Literally Falling From A Parachute escrita por Paul Everett


Capítulo 40
Capítulo 40: Vai ficar tudo bem


Notas iniciais do capítulo

Atualização! Olha, queria pedir desculpas pela demora... Pensei que ao entrar de férias fosse atualizar mais capítulos, tanto aqui quanto terminar NGOTR, mas aconteceu alguma coisas. Começando pelo meu notebook que resolveu que a bateria estava na hora de ser trocada, entre outros problemas. É um trava trava que não entrei no notebook nessas férias e tive bloqueio de criatividade pra ajudar. Acabou que não escrevi quase nada nessas férias, mas ganhei a oportunidade de escrever uma redação para meu colégio assim que acabou as férias. Caso eu seja classificada, um notebook, certificados e uma viagem pra Fortaleza me aguardam.

Digamos que tudo chegou em um bom momento! Chega de papo, vamos ao que interessa, me desculpem pelos erros e tenham uma boa leitura!



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Kurt abriu lentamente os olhos, suspirando profundamente. Ele odiava acordar cedo, aliás, quem não? Sentou-se na cama deixando a mostra seu torso nu, olhou ao redor do quarto para o encontrar vazio. Nenhum sinal de Blaine ao redor e nem ao seu lado da cama. Ouviu o miado de Simon, encontrando-o deitado na beira da cama, enrolado como uma bola. Estava frio demais, talvez ele devesse aceitar a gravatinha para aquecer seu pescoço. Kurt riu com isso ao ver o gato laranja se aproximar.

— Oi, amiguinho! — Kurt afagou levemente a cabeça laranja, ganhando um ronronar. — Animado para hoje? Teremos um dia cansativo, pelo menos para mim, você vai ficar aqui, de boa.

Outro ronronar.

— Pois é, teremos um lugar apenas para você longe das tintas de Blaine. — Kurt piscou levemente pra o gato, numa espécie de segredo. — Eu pareço louco falando com um gato.

— Até que não. — Cooper disse, entrando no quarto com sua habitual jaqueta de couro. — Eu costumo falar comigo no espelho.

— Oh meu Deus, Cooper! — Kurt gritou assustado, puxando o cobertor sobre o corpo enquanto Simon saltava para fora da cama, indo embora. — Que diabos você está fazendo aqui?

— Meu irmão mora aqui. — Cooper zombou.

— Eu sei, mas... Ugh, bastava bater na porta antes de entrar!

— Já estava aberta. — Cooper tentou explicar. — Você não tem nada que eu já não tenha visto.

— Mesmo assim é falta de educação...

— O que é falta de educação?

Ambos olharam em direção de Blaine, que trajava um avental de cozinhar escrito “eu amo biscoitos”, havia ganhado de Sam. Ele olhou confuso para namorado e irmão no meio de um bate boca.

— Cooper entrou aqui sem bater na porta! — Kurt acusou. — Eu poderia estar nu!

— Você está? — Cooper sorriu maliciosamente.

—Cooper! — Blaine corou furiosamente. Sua atenção foi voltada para o namorado. — Você ainda está?

— Oh meu Deus...

Kurt desabou o rosto contra o travesseiro enquanto Cooper gargalhava gostosamente e Blaine corava mais ainda pelo pequeno deslize.

— Olha, eu realmente não quero saber se vocês são sexualmente ativos, é meio um pesadelo para mim. — Cooper fez careta.

— Definitivamente somos. — Kurt sorriu e Cooper gemeu de desgosto.

— Pelo menos você sabe como eu me sentia quando você começava a falar das noites que tinham com aquelas peruas. — Blaine deu de ombros.

— Você amava todas elas!

— Não quando elas começavam a me perseguir por sua causa. — Blaine gemeu com a lembrança. Era assustador. — Uma vez uma entrou no meu quarto... Na minha cama, achando que eu era o Cooper, ela estava...  Nua! Nua! Na minha cama!

— Bem, a pobre coitada não sabia que você gostava de...

— Mim. — Kurt completou rapidamente.

— É, isso também. — Cooper sorriu para logo franzir o nariz. — B, acho que seus ovos estão queimando e eu não estou brincando quando digo isso...

— Você está cozinhando?

— Oh meu Deus!

