entre as cadeiras para despentear o cabelo de Blaine, rindo quando Blaine arrumou rapidamente. Joseph voltou com Isabela, a recepcionista, ela e Blaine sentaram no sofá, e Joseph tomou o lugar agora vazio ao lado de Kurt. Isabela cumprimentou Blaine calorosamente e Blaine deu um sorriso tímido.  Kurt observou os olhos de Blaine piscar repetidamente dos olhos de Isabela para seu colar. Isto tinha de ser a maneira mais embaraçosa para ter uma conversa. Sério. Kurt não conseguia pensar em uma situação mais difícil no momento.

Joseph ficou ali sentado calmamente, cruzando as pernas e olhando com expectativa para os dois no sofá. Kurt quase invadiu a conversa de tão tranquila.

— Blaine, eu soube que você trabalha em uma floricultura. Isso deve ser divertido! — Isabela começou.

Oh, Deus, por fim. Alguém está falando.

— Sim. — Blaine assentiu com a cabeça, esfregando as mãos ao longo de seus jeans. — Hm, eu fi-fico cuidando das flores. E as rego. Meu chefe diz que tenho jeito para cuidar delas... Ou algo assim. Eu gosto de animais também! Tenho um gato, mas nenhum cachorro ou coelho.

Kurt sorriu com carinho para seu namorado. Os olhos de Blaine estavam se movendo lentamente agora. Eles não estavam fixos em Isabela, mas eles não estavam piscando loucamente em torno de qualquer um.

— Eu costumada ter um coelho. — Isabela disse. — Seu nome era Nevado.

— Ele era branco? — Blaine perguntou, olhando para um ponto acima da cabeça de Isabela, em seguida, deixando o olhar cair mais um pouco.

— Ele era totalmente preto. Meu irmão estava tentando ser irônico quando o nomeou.

— Meu gato é laranja. — Blaine afirmou.

Kurt estreitou os olhos. Sim, era laranja, mas preto para o diabo dentro dele, mascarado por sua fofura angelical.

— Eu vou ter ir para um pet shop em algum momento. Você vai para o zoológico?

Para Kurt, esta conversa parecia estar ocorrendo entre duas crianças. Mas Blaine estava fazendo contato visual, provavelmente imaginando coelhinhos fofos ou algo assim. Deus, olha aqueles olhos lindos... Kurt sorriu. Esse era o seu homem.

— Eu gosto de girafas e ursos. — Ele afirmou.

— Meu animal favorito são as zebras.

Kurt observou Blaine começar a balançar para trás e para frente em seu assento. Seu namorado tomou algumas respirações e piscou exageradamente algumas vezes, como se estivesse mudando as imagens em sua cabeça.

— Eu amo elas também. — Blaine respondeu.

— Sério? — Isabela disse. — Eu morava em Honolulu, no Havaí, que é onde eu as vi pela primeira vez quando eu era criança. No zoológico de lá.

Os olhos de Blaine se iluminaram ainda mais.

— Sério? E-eu... Nós... Fomos. — Blaine parou e respirou fundo antes de continuar. — Numa folga nossa, fomos ao zoológico do Central Park. Mas eles não têm zebras.

— Não, não tem. Eu não sei se você foi para o Jardim Zoológico do Bronx, mas eles têm lá. E elefantes também.

Os olhos de Blaine se arregalaram e ele virou a cabeça para Kurt. Kurt tentou o melhor para conter a gargalhada, pois, Deus, seu namorado parecia que tinha quatro anos de idade. Kurt apenas assentiu com a cabeça. Ele sabia que ia ser arrastado para esse maldito zoológico em breve.

— Obrigado por me dizer. — Blaine disse sério, olhando nos olhos de Isabela.

— Não tem problema! Vocês dois deveriam ir algum dia. Vocês fazem um casal muito bonito. — Isabela sorriu calorosamente para ele.

Blaine sorriu para Kurt. Deus, ele amava Kurt.

Quando Isabela saiu, Blaine deu-lhe um abraço espontâneo. Provavelmente, por apresentá-los a novos mamíferos gigantes para ir visitar. Kurt lhe deu um abraço também, porque ela sempre lhes dava alguns doces enquanto eles esperavam na recepção.

— Blaine, você foi maravilhoso hoje. — Joseph comentou.

Kurt concordou com a cabeça, sorrindo para seu namorado com orgulho. Sim, o garoto de Kurt era um profissional em pensar em imagens. Melhor do que todos os outros. Ele era simplesmente fantástico. Blaine corou e sorriu.

