Literally Falling From A Parachute escrita por Paul Everett


Capítulo 14
Capítulo 14: Tudo o que eu vejo é você


Notas iniciais do capítulo

Opa, gente!
Estava decidindo quando atualizaria e hoje decidi fazer esse agrado, tem tanta coisa acontecendo comigo que fiquei confusa pra caramba. Enquanto spoilers e mais spoilers saem sobre Glee, continuarei aqui atualizando essa fanfic maravilhosa hehehe. Enfim, nesse capítulo tem uma música da banda Melpo Mene, chamanda I Adore You... Boa leitura



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O silêncio tomava conta do apartamento. Cooper estava sentado na poltrona, olhando entre Blaine e Kurt, sentados no sofá. Ele se segurava para não fazer nenhum comentário idiota direcionado para Kurt, pois estragaria tudo.

— Desembucha, Cooper! — Kurt disse, olhando diretamente para Cooper. — Veio conversar ou ficar sentado na minha poltrona de couro?

— Claro que vim conversar, seu idiota! — Cooper respondeu, irritado.

 — Ei, vocês dois, parem! — Blaine pediu, levantando o tom de voz. — Agora, Cooper, se você veio achando que vai me separar de Kurt, pode sair daqui, pois estamos juntos.

Blaine pegou a mão de Kurt e entrelaçou com a sua, num gesto doce.

— E-eu não quero separar vocês... Eu me importo com sua felicidade, Blaine. — Cooper disse, num suspiro. — Se a sua felicidade é com esse cara, eu fico feliz por você.

— Falou o cara que expulsou o irmão! — Kurt interrompeu amargamente.

— Eu sei, ok? Fui burro ao fazer isso, eu sei. — Cooper admitiu, abaixando a cabeça. — Mas... Só de pensar que Blaine estava se envolvendo com uma pessoa e essa pessoa lhe fizesse mal, acabaria comigo. Ele passou por tanto coisas ruins que eu não imagino o que mais poderia acontecer.

Blaine tinha a cabeça abaixada, sentindo a mão livre de Kurt afagar sua coxa. Cooper ergueu seu olhar diretamente para Kurt.

— Passei anos cuidando de Blaine como se fosse meu filho, fiz tudo o que ele queria e nunca o deixei passar fome, entre mais coisas. Você não sabe o que tivemos que passar para finalmente chegar aqui em New York. Blaine é esse menino doce que você conhece, mas ele é solitário. — Cooper disse, limpando as lágrimas que fugiam dos seus olhos. Kurt o olhou seriamente, ignorando o fato de ver Cooper chorando dessa forma. — Fomos expulsos de casa antes de chegar aqui, nossos pais pareciam ignorar o fato de Blaine ter Asperger, foi sempre assim! “Esse garoto é uma aberração” ou “ele não tem jeito, ele não é nosso filho”, porra! Ele era apenas uma criança com problemas e não precisava ouvir isso!

— Cooper...

— Não, Blaine! Não me interrompa, se ele realmente diz gostar ou amar você, ele tem que ouvir! — Cooper gritou, ao ver o irmão mais novo tremendo. Kurt olhava desesperado para o namorado, ele simplesmente abraçou o moreno, sem tirar os olhos de Cooper. — Não bastava ele sofrer dentro de casa, Blaine também sofria na escola. Ele passou por várias escolas e sempre era a mesma coisa, os meninos e meninas zombavam do jeito estranho dele. Enquanto isso, meus pais ignoravam completamente e todas as noites Blaine chorava no meu colo. Uma vez eu vi Blaine sendo jogado numa lata de lixo nos fundos da sua escola, eu fiquei com tanta raiva, que simplesmente queria descer daquele maldito carro e bater naqueles meninos até que eles morressem! Eu não fiz nada, porque acreditava que contando para os meus pais algo melhoraria, mas eles simplesmente disseram “era apenas uma brincadeira” ou “eles fazem com razão”. Eles diziam isso para tudo.

Cooper suspirou, passando as mãos trêmulas pelos cabelos. Ele limpou suas lágrimas novamente e olhou para o irmão frágil a sua frente, ele observou como o moreno se agarrava firmemente em Kurt e seu coração apertou.

— Alertei o diretor sobre o acontecimento da lata de lixo e ela riu na minha cara, disse que era comum aquilo acontecer, mas não passava daquilo. Como se algo pudesse piorar! — Cooper exclamou, rindo ironicamente. — Mudamos Blaine para um colégio interno, apenas para meninos. Ele terminou seus estudos lá, tranquilamente, antes de Nova York encher sua cabeça. Ele queria tanto conhecer a cidade dos sonhos, um lugar que todos são tratados com igualdade. Consegui um emprego e Blaine foi aceito em NYU, o que é a única coisa que nossos pais ainda ajudam a pagar. Nossos pais não ligaram quando acordaram e a casa estava sozinha. Talvez eles estejam felizes agora.