Kurt temeu quando Blaine saiu correndo para fora do quarto. Ele temia que seu apartamento pegasse fogo, não seria um bom histórico para seu futuro apartamento.

— Enfim, vou ter que emprestar Blaine um pouquinho de você Hummel, algum problema?

— Pra que especificamente? — Kurt sentou-se novamente na cama.

— Vamos passear no Central Park, é um ótimo lugar para ter uma conversa com Blaine. — Cooper brincou. — Tenho algumas noticias para dar a Blaine, também quero saber o que vocês andam aprontando por aqui enquanto eu estou ausente.

— E por que não pergunta de mim?

— Porque eu quero ouvir a voz de Blaine pelo menos em algum momento da conversa. — Cooper alfinetou, fazendo Kurt corar levemente. — Nada contra, mas eu preciso conversar com meu irmão.

— Você vai à próxima sessão com Blaine?

— Vou tentar, mas não prometo nada. — Cooper sorriu tristemente. —Eu sei que é algo importante pra vocês e ainda mais pro Blaine, me senti estúpido por não ter ido à primeira sessão. Sei que tenho estado ausente, mas...

— Tudo bem, Cooper. — Kurt tranquilizou. — Eu adoraria conversar com você, mas eu estou me sentindo meio desconfortável tendo essa conversa assim.

— Assim?

— Você sabe. — Kurt olhou para si mesmo.

— Oh... Eu vou ver se Blaine está bem, não tenha pressa. — Cooper sorriu.

Quando o Anderson mais velho saiu do quarto, Kurt suspirou. Finalmente sozinho, mesmo que as vozes dos Anderson fossem ouvidas do outro cômodo da casa. Ele levantou da cama e enrolou o cobertor fino na cintura, pegou as peças de roupas jogadas no chão e vestiu rapidamente. Era uma camisa regata preta com um short de dormir branco com dinossauros, era de Blaine. Perguntava-se o namorado havia saído andando nu pelo apartamento já que seu short estava ali. Balançando levemente a cabeça com a ideia, Kurt saiu do quarto para entrar no banheiro. Fez sua higiene matinal, escovou os dentes e lavou o rosto.

Ao terminar tudo, Kurt encontrou os Anderson na pequena cozinha do apartamento. Cooper estava sentado na banqueta em frente ao balcão e Blaine arrumava os pratos sobre a mesma.

— Queimou?

— Não, deu pra recuperar um lado. — Blaine sorriu, mostrando o lado dourado e o lado queimado. — Mas parece impossível comer o lado bom sem comer o ruim.

— Eu posso fazer outro, querido. — Kurt reprimiu a risada. — Ainda tem ovos?

— Seis. — Cooper provocou e Kurt revirou os olhos. Ele abriu a porta da geladeira e tirou a cartela de ovos, sim, tinha seis ovos. — Eu disse.

— Sem comentários, Cooper. — Kurt disse, recebendo um olhar confuso de Blaine. Ele beijou os lábios doces do moreno. — Não queira entender, pequeno.

—Ugh, vocês são tão fofos juntos que me dão ânsia de vômito. — Cooper revirou os olhos. — Vou acabar ficando pra titio.

— O que aconteceu com aquela morena que você falava? — Blaine perguntou, sentando na banqueta oposta do irmão.

— Morena, hein? — Kurt zombou.

— Preste atenção nos seus ovos e faça bacons. — Cooper retrucou, cruzando os braços sobre o peito. Kurt levantou as mãos em rendição e voltou sua atenção para a cozinha. — O nome dela é Ellen. Ela tem os olhos castanhos escuros mais lindos que eu já vi, mesmo que ela dirija seu olhar pra mim poucas vezes. Eu amo a contraste da pele dela na minha, nem se compara. Ela tem esse sorriso perfeito! Que mostra todos os dentes perfeitos da boca, céus, a risada então... Eu gosto de falar coisas bobas apenas para fazê-la rir, mas... Às vezes ela muda,como se ela se fechasse pra mim e... Eu não sei...

Cooper soltou um suspiro longo e abaixou a cabeça. Kurt havia parado de fazer suas coisas e o encarava com os olhos estreitos. Blaine ainda parecia processar as palavras do irmão, ele nunca soube que Cooper tinha esse lado tão... Profundo. Ao erguer a cabeça, Cooper franziu a testa com as expressões engraçadas.

