Literally Falling From A Parachute escrita por Paul Everett


Capítulo 33
Capítulo 33: Tempestade


Notas iniciais do capítulo

Era para mim ter postado ontem esse capítulo, mas aconteceu um pequeno imprevisto... Um adorável imprevisto, mas aqui está, o capítulo 33. Dedico este capítulo para GikaColfer, que recomendou esta fic, obrigada pela bela recomendação. E também a ForeverKlainer, que está sempre compartilhando suas ideias e sugestões comigo. Vou ser bem rápida nessa nota, esse capítulo é a continuação do outro... Quem não lembra, lê o anterior rapidinho e volta para cá.

A música que aparece no capítulo é do Drake, mas a versão do Alex Turner do Arctic Monkeys é uma coisa... É uma coisa. Podem ouvir qualquer uma das versões, usem a imaginação e boa leitura.



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Era noite com o palco livre, mas ninguém havia se atrevido subir ao palco. Não foi uma surpresa para Jim que a turma de Kurt seria a primeira a abrir a noite com algum dueto ou solo. A leve batida no microfone chamou atenção das pessoas ao redor do bar. O barista ajeitou sua postura e segurou o microfone firmemente, olhando para a multidão.

— Boa noite, gente! — Jim saudou, recebendo múrmuros de volta. — É noite de música! Temos aqui dois jovens que tomaram coragem de cantar para vocês! Com vocês... Bla... Que nome é esse?

— Oh, é o nosso nome juntos. — Blaine explicou, sorridente.

Jim franziu a testa e olhou para Sam, que assentiu freneticamente.

— Ok... Então, com vocês, Blam!

Kurt revirou os olhos e cruzou os braços, observando os movimentos dos rapazes sobre o palco. Ambos estavam nervosos. Sam falava rapidamente com a pequena banda, talvez fosse a presença e olhar intenso que Oliver lhe enviava. Blaine encaixava o microfone no pedestal, dando leves batidinhas como o barista havia feito e segurava firme. Segurava aquilo como se dependesse dele. Falar em público era seu maior inimigo. Ainda mais cantar. Ele não tinha boas lembranças com esse tipo de gente.

Sam estava começando suar, mesmo que o clima estivesse agradável. Ele abriu os primeiros botões da camisa e passou a mão pelos cabelos. Quando desencaixou seu microfone e sorriu para o público, a conversa logo cessou. Ele agradeceu mentalmente, porque não saberia como lidar caso a conversava continuasse. Suas mãos tremiam e seu medo de errar alguma nota ou esquecer a letra era maior.

— Iremos cantar “Hold On, We're Going Home”, do Drake. Fizemos uma versão um pouco diferente da original e tem algumas modificações... Espero que gostem.

Ele fez um gesto em direção a banda que começou uma batidinha. Blaine olhou ansiosamente em direção do loiro, que apenas sorriu, tentando o tranquilizar. Leves batidas fizeram o corpo de Sam se soltar, ao poucos ele fazia movimentos com os quadris e segurava o microfone contra os lábios com mais segurança.

I got my eyes on you, you're everything that I see

I want your hot love and emotion endlessly

I can't get over you, you put your mark on me

I want your high love and emotion endlessly

'Cause you're a good boy and you know it

You act so different around me

'Cause you're a good boy and you know it

I know exactly who you could be

Sam dançava facilmente ao redor do palco enquanto Blaine ria levemente, tentando imitar alguns passos. O público estava gostando... Até mesmo batiam palmas no ritmo da música.

Just hold on, we're going home

Just hold on, we're going home

It's hard to do these things alone

Just hold on, we're going home

I got my eyes on you, you're everything that I see

I want your hot love and emotion endlessly

I can't get over you, you left your mark on me

I want your high love and emotion endlessly

'Cause you're a good boy and you know it

You act so different around me

'Cause you're a good boy and you know it

I know exactly who you could be

Oliver mordeu levemente o lábio ao travar um olhar com o loiro. Era óbvio as intenções naquela música. Não era a melhor música para se cantar para alguém... Mas Oliver nunca foi cortejado daquela maneira antes. E ele gostou. Sua resposta foi apenas um leve sorriso, que foi retribuído.

Eles nem perceberam quando Blaine começou a cantar junto. Kurt olhava orgulhoso para o namorado no palco. Sabia dos medos do namorado... Aquilo era um desafio para o moreno. Se dependesse de Kurt, ele estaria em todos os momentos que Blaine vencesse uma barreira da síndrome.