— Eu gostaria que você se concentrasse no que fizemos hoje para esta semana, ok? E então para as próximas sessões, eu gostaria que viesse sozinho. Vamos falar um pouco sobre o seu passado e se aproximar da raiz dos seus problemas, acho que pode haver coisas que você precisa lidar sozinho antes de trazer Kurt inteiramente. Você acha que está confortável o suficiente comigo para fazer isso?

— Eu ainda posso... Ainda posso falar com Kurt sobre as coisas que você diz, certo? Eu quero ter toda certeza que estou bem para que eu possa ser bom para ele. — Blaine disse sério.

Ali, bem ali. Misturado com toda ingenuidade inocente e, com a alegria da juventude, era um adulto racional capaz de manter um relacionamento saudável. Deus, Kurt estava prestes a chorar.

— É claro, Kurt é parte de seu sistema de apoio, agora.

Joseph sorriu, procurando ao redor da sua mesa e emergindo com um recipiente de plástico com biscoitos. Os olhos de Blaine seguiram o movimento do médico, quando ele empurrou-os sobre a mesa. Aquilo facilitou bastante a sessão do dia...

Kurt levou os biscoitos para impedir que Blaine acabasse no caminho de casa. Ele tinha planos para a prática de “pensar nas imagens” como estratégia de Joseph com Blaine, mas agora, ele precisava pesquisar o horário de funcionamento do Zoológico do Bronx.

***

O novo apartamento do casal estava pronto para receber as festas. Ambos tentavam se adaptar com o espaço enorme do apartamento. Ainda havia algumas caixas empilhadas na entrada, coisas que Kurt só arrumaria mais tarde. Blaine ficou maravilhado com seu estúdio, ainda mais quando viu as paredes brancas. Seus olhos brilharam. Kurt suspirou em alívio quando percebeu que a atenção do moreno estava em customizar o estúdio com suas tintas. A mudança de Quinn ainda era um assunto sensível para Blaine, ele ofereceu toda ajuda para a amiga, mas era Kurt que ouvia seu choro e o segurava todas as noites.

Blaine terminava de assar alguns biscoitos. Ele amou sua nova cozinha, era espaçosa e havia várias opções para seus esconderijos exclusivos para suas besteiras. Esses, Kurt não chegaria nem perto. Provavelmente ele botaria fogo... Blaine gemeu. A campainha tocou e ele foi atender. Não esperava ninguém. Tinha a tarde livre, Ryder tinha fechado a loja mais cedo por problemas pessoais. Abriu a porta dando de cara com Quinn.

— Quinn...

— Eu preciso que você vá comigo conhecer a Beth.

— O quê?

— Por favor, Blaine. E-eu... Eu só tenho você no momento, ainda não contei para Kurt ou Sam sobre ela. Eu tenho medo da rejeição, eu sei, parece estúpido, mas é um trauma meu. É a minha única oportunidade de conhecer a minha filha e...

Quinn foi interrompida pelo abraço esmagador de Blaine. Ela sorriu entre o suspiro, abraçando o amigo de volta. Ela sabia que podia contar com Blaine, mesmo depois de ter mentido. Blaine era uma pessoa que não guardava rancor, talvez ele nem soubesse o que era isso. Seus amigos tinham sorte de tê-lo.

— Eu vou com você!

Simon ficaria bem sozinho, ele tinha muito canto para explorar. Eles não demoraram muito, entraram no primeiro táxi que parou e se dirigiam ao local marcado. Ambos estavam nervosos, mesmo que Quinn não deixasse transparecer com a expressão séria no rosto. No meio do caminho suas mãos trêmulas se entrelaçam. Quando o carro parou, eles demoraram a sair. O motorista entendeu completamente a situação e jogou um sorriso tranquilizador. Quinn finalmente saiu do carro e Blaine seguiu, pagando o motorista e sorrindo em sua direção.

O local escolhido era o pequeno parque perto do apartamento de Quinn. Blaine sorriu levemente ao ver uma fonte congelada, havia um pequeno playground e algumas mesas de acampamentos mais longe. Eles se sentaram e esperaram. Quinn consultou seu relógio de pulso e suspirou, chamando a atenção de Blaine.

— Alguma coisa de errado, Quinn?

— Elas estão atrasadas. — Quinn mordeu o lábio. — 15 minutos atrasadas.

— Estamos em Nova York, talvez elas estejam em um congestionamento. Temos que ter calma, Quinn.