— O quê?

— Isso foi tããão gay. — Kurt gargalhou e Blaine riu baixinho. — Quem diria, Cooper Anderson apaixonado!

— Eu não estou apaixonado... — Cooper riu exageradamente e parou. — Estou?

— Oh meu Deus, você ouviu o que você mesmo falou? — Kurt sorriu. — Você quase se declarou pra ela. Uma pena ela não estar aqui... Como vocês se conheceram?

— Trabalhamos juntos, na verdade, ela é a secretária do meu chefe, foi inevitável. — Cooper explicou, descruzando os braços e pondo-os sobre a bancada. — Mas dificilmente a vejo, estamos em andares diferentes... Quando rola algum barzinho depois do expediente, às vezes conversamos, algo simples, mas não passa disso.

— É isso que você está fazendo quando temos alguma reunião aqui? — Blaine franziu a testa.

— Também, mas na maioria das vezes estou cansado demais pra ir. — Cooper deu de ombros. — Soube que o Jeff do quinto andar também está de olho nela, mas ele tem vantagem.

— Qual? — Kurt perguntou curioso.

— Ele é negro.

Kurt virou-se para o Anderson, só poderia ser brincadeira.

— No que isso é vantagem?

— Ela é também é de cor. — Cooper respondeu.

— Então... Por um momento eu pensei que você estivesse sendo preconceituoso, mas me deixa ver se entendi, você vê vantagem nele ser negro porque ela também é...

— Talvez a família dela preferisse assim. — Cooper concluiu.

— Faz sentido. — Blaine assentiu.

Kurt arqueou a sobrancelha para o namorado com uma carranca no rosto.

— Quer dizer... Não custa tentar. — Blaine gaguejou, olhando para o irmão. — Conquiste-a e depois faça o mesmo com a família.

— Isso mesmo! Não custa tentar! — Kurt incentivou.

— Será?

— Com certeza...  — Kurt sorriu. — Conte mais sobre ela.

Cooper sorriu abertamente e começou, o resto do café da manhã foi assim. Kurt terminou de fazer o café da manhã, sem queimar nenhum ovo e fez uma deliciosa omelete com bacon. O irmão mais velho contava tudo sobre a suposta paquera, Blaine e Kurt ouviam atentamente, trocando olhares e sorrisos pelas palavras doces que Cooper usava. Ao terminarem, os irmãos Anderson lavaram a louça enquanto Kurt tomava banho.

Quando terminaram as coisas na cozinha, eles se despediram e saíram do apartamento com destino ao Central Park. Kurt abotoava os botões da camisa social enquanto entrava no quarto. Simon estava espalhado no centro da cabeça, o professor ignorou os pelos laranja que viu e continuou seu caminho, pegando seu celular da mesinha de cabeceira. Procurou um número na lista de contato e discou. Não demorando muito para atender.

—Huh... Alô?

— Bom dia... Desculpa, acordei você?

—O-oi, n-não...

—Imagino que não tenha atrapalhado nenhum momento... Você sabe, Sam não dormiu em casa.

— Oh... N-não, e-ele...

Kurt riu ao imaginar Oliver corando do outro lado.

— Tudo bem, Oliver... Você disse que tinha alguns contatos com corretores, meio que estou precisando no momento, quero achar um apartamento o mais rápido, se possível ainda hoje.

— Claro! E-eu... Você pode esperar? Eu preciso pegar meus óculos e...

— Oliver. Demore o tempo que precisar, sem problemas.

—O-obrigado...

***

O tempo estava frio no Central Park e em toda Nova York. Cooper arrependeu-se quando sentiu a brisa fria bater no seu rosto e arrepiar todo seu corpo. Blaine andava logo à frente, observando a paisagem que aquele lugar lhe proporcionava. As árvores e grama cobertas levemente pela neve fina, algumas pessoas em seus grandes casacos e a fonte de água quase congelada. Blaine amava a cor viva do Central Park, mas esta versão também era incrível. Essa era umas razões que Blaine amava aquele lugar: as cores. Cada estação era um tom diferente, uma cor mais viva que a outra. Faria um quadro exatamente para cada estação do ano, exatamente ali, no Central Park.