Just hold on, we're going home (going home)

Just hold on, we're going home (going home)

It's hard to do these things alone (things alone)

Just hold on, we're going home

A batida diminui, deixando apenas a bateria. Sam apontou para Oliver e continuou a cantar:

You're the boy, you're the one

I gave you everything I love

You think there's something, baby

I think there's something, baby

You're the boy, you're the one

I gave you everything I love

You think there's something, baby

I think there's something

Just hold on, we're going home…

A música terminou e foi saudada por todos dali. Blaine e Sam sorriram e fizeram uma reverência, arrancando risadas de Kurt e Oliver. Quando os rapazes voltaram para a mesa, outras pessoas já estavam cantando no palco, não tão bons quantos eles, mas não chegava a sangrar os ouvidos. Blaine foi recebido por abraço apertado de Kurt, se ele achava que não poderia ficar mais orgulhoso... Estava se surpreendendo todos os dias.

Depois da cantaria, eles ficaram conversando e bebendo um pouco mais. Quando já estava tarde, Kurt avisou aos rapazes que era hora de ir. Blaine soltou um muxoxo, Oliver e Sam se entreolharam. Eles racharam a conta do bar e saíram, caminhando pelo estacionamento quase deserto.

— Eu amei esse encontro duplo! Foi num dos melhores que já fui... — Blaine sorriu triunfante. — Quer dizer, eu nunca fui a um, mas este é o melhor até agora.

— Nós entendemos, querido. — Kurt riu, afagando as costas do namorado. — Eu também amei principalmente a presença de Oliver.

— Que isso, Kurt, confesso não esperava vocês, mas não foi tão ruim. — Oliver piscou para os dois. Kurt bufou, rindo levemente. — Adorei conhecer vocês.

— Nós também.

— Talvez pudéssemos fazer este programa outro dia. — Sam sugeriu.

— Claro, eu adoraria. — Oliver concordou.

— Ou talvez, poderíamos chamar todos e fazer um grande encontro de casais. — Blaine disse e todos riram. — O quê?

— Talvez, Blaine. — Kurt sorriu, dando um beijo na bochecha do moreno.

— Acho melhor irmos, não queremos ficar correndo risco de assalto. — Oliver disse, ignorando o calafrio pelo seu corpo. — Vocês estão de carro?

— Sim, viemos no carro de uma amiga. — Kurt respondeu.

— Eu também, quer dizer, o carro é de Sebastian. — Oliver bufou. — Disse que ia sair com alguns amigos, meio que é verdade, então...

— Tomara que ele não saiba, hein. — Kurt brincou. — Já vamos indo, foi um prazer te conhecer, Oliver.

— Você também, até mais.

Kurt sorriu e começou a andar em direção do carro de Ariel, sendo seguido por Blaine. Ele destravou o carro e abriu a porta, franziu a testa ao notar a ausência de alguém. Olhou pra trás e encontrou Sam e Oliver um na frente do outro. A cena lhe fez sorrir. Suas mãos estavam entrelaçadas, mesmo que timidamente. Talvez Sam tivesse feito a escolha certa.

— Sam, você não vem conosco?

O loiro virou-se assustado para o amigo e Oliver corou, mesmo que ninguém visse, era óbvio.

— E-eu... Vamos continuar a noite em outro lugar. — Sam disse, sorrindo timidamente.

— Ok... — Kurt sorriu. — Tenha cuidado.

— Vou ter. — Sam piscou.

Kurt voltou para dentro do carro e Blaine observava os dois rapazes entrando no carro monstruoso de Sebastian. Oliver foi gentil em abrir a porta para Sam, que disse alguma coisa fazendo que Oliver risse. Ao ouvir o motor do carro ser ligado, Blaine saiu do seu estupor.

— Ele não vai com a gente? — Blaine perguntou.

— Não, Oliver prestou atenção nas letras das músicas...

— Oh.

— Pois é, vamos para casa sem ele.

— Que pena... Eu iria sugerir que fossemos no Central Park.

Kurt torceu o nariz e começou a dirigir para fora do estacionamento.

— Como você acha que ia me convencer disso? Está tarde.

— Por isso é uma pena Sam não vir com a gente, seria dois contra um, você. — Blaine disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— E se os três concordassem?