— Um congestionamento? Estamos em um bairro tranquilo. — Quinn levantou do banco de madeira. Ela passou as mãos pelos cabelos curtos, nervosamente. — Eu acho que Shelby desistiu da ideia.

— Não! Ela não faria isso! — Blaine disse. — Ela é mãe de Rachel, deve ser uma pessoa boa... Quer dizer...

 — Não faz sentido... Você é filho de Walter e é uma pessoa boa. — Quinn disse, arrependo-se logo depois. Blaine abaixou a cabeça. — Oh, desculpa, Blaine! Eu sinto muito...

— Eu entendo. — Blaine deu de ombros. — Você é boa e seus pais te expulsaram de casa.

— Meu pai... Talvez eu não seja tão diferente que ele. — Quinn sentou-se, soltando a respiração pesada. — Eu deixei Beth ir.

— Você precisava! Não tinha condições de mantê-la, mas agora tem essa oportunidade e...

— Elas não vieram. — Quinn completou.

— Quinn...

A loira deu de ombros, olhando ao redor do parque vazio. Blaine não disse nada, não havia o que dizer. Ele nunca tinha argumentos contra a amiga. Quinn era como uma pedra de gelo quando relacionada aos seus sentimentos. Ela parecia tão quebrada naquele momento, que partia o coração do moreno.

— Eu estou triste.

— Está? — Quinn arqueou a sobrancelha.

— Sim. Eu não sei por que Shelby desistiria da ideia... Você é uma ótima pessoa. — Blaine disse e Quinn riu. — Estou falando sério! Você é uma pessoa maravilhosa, tenho certeza que seria uma mãe maravilhosa também...

— Obrigada, Blaine.

— Às vezes... — Blaine disse baixinho, olhando diretamente nos olhos de Quinn. Ele engoliu em seco e desviou o olhar. — Às vezes eu quero a benção do meu pai... E-eu queria que ele entendesse o que eu sinto por Kurt. Eu queria que ele me aceitasse desse jeito, com todos os meus problemas na fala e tiques nervosos. Eu quis nas sessões de terapia ser melhor para que meu pai ficasse orgulhoso... Mas ele nem sabe do meu esforço.

— Cooper tem falado com ele?

— Eu não sei... Cooper não me conta. Depois que o nosso dinheiro foi cortado, ele nunca mais citou o nome do papai. Kurt tenta oferecer dinheiro para Cooper, mas Cooper não quer. Ele é orgulhoso demais pra isso.

— Talvez ele queira se virar sozinho, apenas isso.

— Talvez.

— Acho melhor irmos, me esqueci de avisar Kurt. — Quinn lembrou. — Podemos pedir pizza.

— Eu trouxe biscoitos para Beth, podemos ir comendo no caminho.

Ambos levantaram e caminharam para a saída do parque. Blaine comia os biscoitos enquanto Quinn tentava parar algum táxi na rua. Um táxi amarelo parou e os dois suspiraram em alívio, não tinha demorado tanto. Eles esperavam os passageiros saírem e o coração de Quinn parou.

— Quinn?

Blaine entendeu por que diziam que aquela era a versão mais velha de Rachel Berry. Talvez Rachel ficasse assim quando mais velha, ele não sabia. A mulher sorriu rapidamente para Quinn, que estava embasbacada no seu lugar. Shelby vestia um grande casaco de frio, com uma bolsa aberta no braço esquerdo, tentando achar o dinheiro para pagar a corrida.

— Mãe?

Todos se viraram para a vozinha feminina que vinha de dentro do táxi, era Beth. A menininha de pele pálida e cabelos loirinhos amarrados em um rabo de cavalo, ela vestia um casaquinho amarelo com girafas e botinhas vermelhas. Girafas, Blaine bufou feliz. A expressão de Beth ficou confusa ao perceber todos aqueles olhares curiosos sobre ela, rapidamente a pequena se escondeu atrás de Shelby, que sorriu uma risadinha.

— Eu pensei que vocês não viessem mais. — Quinn finalmente disse.

— Nós nos perdemos. — Shelby respondeu, entregando o dinheiro para o motorista.

— Ainda vão querer uma corrida? — O motorista perguntou.

— Não, obrigada. — Quinn disse, olhando rapidamente para o homem e voltando para Shelby. — Como conseguiu o endereço certo?

— Rachel ajudou, ela fez questão que passar as instruções certas...

— Rachel?

Quinn pareceu perder o ar por um minuto. Blaine sorriu levemente para os olhos curiosos atrás das pernas de Shelby, e sussurrou para Quinn:

— Acho que ficaremos mais um pouco.