Kurt aprovaria a ideia, ele sabia. Sorriu levemente pelo pensamento e continuou caminhando pelo parque. Aquele sorriso no rosto não passou despercebido de Cooper, logo o irmão mais velho se aproximou do mais novo.

— Nova York fez bem a você! Parece estar se dando bem sem mim. — Cooper comentou, pondo as mãos dentro dos bolsos do casaco. — Está mais feliz, mais livre... Sendo alguém que eu não vejo há tanto tempo. Lembra quando fazíamos aqueles programas? Apenas nós dois, passeando por horas pela cidade, nos entupindo de junk food, indo ao cinema, sem hora para voltarmos. Queríamos apenas um motivo para fazer isso e não era difícil conseguir.

— Nossos pais brigavam sempre...

— Sei que não era um motivo maravilhoso, mas era o que tínhamos! Nossa avó era o nosso refúgio e quando ela faleceu, perdemos a única pessoa que tínhamos ao nosso lado... Talvez ela ainda esteja olhando por nós, lá de cima. — Cooper olhou brevemente para o céu. — Tenho certeza que ela está orgulhosa de nós, principalmente de você. Blaine, você cresceu tanto aqui!

— Kurt me ajudou...

— Eu sei, mas... — Cooper suspirou profundamente. — Olha, não vamos dar todo o crédito ao Kurt! Eu ajudei um pouco, não foi?

— Um pouco. — Blaine revirou os olhos, sorrindo.

— Sei que a minha participação foi pouca nesses capítulos, mas eu tentarei repor isso tudo, certo? Só estou dizendo que você cresceu bastante nesse pouco tempo, mas você ainda depende bastante de Kurt para certas coisas.

—Ugh, de novo isso! — Blaine murmurou.

— De novo?

— Dr. Martin disse a mesma coisa, ele acha que eu dependo de Kurt e...

— E ele está certo. — Cooper interrompeu o irmão. Blaine parou e encarou Cooper, com a testa franzida. — Até quando você vai ficar trabalhando com Ryder?

—E-eu não sei...

— Você tem que saber.

— Ryder é meu amigo, e-ele não...

—Ryder pode ser seu amigo, mas este trabalho nem sempre vai estar lá para você. Também sabemos que você e Kurt irão precisar de um apartamento melhor, ainda mais com Simon. Apartamento qual tenho certeza que será caro! O salário que você ganha não será o suficiente para pagar sua metade no apartamento novo.

— Por que você está sendo malvado?

— Eu estou sendo realista aqui. — Cooper respondeu. — O dinheiro que os nossos pais mandavam está acabando!

—E-eles...

— Pois é! Papai teve coragem de cortar, também não é por menos depois que fizemos... Estamos pagando por nossas atitudes.

— Ele não podia fazer isso! — Blaine gritou, levando as mãos aos lados da cabeça. — E-ele...

— Blaine. — Cooper tentou acalmar o irmão, mas o moreno se esquivou. — Calma, ok?

—E-ele... Ele é o nosso pai...

— Infelizmente, mas ficaremos bem assim. — Cooper sorriu tristemente, puxando Blaine para seus braços. O corpo do moreno estava tenso e Cooper apertou-o fortemente contra o seu. — Calma...

— E a mamãe...

— Ela está ao lado do papai, você sabe, não é uma surpresa. — Cooper respondeu, afagando as costas do moreno. — Não sei até quando conseguirei manter as coisas.

— Ele não podia ter feito isso, e-ele é o nosso pai... — Blaine murmurou, contra o ombro de Cooper. A voz já estava embargada e suas mãos agora seguravam firmemente a jaqueta de couro. — Nosso pai!

— O que ele disse no avião, eu não acho que ele estava brincando.

Cooper suspirou enquanto recebia olhares questionadores dos curiosos que passavam. Ele permaneceu com o abraço numa tentativa de acamá-lo, mas Blaine não pensava assim. O mais novo estava se desmanchando aos poucos. As lágrimas escorriam pelo seu rosto e deslizavam pela jaqueta de Cooper. Num rápido movimento, Blaine afastou-se do irmão encarando-o seriamente.

— Ele disse isso pra mim. — Blaine murmurou.

— O quê?

— E-ele disse que eu não sou mais o filho dele... Ele disse isso... Ele não disse pra você. — Blaine tropeçou nas palavras e Cooper franziu a testa. — Ele não disse nada para você.

