A Caçadora escrita por jduarte


Capítulo 45
Questões de Privacidade - £


Notas iniciais do capítulo

Muitoooo obrigada pelos reviews do capítulo anterior, e por estarem acompanhando a fic! Vcs são a razão de eu continuar escrevendo. kkkk
Agora chega de viadisse e bora ler!
haha
Beijooooos,
Ju!
pS: Espero que gostem :D



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O carro parou bruscamente fazendo meu corpo se chocar com o de outro caçador de Manhattan que havia vindo em nosso carro para indicar o caminho caso nos perdêssemos, e ele simplesmente riu de leve. Os machucados em sua boca se abrindo mais quando ele sorria.

– Desculpe. – murmurei saindo do carro.

Claire me seguiu, depois Hugh, e quando dei por mim, estávamos na frente de um dos hotéis mais conhecidos de Manhattan. O New York Manhattan Hotel.

Um palavrão foi abafado por uma buzina alta vinda de um dos carros que nos acompanhavam de perto, e Ezra saiu de um deles vindo até nós, sério demais. Tudo bem, eu nem conhecia o cara direito, e o máximo de simpaticidade que ele havia demonstrado era uma conversa – que eu chamaria de monólogo – tinha sido direcionada a mim.

Não precisamos fazer check-in uma vez que Ezra indicou para nós o elevador e nos entregou as chaves do quarto. Não me importei realmente com quem dividiria o quarto, afinal, estava tão cansada que se ele me deixasse dormir no hall do hotel eu já estaria agradecida.

Parecendo uma morta-viva, andei até o quarto e abri a porta com certa dificuldade, adentrando o quarto escuro e frio. Liguei as luzes claras e lembrei que não tinha nada para vestir depois de um banho quente. Abri os armários do quarto, e não achei nada, mas em cima dos travesseiros que se encontravam repousados em cima da cama king size, pude ver um conjunto de calça e blusa de flanela. Peguei o pijama nas mãos cuidadosamente, e me concentrei em não pular na cama e dormir toda suada mesmo. Joguei a jaqueta de couro que estava usando no chão, sentindo-me muito mais leve.

Fui em direção ao banheiro e liguei o chuveiro, arrancando a roupa e entrando embaixo da água. Um jato gelado foi diretamente em minhas costas, fazendo com que eu despertasse quase que instantaneamente. Algo vibrou em cima de minha calça e identifiquei como sendo meu celular, mas estava toda molhada e não sairia dali por nada. Pelo menos não naquele momento.

Terminei o banho e me troquei. Sequei os cabelos e só então fui ver o que tinha chego em meu celular. Era uma mensagem de um número desconhecido: “Me disseram que o telhado tem uma ótima vista do céu estrelado”.

Somente isso. Sem assinatura, sem adeus, e nem nada. Com a curiosidade me corroendo por dentro, peguei minha jaqueta de couro que estava jogada no canto do quarto, e calcei as botas de combate, ainda trajando meu pijama. Eu definitivamente não estava vestida para sair, mas quem se importava?

Sem pensar muito em quem havia mandado a mensagem, segui para o telhado. Eu queria encontrar a pessoa que tinha escrito aquilo, não importava como.

Uma porta surgiu em minha visão quando cheguei, e no topo dela havia um aviso: Acesso ao telhado. Somente pessoal autorizado.

Eu era autorizada, certo?

Respirei fundo e a abri, sendo engolfada por uma lufada de ar fria que batia diretamente em minha face, e abraçava minhas pernas e tronco. Apesar de eu estar usando pijamas, eles eram de flanela, e não tinham sido feitos para serem usados do lado de fora do hotel.

Cruzei os braços no peito e fechei a porta atrás de mim, ouvi uma farfalhar de algo, como se alguém estivesse com algum salgadinho nas mãos, girando-o, tentando o abrir.

Segui o barulho, e dei de cara com uma cabeleira loira tão brilhante quanto a minha. Não consegui segurar o sorriso que se espalhou por todo meu rosto, e fez minhas bochechas doerem.

– O céu não parece tão estrelado hoje. – murmurei.

Polux teve um sobressalto, e percebi que ele não esperava que eu realmente viesse ou estava concentrado demais pensando em algo para não ter ouvido meus passos.

Um sorriso calmo e relaxado se espalhou em seu rosto, e ele indicou o chão para que eu sentasse ao seu lado. E quando fiz, ele simplesmente me estendeu o pacote de salgadinhos pela metade.

– É o ar de Manhattan, ele deixa as estrelas escondidas. – Polux disse, se virando para olhar para mim quando eu sentei. – Fiquei preocupado com você.

Peguei sua mão e fiquei desenhando círculos nas costas dela, distraidamente.

– Pode ter certeza de que não ficou mais preocupado do que eu.

Ele riu sem traço algum de humor.

– Eu não me joguei contra um metamorfo prestes a matar alguém.

Lembrei-me da dor que ainda se fazia presente em meu ombro quando os balancei.