Blaine franziu a testa para Kurt, que estava sorridente.

***

Folhas explodiram em todos os lugares, enquanto eles caminhavam no parque e cada passo que Blaine dava, sentia a queda da temperatura e o céu escurecer ainda mais. Ele rezou para que não chovesse, mas quando ele olhou para o céu nublado, ele tinha a sensação de que aconteceria de qualquer maneira.

— Eu amo este parque...

— Isso é porque ele é especial. — Blaine afirmou, num tom óbvio.

— Eu sei, nosso primeiro encontro foi aqui... Ou algo assim. — Kurt disse, incerto.

— Não importa se era um encontro de verdade ou não. Tivemos um primeiro encontro oficial, se você lembra. — Blaine segurou a mão de Kurt e apertou o dedo onde o anel vermelho estava.

— Sim, eu sei... Enfim, eu amo isso aqui.

Blaine olhou ao redor do parque observando os poucos casais e pessoas ali. Praticamente nada havia mudado, não havia lixo cobrindo o chão e nem crianças ou animais correndo pela fonte.

— Você está louco. — Blaine brincou.

Porque o moreno realmente amava o parque, tanto quanto Kurt. O professor riu em resposta e beijou Blaine na bochecha.

— E você, meu querido, é louco também.

Blaine balançou a cabeça para o comportamento bobo que Kurt parecia ter esta noite. Ele estava preste a comentar sobre as coisas que Kurt havia feito quando uma brisa congelante bateu em seu rosto, fazendo seus cabelos bagunçarem.

— Está muito mais frio do que pensei que seria. — Blaine comentou, estremecendo.

— Eu gosto deste tipo de clima, não muito frio e não muito quente. Quente com uma brisa agradável... — Kurt suspirou e girou com o vento. Nem sequer notando as notas de chuva que começaram a cair enquanto dançava.

Blaine sorriu para ele com adoração e riu. Kurt tinha um sorriso gigante colado ao seu rosto enquanto ele girava no parque, embaraçando seus cabelos castanhos. Isso só fez Blaine rir mais e se tornar grato pelo jeito que o namorado estava se comportando. Ele gostava de primavera e realmente odiava esse tipo de clima. Blaine sabia que Kurt amava o frio e ele o calor. Alguns dias eram completamente opostos sobre este, mas Blaine gostava dessa maneira.

A chuva começou a cair mais e mais rápido, mas Kurt não parecia perceber.

— Kurt. — Blaine riu, tentando chamar a atenção do outro, mas ele não parava de dançar. — Está chovendo.

Blaine agarrou o braço de Kurt e parou o movimento do professor.

— Ei, eu estava me divertindo!

— Está chovendo. — Blaine repetiu colocando as mãos sobre a cabeça numa tentativa de ficar seco.

Kurt sorriu mais, vendo o olhar que recebia de Blaine. Ele não poderia deixar de pensar que Blaine parecia mais bonito na chuva, se isso fosse impossível. Agarrou as mãos de Blaine e segurou-os entre o peito.

— Você sabe, eu sempre tive essa fantasia. — Kurt começou, mas parou no meio e desviou o olhar em falso embaraço.

— Fantasia? Será que isso envolve alguém em particular? — Blaine animou-se e se inclinou mais perto para escutar. Kurt sorriu tendo a reação esperada.

— Sim, na verdade, você é uma grande parte desta fantasia.

— Ohhh! — Blaine sorriu animadamente. — Me fale sobre esta fantasia!

— Bem, eu sempre quis ser beijado na chuva.

Uma vez que Kurt havia dito ele corou de vergonha, pensando quão tolo e clichê era querer ser beijado na chuva. Mas Blaine pensou que era cativante.

— Sério? — Blaine riu em falsa surpresa. — Bem, eu farei todas as suas fantasias virar realidade. — Ele colocou os braços em volta do pescoço de Kurt. — Então, eu não vejo por que eu não posso ajudá-lo com esta fantasia.

Blaine puxou Kurt para baixo e ficou nas pontas dos pés. Uma vez que seus lábios estavam conectados começou a chover mais forte, encharcando os dois. Kurt derreteu-se mais no beijo, empurrando Blaine para trás até que suas costas bateram em uma árvore. Ele colocou as mãos na árvore para firmar que ele e Blaine não caíssem. Blaine agarrou o tecido do suéter de Kurt e puxou-o para mais perto. Kurt mordiscou o lábio de Blaine como suas línguas lutaram pelo domínio. Quando Kurt conseguiu o domínio, Blaine gemeu e segurou o namorado mais apertado.