— Blaine...

— C-como você soube essas coisas?

— Blaine, não estamos falando de mim...

— Você falou com ele? — Cooper suspirou. — Você falou com ele!

— Ele me ligou, ok? Assim que soube que você tinha saído de NYU. Ele avisou que ia cortar o nosso dinheiro, disse que eu era bem-vindo em Londres e ofereceu um emprego melhor pra mim...

— Você aceitou? — Blaine cambaleou.

— Não, Blaine! — Cooper exclamou. — Eu estaria aqui se tivesse aceitado? Perdendo meu tempo falando com você? Eu não deixaria você sozinho aqui! Nunca!

— Eu não estou sozinho! — Blaine gritou. — Eu tenho uma família!

— Blaine, abaixe o tom, por favor. — Cooper tentou uma aproximação com irmão. — Eu não aceitei nada que papai disse, desliguei a ligação antes que ele ousasse dizer algo sobre você. Estou do seu lado, não me entende aqui?

— Você não precisa ficar, você pode...

— Eu não quero. — Cooper afirmou. — Você é o meu irmão, a única pessoa que eu tenho nesse mundo. Não é por dinheiro, não é por uma proposta melhor de emprego que eu vou mudar. Eu te amo, você é o meu irmãozinho.

Cooper estendeu a mão em direção ao irmão, que olhou hesitante.

— Eu também te amo, Coop... Desculpa, e-eu sinto muito. — Blaine murmurou, pegando a mão do irmão e entrelaçando. O moreno acabou sendo puxado para um abraço reconfortante. — O que vamos fazer?

— Tudo vai ficar bem. — Cooper sussurrou, fechando os olhos. — Nós vamos ficar bem.

Ele realmente esperava que ficasse.

***

— Esse é o nosso último apartamento, fica localizado no Upper West Side, Central Park West. Esse é um dos edifícios mais altos que nos privilegia a vista surpreendente do parque. Temos um estúdio, três quartos e dois banheiros. Outras comodidades incluem: porteiro, vaga no estacionamento, elevador de carga, academia, lavanderia e terraço. Também permite animais de estimação. Mas a vista é aberta, que, aliás, é linda.

Kurt cruzou os braços dando uma longa observada pelo local. Ele já havia visitado mais de três apartamentos naquele dia, alguns grandes com preços bons e outros grande com preços altos. O atual parecia o mais certo, tinha espaço para ele e Blaine. As grandes janelas davam uma boa vista do Central Park, o que Kurt achou que Blaine amaria.  A pintura branca dava um ar mais puro. Com pisos de concreto polido. A imensa estante cobrindo uma parede inteira da sala de estar chamou a atenção de Kurt, a sensação de ter um lugar especialmente para seus livros era simplesmente excitante. Também havia espaço para o que poderia ser o escritório e o estúdio poderia ficar para Blaine. A cozinha tinha seu melhor estilo americano com as bancadas de mármore branco e cinza impecáveis adicionavam um ambiente dramático. Os quartos não se comparavam com o do pequeno quarto do apartamento deles. Era perfeito para Kurt e Blaine, espaçoso para Simon que adorava explorar apartamentos, talvez outros animais pudessem chegar.

Oliver fez questão de acompanhar o professor em todos os apartamentos. O corretor era seu amigo, John, ele achou que assim talvez tivesse algum desconto. Deu sua opinião sobre cada apartamento que foi visitado quando Kurt pediu e fez algumas propostas de preço, numa tentativa de ajudar os rapazes. O livro de Kurt ainda estava sendo feito, ele ainda não sabia se teria ou não tanto reconhecimento, tanto mundialmente quanto financeiramente. Ele pretendia manter seu emprego de professor por precaução.

— Então? O que achou sobre esse?

— Eu amei. — Kurt sorriu diretamente para os dois rapazes. — O preço é meio ousado, mas é um lugar simplesmente maravilhoso, principalmente a vista.

— Imaginei que fosse gostar. — John disse. — Pela ideia que Oliver me passou sobre você e seu namorado, um lugar espaçoso e elegante era adequado.

— Que ideia? — Kurt arqueou a sobrancelha.