– Não foi nada de mais.

Polux desceu parte de minha jaqueta, puxando consigo a blusa e analisou meu ferimento, que parecia tomar uma cor arroxeada. O frio raspou em minha pele, e me fez arrepiar de leve.

– Isso não é nada, Helena? – sua voz era dura, mas preocupada ao mesmo tempo.

Puxei a jaqueta de seus dedos e coloquei de volta no lugar, assentindo para sua pergunta desnecessária.

– Não se preocupe comigo, como você está? – desviei o assunto.

Olhei em seu rosto, e pude ver que praticamente todos os ferimentos haviam sumido de vez. Só uma linha perto da sobrancelha chamava minha atenção.

– Eu estava bem pior. – assegurou-me quando viu que eu estava prestando atenção demais em seu machucado.

Abaixei a cabeça, e puxei suas mãos para meu colo. Não queria ficar segurando nenhum salgadinho e nem comendo. Não ficava com fome quando ficava perto dele.

– Pensei que nunca mais fosse te ver. – admiti baixo demais até para mim.

Mas quando Polux perguntou o porquê, eu tinha certeza de que ele havia escutado.

– Depois do beijo você sumiu. Pensei que não fosse mais te ver.

Admitir isso em voz alta era muito mais vergonhoso do que quando eu ensaiava por diversas vezes em minha cabeça.

Ouvi Polux rir e corei.

Por aquele breve momento eu não queria que ele conseguisse ler mentes. Assim, quem sabe, eu teria certa privacidade.

– Desculpe pela invasão. – ele disse, lendo meus pensamentos sobre a privacidade, beijando meus dedos. – Tive que sair, pois seu acompanhante estava se aproximando.

– Edward. – murmurei.

– Sim. Não poderia me dar ao luxo dele nos pegar. Você foi treinada para me matar, e não para me beijar em bancadas e muito menos passar alguns minutos comigo num telhado, observando um céu escuro e sem graça.

Ri com suas últimas palavras.

– Mesmo que não quisesse admitir, senti sua falta. Mesmo lhe conhecendo tão pouco. – sussurrei.

Ele suspirou.

– Eu sei.

Revirei os olhos de leve.

– Se ficar com você, nunca terei privacidade, não é? – perguntei tentando fazer graça.

Polux explodiu em uma gargalhada fantástica e gostosa de ouvir.

– Será difícil me controlar perto de você, mas prometo não escutar mais seus pensamentos sem sua autorização.

Tive que sorrir de canto.

Ele era um sonho.

Polux levantou as sobrancelhas.

– Eu não me considero um sonho. Estou mais para um pesadelo.

Tentei dar de ombros e não corar até ficar da cor de um tomate, mas não adiantou. Com sorte eu não gaguejaria também.

– Esta é a sua perspectiva. Para mim você continua sendo um sonho, mesmo discordando comigo.

Ele virou meu rosto para encará-lo, e passou os dedos por meus cabelos recém-secos e lavados. Pegou algumas mechas que caiam em meus olhos e as colocou atrás de minha orelha. Polux colocou as mãos em meus olhos, e beijou minha mão novamente.

– Concentre-se em me manter fora de sua mente. Como se criasse um muro de concreto imaginário em volta de sua cabeça. Faça com que eu não possa ouvir nenhum suspiro vindo de sua cabeça. – sua voz suave encheu meus ouvidos.

Estar assim tão perto dele fazia meus sentidos de caçadora ficar atentos a cada movimento que ele fazia. Não por medo, mas por admiração.

Fiz o que ele mandou, e pensei a coisa mais idiota que poderia inventar naquele momento: Estou com fome.

– Então coma o salgadinho.

Mordisquei os lábios e me concentrei ainda mais, formando várias camadas de concreto imaginário em minha cabeça, mantendo-o fora.

Eu gosto de você mais do que deveria.

E nada.

Nenhuma resposta sequer.

– Conseguiu ouvir isso? – perguntei.

Ele riu.

– O que?

– Não conseguiu ouvir mesmo? – a expectativa em minha voz era palpável.

– Sua mente está em completo silêncio, Helena.

Sorri abrindo os olhos, ficando agradecida e mole ao mesmo tempo ao ver que seus orbes azuis me encaravam de uma maneira minuciosa. Ele estava me fazendo perder o foco.

– Desculpe. – Polux sussurrou, se afastando.

Tentando impedir que ele se afastasse ainda mais, segurei seus dedos, o coração palpitando alto. Eu tinha certeza absoluta que ele podia ouvi-lo, mas não me importava. Ele me olhou indecifrável.

– Não vá. – minha voz não passava de um sussurro.

Entrelacei nossos dedos.

– É que é difícil pensar quando você está por perto.

Pude ver seus olhos faiscarem algo quando eu disse isso, e no minuto seguinte, sua boca estava sobre a minha, me envolvendo em mais um beijo que eu certamente lembraria pela manhã.


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Notas finais do capítulo

Continua?



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