***

Kurt ergueu o olhar quando a porta do apartamento foi aberta, ele estava respondendo um e-mail enviado por Marley mais cedo. Blaine tentou entrar no apartamento, tentando não fazer barulho, mas foi impossível. Ele sorriu amarelo para Kurt, que arqueou a sobrancelha.

— Onde você estava? Pensei que tinha pegado o dia de folga.

— E-eu tinha... Mas... Quinn... Ela precisava de mim. — Blaine respondeu.

— Blaine, não atropele as palavras. — Kurt repreendeu e Blaine corou, assentindo. — O que Quinn queria com você?

— Eu não... Eu não sei se posso contar.

— Não sabe?

— Sim, Quinn ainda vai te contar. — Blaine disse. — Ela tem dificuldade com essas coisas, não é?

— Sim. — Kurt riu.

Ele levantou a cadeira e se aproximou do namorado, cutucou seu ombro e puxou-lhe o queixo para um beijo. O moreno bufou com um pequeno sorriso no rosto. Kurt gemeu e puxou-lhe o queixo outra vez, Blaine riu e finalmente deixou-se levar. Ele colocou uma mão atrás da cabeça de Kurt e a outra em sua mandíbula, e a beijou. Kurt podia sentir o gosto daquelas drogas de biscoitos com gotas de chocolate na língua de Blaine.

— Eu senti sua falta hoje... — Kurt sussurrou.

— Eu também.

— Podemos pedir pizza?

— Blaine...

— Eu sei! Sem comer essas porcarias, mas só hoje?

Kurt revirou os olhos, como resistir a aqueles olhos castanhos? Não dava. Kurt acabou pedindo pizza enquanto Blaine terminava seu banho. O moreno vestiu uma camiseta e um calção com estampas de dinossauros, caminhou para a sala de estar e encontrou Kurt sentado no pequeno escritório. Ele terminava de enviar o e-mail para Marley, tinha falado pouco com a mulher, mas tinha noticias ótimas sobre o desenvolvimento do livro.

Eles comeram a pizza conversando sobre seus dias. Kurt pediu para ver o discurso de Blaine para o Natal, apesar de ficar hesitante entre entregar ou não, o moreno ofereceu para o namorado ler. Ao ler o discurso de Blaine, Kurt percebeu que nada estava errado. Mentes funcionam de maneiras diferentes. Blaine só passou a escrever sobre doces, animais e algumas palavras. Talvez Simon pudesse compreendê-lo, mas ninguém mais.

— Você deveria escrever um livro. — Kurt disse distraidamente, os olhos observando a caligrafia torta de Blaine. Kurt perguntou-se se ele tinha ignorado as linhas no papel ou se a mão dele tinha uma mente própria.

Blaine cantarolava uma música qualquer. Ele sentou-se de pernas cruzadas, olhando para Simon que brincava no corredor com uma bolinha de tênis.

— Sério, Blaine. — Kurt disse, tirando os olhos do papel e olhando para o namorado. — Escrever sobre... Eu não sei, a sua experiência com Asperger. Escreva sobre seu passado, flores, doces, animais e como você foi parar em NYU. Vai ser inspirador.

Kurt não o obrigaria a escrever um livro. Não. Não iria forçá-lo. Amarrá-lo e por uma caneta na mão dele, e Blaine não teria escolha. Exceto que Blaine provavelmente não escreveria. Ele ia fazer um jogo e jogar a caneta, ou rabiscar alguns desenhos, ou usar como estilingue para acertar Kurt.

— Simon!

Sim, ele tinha sido ignorado esse tempo todo.

Kurt olhou para o papel em suas mãos antes de olhar em direção de Blaine. O moreno percebeu o olhar do namorado e sorriu levemente, agora brincava com Simon no sofá. Ele riu ao ouvir o miado de protesto da pequena bola laranja quando Blaine recusou dar sua bolinha de tênis. Deixando o papel sobre sua mesa, Kurt juntou-se ao namorado no sofá para brincar com o pequeno gato. Blaine deixou um beijo molhado na bochecha do namorado quando Kurt sentou ao seu lado. Simon soltou um miado frustrado querendo participar, fazendo que ambos os rapazes rissem.