— E-eu disse algumas coias sobre vocês. — Oliver riu nervosamente. — Não pensei que você fosse ficar incomodado...

— Oliver, eu não fiquei incomodado. — Kurt revirou os olhos, sorrindo. — Apenas curioso para saber o que você falou de mim e de Blaine.

— Coisas boas! — John respondeu.

— Espero que seja mesmo. — Kurt olhou entre os dois rapazes, que deram sorrisos culposos. Ele virou as costas e olhou ao redor do apartamento novamente. — Então, sobre o apartamento...

Kurt já tinha feito sua escolha, só faltava ouvir o lado do Blaine. Ele conversou com John enquanto Oliver atendia uma ligação do trabalho, provavelmente Sebastian estava procurando pelo assistente.  Ele olhava de relance em direção ao rapaz, Oliver parecia irritado e cochichava contra o celular. No final, John acompanhou os dois até a saída e deu mais algumas informações sobre o apartamento. Ele deu seu cartão para Kurt, para que o professor entrasse em contato com uma resposta definitiva.

Ao chegar ao seu apartamento, Kurt estranhou o silêncio e estranhou ainda mais ao encontrar Blaine sentado no sofá assistindo qualquer coisa. Ele pensou que Cooper iria passar o dia inteiro com o irmão mais novo, mas pensou errado.

— Cooper não ficou?

Blaine negou pegando o controle e trocou o canal da TV.

— Aconteceu alguma coisa, Blaine?

Kurt largou sua bolsa ao lado do sofá e ficou na frente do namorado, agachado. O moreno mordeu o lábio e desviou o olhar que recebia do namorado.

— Meu amor...

— Meu pai. — Blaine disse com a voz trêmula. — E-ele cortou... Nosso dinheiro... Meu e de Cooper... Como ele faz uma coisa dessas?

— Ei! Olhe pra mim! — Kurt segurou o rosto de Blaine entre suas mãos. — Vai ficar tudo bem! Já conversamos sobre seu pai e dinheiro não é realmente nosso problema agora. Por que o desespero?

— Papai... Walter... Deu uma chance para Cooper. — Blaine respirou fundo e Kurt assentiu em entendimento, afagando o joelho do moreno. — Cooper não aceitou... E-ele não aceitou por minha causa... Ele disse que não me deixaria sozinho e que vai ficar tudo bem... Mas...

— Você acha que ele devia aceitar? — Kurt perguntou tranquilo.

— Acho, eu não quero prender ninguém... E-eu posso me virar sozinho... E-eu não dependo de ninguém. Nem de você! Ou Cooper! Ou Walter!

— Blaine...

— Eu sei me virar sozinho! — Blaine tentava explicar.

— Meu amor, não é isso... Cooper é seu irmão, lembra quão protetor ele foi ao saber de nós dois? Passamos por tantas coisas e Cooper não saiu nenhum minuto do seu lado. Talvez seja boa pra ele essa oportunidade, estaríamos sendo egoístas se pedíssemos para ele não ir, mas ele não quer. É escolha dele! Qual o problema?

— Ele teria a família que Walter sempre sonhou.

— Um sonho de Walter e não de Cooper, você sabe que ele não iria querer isso a não ser que você estivesse no meio.

— Eu sei... — Blaine suspirou. — Eu só não quero que ele fique sem dinheiro ou qualquer coisa por minha causa.

— Ele não vai, ele tem a nós! — Kurt sorriu. — Não é?

Blaine assentiu com a cabeça.

— Blaine? — Kurt repreendeu. — Use as palavras.

— Sim, ele tem a nós.

— Agora, nós vamos tomar um banho demorado com tudo que temos direito. — Kurt piscou e Blaine corou.

Kurt desligou a TV e pegou a mão do namorado, levando-o para o final do corredor onde era o banheiro. Blaine já parecia mais relaxado após a conversa. Não havia nenhum sinal de Simon pelo quarto. Era apenas ele e Kurt naquele momento. Eles entraram no banheiro em silêncio, Blaine permaneceu escorado na pia com a cabeça baixa. Kurt começou a desfazer os primeiros botões da sua própria camisa social sem tirar os olhos sobre o moreno envergonhado. Um se despia na frente do outro com frequência, mas ficar envergonhado quando isso acontecia era algo que Blaine não conseguia segurar.