Um grande estrondo de um trovão fez os rapazes saltarem, outro estrondo de um trovão veio rapidamente seguido por um relâmpago. Os dois se afastaram e olharam para o céu através dos galhos das árvores.

— Oh, merda. — Kurt exclamou. — Nós provavelmente deveríamos ir agora.

Um grande raio de luz iluminou o céu, os dois rapazes pularam novamente. Kurt agarrou a mão de Blaine e puxou-o para fora da árvore e começou a correr em direção à trilha principal. Os dois correram pelo caminho no meio do parque. Mal vendo por onde estavam indo enquanto a chuva estava caindo com tanta força que nem era possível olhar o caminho pela frente. Kurt estava contando que os raios acabassem e Blaine estava contando com Kurt.

Kurt apertou a mão de Blaine antes que acelerar o passo. Blaine percebeu que eles não estavam indo em direção à saída do parque.

— Pra onde vamos? — Ele perguntou por cima da chuva.

— Eu estou tentando chegar naquele abrigo por aqui. — Kurt piscou rapidamente. — Eu acho que estou vendo, vamos lá.

Blaine seguiu Kurt, os sapatos e as bainhas de suas calças ficando barrentas com cada passo que dava. Ele não conseguia ver nada, então Blaine fechou os olhos e deixou Kurt guiá-lo completamente. Só abriu os olhos quando ele já não sentia as gotas de água batendo nele. Ele suspirou quando viu que estava no abrigo seco. Kurt estava olhando para ele com uma expressão preocupada no rosto. Kurt tirou o cabelo molhado, emaranhado da testa de Blaine e perguntou:

— Você está bem, B?

— Sim, eu estou bem.

— Por que você estava com os olhos fechados? — Kurt enxugou uma gota de água que descia sua bochecha.

— Eu não conseguia ver, então eu só fechei os olhos. — Blaine deu de ombros.

— Tudo bem. — Kurt esboçou um sorriso. Ele olhou ao redor do abrigo. — Acho que podemos ficar um pouco aqui. Basta esperar até que a chuva se acalme.

Blaine assentiu com a cabeça. Seus olhos se arrastaram no corpo molhado de Kurt. Seu cabelo estava encharcado e pingando, assim como sua roupa. Seu suéter estava grudado e seu peito subia e descia rapidamente enquanto tentava recuperar o fôlego. Blaine balançou a cabeça e tentou limpar a mente. Então viu que Kurt estava sorrindo novamente.

— Você ainda gosta deste tipo de clima? — A voz de Blaine subiu uma oitava.

Kurt olhou para ele com uma expressão de culpa.

— É ruim que eu gosto?

— Sim! Bem, não, está tudo bem. Mas olhe para mim! Estou encharcado. — Blaine exclamou.

— Mas eu gosto de você molhado. — Kurt sorriu.

— Bom. — Blaine disse. — Agora onde está sua cabeça?

— Oh, você sabe... — Kurt riu.

— Cala a boca. — Blaine tentou ignorar as bochechas pegando fogo. Ele estremeceu levemente. — Venha aqui, eu estou com frio.

— Claro, senhor. — Kurt aproximou-se do moreno e colocou os braços ao redor do garoto. — Você deveria ter trago um casaco.

— Eu não sabia que ia chover. — Blaine olhou para Kurt. — E mesmo que o fizesse, eu não esperava permanecer nela.

— Você está dizendo que você preferia ter ido pra casa a me beijar na chuva.

— Talvez. — Blaine provocou.

Kurt riu e puxou Blaine para mais perto dele. O moreno podia sentir as vibrações da risada de Kurt, quase o embalando para dormir.

— Devemos telefonar para Quinn, ela provavelmente poderia nos pegar. — Blaine afastou-se do calor de Kurt para deixá-lo pegar o celular. Mas Kurt ficou parado sem fazer nada. — Você trouxe seu celular certo?

Hm, Kurt pensou por um momento.

— Não. — Ele disse simplesmente.

— Podemos ficar presos aqui por horas, Kurt! — Blaine começou a procurar algo em seus próprios bolsos na esperança de encontrar o celular, que ele sabia que estava no apartamento deles, sobre a mesinha de cabeceira ao lado da cama.