So there goes my life

Passing by with every exit sign

It's been so long

Sometimes I wonder how I will stay strong

No sleep tonight

I'll keep on driving these dark highway lines

And as the moon fades

One more night gone, only twenty more days

 

But I will see you again

I will see you again a long time from now

Quinn terminou de dobrar a última peça de roupa que iria levar. Fechou a mala e a trouxe até a sala de estar, pondo perto da entrada. Ela virou e olhou ao redor do apartamento, havia pilhas e mais pilhas de caixas com seus pertences, que iriam ser enviados depois. Já estava tudo certo para sua ida a Inglaterra. Ela pegou o porta-retrato sobre a mesinha de centro e sorriu abertamente ao olhar a foto. Era uma bela lembrança da tarde no Central Park, Kurt e Blaine tinham as bochechas coladas enquanto Quinn tentava se encaixar na foto e tirá-la. Blaine tinha um sorriso gigante no rosto, sua camisa estava suja de sorvete e levemente suada. Kurt sorria com os lábios e tinha os óculos escuros para se proteger do sol enquanto Quinn fazia uma careta mostrando a língua, usando um chapéu panamá.

Ela limpou rapidamente as lágrimas que teimavam molhar suas bochechas. Fechou os olhos numa tentativa de se conter. Iria doer, mas valeria a pena.

And there goes my life

Passing by with every departing flight

And it's been so hard

So much time so far apart

As she walks the night

How many hearts will die tonight

And when things have changed

I guess I'll find out seventeen days

Cooper espalmou os amassados da sua camisa social branca e saiu do elevador, seus olhos estavam cravados nas duas pessoas na mesa de secretária. Ele sorriu assim que Ellen ergueu a cabeça e percebeu sua presença. Ela sorriu timidamente, abaixando a cabeça num gesto tímido.

O rapaz que falava com Ellen olhou em direção a Cooper e arqueou a sobrancelha. Cooper ignorou totalmente a presença do outro e continuou olhando para Ellen, num ar meio esperançoso. Ele chamaria a moça para um encontro e não esperava “não” como resposta.

But I will see you again

I will see you again a long time from now

Oliver e Sam riam exageradamente enquanto assistiam ao filme que passava na TV. O celular de Oliver começou a tocar, chamando a atenção de Sam e logo seu sorriso sumiu dos lábios quando o rapaz pegou o celular. Ele já sabia quem era. Não era surpresa para mais ninguém. Sam encolheu os ombros e tentando voltar a atenção ao filme. Oliver rejeitou a ligação e roubou um longo beijo do loiro.

— Eu te amo, Sam Evans... — Oliver confessou, sem fôlego.

Sam olhou surpreso para o namorado. As três tão conhecidas palavras. Eles não ouviram mais nenhum celular tocando, estavam ocupados demais no momento.

My body aches

And it hurts to say

No one is moving

And I wish that I, I weren't here tonight

But this is my life

Sam tocava o violão com a cabeça abaixada enquanto sua voz se misturava com a de Blaine. Todos estavam na varanda do novo apartamento. Ouvindo os dois amigos cantarem com os pensamentos longes.

And I will see you again

I will see you again a long time from now

 

And I will see you again

I will see you again a long time from now...

Aos poucos os acordes do violão foram acabando... As gargantas de ambos estavam secas, mas seus olhos molhados. Quinn levantou da sua cadeira e abriu os braços para seus amigos. Blaine foi o primeiro a correr para o abraço, sendo esmagado por Sam logo atrás. Kurt riu entre as lágrimas, dando uma tapinha no ombro de Oliver para se juntar ao abraço. Eles compartilharam risadas, sorrisos e alguns suspiros. No meio daquele calor humano e cheio de amor, Quinn sussurrou emocionada:

— Eu vou sentir saudades de vocês... Eu amo vocês!

Ela afastou-se e ajeitou a mochila no ombro, olhando para todos os seus amigos reunidos. Kurt tinha lágrimas nos olhos, segurando Blaine em seus braços, este já tinha se entregado ao choro. Sam tinha o braço pelo ombro de Oliver e suas lágrimas caiam livremente pelo rosto. Oliver estava sorrindo levemente para a loira. A chamada do seu voo soou novamente pelo saguão. Ela procurou alguém através de todas aquelas pessoas e suspirou, deu um último olhar para todos antes que finalmente ir. Algo melhor lhe esperava fora de Nova York.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentários, críticas, sugestões são sempre bem-vindas a qualquer momento.

No próximo capítulo teremos mais sobre o discurso do Blaine e o Natal finalmente está chegando, pelo menos na fanfic, hue. Terei dificuldade de atualizar, já peço desculpas antecipadamente, então, até mais!



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