Ele terminou de desabotoar a camisa e a pendurou no gancho na parede. Estendeu a mão e segurou o queixo do moreno, fazendo-o encontrar seus olhos azuis. Ele arrastou suas mãos através dos braços do moreno e segurou suas mãos, trazendo-as para perto e dando um beijo terno entre os dedos.

— Eu te amo. — Ele sussurrou.

Blaine sorriu em resposta, afastando suas mãos e levantando os braços para que Kurt pudesse puxar seu suéter para cima pela bainha. Eles riram quando a cabeça de Blaine ficou presa. O suéter juntou-se a camisa social de Kurt e Blaine tirou apressadamente a camiseta branca que havia por baixo. Suas mãos chegaram com pressa no cós da calça moletom e Kurt riu, fazendo o mesmo depois de desfazer seu cinto. Entre gargalhadas e sorrisos, eles se despiram totalmente e entraram no box do banheiro, um empurrando o outro numa brincadeira. As roupas estavam jogadas pelo piso de azulejo e o registro da água foi aberto.

— Está frio! — Blaine choramingou.

As costas do moreno estavam expostas para o professor, seu olhar desceu aos poucos para o restante do corpo do namorado. Blaine virou-se e corou furiosamente ao perceber o olhar do namorado, Kurt sorriu ainda mais e puxou Blaine para um beijo intenso. Seus corpos ocupavam o mesmo espaço, as gotas d’água deslizavam pelas suas curvas e seus sorrisos eram gigantes no final do beijo.

— Onde você estava o dia todo? — Blaine perguntou, afastando-se.

— Procurando um apartamento para nós dois. — Kurt sorriu, segurando os ombros de Blaine o virando para a parede. Ele pegou o sabonete em líquido e espalhou pela sua mão, ensaboando as costas do moreno. — Eu liguei para Oliver e ele me ajudou com algumas coisas.

— Oliver? — Blaine tentou virar, mas recebeu uma tapinha de Kurt. — E-eu poderia ter ido com você.

— Cooper parecia tão decidido em te tirar de mim. — Kurt brincou. — Oliver se ofereceu naquele dia, não foi uma má ideia, conseguimos achar belos apartamentos. Tenho um preferido entre eles! Você irá amar, tem uma vista deslumbrante para o Central Park!

— Sério? — Blaine conseguiu virar.

— Uhm... — Kurt cantarolou, viajando suas mãos pelo tórax e abdômen bronzeado. Ele ergueu a cabeça e encontrou os grandes olhos castanhos e brilhantes. — Tem um estúdio, especialmente esperando por você.

— Parece... Legal. — Blaine ficou em baixo do chuveiro para se enxaguar. — E o seu escritório? Poderíamos dividir.

— Não, eu achei um lugar perfeito para mim. — Kurt deu de ombros. Ele aplicou um pouco de shampoo nos seus cabelos e massageou-os. — Apenas vendo para você saber.

— Eu adoraria! — Blaine sorriu, pegando o mesmo frasco de shampoo.

— Vivi tanta coisa nesse apartamento, mas... — Kurt parou para ajudar Blaine com seus cachos. O moreno agradeceu e fechou os olhos, sentindo os dedos pálidos trabalharem no seu couro cabeludo. — Acho que temos que ter algo maior, mais espaçoso e mais nosso. Sabemos que muitas coisas vão mudar, Sam pode voltar a qualquer momento para Florida ou ficar definitivamente aqui, Quinn... Ela, huh... Eu não sei, muitas coisas podem acontecer.

Kurt mordeu a lábio mentalmente ao perceber a feição confusa de Blaine a menção da loira. Ele não queria ser aquele a contar sobre a oportunidade e decisão de Quinn. Uma hora ou outra o momento ela iria contar. Tudo teria seu momento certo.

— Eu concordo. — Blaine limpou o rosto molhado e abriu os olhos. — Teremos mudanças boas pela frente, precisamos de um lugar grande para comemorar. Aquela varanda parece diminuir a cada reunião.

Kurt gargalhou e empurrou o moreno para debaixo do chuveiro. Eles continuaram o banho por mais alguns minutos, parecia ter passado horas, Kurt queria ter certeza que Blaine ficaria limpo em todos os lugares. Ambos os rapazes gritaram quando a água ficou de repente fria e saíram as pressas para fora do box. Kurt pegou duas toalhas do armário e envolveu uma ao redor do garoto tremendo na frente dele.