— Vai ficar tudo bem, B. — Kurt puxou o moreno, que estava entrando em pânico. — A tempestade vai parar e vamos sair daqui. Vamos sair e dormir juntos na nossa cama. Provavelmente enrolar um pouco...

— A única razão pela qual você... Está calmo é porque você gosta deste tipo de clima... Horrível...

— Sim, eu adoro o tempo e eu amo você ainda mais. — Kurt beijou o topo da cabeça de Blaine.

Blaine suspirou e não disse nada. Ele brincava com a corda pendurada do suéter vermelho e úmido de Kurt. Minutos se passaram sem que nenhum deles falasse, apenas os sons da água escorrendo enchiam o ar. Isso fez Blaine sorrir porque ele lembrou de uma vez que começou a chover na universidade e tudo acabou no apartamento de Kurt... O som de uma torneira pingando substituiu os pingos de chuva.

De repente Blaine estava no apartamento, lembrando-se da sua primeira vez ali, de tudo que Kurt havia dito e tudo o que ele tinha percebido. Espantou Blaine lembrar que isso só tinha sido há pouco tempo atrás. Ele sabia que não tinha sido por muito tempo, mas agora era difícil para ele lembrar como as coisas eram antes. Sabe, antes de Kurt acontecer.

— Kurt. — Blaine murmurou.

Kurt parecia profundo no seu pensamento, assim não respondeu.

— Kurt. — Blaine disse um pouco mais alto.

Kurt olhou para Blaine, seus olhos azuis vidrados sobre o moreno, mas brilhantes e felizes.

— Sim?

— Você lembra quando você confessou o que sentia por mim...

— No apartamento.

— Obrigado.

— Pelo o quê? — Kurt franziu as sobrancelhas.

— Por dizer, eu acho que não conseguiria.

Kurt sorriu levemente, apertando o menor nos seus braços.

— Obrigado.

— Pelo o que? — Blaine imitou e Kurt riu.

— Por estar comigo nessa confusão.

— De nada, eu gosto. — Blaine deu de ombros. Kurt revirou os olhos e depositou um beijo na bochecha do moreno, que empurrou levemente o outro. — Acho que a chuva está passando...

— É verdade. — Kurt suspirou aliviado. — Deveríamos ir antes que comece a engrossar novamente.

— O quê? Você não gosta de ficar comigo aqui?

— Cale a boca.

— Eu também te amo.

***

Blaine puxou a gola do casaco para cima, estava frio. Ou talvez ele estivesse com febre. Quinn não parecia se importar com isso. A loira andava apressadamente pela calçada enquanto falava sem parar no celular. O espirro do moreno chamou sua atenção, ela apenas revirou os olhos e voltou sua atenção para o caminho. Blaine estava gripado. Isso aconteceria de qualquer jeito depois daquele banho de chuva. Os espirros foram os primeiros sinais da gripe... Logo ele recebeu uma careta de Kurt, este estava incrivelmente saudável após o acontecido. Talvez Kurt já estivesse acostumado com aquele clima estranho de Nova York. Os remédios que Quinn havia comprado, as sopas que Kurt havia feito e os filmes que Sam havia alugado não haviam melhorado nada.

A ponta do seu nariz estava vermelha, seus olhos imploravam por descanso. Blaine não aceitou ficar em casa, mas Kurt insistiu. Na primeira oportunidade que ele viu de sair do apartamento foi quando trombou com Quinn no corredor do prédio, ele pediu se poderia acompanhar ela. Ele não sabia onde estava indo. Não esperava ser morto naquele dia.

— Devíamos ter ficado em casa, assistindo algum filme... — Blaine resmungou.

— Você que quis vir comigo. — Quinn retrucou.

— Será que dá para andar mais devagar? Ou até mesmo falar comigo?

— Você não devia ter ido pra aula ou algo assim?

— Eu estou gripado... E você, não trabalha?

— Estou de folga, pequeno Elfo.

— Ugh...

Quinn bufou uma risada e acelerou o passo. O moreno suspirou e decidiu que qualquer protesto seria inútil. Quinn entrou num Starbucks e se dirigiu ao balcão. Pelo menos estava quentinho ali. A menina atrás do caixa sorriu docemente para a loira.

— Bom dia, Quinn. Vai querer o de sempre?

— Oi, Nikki, e sim, obrigada.