— Vocês moravam em Ohio, certo? — Kurt perguntou.

— Sim, morávamos em Columbus com nossos pais. Tivemos um tempo morando no nossa avó, mas infelizmente ela faleceu recentemente... Ela parecia ser a única a entender o caso com Blaine.

— Vocês nunca receberam ajuda dos outros parentes além dela?

— Não, ninguém nunca abriu a boca para falar sobre Blaine, sempre achavam que era uma fase dele.

— Eu entendo perfeitamente isso. — Kurt disse, sentindo Blaine começar a relaxar. Cooper arqueou a sobrancelha em sua direção. — Minha família nunca foi muito próxima das outras, quando minha mãe morreu, ficou pior. Às vezes minha, Jenna, ajudava meu pai, mas as coisas mudaram muito dali pra cá. Quando me assumi com meu pai, ele entendeu, não completamente, mas entendeu a minha opção. Ele foi o único a entender isso... Meus tios e tias falavam que era apenas uma fase para descobrir quem eu realmente era. Quando eles finalmente entenderam que não era uma fase, meus primos se afastaram de mim, pois não queriam ser contaminados e brincar com as meninas também não era uma opção.

— Mas você tinha seu pai para ajudar. — Cooper argumentou.

— Sim, mas as coisas na escola foram como a de Blaine. Os atletas me jogavam na lata de lixo diariamente, tive que aguentar todas as raspadinhas atiradas em minha direção. Eu aprendi todos os sabores das raspadinhas. — Kurt riu, revirando os olhos. — Eu me apaixonei pelo quarterback do time de futebol que namorava a líder de torcida mais desejada. Entrei no time de futebol, também participei das líderes de torcidas. Tudo isso para parecer popular e ser respeitado!

— Sério? — Cooper não conteve a gargalhada. Até mesmo Blaine riu baixinho. — Eu era o quarterback da minha antiga escola.

— Claro que você era, arrogância reina em você! — Kurt revirou os olhos. — Apesar de entrar nesses grupos de idiotas, houve um lugar onde me aceitaram que não era nem um pouco popular... O Glee Club, comandado pelo Sr. Schue, um cara que me inspiro como professor apesar das escolhas de músicas horríveis. Lá, conheci pessoas que nunca imaginei que conheceria. Conheci Sam...

Cooper olhou para o irmão, esperando alguma reação dele, mas o moreno sorriu.

— Conheci quem realmente era aquela líder de torcida que namorava o quarterback, que é a Quinn. — Kurt riu das reações surpresas dos Anderson. — Conheci tantas pessoas que mudaram a minha vida, choramos e pulamos de alegria, todos juntos. Era um grupo incrível... Cada um deles tem um futuro brilhante. Finn, o quarterback, é meu meio-irmão e continua jogando futebol, agora no Vancouver Canucks. Quinn é uma excelente professora e Sam viaja o mundo numa prancha de suf.

— Por que está contando isso? — Cooper questionou.

— Não sei... Eu sempre gosto de lembrar dos meus velhos amigos, sem eles talvez eu não fosse nada. — Kurt sorriu sincera para Cooper, que retribuiu o sorriso. — Então, eu vejo Blaine... Alguém tão doce e sonhador, como todos os meus amigos, assim como Blaine, eles tinham seus problemas, mas eles enfrentaram seus problemas e hoje estão com as cabeças erguidas. Eu sei que Blaine consegue vencer seus problemas assim como eles, assim como qualquer um consegue. Estarei ao lado dele para ajudá-lo a vencer. Assim como você, Cooper.

— Eu?

— Sim, entendo perfeitamente que você queira proteger Blaine, ele é a sua família. Apesar de ainda achar sua ação idiota, eu entendo. — Kurt disse tranquilamente. — Acho que seria o momento certo para vocês fazerem as pazes.

Um sorriso se esboçou nos lábios de Cooper, ele levantou da poltrona e olhou para Blaine. Sem pensar duas vezes, Blaine levantou do sofá e se atirou sobre o irmão, num abraço forte e cheio de saudade. Cooper suspirou e segurou o irmão firmemente nos seus braços.

— Me perdoe, irmãozinho! Eu fui um idiota... E-eu... — Cooper murmurou.

— Tudo bem, Coop.

