Literally Falling From A Parachute escrita por Paul Everett


Capítulo 4
Capítulo 4: Apagão de sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, sei que estou atualizando muito rápido mais pretendo ficar nessa enquanto posso. Obrigado pelos comentários e reparei que não ficaram surpresos por causa do Sam, tudo bem, vou continuar com ele na história. Aproveitem da leitura!



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A chuva parecia aumentar a cada minuto, enquanto ela não passava, Kurt ofereceu uma toalha para Blaine, que aceitou com um suave "muito obrigado". Em uma tentativa de acalmar-se, Kurt foi para a cozinha e ligou a chaleira elétrica para fazer um chá.

Ele sumiu na cozinha, deixando Blaine explorando o apartamento. O moreno percebeu a grande bagunça e franziu o nariz. Tinha uma máquina de escrever, ele supôs que o professor escrevia e se aproximou da mesa cheia de papéis. Ele rapidamente olhou para a cozinha antes de pegar as folhas em mãos. Poemas e histórias preenchiam as páginas em branco. Continuando a explorar o apartamento, agora ele estava olhando as fotos por todos os lados e uma chamou atenção. Nela Kurt estava acompanhado de um loiro, musculoso e muito bonito. Nas outras, Kurt estava com vários amigos e na legenda do quadro dizia: Glee Club 2012.

— Quem é ele? — Blaine perguntou, coçando levemente a nuca. Kurt virou para olhar o que Blaine estava apontando, era um quadro em cima da mesa de trabalho. — E-eu notei que você tem algumas fotos de você e estão espalhadas em seu apartamento, mas este é único.

— O nome dele é Sam e ele é o garoto mais bonito que eu já conheci. — Kurt admitiu com um suspiro. Ele pegou duas canecas de dentro do armário e deixou sobre o balcão de mármore. — Ele é um daquelas pessoas que você não vê até que realmente conhecer. Ele é lindo, dessa forma totalmente silenciosa e ele me mostrou como apreciar as pequenas coisas. Ele merece ter o universo em suas mãos, mas infelizmente, eu não sou o único a dar isso a ele.

— Você fala muito dele. — Blaine comentou.

— Isso é porque ele merece ser tão bem falado. — Kurt observou o olhar confuso de Blaine e sorriu. — Ele é meu ex-namorado.

— Oh, oh...

Ele era realmente gay, pensou Blaine.

O professor ouviu o zumbido da chaleira e derramou o líquido nas duas canecas. Ele caminhou até Blaine, que ainda estava parando na frente da sua mesa de trabalho, olhando para suas fotos, principalmente a de Sam. Kurt ofereceu a caneca para Blaine, que aceitou com um pequeno sorriso.

— Vocês pareciam muito felizes. — Blaine disse, apontando para uma foto onde Kurt e Sam estavam com os rostos colados, o loiro fazia uma careta enquanto o professor estava rindo. Olhar aquela foto faz toda vez Kurt suspirar e dessa vez não é diferente. — Você ainda gosta dele?

— Sim, mas não dá mais certo. — Kurt disse com um encolher de ombros. — Sinto ter estragado as coisas.

—C-como? — Blaine perguntau, confuso.

O professor abriu a boca para responder, mas tudo ficou escuro. Ele lembrou ter pagado a conta de energia, então deveria ser um apagão por causa da chuva. Ele tentou enxergar Blaine na escuridão mais parecia impossível, então ele ouviu o fungar o aluno, aquilo começou a desesperar Kurt. Seria horrível se Blaine tivesse um ataque enquanto estava sob sua responsabilidade, ainda mais dentro do seu apartamento, onde estavam apenas os dois. Kurt estava tão ferrado!

Rapidamente Kurt alcançou a mão de Blaine no meio da escuridão, o moreno pareceu relaxar com o simples toque. Blaine olhou rapidamente para todos os lados, mas era inútil pela falta de luz. Antes que ele pudesse processar o que aconteceu, Blaine agarrou o corpo de Kurt, fortemente, e o professor podia sentir o hálito quente do aluno no seu pescoço. Sendo pego de surpresa, a caneca com chá acabou caindo e a de Blaine também, por um momento o professor se amaldiçoou. Aquelas canecas foram presentes do seu pai.

— Ei, está tudo bem! — Kurt sussurrou, numa tentativa de acalmar Blaine, o abraçando de volta. — Foi apenas uma queda de luz, daqui a volta pouco.

Blaine soluçou contra o peito de Kurt, ele agarrou a camisa do professor. Tudo que ele queria, era que aquela maldita luz voltasse.

— Preciso ver se tenho uma lanterna ou até mesmo velas. — Kurt disse tranquilamente, afagando as costas do moreno. — Olha, eu quero que permaneça aqui e não saia até eu mandar!

— Não me deixe. — Blaine respondeu, fazendo que o coração de Kurt derretesse. — Por favor, Sr. Hummel!

— Ok, estamos fora da universidade, você pode me chamar de Kurt, se quiser. — Kurt sorriu. Então ele teve uma ideia de como pegar a lanterna. — Caminhe até a cozinha comigo, certo?