— Um latte de baunilha, saindo. E para seu amigo?

Quinn se voltou para Blaine com uma sobrancelha erguida.

— Só um café puro, por favor.

— Claro. — Nikki disse, digitando as ordens no computador e acenando para o rapaz atrás dela. Ele começou a preparar os pedidos. — Então, hm, como foi seu fim de semana, Quinn?

Blaine revirou os olhos quando a loira jogou um sorriso para a moça, inclinando o quadril contra o balcão de mármore.

— Bom. Tranquilo... Acabei de reler "Kafka à beira-mar".

— I-isso é ótimo. Murakami é um autor realmente incrível.

— Um gênio. — Quinn concordou, entregando o dinheiro a garota. — É quanto a você?

— Oh, sabe, o mesmo de sempre. Apenas saí com alguns amigos e essas coisas. — Nikki respondeu, corando ligeiramente quando as pontas de seus dedos tocaram os da professora.

— Legal.

A jovem atendente sorriu. Blaine observou a interação com um sorriso. Quinn tinha um dom natural para flertar com as pessoas, quase como uma segunda pele. Blaine testemunhara isso outras vezes ao longo das últimas semanas, meses... Como quando Quinn provocou Santana apenas para irritá-la. Algo como: “você fica dizendo que vai chutar minha bunda San, mas eu sei que não vai, você gosta demais dela para chutar”. Ou quando paquerava Brittany, quando as duas queriam irritar Santana. Ou com Sam, o que era simplesmente hilário, porque se ele flertava de volta, todos riam com aquilo. Ou, até mesmo com Kurt. E era tudo uma boa diversão.

O parceiro de Nikki trouxe os pedidos e Quinn apanhou os copos, entregando o de Blaine.

— Cuidado, está quente. Enfim, eu vejo você por aí!

— Tchau, Quinn! — Nikki acenou.

Ao saírem da cafeteria, Blaine soltou uma gargalhada. Quinn bebericou seu café e olhou para o moreno com testa franzida.

— Isso é insano! Você fez isso de novo! — Blaine apontou.

— Fiz o que exatamente?

— Paquerar as pessoas e elas caem...

— É um dom. — Quinn zombou. — Antigamente era eu e Kurt flertando contra o mundo.

— O quê? — Blaine engasgou-se com o café.

— Vamos... Preciso passar em NYU antes de voltarmos para casa, será algo rápido. — Quinn desconversou com uma risada.

Mais um horário havia sido encerrado. Kurt sorriu simpaticamente para seus alunos que saiam da sala, ele pegou seus livros sobre a mesa e pôs contra o peito, ajeitando a alça da sua bolsa no ombro. Tranquilamente fazendo seu caminho para fora da sala, cumprimentando alunos conhecidos pelo caminho. Tinha como destino chegar à sala dos professores. Kurt tinha esse tempo vago. Era um alívio, ele precisava de cafeína... Talvez com o acompanhamento dos biscoitos que Blaine tinha feito. Céus, aqueles biscoitos nunca o decepcionavam... Blaine poderia ganhar dinheiro com aquilo ou não, mais ideias para a cabeça do baixinho só o confundiria ainda mais. Já bastava as telas espalhadas por todo seu apartamento, a tinta que não saia dos móveis e Kurt teve vontade de chorar, mas apenas sorriu e ignorou tudo. Ele não ligava para bens materiais... Mas sentia falta das suas coisas e do silêncio.

As coisas seriam assim dali para frente, ele sabia, todos sabiam. E ele não se arrependia... Ter Blaine em sua vida era uma maravilha, aquele moreno com seu jeito único e inocente cativava qualquer criatura com coração. Kurt tentou esconder o sorriso ao pensar no namorado, segurando os livros mais contra o corpo. É... Ele estava completamente apaixonado. Honestamente. Estava escrito na sua cara e todos poderiam ver...

Ao virar a esquina do corredor, seu corpo se chocou com outro. Quase os livros de Kurt foram ao chão, quase. Ele ajeitou sua postura para pedir desculpas para quem quer fosse, erguendo a cabeça e encarando um homem. Bem, ele já estava na faixa de seus 50 anos. Tinha seu cabelo liso elegantemente para trás e uma roupa formal, com direito a uma gravata personalizada.