Kurt sorriu para a interação na sua frente. Quando os dois se separaram, Cooper se aproximou de Kurt e o puxou para um abraço desajeitado, mesmo ainda ele ainda sentado. O professor riu e deu um afago nas costas de Cooper. Ele percebeu que Blaine olhava para tudo aquilo com um grande sorriso nos lábios, talvez aquilo fosse realmente o certo.

***

Kurt virou a página do livro que lia e ergueu o olhar quando Blaine entrou o quarto. A despedida dos irmãos Anderson havia sido torturante, tanto para Blaine quanto para Cooper. Apesar de Cooper ter pedido para Blaine voltar para o apartamento com ele, o mais novo rejeitou, falando que ficaria com Kurt. Podia-se ver a tristeza nos olhos de Cooper, no entanto ele sorriu e abraçou o irmão e partiu. O Anderson mais novo ficou quieto depois da ida do irmão, talvez, ele estivesse pensando sobre não ter ido com Cooper.

Parecia tão insano para Kurt, pois seu aluno preferia sofrer os riscos ao seu lado do que voltar a morar com seu irmão. Ou Blaine estava realmente apaixonado pelo professor, ou ele tinha medo de Cooper expulsá-lo novamente. De repente a cama afundou e Kurt percebeu Blaine sentado ao seu lado, lhe observando com uma expressão indescritível. Aquele silêncio era assustador, talvez Blaine estivesse tramando um plano maligno.

— Pare com isso. — Kurt riu, fechando o livro. — É assustador!

— Oh... D-desculpa. — Blaine abaixou a cabeça, sem graça.

Kurt observou Blaine em silêncio, o moreno levantou da cama e saiu do quarto.  Ele suspirou quando ouviu a porta do banheiro no final do corredor fechar.

Alguns minutos se passaram e não houve sinal de Blaine. Kurt não conseguia prestar mais atenção no que lia, ele olhava todo tempo para a porta, esperando que ela abrisse e de lá viesse Blaine com o seu melhor sorriso, comentando sobre aquele o macaco, George. Mas não houve nada. Sendo assim, Kurt levantou da cama e saiu do quarto.

O corredor estava silencioso, como se não houvesse ninguém na casa. Ele parou em frente a porta do banheiro e estendeu a mão, parou abruptamente ao ouvir um choramingar vindo de dentro. Imediatamente, ele deu uma batida forte na porta e ela abriu sozinha. Blaine estava dentro do box, apenas ali, parado como uma estátua.

— Ok, ok... — Kurt disse baixinho, olhando Blaine cuidadosamente.

Blaine recuou até a parede, ele sentou e segurou as pernas, pressionando nos joelhos. Ele tinha as mãos sobre os ouvidos. Kurt se aproximou cuidadosamente e se abaixou na frente de Blaine, sentando da mesma maneira. Blaine estava chorando baixinho.

Kurt sentiu um aperto no seu peito. Deus! De onde isso veio? Enquanto Kurt lia aquele livro? O chiado no peito de Blaine aumentou e Kurt botou uma mão no topo da cabeça de Blaine e com a outra ele tentou tirar a mão de Blaine do ouvido.

— Blaine. — Ele disse baixinho, se curvando para que seu rosto ficasse bem na frente do de Blaine. Mas Blaine não respondeu. — Querido, você pode olhar para mim, por favor?

Blaine gemeu novamente e se arrastou para o lado, tirando a mão de Kurt de sua cabeça. Mas o professor não desistiu de primeira, ele seguiu Blaine.

— Pequeno, me deixe ver seus olhos. — Kurt pediu calmamente, observando as lágrimas caírem no joelho de Blaine com mais intensidade. Blaine tossiu em seus jeans e Kurt chegou mais perto.

Aquilo estava deixando Kurt desesperado. Ele não sabia exatamente o que fazer naquele momento. Ele nunca passado aquilo antes.

— Blaine, você precisa se sentar direito. Você não pode respirar assim, querido. — Kurt persuadiu, tentando empurrar delicadamente Blaine para seu ombro.

Blaine concordou e depois tentou virar e encarar os azulejos. Kurt suspirou e agarrou seus joelhos.

— Não, não pequeno, escute. — Kurt disse, colocando a palma da sua mão em uma das bochechas coradas de Blaine. — Você está bem. Você está bem, Blaine! Me dê alguns fatos sobre seus desenhos favoritos. Você pode me fazer isso? Conte-me sobre Finn e Jake ou sobre George.

Blaine balançou a cabeça e começou a tossir novamente. Kurt queria que ele abrisse os olhos. Ele estava um pouco perdido. Com os olhos arregalados, sentiu-se muito paranoico no pequeno banheiro. Ele precisava de mais espaço, ele precisava de ar fresco.