— Não teremos isso no nosso novo apartamento. — Kurt estava sorridente, com uma toalha enrolada em torno de si mesmo. — Você está bem?

Blaine estava em silêncio e a respiração pesada, mas ele assentiu com a cabeça. Eles entraram no quarto que estava aquecido e Blaine sentou na cama.

— Se vista e direto para debaixo das cobertas, já volto! — Kurt piscou.

Ainda vestido com apenas uma toalha, ele recolheu todas as roupas do banheiro e limpou tudo o mais rápido que podia. Ele não queria que Sam escorregasse no piso molhado. Depois de pegar algumas cobertas, ele entrou no quarto e sorriu. Já estava escuro e Blaine estava vestindo seu pijama, apenas a luz do abajur estava ligada. Pegou seu pijama do armário e vestiu rapidamente, aproximou-se da cama e Blaine abriu espaço para ele entrar nas cobertas. Kurt deitou e apagou a luz do abajur.

— Vamos apenas ficar abraçados hoje...

Segundos depois, Blaine se aproximou e colocou a cabeça no ombro de Kurt, seu braço sobre o estômago coberto pela camisa.

— Como anda seu discurso para as crianças no Natal?

— Huh...?

— Blaine.

— E-eu não sei o que falar ainda.

— Eu poderia te ajudar. — Kurt brincou com os cachos de Blaine entre seus dedos. — Joseph poderia te ajudar, quem sabe.

— Obrigado. — Blaine murmurou.

— Tudo bem, meu amor. — Kurt sorriu, fechando os olhos. — Já pensou em cantar alguma música?

— Sim...

— Já?

Ele abriu os olhos em surpresa.

— Sim, mas não tenho certeza se vou cantar. — Blaine suspirou.

— Você tem uma bela voz, qualquer música fica boa quando você canta, não vejo o problema...

— Eu tenho medo do público... Vai ter muita gente?

— O suficiente para ver você cantar. — Kurt fechou os olhos novamente e Blaine gemeu. — Poderíamos falar com Joseph sobre isso.

— Sim...

— Na verdade, poderíamos pedir alguns conselhos dele.

— Sim... Ou do polvo.

— Que polvo? Pensei que aquele polvo Paul tivesse morrido...

— Quem é Paul? Estou falando do Henry...

— Oh... O polvo do filho do doutor... Verdade. — Kurt riu. — Eu nem lembrava.

— Poderíamos ter um tanque igual aquele da sala de espera com um polvo de verdade dentro no nosso novo apartamento. — Blaine disse sonolento.

— Ele poderia fugir do tanque e tentar nos matar com seus tentáculos.

Blaine sentou-se na cama e Kurt riu levemente, sentindo o namorado ficar inquieto sobre a cama ao ligar o abajur. Ele abriu os olhos e sorriu ao ver a feição desconfiada no rosto de Blaine.

— Eu estou brincando...

— N-não, quer dizer, poderia ser legal!

— Blaine, não, vamos dormir...

— P-poderíamos ter um para ver o que acontece, s-seria uma... Experiência.

— Um polvo?

— Sim, um polvo.

— Hmm...

— Tenho certeza que o pessoal aprovaria minha ideia. — Blaine cruzou os braços, orgulhoso. Ele olhou em direção do namorado, que dormia tranquilamente. — Kurt? Oh...

Blaine suspirou e desligou o abajur, deitando ao lado do namorado novamente. Ele escondeu seu rosto no pescoço pálido e fechou os olhos.

— Eu também te amo...


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Notas finais do capítulo

Então?

Cooper estava sumido, mas agora voltou e vai aparecer mais. Teremos mais notícias sobre os Anderson. Queria pedir desculpas novamente, mas dessa vez por um deslize meu, Oxford fica na Inglaterra, mas não especificamente em Londres, e sim no Reino Unido. Não mudou muita coisa na fic, mas só queria dar a ideia certa pra vocês! Nos próximo capítulo teremos Dr. Joseph, mais sobre Quinn, mais sobre o Natal. Espero que tenham gostado, dê sugestões, critiquem, façam a festa nos comentários!
:-)