— Oh, esse povinho sujo de Nova York. — Ele ouviu o homem resmungar, ajeitando os amassados inexistentes no seu terno. O homem ergueu o olhar para Kurt e o encarou desafiadoramente. — Tenho certeza que deveríamos prestar mais atenção nos nossos caminhos.

O tom amargo não passou despercebido. Kurt ignorou e sorriu falsamente.

— Claro, eu não sei onde estava com a cabeça. — Kurt respondeu, mantendo o sorriso. — Sinto muito.

— Eu também.

Kurt esperava que ele realmente sentisse. Antes que o professor continuasse seu caminho, a voz alta do homem chamou sua atenção.

— Com licença, por acaso você trabalha por aqui?

— Sou professor aqui. — Kurt disse, olhando para seu relógio de pulso. Ele não queria perder seu tempo conversando com esse estranho. — Algum problema?

— Vários, mas... Não leve para o lado pessoal, mas são assuntos sérios que só interessam a minha pessoa. — Ele respondeu, passando a mão levemente nos cabelos. Kurt quis recuar quando o homem estendeu a mão. — Sou Walter An-

— Qual é, professor Hummel!

Kurt acenou em direção ao seu aluno que passava com um grupo. A mão do tal de Walter continuava estendida na sua direção e timidamente, Kurt apertou-a. Recebendo um aperto forte. Ele quase gemeu entre um aperto.

— Vejo que é bem conhecido, professor Hummel. — Walter comentou.

— Sim, eu acho. — Kurt sorriu. Este era mais verdadeiro do que os outros. — Eu amo ensinar, então... Há esse relacionamento fiel entre professor e aluno.

Claro que havia um pouco de ironia ali.

— Imagino. Apesar de não ser algo ambicioso, é importante e útil para o futuro. — Walter disse formalmente e Kurt arqueou a sobrancelha. Quem era aquele homem? — Posso parecer estar sendo alguém rude, meu jovem, mas sou um homem de negócios... Ser professor não é algo de se orgulhar.

— Eu tenho uma opinião completamente diferente. — Kurt estava se irritando. — Meu trabalho é honesto, assim como o seu, e eu me orgulho bastante dele.

— Ah, não se sinta ofendido. — Walter riu sem graça. — Eu fico realmente grato pelo seu tipo de profissão, ainda mais pela paciência de vocês... É o único jeito que mantém meu filho bastardo longe de confusões. Ele adora essas coisas.

Kurt teve certa pena do pobre rapaz.  Ignorando totalmente as palavras do homem, ele começou a caminhar pelo corredor sendo seguido pelo homem. Céus, o que ele fez pra merecer isso? Certamente era alguma pegadinha de Quinn.

— Será que ele frequenta alguma aula sua, professor Hummel? — Walter questionou, num tom de zombaria.

— Eu não sei... Certamente me lembraria. — Kurt deu de ombros.

— Literatura, certo? — Walter apontou para os livros e Kurt olhou para seus livros, ajeitando-os contra seu peito. — Meu filho tem alguns problemas... Acho que você deve dar algum tipo de apoio para meu filho, alguma ajuda.

— Eu não tenho certeza... Qual é a sua área?

— Direito.

Típico, pensou Kurt.

— Uh, meus alunos de Direito são ótimos...

— Espero que sejam.

Espera, ele estava zombando?

— Há muitos rapazes nessa área... Tenho certeza que lembraria cada um deles, mas qual seria o nome?

— Blaine.

Uh, estranho, só havia um Blaine.

— Blaine? — Kurt engoliu em seco, não parando de caminhar. — Blaine de que...?

— Blaine Anderson. — Walter respondeu.

Kurt empacou no meio do corredor, virando-se para o homem. Aquilo só poderia ser obra de Quinn, certo? Não era possível. Walter ajeitou a gravata e arqueou a sobrancelha ao perceber o pânico estampado no rosto do professor.

— Algum problema, professor Hummel?


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Notas finais do capítulo

Eita...

Acho que agora está claro por que dividi o capítulo em dois. Gosto de um grama, confesso. O próximo capítulo vai demorar e vou estar voltando com NGOTR, parei de escrever, mas logo posto o segundo capítulo. Agradeço aos comentários do capítulo anterior e para quem ainda não viu, eu respondi todos antes de atualizar. Também quero agradecer novamente a GikaColfer pela recomendação, ainda me surpreendo pelo número de recomendações.
Comentários, críticas e elogios, aceito tudo isso e muito mais. Até o próximo capítulo...