Mas ele era Kurt Hummel. E se isso fosse o Glee Club, quando tudo falhar, cante.

— Lost in a daydream of blue and I feel so free and then It's like I fall from the sky, everything that I see is you. — Kurt cantarolou baixinho para que Blaine ouvisse. — And you should know that I'm thinking about what you said when you held my hand... Oh I adore you...

Blaine se remexeu enquanto ouvia a voz doce e leve de Kurt. As lágrimas trilhavam suas bochechas coradas, sua respiração pesada aos poucos foi se acalmando enquanto Kurt afagava seu ombro e cantarolava.

— Now we are older and things disappeared somehow and I was thinking that maybe we'd stand a better chance If we met today. — Kurt continuou ao verque Blaine estava se acalmando. Ele também continuou o afago. — I find myself talking to sharks on my way to an island and still...

— I adore you... — Blaine juntou-se num fio de voz, quase que Kurt não ouviu. O professor suspirou em alívio e comemorou internamente ao ver Blaine continuar a cantar baixinho. — I adore you, I adore you...

Kurt sorriu delicadamente quando Blaine finalmente abriu os olhos nas últimas palavras.

— Aí está ele. — Ele disse baixinho, inclinando-se para beijar as bochechas cheias de lágrimas. Blaine respirou fundo e sacudiu os cabelos novamente. — O que foi isso, Blaine?

— E-eu... — Blaine piscou os olhos e engoliu em seco. Kurt esperava pacientemente uma resposta, ele até mesmo sorriu tentando encorajar o mais novo. — Eu te adoro, Kurt.

— Eu também, Blaine — Kurt riu suavemente.

— Não! — Blaine exclamou com os olhos arregalados, sua respiração estava ofegante novamente, mas era diferente.

— Calma! Podemos conversar depois... — Kurt tentou concluir, mas Blaine o interrompeu.

— Eu te adoro assim como Finn adora a Princesa Jujuba — Blaine disse rapidamente. Kurt franziu a testa em confusão, tipo, quem? — Você me entende?

— Quem?

— Eu te adoro como Quinn adora Rachel e Ariel — Kurt bufou uma risada. Ok, isso soou errado demais para ele. — Q-quer dizer, Quinn adora as duas, não é? Kurt, eu adoro você como um copo de leite com biscoitos acabados de sair do formo... E-eu tenho medo de um dia ter que comer você e isso acabar como o biscoito...

Oh, Deus! Essas palavras não estavam caindo bem... Talvez Kurt devesse ajudá-lo.

— Tudo bem! Eu entendi, Blaine. Você quer dizer que não quer me perder, certo? — Kurt perguntou e Blaine assentiu lentamente. — Por isso você decidiu ficar comigo, não é por causa de Cooper ou coisa do tipo, você tem medo.

— Sim — Blaine disse, baixinho.

— Blaine... — Kurt suspirou e segurou o rosto do moreno entre suas mãos. Seus olhos se encontraram e permanecem assim, como imãs. — Eu também te adoro, até demais. Então, você não vai ficar livrar de mim tão cedo... Assim, não precisa ter medo de nada. Estarei aqui com você, sendo seu namorado ou amigo.

— Então não é muito cedo para falar essas coisas, quer dizer, ainda nem trans...

— Isso se chama amor e eu te amo. — Kurt disse, capturando os lábios carnudos do moreno com os seus. Um beijo doce e demorado. — Não importa se é cedo ou tarde para isso, diríamos isso um ao outro qualquer hora. Ainda não transamos isso é verdade, nem vamos fazer isso.

— O quê? — Blaine perguntou, erguendo as sobrancelhas triangulares. — Cooper me contou sobre isso algumas vezes e...

— Não vamos transar, Blaine. — Kurt disse firmemente. — Vamos fazer amor, quando você estiver pronto.

O sorriso enorme voltou aos lábios do moreno, ele inclinou sua cabeça e depositou um beijo casto nos lábios de Kurt. Agora ele sabia que tudo ficaria bem, aliás, ele tinha Kurt e Cooper novamente na sua vida.

— Eu também te amo, Kurt.

— Que sorte minha, hein.


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Notas finais do capítulo

Ahh, fiquei tão feliz escrevendo isso...
Espero que tenham gostado e tirado suas dúvidas sobre o Blaine, ao decorrer da fanfic vamos descobrir mais sobre os Anderson ou ter alguns flashbacks, ainda não sei. Obrigado pelos comentários anteriores e que os novos leitores sejam bem-vindos. Até o próximo capítulo!