 Blaine assentiu e obedeceu ao professor. Eles caminharam entre tropeços até chegar a cozinha, rapidamente Kurt achou uma lanterna na gaveta do armário. Quando a lanterna foi ligada, um grande suspiro veio de Blaine. Ele sorriu para o professor que tinha a lanterna apontada para seu rosto, quase como uma cena de terror.

— Acho que está um pouco melhor agora. — Kurt sorriu então Blaine também sorriu. — Será que pode ficar pior?

Antes que Blaine pudesse responder, um grande trovão ecoou através do céu. Dando um grande susto em ambos, Kurt gargalhou alto enquanto Blaine olhava assustado.

— Eu e minha boca grande! — Kurt bateu na própria boca de brincadeira, dessa vez Blaine não deixou de rir. — Precisamos chegar ao sofá agora.

Os dois sentaram no sofá, com uma distância entre eles, mas Blaine parecia se aproximar a cada trovão. Kurt supôs que Blaine estava com medo, com isso, deixou o moreno se aproximar, até que os dois estavam quase se abraçando no sofá. Acidentalmente, Kurt virou seu rosto no momento que Blaine virou o seu, seus olhos se encontraram no meio daquela escuridão, apenas a franca luz da lanterna. A respiração de ambos engatou, seus narizes estavam quase roçando um no outro. Kurt distraidamente se viu lambendo os lábios imaginando como seria beijar Blaine.

O professor agarrou o pescoço de Blaine levemente e houve uma batida na porta. Os dois saltaram no sofá, ambos respiravam ofegantes, apesar de não terem feito nada. Misteriosamente a luz volta, Kurt bufou e levantou do sofá, desligando a lanterna. Ele abriu a porta do apartamento, esperando encontrar Quinn, mas tudo que viu foi Cooper, nada feliz.

— Cooper? — Kurt gaguejou, amaldiçoando-se por isso.

— Também é bom ver você, Hummel. — Cooper disse num tom amargo. — Realmente não esperava lhe encontrar tão cedo, mas o GPS do celular de Blaine queria lhe dar uma visitinha.

— O quê?

— Eu localizei o celular de Blaine e acabei chegando aqui. — Cooper explicou, cruzando os braços. Kurt reparou na sua jaqueta de couro, perguntando-se se aquilo vivia grudado no seu corpo. — O que diabos o celular de Blaine faz aqui?

— Bem, na verdade, ele está aqui...

— Houve mais algum problema? — A preocupação tomou conta de Cooper e ele entrou no apartamento sem permissão. Ele encontrou o irmão mais novo sentado no sofá, olhando para a almofada ao seu lado. — Blaine, o que você faz aqui?!

—E-eu... C-chuva...

— Acabou chovendo enquanto saiamos de NYU e decidi convidá-lo para ficar aqui enquanto passava a chuva, então ele está aqui desde então. — Kurt disse, percebendo o comportamento estranho de Blaine. — Fiz algo errado?

— Não... Obrigado por isso. — Cooper disse, rapidamente Kurt arqueou a sobrancelha, fazendo o moreno mais velho sorrir. — Realmente obrigado, estive numa reunião importante hoje e não deu para buscar Blaine na universidade, isso não se repetirá.

— Está tudo bem, Coop. — Blaine disse pela primeira vez, levantando do sofá, evitando o olhar do professor. — Podemos ir embora agora?

— Claro. — Cooper assentiu, dando uma tapinha nas costas do irmão. — Pegue suas coisas e vamos.

Blaine recolheu sua mochila esquecida no cabideiro da entrada.  Blaine nem ao menos olhou nos olhos do professor quando eles se despediram. Depois de catar todos os pedaços de vidro das duas canecas, Kurt sentou novamente no sofá, olhando para a lanterna no seu colo, suspirou e sussurrou:

— O que eu estou fazendo?

***

No dia seguinte, Kurt temeu ao entrar na sala de aula. Havia poucos alunos naquela manhã, porque ainda chovia do lado de fora e fazia muito frio. O professor tirou seu casaco grosso e deixou nas costas da cadeira. Ele respirou fundo e pegou alguns papéis da sua bolsa, começou a entregar a todos, fazendo questão de passar por Blaine. O moreno estava calado como sempre, mas dessa vez, nem mesmo estava conversando com Tina. Logo todos tinham uma folha em branco nas mãos, alguns sussurravam confusos, não fazendo ideia do que significava.

Kurt sentou sobre a mesa e logo previu as perguntas que receberia. A mão de Tina foi disparada no ar e o professor sorriu.

— Sim, Tina?

— O que é isso? — Tina perguntou e todos olharam para o professor esperando a resposta.

— Uma folha...? — Kurt disse e os alunos riram. Tina rapidamente corou e abaixou a cabeça. — Desculpe Tina, eu não aguentei!

Ele levantou da mesa e ergueu as mangas da camisa até o antebraço. Seus alunos olhavam curiosos. Blaine parecia o único indiferente ali.

— Temos um problema aqui! — Kurt exclamou, pegando uma folha branca para si. Ele fingiu observar a folha, arrancando risadas dos seus alunos. — Isso é horrível, temos um caso sério!

Alguns alunos que conheciam Kurt já sabiam o que viria por vir, os novatos estavam ansiosos, esperando a surpresa vinda do professor.

— Essa folha ainda é virgem. — Kurt franziu o nariz — Imagino que vocês queiram “preenchê-la” com palavras.

Tina riu na sua cadeira e Blaine pareceu confuso com as palavras do professor. Preencher uma folha virgem? Tudo bem.

— Temos exatamente... — Kurt consultou seu relógio de pulso e olhou para seus alunos, com um sorriso nos lábios. —10 minutos para preencher essa maldita folha.

— Com o quê?

— Palavras, rabiscos, pensamentos, você escolhem.

Foi uma surpresa para todos, mas logo eles começaram a usar a folha. Kurt cruzou os baços com um sorriso presunçoso nos lábios, ele adorava dar desafios aos seus alunos e não perderia a oportunidade de fazer aquilo. Alguns minutos depois, o professor consultou o relógio de pulso novamente, faltava apenas 5 minutos e alguns alunos pareciam nervosos.

Blaine destampou e tampou sua caneta várias vezes, seus olhos estão vidrados no papel branco na sua frente. Ele nem tinha começado ainda, então decidiu olhar para trás e ver o que Tina fazia. A asiática trabalhava rapidamente com a sua caneta, ela mordia levemente o lábio e tinha a expressão concentrada.

O moreno suspirou e voltou sua atenção para sua folha. Um longo suspiro foi ouvido, ele até mesmo recebeu alguns olhares curiosos, mas ele ignorou. Kurt observava de longe toda a movimentação do seu aluno, o moreno começou a trabalhar no seu papel rapidamente, dando a Kurt um grande sorriso.

A aula acabou e Kurt mal teve tempo para conversar com Blaine, ele recolheu os papéis novamente e sorriu tristemente para seus alunos. Blaine se meteu numa conversa com Tina e saiu da sala de aula o mais rápido possível. O professor suspirou e começou a recolher seus materiais de cima da mesa, assim que terminou, saiu da sala. Por acaso encontrou Quinn no meio do caminho, a professora o convidou para beber uma cerveja num bar perto dali.  E como sempre, Kurt rejeitou, falando sobre corrigir seus trabalhos e terminar de escrever para um artigo.

Se fosse outros tempos Kurt teria aceitado sem problemas. Ele beberia até o último gole da garrafa, mas agora era diferente, a única coisa que Kurt bebia era café. Sendo preto e amargo. O namoro com Sam o fez ter vários amigos, ele lembrava cada ficante que Quinn teve e lembrava até mesmo das piadas sem graça do ex-namorado. Acabou rindo levemente ao lembrar algumas. Tudo isso sumiu quando o namoro acabou, desde então Kurt mergulhou em trabalho.

Quando chegou ao seu apartamento, Kurt percebeu a luzinha da secretária eletrônica piscando e apertou no botão para ouvir suas mensagens. Ele respondeu sem olhar para o identificador de chamadas.

— Olá?

— Oi Kurt, sou eu. — Kurt parou rapidamente de desabotoar sua camisa. Aquela voz... Tão agradável, tão suave, tão suave e tão dolorosamente familiar.

Sam.

— E-ei Sam... O que há de errado? — Kurt gaguejou para o receptor, o coração tremendo contra as restrições do seu esôfago. Ele engoliu o caroço feio que queimava sua garganta.

— Por que você parece tão perturbado? Você, oh, cara, estou interrompendo alguma coisa? Você está com alguém?

Kurt ouviu a risada aveludada, que costumava ser a base de seus dias. Por um momento, ele lembrou a alegria que era ser apaixonado. E ainda era, mas em certa medida.

— Não, eu não estou com ninguém no momento. — Kurt riu em resposta. — É só que... Tem sido um bom tempo.

— Você pode me atender? — Sam perguntou. A timidez de seu pedido enviou um aumento do medo através da espinha de Kurt. E se ele estava machucado? Ele estava em apuros? Kurt se perguntava o que tinha acontecido. — Uh huh, v-você está livre? Para se encontrar comigo no parque às dez?

— Sim — Kurt confirmou. — Eu estarei lá.

Kurt abotoou sua camisa novamente, reunindo o seu casaco e as chaves, apressando-se para fora de seu prédio com a batida insana de seu peito quebrando dentro de seu corpo. Ele engoliu o medo, pois não havia nenhum motivo para ficar nervoso. Apesar do desgosto que Sam levou Kurt passar, isso não significava que ele tinha que ficar com raiva. Ele era, afinal de tudo, um amigo. E Kurt, precisava de um amigo como Sam, mesmo que seja um pouco estranho.

Chame-o de altruísta, idiota, masoquista, mas é a verdade.


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Notas finais do capítulo

Hehehe, acho que veremos Sam em breve, hein?
Por pouco acontece nosso primeiro Klaine, mas não fiquem ansiosos, não vai demorar muito para acontecer, eu acho. No próximo capítulo, vamos ter Kum e um pouco mais sobre os dois, mais AnderBros e daí vamos entender sobre eles. Gostaram? Então comentem!